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Direito Reais Posse parte I Introdução Etimologia da palavra “DONO” Do latim – Dominus (proprietário, senhor) “DOMÍNIO” Do latim – Dominium (propriedade, senhorio) Posse é um fato, o domínio fático exercido por uma pessoa sobre uma coisa. Teorias Justificadoras da Posse • Teoria subjetivista ou subjetiva O poder direto ou imediato que uma pessoa tem de dispor fisicamente de um bem com intenção de tê-lo para si e defendê-la contra terceiros. Dois elementos: Elemento material ou objetivo: Poder físico sobre a coisa (corpus). Elemento subjetivo: A intenção de ter a coisa para si como proprietário (animus domini). Posse = corpus + animus domini • Teoria objetivista, simplificada ou objetiva O poder direto ou imediato que uma pessoa tem de dispor fisicamente de um bem. Um elemento: Elemento material ou objetivo: Poder físico sobre a coisa (corpus) Posse = corpus CC/02, Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. CC/02, Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. • Função Social da Posse Desdobramento da função social da propriedade (art. 5º, XXIII da CF/88) e da isonomia substancial (art. 5º, caput, da CF/88). Função Social da Posse Enunciado CJF nº 492: A posse constitui direito autônomo em relação à propriedade e deve expressar o aproveitamento dos bens para o alcance de interesses existenciais, econômicos e sociais merecedores de tutela. a função social é base normativa para a solução dos conflitos atinentes à posse, dando-se efetividade ao bem comum, com escopo nos princípios da igualdade e da dignidade da pessoa humana. Função Social da Posse Função Social da Propriedade Função Social das Cidades Jus possessionis é o “direito” DE posse, decorrente do comportamento de dono daquele que, exerce, de fato, um poder físico sobre a coisa. Jus possidendi é o direito À posse, decorrente do direito de propriedade Posse x Detenção CC/02, Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário. Enunciado CJF nº 493: O detentor (art. 1.198 do Código Civil) pode, no interesse do possuidor, exercer a autodefesa do bem sob seu poder. CC/02, Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. Principais Classificações da Posse Quanto aos efeitos Posse ad interdicta: É a posse que pode ser defendida pelas ações possessórias, não exige a demonstração do animus domini - Posse Indireta ou Mediata: É a posse que, além de poder ser defendida pelas ações possessórias, admite a aquisição originária da propriedade por usucapião, quando cumpridos seus requisitos e demonstre animus domini. Relação Pessoa x Coisa (Desdobramento da Posse) • Posse Direta ou Imediata: É daquele que dispõe fisicamente da coisa. Ex: Locatário. • Posse Indireta ou Mediata: É daquele que mesmo não dispondo fisicamente da coisa, tem direito de reivindicá-la mediante o exercício de direito. Ex: Locador (proprietário), daquele que tem a melhor posse contra outro possuidor. CC/02, Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. Quanto à Presença de Vícios • Posse Justa: É que não apresenta vícios de violência, clandestinidade ou precariedade. • Posse Injusta: É que apresenta vícios de violência, clandestinidade ou precariedade. Posse Violenta: Obtida por meio de força física, grave ameaça ou violência moral. • Posse Clandestina: Obtida de forma oculta, às escondidas. • Posse Precária: Obtida pelo descumprimento de um dever jurídico. CC/02, Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária OBS 1: A posse injusta é posse ad interdicta, não gerando efeitos para aquisição da propriedade por usucapião pois não é uma posse ad usucapionem. OBS 2: A posse, embora, Injusta, é posse ad interdicta, e sendo assim pode ser defendida contra terceiros! CC/02, Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida. Princípio da Continuidade do Caráter da Posse CC/02, Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. OBS: Não há convalidação para posse precária Quanto ao tempo • Ação de Força Nova: Proposta dentro de ano e dia (procedimento especial). • Ação de Força Velha: Proposta após ano e dia (procedimento comum). CPC, Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial. Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório. Seção II – Da Manutenção e da Reintegração de Posse Quanto à Presença de Vícios Função Social X Melhor Posse Enunciado CJF nº 237: É cabível a modificação do título da posse - interversio possessionis – na hipótese em que o até então possuidor direto demonstrar ato exterior e inequívoco de oposição ao antigo possuidor indireto, tendo por efeito a caracterização do animus domini. Classificações quanto à presença de título Título: Causa representativa, documentada ou não, capaz de produzir efeitos jurídicos (relações jurídicas). Ex: Contrato escrito, Contrato Verbal. Posse com título: Existe causa representativa da transmissão da posse. Posse sem título: Não existe causa representativa da transmissão da posse. Classificações quanto à boa-fé Boa-fé objetiva: A exigência da conduta leal decorre de um dever jurídico e não é necessária a demonstração de culpa. Ex: Lei, contrato. Boa-fé subjetiva: O ato de conduta leal deve ser analisado sob a ótica da dimensão interna do indivíduo, pois resulta da crença real e concreta da pessoa na existência do direito pretendido ou na ignorância de um obstáculo jurídico. CC/02, Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. CC/02, Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente. Posse de Boa-fé: Se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa ou possui justo título (CC/02, art. 1.201) Posse de Má-fé: Se o possuidor não ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. Nesse caso, não possui justo título (CC/02, art. 1.201). OBS: O possuidor de má-fé tem posse ad interdicta e pode defender sua posse em relação a terceiros. Efeitos Materiais da Posse Percepção dos frutos e suas consequências Frutos são os bens que se destacam do principal sem diminuir sua quantidade. Percepção dos frutos e suas consequências • Frutos Naturais: São aqueles que decorrem da essência da coisa principal. Ex: Frutas de uma árvore. • Frutos Industriais: São os que se originamde uma atividade humana. Ex: Produtos de uma fábrica. • Frutos Civis: Tem origem em uma relação jurídica ou econômica, de natureza privada, sendo também denominados rendimentos. Ex: Aluguel. Relativos ao estado em que se encontram. • Frutos Pendentes: Estão ligados à coisa principal e ainda não foram colhidos. Ex: As frutas que ainda estão na árvore. • Frutos Percebidos: Foram colhidos do principal e estão selecionados. Ex: As frutas já colhidas e selecionadas. • Frutos Estantes: Foram colhidos, selecionados e já estão armazenados. Ex: As frutas armazenadas em caixa e estocadas para distribuição. • Frutos Percipiendos: São aqueles que deveriam ter sido colhidos no momento correto e não foram. Ex: As frutas maduras ainda na árvore. • Frutos Consumidos: Foram colhidos e não existem mais. Ex: As frutas colhidas e vendidas ou consumidas. CC/02, Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico. CC/02, Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. CC/02, Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. Efeitos Materiais da Posse A indenização e a Retenção das Benfeitorias As benfeitorias são bens acessórios introduzidos em um bem móvel ou imóvel, visando sua conservação ou melhora de sua utilidade. Enquanto os frutos e produtos decorrem do bem principal, as benfeitorias são neles introduzidas. CC/02, Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. CC/02, Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. §1° São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. §2° São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. §3° São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Pertenças são bens acessórios que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou aformoseamento de outro. CC/02, Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
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