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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

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MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1840
dos embargos, quanto à parte da decisão embargada que não fora por eles abrangida”. Portanto, 
diante de divergência parcial, caberia à parte interpor simultaneamente os embargos infringentes 
contra a parte não unânime do acórdão e o recurso extraordinário contra a parte unânime da 
decisão, sendo que este último recurso ficaria sobrestado, aguardando-se a decisão daqueles. 
Julgados os embargos e intimadas as partes, o recurso extraordinário anteriormente interposto 
seria processado, sem prejuízo de interposição de outro recurso extraordinário, caso o recorrente 
não tivesse êxito nos embargos anteriormente interpostos.190 Com a revogação do antigo CPC, 
e considerando que o novo diploma processual civil não reproduz regra semelhante àquela do 
revogado art. 498, já que os embargos infringentes deixaram de ter natureza jurídica de recurso 
no âmbito processual civil, é bem provável que esta linha de orientação adotada pelo Supremo 
Tribunal Federal acabe prevalecendo em sede processual penal, onde os embargos infringentes 
continuam sendo admissíveis, porquanto previstos expressamente no art. 609, parágrafo único, 
do CPP.
5. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
Toda decisão judicial deve ser clara e precisa. Daí a importância dos embargos de declara-
ção, cuja interposição visa dissipar a dúvida e a incerteza criada pela obscuridade e imprecisão 
da decisão judicial.
De acordo com o art. 382 do CPP, qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir 
ao juiz que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição 
ou omissão. Por sua vez, segundo o art. 619 do CPP, aos acórdãos proferidos pelos Tribunais 
de Apelação, câmaras ou turmas, poderão ser opostos embargos de declaração, no prazo de 2 
(dois) dias contado da sua publicação, quando houver na sentença ambiguidade, obscuridade, 
contradição ou omissão.
5.1. Hipóteses de cabimento
Funcionam os embargos de declaração como o instrumento de impugnação posto à dispo-
sição das partes visando à integração das decisões judiciais, sejam elas decisões interlocutórias, 
sentenças ou acórdãos. No âmbito do CPP, são cabíveis quando a decisão impugnada estiver 
eivada de:
a) ambiguidade: ocorre quando a decisão, em qualquer ponto, permite duas ou mais 
interpretações;
b) obscuridade: ocorre quando não há clareza na redação da decisão judicial, de modo que 
não é possível que se saiba, com certeza absoluta, qual é o entendimento exposto na decisão;
c) contradição: ocorre quando afirmações constantes da decisão são opostas entre si. 
Exemplificando, suponha-se que o juiz reconheça que a conduta delituosa atribuída ao acu-
sado é atípica, por conta do princípio da insignificância. Porém, ao invés de o acusado ser 
absolvido com fundamento no art. 386, inciso III, do CPP (“não constituir o fato infração 
penal”), a sentença absolutória é fundamentada no art. 386, inciso VI (“existirem circuns-
tâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena, ou mesmo se houver fundada dúvida 
sobre sua existência”);
d) omissão: ocorre quando a decisão judicial deixa de apreciar ponto relevante acerca da 
controvérsia. A título de exemplo, suponha-se que o juiz tenha deixado de fixar o regime inicial 
de cumprimento da pena.
190. Considerando intempestivo recurso extraordinário interposto após o julgamento de embargos infringentes, quan-
to à parte da decisão recorrida por eles não abrangida: STF, 1ª Turma, AI 432.884 QO/RO, Rel. Min. Sepúlveda 
Pertence, j. 09/08/2005, DJ 16/09/2005.
TÍTULO 14 • RECURSOS 1841
Os embargos de declaração também podem ser utilizados com fins de prequestionamento. 
Como se sabe, para fins de admissibilidade do recurso extraordinário e do recurso especial, é 
indispensável que a matéria tenha sido discutida nas instâncias inferiores. Daí a importância dos 
embargos de declaração com fins de prequestionamento. Afinal, consoante dispõe a súmula nº 
356 do STF, “o ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declarató-
rios não pode ser objeto de recurso extraordinário por faltar o requisito do prequestionamento”.
5.2. Prazo
Quanto ao prazo para a interposição, os arts. 382 e 619 do CPP preveem que os embargos 
de declaração opostos na 1ª e na 2ª instância estão submetidos ao prazo de 2 (dois) dias. Segundo 
o art. 263 do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, aos acórdãos proferidos pela 
Corte Especial, pelas Seções ou pelas Turmas, poderão ser opostos embargos de declaração, 
no prazo de 5 (cinco) dias, em se tratando de matéria cível, ou no prazo de 2 (dois) dias, em se 
tratando de matéria penal, contados de sua publicação, em petição dirigida ao Relator, na qual 
será indicado o ponto obscuro, duvidoso, contraditório ou omisso, cuja declaração se imponha. 
Nos Juizados Especiais Criminais, o prazo é de 5 dias (Lei nº 9.099/95, art. 83, § 1º), mesmo 
prazo a que estão submetidos os embargos de declaração no Supremo Tribunal Federal (Regi-
mento Interno do STF, art. 337, § 1º).
5.3. Procedimento
Em relação à forma de interposição, os embargos de declaração devem ser opostos por 
petição já acompanhada das respectivas razões. Não se admite sua interposição por termo nos 
autos. Se opostos contra sentença, deverão ser endereçados ao próprio juiz prolator da decisão 
impugnada; na hipótese de acórdãos, os embargos serão dirigidos ao desembargador relator. No 
âmbito dos Juizados Especiais Criminais, os embargos de declaração podem ser opostos por 
escrito ou oralmente (Lei nº 9.099/95, art. 83, § 1º).
Pelo menos em regra, não há necessidade de intimação da parte contrária para apresentação 
de contrarrazões, porquanto os embargos de declaração visam apenas a esclarecer obscurida-
de, ambiguidade, contradição ou omissão da decisão impugnada. No entanto, na hipótese de 
embargos de declaração com efeitos infringentes, ou seja, aqueles que, diante da apreciação 
de ponto omisso da decisão, podem provocar a modificação do sentido do decisum, doutrina 
e jurisprudência são uníssonas em afirmar a necessidade de se intimar a parte contrária para 
apresentar contrarrazões, em fiel observância ao princípio do contraditório.191
5.4. Efeitos quanto aos demais prazos recursais
No tocante aos efeitos em relação ao prazo dos demais recursos, prevalece o entendimento 
de que, diante do silêncio do CPP acerca do assunto, aplica-se subsidiariamente o Código de 
Processo Civil, que prevê que a interposição dos embargos de declaração interrompem o prazo 
para o recurso cabível, que só começará a fluir, integralmente, após a decisão dos embargos. A 
propósito, o art. 1026, caput, do novo CPC, prevê que os embargos de declaração não possuem 
efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso. Nessa linha, como já 
se pronunciou o STJ, os embargos de declaração, tempestivamente apresentados, interrompem 
o prazo para a interposição de outros recursos.192
Essa interrupção do prazo para interposição de outros recursos ocorrerá ainda que os em-
bargos de declaração não sejam acolhidos. Todavia, se os embargos de declaração não forem 
191. Com esse entendimento: STJ, 3ª Seção, EDcl no MS 12.665/DF, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 28/09/2011, DJe 10/10/2011. 
Na mesma linha: STJ, 6ª Turma, HC 37.686/AM, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, j. 18/08/1002, DJ 07/11/2005, p. 388.
192. STJ, 6ª Turma, AgRg no Ag 876.449/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 02/06/2009, DJe 22/06/2009.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1842
conhecidos, em virtude, por exemplo, da intempestividade, não haverá a interrupção do prazo 
para oposição dos outros recursos. O início do prazo recursal terá tido início, portanto, no pri-
meiro dia útil subsequente à intimação da decisão embargada.193
Na mesma linha, quando os embargos de declaração forem reconhecidos como meramente 
protelatórios, não se deve conceder aos mesmos a interrupção, nem tampoucoa suspensão do 
prazo de outro recurso, pois se estaria premiando a manobra fraudulenta (v.g., Regimento Interno 
do STF, art. 339, caput, e § 2º). A propósito, segundo a súmula 98 do STJ, “embargos de decla-
ração manifestados com notório propósito de prequestionamento não tem caráter protelatório”.
Na vigência da redação original da Lei n. 9.099/95, quando opostos contra sentença, os 
embargos de declaração suspenderiam o prazo para o recurso (Lei nº 9.099/95, art. 83, § 2º), 
ou seja, julgados os embargos, o prazo para eventual apelação voltaria a ocorrer pelo tempo 
que faltava. Perceba-se que o art. 83, § 2º, da Lei nº 9.099/95, referia-se apenas aos embargos 
declaratórios opostos contra sentença. Logo, a suspensão do prazo recursal não se aplicaria aos 
embargos opostos contra acórdão de Turma Recursal: aqui, o efeito seria a interrupção do prazo 
para interposição de outro recurso, aplicando-se, por analogia, o quanto disposto no art. 1026, 
caput, do novo CPC.194 Ocorre que o art. 1.066 do novo CPC alterou a redação do art. 83, §2º, 
da Lei n. 9.099/95, que passou a prever que os embargos de declaração interrompem o prazo 
para a interposição de recurso.
Quanto aos embargos de declaração no âmbito do STJ, o art. 265, caput, do RISTJ prevê 
que sua oposição acarretará a suspensão do prazo para a interposição de recursos por qualquer 
das partes. Por sua vez, no âmbito do Supremo, os embargos de declaração suspendem o prazo 
para interposição de outro recurso, salvo quando reconhecido seu caráter protelatório (RISTF, 
art. 339, caput, e § 2º).
6. AGRAVO EM EXECUÇÃO
De acordo com o art. 197 da Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84), das decisões profe-
ridas pelo juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo. Portanto, tratando-se de decisão 
proferida pelo juízo das execuções, o recurso adequado será o agravo em execução.
6.1. Hipóteses de cabimento
Considerando que o recurso de agravo em execução é o instrumento adequado para a 
impugnação das decisões proferidas pelo juízo das execuções, parece-nos que, antes mesmo 
de analisarmos as peculiaridades desse recurso, é de fundamental importância relembrarmos a 
competência do juízo da execução.
Acerca do assunto, o art. 66 da LEP preceitua que compete ao Juiz da execução: I – aplicar 
aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado; II – declarar extinta 
a punibilidade; III – decidir sobre: a) soma ou unificação de penas; b) progressão ou regressão 
nos regimes; c) detração e remição da pena; d) suspensão condicional da pena; e) livramento 
condicional; f) incidentes da execução. IV – autorizar saídas temporárias; V – determinar: a) a 
forma de cumprimento da pena restritiva de direitos e fiscalizar sua execução; b) a conversão 
da pena restritiva de direitos e de multa em privativa de liberdade; c) a conversão da pena pri-
vativa de liberdade em restritiva de direitos; d) a aplicação da medida de segurança, bem como 
a substituição da pena por medida de segurança; e) a revogação da medida de segurança; f) a 
desinternação e o restabelecimento da situação anterior; g) o cumprimento de pena ou medida 
de segurança em outra comarca; h) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1º, do 
193. No sentido de que embargos de declaração intempestivos não interrompem o prazo para a interposição de 
outros recursos: STF, 1ª Turma, AI 534868 AgR/SP, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 24/05/2005, DJ 17/06/2005.
194. Com esse entendimento: STF, 1ª Turma, AI 451.078 AgR/RJ, Rel. Min. Eros Grau, j. 31/08/2004, DJ 24/09/2004.

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