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META 9: Analfabetismo dos adultos
O que determina a meta: Reduzir para 6,5% a taxa de analfabetismo da população maior de 15 anos até 2015 e erradicá-la em até dez anos, além de reduzir a taxa de analfabetismo funcional pela metade no mesmo período. Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional.
Situação: meta NÃO alcançada
Segundo o estudo, a taxa de alfabetização finalmente chegou a 93,5%, mas somente em 2019, quatro anos depois da meta. Além disso, o Inep reconhece desigualdades regionais e sociais nesse indicador.
Situação – Em 2017, a taxa de alfabetização da população de 15 anos ou mais de idade do País seguiu uma tendência de aumento, foi de 93%, estando apenas 0,5 p.p abaixo da meta para o ano de 2015, então ainda não foi alcançada. As taxas de alfabetização nas regiões Nordeste (85,5%) e Norte (92,0%) foram as menores, em 2017, mantendo-se abaixo da taxa do País em todo o período, ao contrário daquelas verificadas nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. As taxas de alfabetização dos residentes nas áreas rurais (82,3%) mantiveram-se menores que as dos residentes nas áreas urbanas (94,8%), em 2017.
Assim, o levantamento aponta que a erradicação do analfabetismo adulto até 2024 está a 6,6 pontos percentuais da meta. Em relação ao analfabetismo funcional, ainda faltam 5,5 pontos.
Persiste ainda a desigualdade entre as taxas de alfabetização de negros (90,7%) e brancos (96,0%), embora a diferença tenha diminuído no período de 2012 a 2017. As taxas de analfabetismo funcional nas regiões Norte e Nordeste foram as mais elevadas em 2016 (20,2% e 25,9%, respectivamente), mantendo-se acima da taxa nacional, de 16,6%. As taxas de analfabetismo funcional dos residentes nas áreas rurais (34,5%) e dos negros (20,7%), em 2016, são significativamente maiores que as dos residentes nas áreas urbanas (13,7%) e dos brancos (11,8%), respectivamente. Verifica-se grande desigualdade entre as taxas de analfabetismo funcional dos 25% mais ricos (5,9%) e dos 25% mais pobres (24,0%), em 2016. A taxa de analfabetismo funcional do grupo dos mais pobres é quatro vezes maior do que a do grupo dos mais ricos. No entanto, a diferença entre esses grupos caiu 5,0 p.p., entre 2012 a 2015.
O contexto da educação de jovens e adultos (EJA) intensifica ainda mais seus desafios: a modalidade lida com indivíduos que não cumpriram trajetórias escolares ou que foram tolhidos durante a tentativa. Isso congrega, em uma mesma etapa escolar, diversas expectativas de aprendizagem, habilidades e fases do desenvolvimento humano que deveriam ser amparadas por propostas pedagógicas bastante específicas. É sobre essa demanda que a série Desvendando o PNE se debruça ao problematizar, juntamente com especialistas, as metas 9 e 10 do Plano Nacional de Educação.
Para além do ABC
Embora a associação à cultura escolar seja imediata quando se pensa em alfabetização, isto não deveria ser regra para o caso de jovens e adultos. O retorno deste grupo, que por inúmeras razões não frequentou ou abandonou a escola, aos estudos passa pelo convencimento. Considerando o histórico de fracasso que esses estudantes tiveram junto ao sistema escolar, é pouco provável que queiram voltar e permanecer no mesmo modelo. Assim, é necessário olhar para diversos aspectos para garantir que o processo de alfabetização e até o retorno ao sistema de ensino ocorram adequadamente, apontam especialistas ouvidos pelo Centro de Referências em Educação Integral.
“A escola convencional não se configura como espaço propício porque não oferece uma metodologia específica que leve em conta o momento de vida dessas pessoas que, em grande parte, já trabalham ou têm filhos”, observa o coordenador do programa de EJA da Ação Educativa,  Roberto Catelli Junior.  O especialista entende que é preciso ressignificar o processo de aprendizagem: “embora a alfabetização dessas pessoas seja fundamental, precisamos ofertar mais do que isso, ampliando as possibilidades de desenvolvimento integral desses sujeitos”. O coordenador avalia como positivas as experiências da educação popular que têm mais proximidade com as pessoas da comunidade e efetua o trabalho educativo em locais como clubes, igrejas, associações de bairro que garantem um processo menos rígido e burocrático.
No entanto, como a educação nos níveis fundamental e médio passa pela escola é importante que o sistema se prepare para lidar com as especificidades dos jovens e adultos. Para a coordenadora executiva do Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS), Márcia Florêncio, é preciso que o indivíduo crie relação com a escola para que a educação aconteça. “Mas como estabelecer isso se esta instituição é, muitas vezes, descuidada pelo poder público e sequer mantêm professores bem orientados para essas demandas?”, problematiza.
A formação dos professores para a educação de jovens e adultos se apresenta como um grave problema, na opinião de Roberto, justamente por não ser específica. “Os cursos de pedagogia, quando têm uma disciplina optativa que fale da modalidade, o faz de maneira superficial. As redes de ensino também não têm essa carreira, ou seja, o professor não pode se especializar para isso.” Ele conta que é comum que o docente olhe para a EJA como uma possibilidade de complementar as horas do ensino regular, sem que haja de fato identificação ou comprometimento com a modalidade.
Questões ainda sem resposta
De modo geral, os especialistas avaliam que a EJA está longe de responder a um de seus principais dilemas: “o que fazer com sujeitos que já trazem o estigma do fracasso escolar?”. A dificuldade em responder esta questão tem como consequência a perpetuação de uma visão empobrecida e pouco inovadora do processo educacional que, na opinião de Márcia, lida com seus alunos de maneira equivocada. “O senso do coletivo – uma educação para todos – ainda predomina, quando deveríamos dar espaço aos indivíduos, com um olhar para seu projeto de vida, buscando correspondência. Sem isso, continuaremos a tratar o adulto de 30 como o jovem de 15”, condena.
O ensino de jovens e adultos deve ter um recorte próprio da educação a partir de uma perspectiva voltada para a integração dos indivíduos à sociedade, para que ele se coloque como um ser crítico. Devem ser garantidos o trabalho com o conteúdo, mas também a participação social e o desenvolvimento humano, apontam os entrevistados.
Para tanto, o desafio vai para além de abrir uma sala de aula. O investimento deve contemplar as diversas dimensões destes indivíduos que enfrentam problemas de renda, transporte, saúde e assistência social, entre outros. “Precisamos de um programa integrado que dê conta deste sujeito que não carece só da escola”, enfatiza Márcia Florêncio. Para ela, a escola poderia se configurar como um núcleo formador de acesso a estes serviços, apoiando os estudantes a construírem mais rapidamente o entendimento do que é ser cidadão. “Hoje a relação cidadania está mais dada pelo voto, mas essa está longe de ser a única relação possível”, atesta.
Outro ponto igualmente importante é o dimensionamento correto dos investimentos. Embora os recursos para a manutenção da modalidade sejam garantido pelo Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), com apoio da União, Roberto Catelli explica que os gestores estaduais não são obrigados a declarar o gasto na modalidade o que, segundo ele, pode encobrir o uso deste orçamento nas modalidades mais visíveis e passíveis de pressão popular, configurando interesses políticos claros.
De modo geral, a expectativa dos especialistas em relação às metas de alfabetização não são das mais otimistas. Roberto é favorável às estratégias sobre as quais a meta 9 do Plano Nacional de Educação se apoia mas julga serem necessárias mais ações indutoras para que elas efetivamente se cumpram. “A meu ver, as boas experiências existentes ainda figuram no varejo”, atesta.Já Márcia acredita que o caminho seja o de estabelecer uma política de Estado, capaz de ser traduzida para todos os entes da Federação que, por sua vez, devem ter condições de aplicá-la. Ela também entende como fundamental a articulação e participação da sociedade. “Seguimos desmobilizados desde as escolas, que não tem seus conselhos, até as esferas municipais e estaduais. A sociedade precisa definir o seu projeto e ocupar o seu lugar”, defende.
A EJA como um alternativa profissionalizante
A articulação da educação de jovens e adultos, preferencialmente, com a educação profissionalizante foi incluída na Lei de Diretrizes e Bases em 2008 e está prevista no PNE. A meta 10 prevê oferta de 25% de matrículas na EJA, nos ensinos fundamental e médio, de modo integrado à educação profissional; atualmente, as taxas correspondem a 0,8% e 3,1%, respectivamente. Para a coordenadora de projetos do Centro Paula Souza, Judith Terreiro, esta articulação apoia jovens e adultos a terem acesso a uma renda mais qualificada. A instituição oferta quatro cursos técnicos integrados ao Ensino Médio na modalidade Educação de Jovens e Adultos: administração, calçados, contabilidade e edificações.
Segundo a gestora, o número de horas atribuídas aos cursos, 1.200 horas, é metade do disponibilizado pelo ensino médio regular, mas isto não significa menos conhecimento. “Os cursos abrangem, concomitantemente, habilidades específicas do ensino técnico e conteúdos do Ensino Médio, buscando a interdisciplinaridade. Nosso objetivo é oferecer aos jovens e adultos trabalhadores oportunidades de escolarização que aliem a educação básica em nível médio à educação profissional, com desenvolvimento de competências e habilidades que propiciem a formação integral do aluno como cidadão e como profissional de qualidade”, explica.
Ainda assim, Judith reconhece que a modalidade não está livre das evasões, em sua análise, motivadas pela baixa escolaridade inicial dos estudantes. Também são ofensores dessa dinâmica a falta de reconhecimento do aluno trabalhador no país. “É preciso equalizar as necessidades de um trabalhador que está procurando se requalificar, o que implicaria na possibilidade de uma carga horária laborativa diferenciada”, atesta. Para ela, enquanto os horários trabalhistas se mantiverem inflexíveis, determinando que essas escolas possam atender somente a partir das 19h, se perpetuarão as dificuldades.
Dívida social
Longe de serem exclusivos da educação de jovens e adultos, os problemas do ensino, em geral, se configuram como uma “dívida social adquirida pelo país”, como observa Roberto. Segundo ele, no caso específico da EJA, a pauta ainda é invisível no Congresso e nos governos.
Já Márcia destaca que falta maturidade ao sistema educacional. “Ainda permitimos que nossos alunos passem pela escola, sem desenvolver um senso democrático e participativo, fundamental para o entendimento da importância do percurso educativo ao longo de sua vida”. Esses espaços, que deveriam ser de vivência e experimentação, acabam por deixar o jovem – principalmente na época do ensino médio sem referências – antecipando, muitas vezes, a sua entrada no mundo do trabalho
Oferta gratuita da educação de jovens e adultos a todos os que não tiveram acesso à educação básica na idade própria; implementar ações de alfabetização de jovens e adultos com garantia de continuidade da escolarização básica; promover chamadas públicas regulares de jovens e adultos e avaliação de alfabetização por meio de exames que permitam aferição do grau de analfabetismo de jovens e adultos com mais de 15 anos; em articulação com a área da saúde, atendimento oftalmológico e fornecimento de óculos para estudantes da educação de jovens e adultos
Plano Nacional de Educação está com 80% das metas estagnadas, diz estudo
Levantamento aponta que, se o contingenciamento dos recursos do MEC continuar, todas as metas do plano poderão ser afetadas.
Por Elida Oliveira, G1
27/05/2019 12h03  Atualizado há um ano
Entre as 20 metas, 16 estão estagnadas e 4 tiveram cumprimento parcial. — Foto: NeONBRAND/ Unsplash
As metas do Plano Nacional de Educação (PNE), estão sob risco de não serem cumpridas diante do cenário de redução de verbas para a área, aponta estudo divulgado nesta segunda-feira (27).
Entre as 20 metas, 16 estão estagnadas e 4 tiveram cumprimento parcial, afirma Andressa Pellanda, coordenadora executiva da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, responsável pelo estudo.
Segundo Pellanda, desde 2015 vem ocorrendo um “desinvestimento” na educação (queda de recursos para a área).
Para ela, o quadro se agrava diante do contingenciamento de R$ 5,8 bilhões no orçamento do Ministério da Educação (MEC), apesar do desbloqueio de R$ 1,587 bilhão anunciado pelo Ministério da Economia após protestos pela educação no país.
Antes da divulgação do estudo, em audiência na Comissão de Educação do Senado em 5 de maio, o ministro Abraham Weintraub falou sobre as metas do PNE e elencou as prioridades da pasta sob sua gestão.
Em outra sabatina, dessa vez na Câmara dos Deputados, no dia 22 de maio, Weintraub disse que quer rever pelo menos duas diretrizes do PNE: a meta 12 (que prevê o aumento da oferta de vagas no ensino superior público para 40%) e a meta 20 (que indica a elevação dos recursos para a Educação para 10% do PIB). As duas metas citadas pelo ministro estão entre as que estão estagnadas, segundo o estudo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
· Constituição prevê que ensino básico é prioridade de estados e municípios; entenda os gastos com educação
"A gente ainda está distante de cumprir [a meta] com acesso universal para todas as crianças e adolescentes à escola. O financiamento da educação é o mais preocupante porque ele já tem um teto de gastos previsto pela Emenda 95 e, agora, com os recentes cortes do Bolsonaro, essa situação se agravou, e a gente ainda não tem um sistema nacional de educação aprovado que faça com que a distribuição do recursos e a colaboração entre governo federal, estados e municípios possa de fato se efetivar para que toda criança e adolescente em qualquer lugar do território nacional possa ter acesso à educação pública de qualidade", apontou Pellanda.
Para ela, a falência no cumprimento das metas se deve aos seguintes pontos:
· queda nos recursos da educação;
· política de austeridade do país;
· ausência de um sistema nacional de educação;
· falta de prioridade nas políticas de educação;
· ausência de um sistema nacional de educação;
· falta de suporte do governo federal para estados e municípios;
· atual gestão foca em políticas que vão na contramão do PNE.
Pellanda aponta que o cenário poderia melhorar se houvesse uma política de redistribuição de verba entre os governos federal, dos estados e dos municípios. "Os entes federados não têm capacidade orçamentária para executar a responsabilidade com a educação básica", aponta. "O governo federal não está dando suporte suficiente, nem técnico nem orçamentário."
Sobre as políticas de educação do governo Bolsonaro que vão contra o Plano Nacional de Educação, Pellanda cita:
· A militarização das escolas, que vai contra a gestão democrática nas escolas públicas;
· Cortes no MEC, que contradiz a prerrogativa de avanço progressivo nos investimentos para chegar até 2024 com o recurso adequado para uma educação de qualidade;
· Ensino a distância para a educação básica, que não tem previsão legal e contradiz o PNE, que prevê investimentos em educação pública presencial
Para reverter o quadro, o relatório defende o novo Fundeb, que é o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação.
O Fundeb é formado por recursos de impostos (91%) com complementação do Governo Federal (9%). No entanto, o fundo foi criado por uma lei transitória, que tem prazo de validade até 2020. O desafio, agora, é implementar um novo fundo que seja permanente e garanta recursos para a educação
Educação no governo Bolsonaro não avança e falha em cumprir metas
Relatório do Inep aponta queapenas 13,4% dos 57 indicadores foram alcançados
Educação no governo Bolsonaro não avança e falha em cumprir metas
Relatório do Inep aponta que apenas 13,4% dos 57 indicadores foram alcançados
Meta estabelece que 100% das crianças de 4 a 5 anos devem estar na escola
Meta estabelece que 100% das crianças de 4 a 5 anos devem estar na escola (Evaristo Sá/AFP)
Sem ministro da Educação, o Brasil está estagnado no setor e tem grandes dificuldades para cumprir a série de metas traçadas para o Plano Nacional de Educação (PNE). A constatação foi do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação, que divulgou o relatório do 3º Ciclo de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de Educação/2020.
O documento de monitoramento que analisa anualmente a execução dos artigos, metas e estratégias com prazos intermediários revela, mais uma vez, dados alarmantes. O descumprimento do PNE é consequência dos desinvestimentos dos recursos públicos na área de educação e do escanteio da agenda.
O PNE tem 20 metas que devem ser cumpridas 100% em um prazo de 10 anos, de 2014 a 2024. O relatório - que abrange os últimos dados de 2018 e 2019 - divulgado aponta que dos 57 indicadores, apenas 13,4% tiveram a meta atingida. Entre as 20 metas, a única cumprida é a referente à formação de professores do ensino superior, com porcentagem de docentes com nível de mestrado e doutorado.
Os dados apresentados mostram ainda que apenas 31 de 37 indicadores usados no plano tiveram nível de execução inferior a 60%, mas 21% dos indicadores retrocederam. Sobre o desempenho do Plano, o presidente do Inep disse que, sozinho, o MEC não conseguirá executar todas as 20 metas do PNE até 2024 e lembrou a importância do envolvimento dos estados, municípios, universidades, institutos federais no cumprimento dos objetivos.
“Percebe-se que 41 indicadores (73,21%) têm nível de alcance maior do que 50%, 28 indicadores (53,84%) têm nível maior do que 80% e 7 indicadores (13,46%) já chegaram à meta estabelecida. O nível médio de alcance está em 76,22%. Reconhecer esses números é rejeitar a compreensão simplista que afirma que tudo vai mal na educação brasileira; é reconhecer o esforço coletivo dos profissionais da educação que, mesmo que enfrentem adversidades, apostam na escola como o local da esperança e da transformação nacional", ressalta o documento.
Andressa Pellanda, coordenadora geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, acredita que no ritmo que se tem avançado, cerca de 85% dos dispositivos das metas do PNE não serão cumpridos até o prazo de 2024. “Não é novidade para ninguém que acompanha a agenda educacional no Brasil que o Plano Nacional de Educação está escanteado. Não é novidade também, infelizmente, que muitos atores da educação, para além obviamente do governo federal, atuem na contramão do plano, em agendas de privatização e de conservadorismo, que não cabem dentro das diretrizes constitucionais e legais”, declara.
O pesquisador do Inep Gustavo Henrique Moraes, durante apresentação do relatório, admitiu que o impacto financeiro da crise gerada pela pandemia no MEC deve atingir todas as áreas da educação, mas ainda é cedo para saber quais serão seus impactos. “O MEC se enfraquece um pouco diante da questão fiscal que o Brasil vive”, reconheceu sem dar detalhes o presidente do Inep, Alexandre Lopes.
RETROCESSOS
META 9 - NÃO CUMPRIDA Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional. Como acontece em outros dispositivos do Plano Nacional de Educação, a taxa de 93,5% esperada para a alfabetização dos brasileiros em 2015 ainda não havia sido alcançada. Após 4 anos, em 2019, quando o número Educação no governo Bolsonaro não avança e falha em cumprir metas Relatório do Inep aponta que apenas 13,4% dos 57 indicadores foram alcançados Educação no governo Bolsonaro não avança e falha em cumprir metas Relatório do Inep aponta que apenas 13,4% dos 57 indicadores foram alcançados Meta estabelece que 100% das crianças de 4 a 5 anos devem estar na escola Meta estabelece que 100% das crianças de 4 a 5 anos devem estar na escola (Evaristo Sá/AFP) Sem ministro da Educação, o Brasil está estagnado no setor e tem grandes dificuldades para cumprir a série de metas traçadas para o Plano Nacional de Educação (PNE). A constatação foi do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação, que divulgou o relatório do 3º Ciclo de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de Educação/2020. O documento de monitoramento que analisa anualmente a execução dos artigos, metas e estratégias com prazos intermediários revela, mais uma vez, dados alarmantes. O descumprimento do PNE é consequência dos desinvestimentos dos recursos públicos na área de educação e do escanteio da agenda. O PNE tem 20 metas que devem ser cumpridas 100% em um prazo de 10 anos, de 2014 a 2024. O relatório - que abrange os últimos dados de 2018 e 2019 - divulgado aponta que dos 57 indicadores, apenas 13,4% tiveram a meta atingida. Entre as 20 metas, a única cumprida é a referente à formação de professores do ensino superior, com porcentagem de docentes com nível de mestrado e doutorado. Os dados apresentados mostram ainda que apenas 31 de 37 indicadores usados no plano tiveram nível de execução inferior a 60%, mas 21% dos indicadores retrocederam. Sobre o desempenho do Plano, o presidente do Inep disse que, sozinho, o MEC não conseguirá executar todas as 20 metas do PNE até 2024 e lembrou a importância do envolvimento dos estados, municípios, universidades, institutos federais no cumprimento dos objetivos. “Percebe-se que 41 indicadores (73,21%) têm nível de alcance maior do que 50%, 28 indicadores (53,84%) têm nível maior do que 80% e 7 indicadores (13,46%) já chegaram à meta estabelecida. O nível médio de alcance está em 76,22%. Reconhecer esses números é rejeitar a compreensão simplista que afirma que tudo vai mal na educação brasileira; é reconhecer o esforço coletivo dos profissionais da educação que, mesmo que enfrentem adversidades, apostam na escola como o local da esperança e da transformação nacional", ressalta o documento. Andressa Pellanda, coordenadora geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, acredita que no ritmo que se tem avançado, cerca de 85% dos dispositivos das metas do PNE não serão cumpridos até o prazo de 2024. “Não é novidade para ninguém que acompanha a agenda educacional no Brasil que o Plano Nacional de Educação está escanteado. Não é novidade também, infelizmente, que muitos atores da educação, para além obviamente do governo federal, atuem na contramão do plano, em agendas de privatização e de conservadorismo, que não cabem dentro das diretrizes constitucionais e legais”, declara. O pesquisador do Inep Gustavo Henrique Moraes, durante apresentação do relatório, admitiu que o impacto financeiro da crise gerada pela pandemia no MEC deve atingir todas as áreas da educação, mas ainda é cedo para saber quais serão seus impactos. “O MEC se enfraquece um pouco diante da questão fiscal que o Brasil vive”, reconheceu sem dar detalhes o presidente do Inep, Alexandre Lopes. RETROCESSOS de analfabetos absolutos era de 11 milhões (um contingente de pessoas maior do que a população de muitos países) a meta também não foi alcançada. Sem uma aceleração, a perspectiva é de não cumprimento também do objetivo estabelecido para 2024. Pior ainda é o quadro do analfabetismo funcional, que avançou, quando deveria regredir. É necessária uma redução de mais de 15 pontos percentuais da taxa atual até 2024, fim do período de vigência do PNE.