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Estratégias de gestão social e ambiental

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Distribuição física e log. reversa – Aula 4
Estratégias de gestão social e ambiental
Descrição
Histórico do desenvolvimento sustentável e das principais estratégias e instrumentos da gestão social e ambiental, além de sua imprescindibilidade na consolidação de práticas de governança sustentáveis e no alcance da competitividade requerida para as organizações.
PROPÓSITO
Compreender os desafios do desenvolvimento sustentável mediante a identificação do meio ambiente como problema ou oportunidade para os negócios a partir do histórico desse desenvolvimento e dos instrumentos de diagnóstico social e ambiental aplicáveis a diversos segmentos empresariais.
OBJETIVOS
Módulo 1
Reconhecer o meio ambiente como oportunidade para os negócios no contexto da sustentabilidade aliada à alta competitividade requerida
Módulo 2
Descrever os instrumentos de diagnóstico de gestão social e ambiental aplicáveis a diversos segmentos empresariais
Introdução
É um consenso que sustentável, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável são termos consagrados e oportunos em nível global. No entanto, os significados advindos dessas expressões variam em função de perspectivas e associações relativas tanto a contextos internos e externos quanto a necessidades, expectativas, interesses e conflitos das partes interessadas (stakeholders) envolvidas.
Até em função disso, essas questões, para algumas dessas partes interessadas, podem se transformar em problemas ou oportunidades nesse cenário de alta competitividade.
Ao longo dos últimos anos, vêm sendo desenvolvidos e aplicados diversos modelos e instrumentos de diagnóstico de gestão social e ambiental pertinentes a diversos segmentos empresariais. Tais modelos e instrumentos incluem, por exemplo, certificações voluntárias, como ISO 14001, ISO 50001, ISO 26000, SA 8000, NBR 16001 e AA 1000; modelos mais específicos desenvolvidos por outros tipos de organizações, como o balanço social, ou pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); e, por fim, modelos internacionais de financiamentos, como os Princípios do Equador e o International Finance Corporation (IFC), que são instituições globais que oferecem serviços de investimento, consultoria e administração de ativos para incentivar o desenvolvimento do setor privado em países menos desenvolvidos.
Ao longo deste tema, discorreremos sobre o histórico do desenvolvimento sustentável e os instrumentos de diagnóstico social e ambiental aplicáveis a diversos segmentos empresariais.
MÓDULO 1
Reconhecer o meio ambiente como oportunidade para os negócios no contexto da sustentabilidade aliada à alta competitividade requerida
Desenvolvimento sustentável, sustentabilidade e sustentável
Mas, afinal, de onde surgiram as primeiras definições sobre sustentabilidade?
Um dos primeiros marcos relacionados ao termo sustentável está registrado no livro Sylvicultura oeconomica oder anweisung zur wilden baumzucht, publicado por Carlowitz em 1713. Influenciada pelas ideias de Evelyn (1664) e de Colbert (1669) sobre a acelerada devastação florestal da Europa, essa publicação contemplava o binômio ecologia-natureza, além de dois pilares: o econômico e o da ética social.
Na primeira metade do século XVIII, a ideia de rendimento sustentado chegou à vários países da Europa, mais especificamente à Dinamarca, à Noruega, à Rússia e à França. Em sequência, a evolução do processo de civilização ocidental atingiu o seu ápice entre 1750 e 1900. Nesse período, consolidou-se o desenvolvimento em conjunto com a ciência, sendo atribuído a ela o domínio da natureza. Entretanto, já no final desse século (1798), surgiram, em um primeiro momento, os efeitos negativos advindos da Revolução Industrial, como o desemprego, a pobreza e as doenças.
Já em 1974, em uma série de conferências sobre questões florestais, o termo sustentabilidade foi utilizado pela primeira vez no contexto de desenvolvimento. Existem diversas outras referências cronológicas ao termo por diferentes autores em épocas distintas, mas podemos citar que a ideia de desenvolvimento sustentável foi entendida inicialmente da seguinte forma: “[...] uma sociedade sustentável é aquela que pode satisfazer as suas necessidades sem comprometer as chances de sobrevivência das gerações futuras”. 
(BROWN, 1981)
Pela abrangência de sociedade, não devemos considerar apenas a civilização humana, e sim a consolidação complexa de aspectos ambientais, sociais e econômicos em busca de seu equilíbrio.
Podemos destacar que a compreensão da sustentabilidade nas organizações está alicerçada em três pilares de desempenho: econômico, social e ambiental. Conforme frisaremos a seguir, a integração entre eles é fundamental. Dessa forma, o triple bottom line ficou também conhecido como os 3 Ps (people, planet and profit) – ou, em português, pessoas, planeta e lucro (PPL).
Marcos históricos
Dando sequência à evolução anteriormente descrita, verificamos que esses conceitos foram utilizados, em 1987, no Relatório Brundtland. Intitulado Nosso futuro comum, ele ofereceu uma definição para a expressão desenvolvimento sustentável. Esse relatório é seguramente uma das principais referências nos debates sobre esse desenvolvimento.
Elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, ele compôs uma série de iniciativas anteriores à Agenda 21 que reafirmavam a visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e em desenvolvimento. O Relatório Brundtland ainda ressaltava as ameaças e os riscos decorrentes do uso excessivo dos recursos naturais caso uma capacidade de resposta e suporte dos ecossistemas não fosse levada em consideração.
Segundo o Relatório da Comissão Brundtland (2018), uma série de medidas deve ser tomada pelos países para promover o desenvolvimento sustentável. Entre elas, destacam-se as seguintes:
Agenda 21
A Agenda 21 foi um dos principais resultados da conferência Eco-92 (ou Rio-92) ocorrida no Rio de Janeiro em 1992. Trata-se de um documento que estabelecia a importância de cada país se comprometer a refletir global e localmente sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de possíveis soluções para os problemas socioambientais. Cada país desenvolve a sua Agenda 21; no Brasil, as discussões são coordenadas pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável (CPDS) e pela Agenda 21 Nacional.
· Limitação do crescimento populacional.
· Garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) em longo prazo.
· Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas.
· Diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com o uso de fontes energéticas renováveis.
· Aumento da produção industrial nos países não industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas.
· Controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores.
· Atendimento das necessidades básicas (saúde, escola e moradia).
Em âmbito internacional, as metas propostas são:
· Adoção da estratégia de desenvolvimento sustentável pelas organizações de desenvolvimento (órgãos e instituições internacionais de financiamento).
· Proteção dos ecossistemas supranacionais, como a Antártica e os oceanos, pela comunidade internacional.
· Banimento das guerras.
· Implantação de um programa de desenvolvimento sustentável pela Organização das Nações Unidas (ONU).
· De forma sintetizada, podemos definir que esse relatório reforça a tese sobre a incompatibilidade entre o desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo vigentes.
Novo olhar para a sustentabilidade
Observa-se que o tópico sustentabilidade ganhou luz mais intensa com base nas discussões sobre os tipos de fontes energéticas e a premente necessidade de preservação dos recursos naturais. Dessa forma, se consolidaram de maneira definitiva as relações entre o modo de vida dos seres humanos e o meio ambiente – e, mais especificamente, os problemas de deterioração na relação entre a ecologia global e o desenvolvimento econômico.Relacionando tais temas, podemos descrever que a sustentabilidade mensura o nível da qualidade desse sistema com o objetivo de avaliar seu grau de distanciamento em relação ao que seria sustentável. Já o desenvolvimento sustentável atua por meio de estratégias para aproximar o nível de sustentabilidade ao sistema ambiental humano sustentável.
Apesar de essa conceituação ser clara, nos últimos tempos, tem se proliferado globalmente um estado de inquietação pública diante das revelações sobre as condições reais do meio ambiente e das enormes desigualdades sociais geradas pelos modelos econômicos e de produção convencionais.
De um tempo para cá, a sociedade passou a lidar com preocupações que não existiam em outras épocas. Entre elas, podemos citar a proteção ecológica, a defesa do consumidor, a qualidade dos produtos/serviços, o respeito às práticas trabalhistas e aos direitos humanos, além de outras questões sociais.
Pautado na função econômica como geradora de lucros, salários e impostos, o papel social da organização já não é suficiente para nortear os negócios diante dos novos valores requeridos pela sociedade e pelas demais partes interessadas.
Em decorrência desse contexto, as expectativas relativas ao comportamento, aos valores e à conduta organizacional adequada tornaram-se mais intensas.
Qual é o resultado dessa evolução?
Ela fez com que as organizações passassem por reivindicações pertinentes a mudanças em suas práticas e comportamentos.
Sob a ótica ambiental, essas práticas de governança e gestão levaram à adoção, por exemplo, de P+L (produção mais limpa), que também é conhecida como ecoeficiência; ecodesign de produtos; contabilidade e valoração ambiental; avaliação de origem (cadeia de custódia) e composição da matéria-prima; análise de alternativas de produtos recicláveis ou de menor impacto ambiental; e desenvolvimento de provedores externos (fornecedores e distribuidores) ambientalmente responsáveis.
Já certas questões e aspectos sociais passaram a ser considerados de forma mais diligente e apropriada. Isso ocorreu, por exemplo, na não contratação de mão de obra infantil; na utilização de campanha de mídia relacionada a questões corporativas e responsáveis de interesse público; no respeito aos direitos humanos e à diversidade étnico-racial e religiosa no ambiente organizacional; na ética empresarial; na definição de diretrizes contra qualquer tipo de assédio; e no compromisso pela recolocação de trabalhadores demitidos.
Na visão atual, podemos considerar que uma organização sustentável é aquela que...
... Segundo Savitz (2007), “gera lucro para os acionistas (shareholders) ao mesmo tempo que protege o meio ambiente e melhora a vida das pessoas com quem mantém relações”.
A sustentabilidade empresarial está, portanto, relacionada à gestão responsável da empresa.
Essas novas práticas de conduta e governança por parte das organizações contribui para a superação das crises sociais e ambientais. Dessa forma, gera-se o consenso de que a conduta socioambiental responsável é a forma pela qual as organizações buscam o desenvolvimento sustentável combinado da sociedade e do próprio negócio, proporcionando, com isso, benefícios para as partes interessadas (stakeholders), como, por exemplo, uma melhor qualidade de vida e acesso a benefícios por parte dos empregados, clientes, parceiros de negócios e comunidades em que atuam.
Apresentaremos a seguir alguns conceitos-chave:
Gestão responsável
Capacidade da empresa de atender simultaneamente aos interesses dos diferentes públicos com os quais ela se inter-relaciona, conseguindo, assim, incorporá-los ao planejamento de suas atividades.
Gestão sustentável
Consiste em assegurar o sucesso do negócio em longo prazo e, ao mesmo tempo, contribuir para o desenvolvimento econômico e social da comunidade com o propósito de assegurar um meio ambiente saudável e uma sociedade estável.
Gestão responsável e sustentável
É a atividade econômica orientada para a geração de valor econômico-financeiro, ético, social e ambiental, cujos resultados são compartilhados com os públicos afetados. A produção e a comercialização dela são organizadas de modo a reduzir continuamente o consumo de bens materiais e de serviços ecossistêmicos, conferindo competitividade e continuidade à própria atividade, além de promover e manter o desenvolvimento sustentável da sociedade.
Interação entre alguns conceitos-chave. / Fonte: Adaptada de: (ALIGLERI; ALIGLERI; KRUGLIANSKAS, 2016)
Na busca constante pelo equilíbrio, a gestão socioambiental não questiona o propósito do crescimento econômico, que é o principal elo a impulsionar as atuais políticas econômicas. Infelizmente, esse crescimento também potencializa a deterioração do ambiente global.
Embora saibamos que vivemos em um mundo eminentemente capitalista, isso, por si, não nos obriga a buscar cegamente um crescimento econômico irrestrito. Ele não deve ser analisado apenas sob métricas meramente quantitativas, como a maximização dos lucros, estando isolado de um conceito mais abrangente.
Refletir sob o olhar da gestão socioambiental implica o reconhecimento de que o crescimento econômico ilimitado em um planeta com recursos naturais finitos, cuja capacidade de carga deve ser preservada, só pode levar a um desastre. Por isso, o conceito de crescimento precisa ser controlado – e isso pode ser feito com a introdução da premissa de sustentabilidade ecológica como um parâmetro fundamental de todas as atividades de negócios.
Ondas de inovação no conceito de sustentabilidade
Em meio a tantos desafios e externalidades distintas, a inovação deve ser considerada fundamental para o avanço consistente da gestão sustentável. Essa inovação será cada vez mais alcançada mediante sucessivas trocas de experiências entre os elos que compõem a cadeia de valor. Trocas de experiências do tipo requerem também uma mudança nas práticas de governança corporativa, gerando, com isso, consequentes alterações no modelo e na estratégia dos negócios.
Levando em consideração que as questões externas e internas presentes no atual sistema de operação das organizações estão recheadas de turbulências e complexidades, as variáveis ambientais e sociais constituem pontos-chave para a inovação.
Consideraremos as ecoinovações qualquer inovação que reduza o uso de recursos naturais e a liberação de substâncias nocivas em todo o ciclo de vida do produto ou do serviço. 
Alguns autores afirmam que a próxima onda da inovação estará apoiada no conceito e nas práticas do desenvolvimento sustentável, sendo ainda incrementada pela melhoria do desempenho produtivo e pela redução dos impactos ambientais. Pautam essa nova onda questões estudadas na ciência dos materiais, na química verde, na nanotecnologia e no biomimetismo.
Essa situação pode ser observada na figura a seguir:
Química verde
Ciência relacionada ao meio ambiente, a química verde foi introduzida nos EUA por Mark Harrison, um cientista da Universidade de Lehigh. Essa ciência basicamente trabalha com o conceito de que os elementos químicos não podem degradar a natureza.
Nanotecnologia
Ciência que se dedica ao estudo da manipulação da matéria em uma escala atômica e molecular, lidando com estruturas entre 1 e 1.000 nanômetros. Ela pode ser utilizada em diferentes áreas, como medicina, eletrônica, ciência da computação, física, química, biologia e engenharia dos materiais.
Biomimetismo
A biomimética é uma área da ciência cujo objetivo é o estudo das estruturas biológicas e das suas funções, procurando aprender com a natureza suas estratégias e soluções para utilizar esse conhecimento em diferentes domínios científicos.
Atenção
Cada nova onda potencializa o poder de transformação da competitividade e produtividade das organizações, assim como o padrão de vida da sociedade e os paradigmas técnico-econômicos.
Para propiciar oportunidades de negócios mais inclusivas, socialmente responsáveis e ambientalmente eficazes, são utilizadas inovações de gestão, processo, produto e as tecnológicas. Desse modo, esses tipos de inovaçõespermitem entender os resíduos não como lixo, e sim como uma oportunidade de valor compartilhado e agregado que possibilita uma gestão circular de recursos e energia, além de um incremento na produtividade.
A figura acima também apresenta a evolução das ecoinovações e as novas fronteiras de desenvolvimento desde os quatro séculos passados até os dias de hoje.
Observamos nela que, apesar de diversas inovações tecnológicas terem sido percebidas desde 1795, somente a partir da sexta onda, no século XXI, se passou a considerar, de forma efetiva, questões relacionadas à sustentabilidade, como, por exemplo, a ciência dos materiais, a química verde e a nanotecnologia, energias renováveis.
Vamos refletir agora sobre o resultado de uma pesquisa:
Em junho de 2019, a Nielsen divulgou um estudo demonstrando que 42% dos consumidores brasileiros estão mudando seus hábitos de consumo para reduzir seu impacto ambiental e 30% dos entrevistados estão atentos aos ingredientes que compõem os produtos. Já um levantamento sobre consumo consciente feito desde 2015 pelo SPC Brasil e pelo Meu Bolso Feliz mostrou que, em 2018, 71% dos consumidores davam preferência a produtos de marcas comprometidas com ações ambientais e sociais, enquanto 56% chegavam a desistir da compra se a empresa adotasse práticas nocivas ao meio ambiente. 
(NIELSEN, 2019)
Com base no resultado da pesquisa e em tudo que foi apresentado ao longo deste tema, fica claro e evidente que o desenvolvimento sustentável, por meio de seus conceitos e práticas, pode – e deve – ser considerado uma oportunidade para os negócios nesse contexto de alta competitividade, e nunca como um problema que atrasa ou dificulta o desenvolvimento ambientalmente responsável, socialmente justo e economicamente viável.
Environmental, social and governance (ESG)
Considerada a grande questão que pauta as discussões centrais no mundo corporativo e com o potencial de afetar a economia das nações, esta recente prática de governança refere-se aos três temas centrais na medição da sustentabilidade e do impacto social de um investimento em uma organização ou um negócio. Monitorar tais parâmetros permite a determinação do desempenho financeiro futuro das empresas, possibilitando ainda as mensurações de retorno sobre o investimento e seus riscos associados.
As decisões históricas sobre onde os ativos financeiros seriam colocados foram baseadas em vários critérios, predominando o retorno financeiro. No entanto, sempre houve muitos outros critérios para decidir onde colocar o dinheiro — desde considerações políticas até recompensas celestiais. Foi nas décadas de 1950 e 1960 que os vastos fundos de pensão administrados pelos sindicatos reconheceram a oportunidade de afetar o ambiente social mais amplo usando seus ativos de capital — nos EUA, a International Brotherhood of Electrical Workers investiu seu considerável capital no desenvolvimento de projetos de habitação a preços acessíveis, enquanto o United Mine Workers foi investido em unidades de saúde. 
Tendo em vista esse contexto, responda: o que foi estabelecido entre os líderes de poderosas corporações? 
Foi estabelecido um consenso entre os líderes de poderosas corporações – em especial, seus investidores – de que, quanto mais intensamente os temas de ESG estiverem incorporados nas práticas e estratégias de negócio, mais bem preparadas estarão as organizações para lidar com situações delicadas e crises com baixa previsibilidade e alta gravidade.
Há registros de investimentos nas áreas ambientais e sociais de forma responsável desde décadas passadas. Iniciado em 1971, um dos marcos reconhecidos – e citado como o primeiro – ainda existe nos dias de hoje. Trata-se do Pax World (PAXWX), que foi pensado com o propósito de distinguir as organizações que contribuíam para a Guerra do Vietnã.
A partir de então, vem se observando um crescimento progressivo e significativo desses investimentos. Em 1994, foi alcançada a marca de 26 fundos, cujos ativos totalizavam algo em torno de US$1,9 bilhão.
O incremento e o amadurecimento desses investimentos foram provocados por vários fatores. Dentre eles, podemos destacar:
1
Grandes acidentes industriais e diversas contaminações em várias partes do mundo.
2
Realização da Eco-92, o que demonstrou uma preocupação relacionada ao aquecimento global e aos gases de efeito estufa.
3
Consolidação do conceito de responsabilidade social (direitos trabalhistas e humanos, reflexões sobre questões relativas à imigração, pobreza, trabalho infantil, doenças endêmicas etc.).
4
Metas do Milênio, Global Compact e Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS).
5
Solidificação do capitalismo financeiro e do papel das bolsas de valores para as organizações e os investidores, além de maior transparência das ações e até inações por meio da universalização da internet e do jornalismo online.
Vale ressaltar o papel relevante desempenhado pelas instituições financeiras (IFI) nesse processo, tendo o BID e demais processos conduzidos com base nos Princípios do Equador e na International Finance Corporation (IFC) como exemplos significativos.
Quem apoia o projeto tem a responsabilidade de explicar os requisitos e encarregar-se de sua devida diligência, avaliação e supervisão. A compreensão dos riscos potenciais e dos esforços empregados, incluindo os recursos orçamentários requeridos pela gestão responsável dos riscos, são parte do processo decisório das IFI.
Em situações nas quais os custos implicados na gestão dos problemas socioambientais são elevados, existe a possibilidade de a relação custo-benefício geral do projeto/empreendimento ser considerada inaceitável por não atender aos requisitos financeiros estipulados.
Por fim, fica evidente que a prática de governança ESG veio para ficar; portanto, as organizações deverão incorporar cada vez mais as questões socioambientais em suas decisões estratégicas a fim de se manterem competitivas.
MÓDULO 2 
Descrever os instrumentos de diagnóstico de gestão social e ambiental aplicáveis a diversos segmentos empresariais
Motivações iniciais
Desde as últimas décadas, as intenções e os discursos das organizações relacionadas ao presente e ao futuro vêm enfatizando a necessidade tanto de agir quanto de demonstrar as práticas e os resultados pertinentes à sustentabilidade. Como resultado disso, houve um aumento do engajamento das organizações nacionais e internacionais nesse assunto, refletindo, assim, sua relevância graças à substituição de modelos de gestão tradicionais por outros que reconheçam políticas e práticas socioambientais – e sem deixar de se preocupar com os resultados econômicos e financeiros das organizações.
Nessa linha, as organizações passaram a enxergar seus negócios de forma mais ampla, contemplando os principais temas globais em suas práticas de governança e políticas de gestão.
Como exemplos desses temas globais, podemos citar: 
1. Conservação dos recursos naturais e dos serviços ecossistêmicos.
2. Combate à mudança climática e redução das emissões de gases de efeito estufa.
3. Gestão eficiente das águas.
4. Alternativas de energias limpas, renováveis e biocombustíveis.
5. Análise do ciclo de vida dos produtos e rotulagem ambiental.
6. Redução de resíduos.
7. Respeito aos direitos humanos e diversidade no ambiente de trabalho.
8. Saúde e segurança ocupacional.
Assegurar uma boa integração entre toda a cadeia produtiva por intermédio da conciliação de processos, da coordenação de decisões e da garantia de que tanto os recursos quanto as responsabilidades e as atividades se tornem solidários a fornecedores, prestadores de serviços e outros componentes da cadeia é cada vez mais significativo para: 
1. Garantir consistência, transparência e credibilidade às ações implementadas.
2. Incrementar a eficiência, eficácia e a produtividade.
3. Conceber e desenvolver novos produtos e serviços.
4. Reduzir custos e exposição a penalidades.
5. Normalizar o fornecimento de insumos e itens.
6. Solidificar a reputação da marca.
Existe o prognóstico de que, em uma projeção temporalpróxima, as cadeias produtivas já terão superado as conexões clássicas. Conhecida como simbiose industrial, essa abordagem tem o propósito de internalizar suas externalidades por meio de um fluxo de materiais e energia.
Essas novas redes simbióticas poderão se transformar em modelos para reduzir a carga ambiental do homem sobre o planeta de forma substancial. Além disso, elas poderão propiciar uma sinergia industrial e oportunizar a colaboração entre novas áreas e potenciais oportunidades de negócio.
A requerida responsabilidade socioambiental torna-se um considerável instrumento gerencial tanto para a capacitação e o conhecimento organizacional quanto para a criação de condições de competitividade para as empresas independentemente do segmento econômico em que atuam. Em função disso, várias organizações reconhecidamente poluidoras do meio ambiente e com o potencial de impactar socialmente as comunidades em seus entornos, como, por exemplo, as empresas mineradoras, siderúrgicas, metalúrgicas, montadoras do setor automotivo, papel e celulose, química e petroquímica, entre outras, investem em programas de gestão ambiental e social.
Além do viés econômico e do negócio, pesquisas revelam que as razões para a adoção de práticas socioambientais não se limitam às exigências de legislação. Na verdade, elas estão ligadas principalmente às seguintes questões:
· Aumentar a qualidade intrínseca e percebida dos produtos;
· Incrementar a competitividade das exportações;
· Atender aos novos anseios dos consumidores com preocupações socioambientais;
· Considerar e procurar atender às reivindicações das comunidades no entorno;
· Responder às pressões de organizações não governamentais sociais e ambientais;
· Alinhar-se às políticas ambiental e social da organização;
· Melhorar a imagem reputacional perante as partes interessadas (stakeholders) e a sociedade.
Normas e certificações
Primeiramente, precisamos contextualizar os conceitos de normalização e norma.
A normalização pode ser definida como a organização sistemática das atividades pela aplicação de regras comuns. Esse processo ganhou importância a partir da Revolução Industrial, pois, em decorrência da transformação da produção artesanal em uma fabricação de grandes lotes de forma seriada, foi necessária a utilização de normas que permitissem a produção de peças intercambiáveis.
Soma-se a isso o fato de os consumidores e as demais partes interessadas apresentarem uma maior consciência e necessidade de engajamento, fazendo com que os produtos e serviços precisem corresponder efetivamente ao valor pago. Isso vem estimulando o desenvolvimento de normas técnicas que sirvam como uma base para o relacionamento de confiança entre essas partes interessadas.
A definição internacional de norma técnica atesta que ela é um:
[...] documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece, para uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto. 
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2020)
Com base nessa definição, podemos separar as normas por tipos e relacioná-los ao contexto do nosso tema. Assim sendo, as que definem regras são conhecidas como certificáveis ou contratuais, contendo cláusulas (também chamadas de requisitos). Tais normas permitem, entre outras aplicações, que as organizações busquem certificações ou que façam as próprias declarações em conformidade com os requisitos delas.
Um dos principais atores envolvidos nesse processo é a Organização Internacional para Normalização (ISO). Ela é representada no Brasil pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), único foro nacional de normalização do país. Ainda tem papel de destaque nesse tópico o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
No formato de agência executiva, essa autarquia federal é vinculada ao Ministério da Economia. O Inmetro atua como organismo acreditador, tendo o papel de chancelar credibilidade aos processos de certificações realizados por organismos de certificação de sistemas (OCS).
ISO
Trata-se de uma organização internacional não governamental independente, estando associada a 165 organismos de normalização nacionais.
Precisamos, contudo, entender as diferenças entre as certificações compulsórias e voluntárias.
Em determinadas situações, os procedimentos de avaliação da conformidade – em particular, as certificações – são considerados compulsórios para determinados mercados. Em outras oportunidades, embora não haja uma obrigatoriedade legal, as práticas adotadas de forma corrente neles tornam indispensáveis a utilização de determinados procedimentos de avaliação da conformidade (tipicamente a certificação) como maneira de demonstração do diferencial de qualidade e de informação para essa terceira parte (consumidor e até as demais partes interessadas).
O papel de avaliação de conformidade exemplificado pela certificação desempenha papéis importantes no mercado e na sociedade moderna. Um deles é pautado pela homogeneização de determinados padrões nacionais e internacionais.
Isso tende a facilitar a comercialidade de bens e serviços entre países, pois, se os produtos e serviços de um grupo de países seguirem os mesmos padrões, não haverá barreiras técnicas que impeçam sua comercialização naquele grupo. Por outro lado, a adoção de normas e padrões específicos ou mais rígidos por parte de nações também pode dificultar a comercialização, gerando, assim, uma proteção em relação aos produtos do mercado externo.
Exemplos de instrumentos de diagnóstico de gestão social e ambiental
Em 1987, nasceu a primeira norma de gerenciamento da qualidade, inaugurando a série de normas e certificações da série ISO 9000. Ao longo das últimas três décadas, a ISO 9001 já passou por quatro revisões nos anos de 1994, 2000, 2008 e 2015 (versão atual).A partir da revisão de 2015, essa norma passou a incorporar requisitos mais abrangentes e diretamente relacionados ao negócio, contemplando questões estratégicas com contexto interno e externo, necessidades e expectativas de partes interessadas e ações para abordar riscos e oportunidades. Em certa medida, essa nova abordagem aproxima o sistema de gestão de qualidade das questões socioambientais, especialmente quando se destacam os riscos e as oportunidades associados a contextos interno e externo.Na área socioambiental, vem se desenvolvendo, nos últimos anos, muitos padrões, normas e certificações relativos a diversos temas e suas especificidades, como as ambientais, sociais, de gestão com stakeholders e de local de trabalho.Neste vídeo, falaremos sobre os instrumentos de diagnóstico de gestão social e ambiental, além da aplicabilidade deles a diversos segmentos empresariais e suas interfaces.
ISO 14001 ‒ sistemas de gestão ambiental ‒ especificação e diretrizes para uso
Emitida inicialmente em 1996 e revisada em 2004, a norma ISO 14001 se encontra atualmente na versão atualizada 2015. Tendo como estrutura básica o ciclo PDCA (planejar ‒ executar ‒ verificar ‒ atuar) e contemplando requisitos mais estratégicos relacionados ao negócio, ela pode ser utilizada tanto para a certificação de uma terceira parte quanto para que as organizações implementem seus requisitos e se declarem em conformidade com eles (autodeclaração).
A figura a seguir mostra como a estrutura apresentada nessa norma está integrada ao ciclo PDCA, o que pode ajudar os usuários novos ou existentes a entenderem a importância de uma abordagem de sistemas.
São definidos nesse ciclo os critérios (requisitos) para um sistema de gestão ambiental, sendo delineada a estrutura que a organização pode seguir para estabelecer um sistema de gestão ambiental eficaz. Ele é concebido para ser aplicado em qualquer tipo de organização independentemente de:
· Atividade ou setor;
· Tipo: pública ou privada;
· Modelo: Limitada ou sociedade anônima;
· Tamanho: Micro, pequena, média ou grande.
Isso pode garantir aos gestores e colaboradores da empresae aos stakeholders externos que o impacto ambiental é monitorado e melhorado. De acordo com informação disponibilizada no site da ISO (2020), existem atualmente mais de 300.000 certificações ISO 14001 em 171 países ao redor do mundo.Entre os principais propósitos para a implementação e certificação do sistema de gestão ambiental (SGA) com base na ISO 14001, podemos destacar os seguintes:
- Demonstrar conformidade com requisitos legais e outros requisitos de forma contínua.
- Aumentar o engajamento das funções de liderança e o comprometimento dos colaboradores.
- Melhorar a reputação da organização e a confiança das partes interessadas mediante uma comunicação transparente e estratégica.
- Alcançar os objetivos estratégicos dos negócios por meio da incorporação de questões ambientais na gestão do seu negócio.
- Oferecer vantagem competitiva e financeira, aumentando a eficiência, a eficácia operacional e ambiental, além de reduzir os custos.
- Incentivar a melhoria do desempenho ambiental por parte de provedores externos, integrando-os à cadeia de fornecimento e aos sistemas de negócios da empresa.
ISO 50001 ‒ sistemas de gestão da energia ‒ requisitos com orientações para uso
Norma certificável que também permite autodeclaração, a ISO 50001 está na sua versão 2018. Ela possui os requisitos para estabelecer, implementar, manter e melhorar um sistema de gestão da energia (SGE).
Qual função a ISSO 50001 desempenha?
O resultado pretendido é permitir que uma organização siga uma abordagem sistemática para alcançar a melhoria contínua do desempenho energético e do SGE. Vale destacar que o tema energia é bem central e engloba questões extremamente relevantes e associadas aos temas socioambientais.
Espera-se que uma adequada implementação do SGE por essa norma gere a melhoria da competitividade e as reduções das emissões de gases de efeito estufa, do custo de energia e de outros impactos ambientais associados por meio de gestão sistemática da energia.
Ainda pelo fato de utilizar recursos ambientais, os atores econômicos vêm buscando padrões para investimento no uso sustentável da energia, incluindo seu ciclo de vida desde a busca por matérias-primas ambientalmente mais responsáveis, passando pelo processo de geração e transmissão e chegando até ao consumo final da energia gerada. Com isso, eles buscam a melhoria do desempenho energético na racionalização dos recursos naturais explorados, na redução do consumo e em sua otimização.
Porém, baseado nos altos preços vinculados à sua produção em um mercado sensível e instável, implantar uma gestão de energia mostra ser uma boa solução para as organizações que queiram se manter competitivas, aliando suas práticas a ações mais sustentáveis.A implementação do sistema de gestão de energia (SGE) nas políticas internas estabelece diretrizes sobre:
1. Eficiência energética;
2. Consumo consciente;
3. Produção renovável;
4. Redução de gases poluentes;
5. Saúde e Segurança do Trabalho.
ISO 26000 ‒ diretrizes sobre responsabilidade social
Por se tratar de uma norma de diretrizes, ela não pode ser usada para fins de certificação ou de autodeclaração. A norma ISO 26000 fornece orientações para todos os tipos de organizações independentemente de porte ou localização, de modelo de negócio, se ela é pública ou privada, se possui operações em países desenvolvidos ou em desenvolvimento etc.
A norma apresenta sete princípios de responsabilidade social:
	Prestação de contas e responsabilidade
	Transparência
	Comportamento ético
	Respeito pelos interesses das partes interessadas
	Respeito pelo estado de direito
	Respeito pelas normas internacionais de comportamento
	Respeito pelos direitos humanos
A norma está estruturada com base nos seguintes temas centrais: direitos humanos, práticas trabalhistas, meio ambiente, práticas leais de operação, questões relativas ao consumidor e envolvimento com a comunidade e seu desenvolvimento. Estabelecendo questões referentes à responsabilidade social, ela busca a obtenção de:
Integração, implementação e promoção de comportamento socialmente responsável em toda a organização e por meio de suas políticas e práticas dentro de sua esfera de influência.
Identificação e engajamento de partes interessadas.
Comunicação de compromissos, de desempenho e outras informações referentes à responsabilidade social.
Mostraremos a seguir a visão geral esquemática da ISO 26000. Nela, podemos observar a estrutura em seções e os temas centrais considerados fundamentais para o desdobramento das diretrizes de responsabilidade social:
Os sete princípios de responsabilidade social, o papel central dos stakeholders e o desdobramento das diretrizes de responsabilidade social a partir dos temas centrais adotados estruturam, conforme está descrito acima, a ISO 26000.
A ênfase inicial da responsabilidade social era direcionada para atividades filantrópicas, como doações a instituições beneficentes. Entretanto, temas como práticas trabalhistas e práticas leais de operação já existem há mais de um século. Outros tópicos, como os direitos humanos, o meio ambiente, o combate à corrupção e a defesa do consumidor, foram acrescidos ao longo do tempo à medida que demandavam mais importância.
Entre os propósitos da responsabilidade social, podemos destacar:
	Obtenção de vantagem competitiva.
	Melhoria da reputação.
	Capacidade de atração e retenção de trabalhadores ou membros, clientes, clientes e usuários.
	Manutenção da moral dos funcionários, comprometimento, engajamento e produtividade.
	Percepção dos investidores, dos acionistas (shareholders), dos proprietários, dos mantenedores, dos patrocinadores e da comunidade financeira.
	Relações com organizações, governos (órgãos regulamentadores), mídia, provedores eternos, pares, clientes, sindicatos, órgãos representativos do setor e a comunidade na qual se opera.
NBR 16001, SA 8000 e AA 1000 ‒ normas certificáveis sobre responsabilidade social
Diferentemente da ISO 26000 (e na mesma linha da ISO 14001 e da ISO 50001), as normas NBR 16001, SA 8000 e AA 1000 são certificáveis e podem ser utilizadas para fins de certificação e estão estruturadas com base no ciclo PDCA.
NBR 16001 ‒ responsabilidade social – sistema de gestão ‒ requisitos 
Em sua versão 2012, ela estabelece os requisitos mínimos relativos a um sistema de gestão da responsabilidade social, permitindo que a organização formule e implemente uma política e os objetivos que levem em conta seus compromissos, de forma análoga à da ISO 26000, com responsabilização, transparência, comportamento ético, respeito pelos interesses das partes interessadas, atendimento aos requisitos legais e outros requisitos subscritos pela organização, além do respeito às normas internacionais de comportamento, aos direitos humanos e à promoção do desenvolvimento sustentável.
SA 8000 ‒ responsabilidade social 
Chamada de norma privativa ou estrangeira, ela está na sua versão 2014. Desenvolvida pelo Social Accountability International (SAI), a SA 8000 mede o desempenho social em oito domínios importantes em termos de responsabilização social nos locais de trabalho.
Ela o faz tendo por base um elemento referente ao sistema de gestão que impulsiona a melhoria contínua em todos os domínios da norma. São estes os seus elementos:
1. Trabalho infantil;
2. Trabalho forçado ou obrigatório;
3. Saúde e segurança;
4. Liberdade de associação e direito à negociação coletiva;
5. Discriminação;
6. Práticas disciplinares;
7. Horário de trabalho;
8. Remuneração;
9. Sistema de gestão.
AA 1000 ‒ estrutura de gestão da responsabilidade corporativa 
Atualmente na versão 2008, a AA 1000 foi desenvolvida pelo Instituto de Prestação de Contas de Responsabilidade Social e Ética, sendo o padrão usado por provedores de garantia independentes para assegurar que eles sigam um processo rigoroso capaz de terminar com perspicazes, valiosos e compreensíveis resultados e conclusões em uma declaração pública.
Ela inclui a avaliação da extensão em que uma organização aderiu aos princípios de inclusividade, materialidade e capacidadede resposta da accountability. Também pode incluir uma avaliação da confiabilidade de certos elementos de sustentabilidade e informações de desempenho, como emissões de carbono ou dados de saúde e segurança.
Atenção
Um dos conceitos básicos para a AA1000 é saber que a informação é realmente importante para a capacidade da organização de criar valor privado e público – e não apenas se as informações forem precisas. No entanto, essa garantia tem seus limites. A declaração de garantia não fornece uma opinião sobre o fato de a empresa estar tendo um bom desempenho em sustentabilidade. Isso não significa que todas as questões importantes para todas as partes interessadas sejam relatadas. Isso tampouco fornece uma garantia absoluta de que tudo está correto; afinal, isso seria muito demorado (e, em alguns casos, impossível).
Outros modelos não associados a normas específicas
Transparência e balanço social
As boas práticas de governança e responsabilidade socioambiental, além do desempenho econômico-financeiro, exigem que a organização demonstre de forma crível e auditável a divulgação externa do seu desempenho em termos de realizações inerentes aos projetos sociais e à preservação do meio ambiente.
O balanço social é uma excelente forma de demonstrar essas ações corporativas tanto para os stakeholders (público interno, clientes, fornecedores, consumidores, órgãos regulamentadores, sindicatos, governo, acionistas etc.) quanto para, em especial, as comunidades no entorno e as potencialmente afetadas pelo funcionamento e desempenho da organização.. 
É possível compatibilizar o balanço social e os modelos de gestão anteriormente apresentados, não obrigando as organizações a escolherem apenas um tipo de modelo? 
A resposta é sim! Considerando que os balanços sociais publicam apenas resultados e não se concentram no processo utilizado para sua obtenção, em qualquer modelo de gestão adotado (que se concentra no processo) há uma perfeita coexistência e complementação de informações para fins de evidenciação e divulgação externa. Sendo assim, o balanço social é mais amplo que as demonstrações financeiras e os balanços contábeis publicados para o cumprimento de efeitos legais e de evidenciação dos resultados econômicos da empresa.
A governança corporativa, reconhecida como um consolidado de práticas de gestão interna, é uma forma de comunicação externa, funcionando como um sistema de comprovação e transparência empresarial. Nessa linha, o sentido de comunicação com o mercado constitui a parte de uma engrenagem maior, que é o balanço social voltado a refletir não apenas o crescimento econômico, e sim o desenvolvimento humano nas organizações.
Avaliação de impacto social (AIS)
Como integrar questões sociais a projetos de desenvolvimento nos dias de hoje: É possível fazer isso graças a uma visão geral das melhores práticas internacionais em AIS que estejam associadas à descrição dos requisitos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a avaliação de impactos sociais tanto em termos de passos a serem seguidos durante o ciclo de projeto quanto de requisitos específicos das políticas do banco.
Mas qual é a função da AIS?
A AIS facilita a integração sistemática de questões sociais no planejamento e na implementação de projetos; melhora a qualidade e a sustentabilidade dos projetos; apoia e fortalece os requisitos nacionais; e, por fim, promove a aceitação do projeto e a apropriação local. Ela também ajuda a identificar e gerenciar potenciais impactos sociais negativos que um projeto poderia causar ou para os quais ele poderia contribuir, ajudando a maximizar os benefícios para as comunidades locais.
Destacaremos a seguir as motivações para realização de uma AIS:
Avaliação e gestão de riscos e benefícios relacionados ao projeto, maximizando-os para as comunidades locais e outros grupos.
Compreensão do projeto pelas partes interessadas, identificação das prioridades locais e promoção do apoio local.
Eficiência e efetividade na implementação do projeto, proporcionando as informações e o envolvimento contínuo com as partes interessadas, além de permitir uma gestão de projeto adaptativa, de reação ágil e assertiva, e que evita custos imprevistos.
Avaliação de resultados e impactos do projeto por intermédio da criação de uma base de dados sólida e com acuracidade, propiciando a avaliação dos resultados e dos impactos sociais de um projeto.
O BID e outras instituições financeiras estão desenvolvendo e aplicando padrões e orientações de boas práticas para abordar as diferentes oportunidades e os riscos ambientais e sociais nos projetos. A integração sistemática dessas questões no planejamento e na implementação melhora a qualidade e a sustentabilidade dos projetos, além de apoiar e reforçar os requisitos e aumentar a aceitação local.
Um robusto e demonstrável processo de análise social e consulta que envolva as comunidades locais e as demais partes interessadas também deveria servir de base para decisões estratégicas sobre as prioridades e necessidades locais. Além disso, ele precisaria ser considerado ao se determinar o conceito e o plano geral de um projeto – e não apenas, de forma reativa, analisar e gerenciar os efeitos e as consequências de uma predeterminada abordagem.
Listaremos a seguir os dez elementos de uma AIS:
1. Esclarecimento dos fundamentos legais e normativos.
2. Avaliação do contexto social incluindo a compreensão dos grupos sociais locais, categorias e instituições, com particular ênfase na pobreza, exclusão social e vulnerabilidade.
3. Condução de uma análise de partes interessadas e envolvimento significativo com elas, propiciando a tomada de decisão e de boa governança.
4. Identificação de benefícios e oportunidades locais.
5. Identificação dos riscos reais e potenciais.
6. Determinação dos indicadores, linha de base e coleta de dados precisos e confiáveis, proporcionando informações para concepção e implementação do projeto e fornecendo subsídios para os planos de ação.
7. Questões sociais na elaboração/implementação do projeto, identificando e gerenciando os riscos por meio de uma sequência lógica de etapas chamada de hierarquia de mitigação.
8. Produção e divulgação de relatórios e planos suportados por documentação sistemática das análises e consultas realizadas, bem como dos vários planos de ação, sempre que for relevante.
9. Incorporação das questões sociais no sistema de gestão do projeto, proporcionando informações não apenas para produzir estudos e relatórios, mas também para garantir que as questões sociais sejam gerenciadas de modo adequado.
10. Monitoramento, gestão adaptativa e avaliação por meio de planos (documentos vivos) que precisem ser revisados e atualizados em resposta a mudanças nas circunstâncias.
Avaliação de impacto ambiental e social (AIAS)
A AIAS também é conhecida como avaliação ambiental, social e do impacto na saúde (ESHIA, sigla em inglês).
O enfoque adotado para a AIS é promover sua coordenação com uma avaliação de impacto ambiental (AIA) ou uma análise ambiental e social. Cada vez mais, isso tem sido feito como um enfoque de forma integrada, ou seja, uma avaliação combinada de impacto ambiental e social.
Esse processo contribui para aumentar os benefícios e as oportunidades do projeto, assim como ele identifica e administra o risco de possíveis impactos adversos. O diagrama apresentado a seguir serve de ilustração desse processo, mostrando a sobreposição das questões ambientais e sociais, ou seja, os benefícios “acima da linha” e os impactos adversos e os riscos “abaixo da linha”.
Em função da apresentação desses diversos modelos e instrumentos de gestão ambiental e social, cabe às organizações fazerem as suas escolhas de forma acertada. Lembre-se de que também podem ser feitas combinações com os modelos apresentados, pois não há restrições entre eles.
Por exemplo, isso pode ser feito por meio da escolha de modelos normativos de certificações (ISO 14001, ISO 50001, NBR 16001, AA 1000 e SA 8000) somada à apresentação do balanço social e à AIAS de formaintegrada. A metodologia do BID ou outro análogo, como outra instituição financeira, caso, por exemplo, dos Princípios do Equador ou do IFC, pode se traduzir em uma estratégia robusta de demonstração de boas práticas de governança corporativa demonstráveis para os stakeholders, já que está alinhada às exigências desse mercado altamente competitivo.
Na lista de fatores pertinentes para a escolha acertada, devem ser levados em consideração os seguintes:
- A cultura e o nível de maturidade de gestão da organização.
- Os contextos internos e externos nos quais a organização está inserida.
- As expectativas, necessidades e interesses das partes interessadas mais afetadas pelo desempenho da organização.
Considerações Finais
Constatamos neste tema que o meio ambiente deve ser classificado como uma oportunidade para os negócios – e não como um problema no contexto de sustentabilidade. Por conta disso, apresentamos o histórico do desenvolvimento sustentável.
Para propiciarmos a avaliação do desempenho das organizações, descrevemos alguns dos principais instrumentos relacionados às normas de gestão e às suas metodologias. Adotados por bancos e instituições financeiras, eles são utilizados para a avaliação das estratégias socioambientais das organizações e dos empreendimentos, estando, desse modo, aliados a uma alta competitividade cada vez mais exigida no mercado.
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Para aprofundar seu conhecimento sobre a gestão ambiental, pesquise e assista a vídeos sobre o tópico no site do Sebrae.
Consulte sites como o do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e leia a respeito da governança ambiental para entender como as instituições empregam o planejamento racional em benefício das gerações atuais e futuras.
Pesquise artigos sobre o termo "sustentabilidade" para saber como ele surgiu e qual foi a sua trajetória até ser incorporado nos meios político, empresarial e de comunicação de massa de organizações da sociedade civil.

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