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- -1 AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL A POLÍTICA OFICIAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL NO BRASIL - -2 Olá! Ao final desta aula, você será capaz de: 1- Definir o significado do ato de avaliar e identificar as representações dos alunos e professores construindo um novo referencial; 2- Identificar dois aspectos da sociedade atual que concorreram para o surgimento e a evolução de uma política pública de avaliação e regulação da educação no Brasil; 3- Relacionar o modelo brasileiro de economia, pautado na lógica da ideologia neoliberal, com a implantação pelo MEC de um sistema de avaliação, dentro dos princípios do Estado Avaliador; 4- Reconhecer e citar duas características de um projeto de avaliação democrática. 1 Premissa Para iniciar a discussão sobre a evolução histórica da Avaliação Institucional é necessário, antes, entender as várias representações, que professores e alunos possuem sobre o processo avaliativo. Dessa forma, você pode rever os seus próprios conceitos e representações e compreender que a partir das mudanças paradigmáticas decorrentes dos avanços científicos e tecnológicos, as concepções de educação foram mudando e em decorrência o próprio conhecimento sobre a avaliação foi sendo reconstruído e redimensionado. 2 As diferentes visões acerca das avaliações Muitos professores fazem da avaliação um instrumento de coerção para manter a atenção de seus alunos. Outros entendem que avaliar é atribuir nota, é reprovar, é apontar os erros. Raramente usam o diálogo e a mediação. Em uma expressão exagerada, diríamos que as provas são as armas utilizadas pelos professores para imobilizar o aluno e garantir a sua autoridade. Poderia ser considerado um spray de pimenta! Grande parte dos alunos, por sua vez, se preocupa mais com as disciplinas onde o professor exige muitas leituras e muitos trabalhos. Estuda os conteúdos apenas para realizar a prova. Não encontra prazer em ler ou pesquisar, no sentido de ampliar o seu conhecimento ou satisfazer a sua curiosidade. Afinal, “a escola é lugar de confinamento onde a sua liberdade é tolhida.” Lógico que não se pode dizer que isto é uma regra geral. - -3 3 Sobre os alunos Esses pontos iniciais são para que você pense e questione um sistema de Avaliação Institucional onde: os exames nacionais estão sendo organizados para revelar o nível de leitura e de raciocínio dos alunos; um mesmo modelo para as escolas públicas e escolas privadas; independe de sua origem social ou natureza administrativa de sua escola; e para a identificar as capacidades e as habilidades que os alunos estão desenvolvendo. Podemos encontrar bons alunos oriundos de escola pública e péssimos alunos que estudam nas melhores escolas privadas, porém, não conseguem ingresso em uma universidade pública. A situação não se altera quando da aplicação dos exames no cenário internacional. Também aí, a nossa posição diante dos países desenvolvidos é muito ruim. Esses dados são amplamente divulgados na mídia e por vezes, só nesse momento, os pais conhecem a existência e a importância de um sistema nacional de avaliação, pois são surpreendidos pelo desempenho pouco expressivo/muito expressivo da escola onde seu filho estuda. Na próxima tela, teremos uma reflexão acerca dos principais problemas no sistema educacional brasileiro. Fique ligado Existem os alunos que estudam e sentem prazer em aprender. Estes se empenham por conhecer mais utilizando as ferramentas da internet, pesquisando em livros e revistas e sua capacidade de concentração é muito grande. Saiba mais Os resultados das avaliações realizadas nos diferentes níveis de escolarização atestam o baixo desempenho dos alunos tanto nas provas do SAEB, ENEM, ENADE e no Prova Brasil. - -4 4 Então, o que pode estar acontecendo nas escolas e no sistema educacional brasileiro? O aluno não apresenta as habilidades e as capacidades necessárias ao nível de escolarização em que se encontra ou as provas não revelam o que ele realmente aprendeu? O professor está preocupado com a sua aprendizagem ou concentra o seu trabalho no conteúdo da sua disciplina, sem se preocupar com a compreensão do seu aluno? O aluno brasileiro é incapaz de aprender? Faltam recursos físicos e tecnológicos às nossas escolas? O menino prefere o futebol ao estudo da Física, por exemplo? A menina, o shopping ao estudo? As oportunidades de lazer são inúmeras e as festas são mais atraentes do que a Feira de Ciências da escola. O que se constitui em problema é abandonar as atividades escolares. A biblioteca nunca é visitada, pois é ambiente de silêncio e leitura solitária. Não tem vida! Gostar de esportes é positivo para o desenvolvimento de todos; passear no shopping, fazer compras, faz parte do cotidiano moderno. Fique ligado Pare um pouco e pense sobre isto. Depois, clique na pergunta e verifique se suas ideias estão de acordo com as questões seguintes. Fique ligado Tudo isso deve ser motivo de análise durante um processo de avaliação para que se possa entender o que está acontecendo na escola brasileira. - -5 5 Objetivo da avaliação Podemos compreender a importância de um processo de avaliação e dizer que a Avaliação Institucional é um instrumento que nos permite saber em que ponto estamos e o caminho que falta percorrer para alcançarmos as nossas metas. 6 Estabelecimento de metas Além da atribuição dos significados, se não estabelecemos as metas, como identificar as alternativas para o sucesso? Quais as intervenções serão necessárias para que se possa ultrapassar os obstáculos, permitindo ao aluno melhorar seu desempenho? Como entender o significado dos dados mostrados nas tabelas e gráficos? Como saber o que fazer com eles? 7 Pesquisa sobre o sistema educacional A Avaliação Institucional nos possibilita, essencialmente, conhecer a organização, o sistema educacional, identificando seus pontos fortes e suas fragilidades, permitindo ao gestor corrigir seus erros e buscar o aprimoramento de sua ação. Mas... Ela pode ser usada para o controle e a coerção das pessoas que nela trabalham. OU Pode ser um mecanismo para justificar as decisões do grupo no poder. Saiba mais Ristoff (2005, p.50) inclui, como exemplo de um processo de avaliação pautado na legitimidade, a metáfora de M. H. Abrams que diz o seginte: “... a avaliação precisa ser espelho e lâmpada, não apenas espelho. Precisa não apenas refletir a realidade, mas iluminá-la, criando enfoques, perspectivas, mostrando relações, atribuindo significados. Sem um eficiente trabalho interpretativo, os dados serão apenas marcas sobre tabelas e gráficos, sem utilidade gerencial.” - -6 Avaliar por avaliar, sem uma perspectiva de mudança é perda de tempo e recursos. Ela só se justifica quando após a análise dos dados recolhidos, resultar em uma programação que resolva os problemas encontrados. Assim, é importante entender a abrangência e a diversificação do ato de avaliar. Vários são os conceitos que poderíamos utilizar. 8 O que é buscado em uma avaliação, por Ristoff e Luckesi É adequado partir de 2 conceitos defendidos respectivamente por Ristoff e Luckesi porque eles destacam a concepção valorativa que deve preceder um processo de avaliação e o compromisso com a qualidade. O que se busca na educação é a formação da pessoa e a qualidade do processo ensino/aprendizagem. 8.1 Um conceito a considerar Partindo da discussão do Ristoff sobre o conceito de avaliação é preciso que você entenda que a palavra avaliação contém a palavra valor (2005, p. 46) e, por isso mesmo não podemos fugir dessa concepção valorativa. Por esse motivo ele admite que o modelo de avaliação é sempre escolhido de acordo com uma concepção impregnada de valores. Qual é o tipo de sociedade que se deseja construir? Quais são os valores considerados importantes e necessários à vida coletiva? Como construir uma sociedade democrática, dentro dos princípios de liberdade, fraternidade e igualdade em um contexto de discriminação e exclusão de significativa parcela da população? Podea avaliação contribuir para a melhoria qualitativa das condições de vida da população? Por outro lado, Luckesi quando afirma que a avaliação é “um juízo de qualidade sobre dados relevantes, tendo em vista a tomada de decisão” (2001, p.69) nos faz refletir no que seria “juízo de qualidade”? Neste conceito, o autor considera que em um processo de avaliação, o juízo de qualidade significa afirmações ou negações sobre alguma coisa considerando aspectos substantivos ou adjetivos do objeto ou instituição analisada. O aspecto adjetivo do objeto analisado pressupõe um padrão ideal de julgamento influenciado por nossa experiência cultural e por um padrão ideal de qualidade construído pelas experiências e vivências dos sujeitos envolvidos no processo de avaliação. Então as perguntas a se fazer seriam: o que é essencial para se ter qualidade no ensino/educação? Como construir esse padrão ideal de julgamento a ser partilhado por todos? - -7 Assim é que 2 pessoas podem estar juntas na realização de uma avaliação, mas o olhar de cada uma será diferenciado de acordo com as suas vivências e subjetividade. Cada uma tem uma representação pessoal do que seja qualidade. Por “dados relevantes” devemos considerar a propriedade física do objeto e sua característica essencial para entender a realidade existente e o objetivo da análise que se pretende realizar, permitindo a comparação com o padrão ideal que se anseia por alcançar. 9 Análise e decisões Considerando um quadro referencial podemos diminuir os efeitos das representações de cada um e no diálogo, na participação de todos, criar um panorama global das várias situações que devem ser alteradas para o aperfeiçoamento da organização. Bons professores? Material didático? Escola bonita? Merenda saborosa? Gestor amigo e companheiro? Aluno aplicado? Saiba mais A partir dessa reflexão, pressupõe-se que quem avalia deve deter um conhecimento técnico, específico, que lhe garante a comparação entre o objeto analisado, tal como está inserido na realidade, identificando as alterações necessárias para que possa chegar ao nível desejado. O avaliador deve conhecer o currículo a ser desenvolvido e comparar com a proposta pedagógica da escola e ainda, verificar se o professor dá conta de apresentar e discutir os conteúdos com os alunos - e se ele se interessa realmente pela aprendizagem do seu aluno - para poder identificar a razão do fracasso ou sucesso da turma. - -8 A decisão envolve o estabelecimento das estratégias para preencher as lacunas e sanear os problemas considerando os meios e os recursos existentes. Analisando esse conceito se pode perceber que avaliar não é somente medir, preocupar-se demasiadamente em atingir metas quantitativas, como é comum acontecer, ou para proceder ao controle das falhas e erros. Os números nos dão a dimensão e a extensão dos fenômenos, mas o ato de avaliar exige um detalhamento para além dos efeitos numéricos. Uma preocupação com o sentido e a missão de uma instituição educacional e com o modelo de sociedade que se pretende construir. 10 Para concluirmos esse tópico Por meio da avaliação você pode definir os rumos de um país e é nessa visão que o MEC reconheceu, no documento encaminhado ao Senado que... “A avaliação não é só uma questão técnica. É também um forte instrumento de poder.” (Sinaes, 2003 p.90) “A avaliação precisa ser um processo de construção, e não uma mera mediação de padrões estabelecidos por iluminados.” (Ristoff, 2005, p. 47) 10.1 O contexto mundial e a sua influência no sistema educacional brasileiro Hoje vivemos em um mundo globalizado, complexo, diversificado com um modelo econômico baseado na ideologia do neoliberalismo, com flutuações no mercado de trabalho provocando uma insegurança na situação familiar e onde as fronteiras foram expandidas ou mesmo derrubadas. - -9 A escola não pode realizar o seu trabalho considerando as condições existentes apenas na comunidade onde está inserida. Por outro lado, ela não pode desconhecer a cultura existente e o modo de vida do aluno. Esse fato, por si só, reveste o trabalho pedagógico de uma complexidade difícil ou mesmo impossível de ser totalmente atendida. Aquele mundo comtemplativo do século XIX e do início do XX, onde a certeza, a previsibilidade, a crença em verdades cientificamentes demonstradas, não existe mais. No século XXI, o conhecimento é constantemente refeito, os cenários se alteram com uma rapidez imensa, o avanço tecnológico colocou a comunicação do fato no tempo exato do acontecimento. Como a escola pode lidar com todas essas mudanças? Como o professor que foi formado para atuar, em um mundo estável, mais lento, menos diversificado, pode dar conta de estar “atualizado” e sintonizado na mesma frequência do seu aluno? Os livros didáticos também não veem conseguindo acompanhar todas as inovações geradas pela pesquisa científica e precisam ser resignificados pelo próprio professor. A internet e os sites de pesquisa possibilitam diminuir o vácuo existente entre o avanço do conhecimento e os conteúdos curriculares dinamizados na escola. A escola pode desconhecer e continuar o seu trabalho em uma lógica tradicional ou pode, mediante a constante atualização do seu currículo, da sua proposta pedagógica, do seu projeto político-pedagógico e pela difusão do uso da internet, tentar diminuir a distância entre o que acontece no espaço escolar e o mundo mais amplo que existe fora dela e que hoje significa o planeta Terra como um todo. Podemos citar como exemplo de organizações e movimentos que interligam as pessoas em torno de um único objetivo os fóruns internacionais e os instrumentos formadores de opinião como o Facebook. Essa nova realidade existente no mundo gerou outras situações como o conhecimento imediato da mudança do clima ou dos desastres ecológicos como as ondas gigantes, a erupção de um vulcão e de outros fenômenos decorrentes do aquecimento global que atingem diversos países simultaneamente. Como efeitos mais ligados ao contexto social podemos citar o novo modelo de sociedade, de família, da própria Igreja - que sempre se caracterizou por ser uma instituição regulada por normas seculares e -, finalmente, os avanços tecnológicos que alteraram as relações de trabalho, e o pior, o nosso planeta aparentemente caminha para o esgotamento de seus recursos naturais. Todos esses fatos acarretaram uma mudança no paradigma da escola. Qual é a escola necessária para educar as novas gerações? A criança já deve ser preparada para a possibilidade de uma escassez de água, de alimentos, para um aumento na temperatura, para enfrentar os fenômenos climáticos decorrentes do desmatamento? Para viver uma vida urbana onde as pessoas não se conhecem, não se visitam, os relacionamentos familiares são distantes pelo excesso de horas dedicadas ao emprego ou a uma atividade laboral? - -10 Silva, ao falar das transações paradigmáticas, mostra a sua preocupação de que o momento no qual estamos vivendo é de transição de um paradigma para outro e que esse movimento gera um fluxo de desafios: Tanto o constituído-resistente traz consigo o germe do constituindo-emergente como, obviamente, este carrega algumas características daquele, deixando-nos confusos e atônitos diante da interseção do novo com o velho, que constitui a dinâmica da complexidade do processo transitório. (Silva, 2006, p. 20.) Partindo dessas ideias e do que é apresentado mais amplamente no texto, podemos inferir que as transições dos paradigmas de um racionalismo com ênfase na razão, no controle e na exatidão, em direção a uma realidade mais complexa, recoberta de incertezas, constituem um conjunto de possibilidades de várias ordens, social, política, econômica, podendo resultar em trocas positivas em direção ao desconhecido. Considerando que não temos como voltar no tempo, só nos resta ir de encontro ao presente e ao futuro. O autor defende que a ciência sozinha não explica todos os fenômenos e as questões atuais, mas nos possibilitavislumbrar novos horizontes, um novo cenário se descortinando repleto de possibilidades e gerando um descompasso na ordem moderna. É importante entender que essas questões estão ainda em movimento constante, pois o que é velho resiste e continua existindo paralelamente ou simultaneamente até se completar no que autor chamou de “processo transitório”. Esperamos que você esteja entendendo que para analisar as causas das mudanças e da insatisfação que ocorrem hoje, na escola brasileira, se torna necessário perceber que constituem uma reação ao que acontece na sociedade atual, não só no Brasil, mas no mundo todo. Esse efeito da incompletude do saber foi um pouco produzido pela ação da própria escola, na pesquisa realizada pelas ciências humanas, pela Física, pela Biologia e por outros campos do conhecimento, mas ocasiona uma reviravolta, pois determina que aquele saber produzido e acumulado seja revisto e reformulado incessantemente. A escola tem o hábito de fazer autocrítica, mas ao mesmo tempo, enorme dificuldade em alterar o seu cotidiano. Essa situação não existe apenas no Brasil, tem um caráter muito mais amplo. Outros povos, outras regiões sofrem com as mesmas questões. O mesmo autor fala que “O professorado vive na tensão entre a resistência do paradigma dominante e a emergência de novos paradigmas”. (p. 24) - -11 Essa situação de dubiedade, de um vir a ser constante, pode gerar uma insegurança no professor que passa a desconfiar do seu próprio saber, da sua capacidade de conduzir a aprendizagem de seus alunos, reveladas na busca constante de realizar novos cursos, participar de seminários e encontros. Para finalizar esse cenário de crise, instabilidades e mudanças constantes, descrito com muita propriedade por Silva, contribuiu para criar no Brasil, as condições para a implantação de modelos de avaliação que permitissem identificar o status presente e as pistas em direção a um futuro provável. 10.2 Para concluirmos esse tópico Esperamos que você esteja entendendo que para analisar as causas das mudanças e da insatisfação que ocorrem hoje na escola brasileira, é necessário perceber que constituem uma reação ao que acontece na sociedade, não só no Brasil, mas no mundo todo. A escola tem o hábito de fazer autocrítica, mas ao mesmo tempo, enorme dificuldade em alterar o seu cotidiano. 11 O modelo de avaliação democrática Agora que você entendeu o que significa o Estado Avaliador e como ele reflete na institucionalização de um modelo de avaliação, vamos conhecer como foi implantado, no Brasil, o modelo de avaliação na Educação Superior. "No início dos anos 90 surge o Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras PAIUB (1993), que sustentando o princípio da adesão voluntária das universidades, concebia a autoavaliação como etapa inicial de um processo, que se estendia a toda a instituição e se completava com a avaliação externa." (SINAES:2003, p. 17). A Universidade Estácio de Sá aderiu voluntariamente à proposta do PAIUB e teve seu projeto aprovado pelo MEC, em 1997. Saiba mais Esse cenário de crises e instabilidades descrito por Silva, contribuiu para criar no Brasil, as condições para a implantação de modelos de avaliação que permitissem identificar o estatus presente e as pistas em direção a um futuro provável. E para você o mundo mudou? Você relaciona essas mudanças com a educação? Conclua esse pensamento com a leitura do arquivo O Estado Avaliador. - -12 Em 2003, o então ministro da Educação Cristovam Buarque designou uma Comissão Especial de Avaliação, no sentido de conceber um modelo articulado com os estados e os municípios, “com a finalidade de analisar, oferecer subsídios, fazer recomendações, propor critérios e estratégias para a reformulação dos processos e políticas de avaliação da Educação Superior e elaborar a revisão crítica dos seus instrumentos, metodologias e critérios utilizado, que propôs um documento intitulado Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES: 2003)”. CEA - Portarias MEC/SESu n° 11 de 28 de abril de 2003 e n° 19 de 27 de maio de 2003. A Comissão concentrou seus trabalhos na análise das tensões e contradições dos paradigmas existentes no cenário educacional brasileiro. Através do relatório gerado pelo grupo, o entendimento entre os integrantes da CEA era o de estabelecer a avaliação como um processo participativo e integrado que vinculasse a dimensão formativa a um projeto de sociedade democrática e não apenas realizar os exames nacionais e as visitas às instituições para a verificação in loco, das condições oferecidas aos alunos do ensino superior. Então, para nos entendermos perfeitamente sobre a noção de paradigma usada no modelo implantado no Brasil, vamos incluir a definição de acordo com Almerindo. Clique no livro. Pode-se considerar que paradigma é: “um conjunto de fundações filosóficas, axiológicas, epistemológicas e suas respectivas constelações de significados que sustentam duas atitudes básicas diante da vida.” (p.175, Almerindo Janela). Axiológica Segundo Nildo Viana, axiologia seria o padrão dominante de valores em determinada sociedade. Epistemológica Estudo do grau de certeza do conhecimento cientifico em seus diversos ramos, especialmente para apreciar seu valor para o espírito humano. Como vimos anteriormente o “novo”, instituinte, sempre pressiona o “velho”, instituído, para ocupar um lugar. Saiba mais A CEA foi presidida por José Dias Sobrinho e a sua influência na implantação de um sistema mais abrangente e dentro dos princípios democráticos estão revelados em sua obra. - -13 Isto significa que as concepções interagem de forma dinâmica gerando contradições, conflitos e tensões entre os professores e os demais integrantes da equipe escolar e determinam as suas escolhas sobre as mudanças necessárias ao aperfeiçoamento da ação pedagógica. O autor (Almerindo) explica que quando se refere a duas atitudes básicas não significa adotar inteiramente uma, abandonando a outra. Um paradigma entra em conflito com o outro ou se harmoniza em alguns aspectos, ou se mescla para atender aos desejos de professores, pais, diretores, tornando muito complexo o trabalho de dar transparência aos processos de avaliação. A avaliação está contingenciada pela concepção de educação de uma comunidade ou um povo. Em um lado prevalece a “visão mecanicista, o paradigma analítico e determinista do pensamento formal, lógico, racionalizante do positivismo que procura reduzir a complexidade a aspectos analisáveis e não contraditórios” (p. 175, Almerindo Janela). Quantas escolas, ainda hoje, pautam o seu trabalho apoiadas principalmente nesse paradigma? Os argumentos que usam para defender o seu projeto pedagógico falam de uma escola conteudista do passado que sempre obteve sucesso com a realização pessoal de seus alunos pelo acesso a um bom emprego e a ótimos salários. E quanto ao outro lado? O outro posicionamento é apontado como a “visão holística, também chamada de biológica, naturalista e de muitos outros termos, em que predominam as ideias de complexidade, de imprevisibilidade, das contradições, do polissêmico, do relativo, da dialética.” (p. 176) Essa visão holística resulta nos modelos democráticos e participativos. Não se preocupa excessivamente com o conteúdo em si, buscando refletir sobre os temas dando-lhes uma significação dentro dos interesses do aluno. Predomina a busca da aprendizagem e a formação plena do indivíduo pelo aperfeiçoamento de suas capacidades e talentos. O sucesso do aluno virá pela sua realização pessoal. Fique ligado É relevante destacar que não existe um modelo puro, sempre podemos encontrar um traço ou outro dos dois. No entanto, o modelo holístico é mais condizente com um projeto de avaliação concebido dentro de uma perspectiva democrática por pressupor a participação de todos na construção e implementação da avaliação e ter como características a “produção de sentidos” e a “construção de identidades”. - -14 11.1Conclusão Por construção de identidades podemos entender que a instituição escolar é composta das pessoas que nela convivem. A análise coletiva dentro de um contexto formativo e pedagógico propicia uma oportunidade a todos de “conhecer, interpretar e transformar a si mesmos e à instituição”. Esse modo de proceder resulta em criar uma cultura de avaliação e permite deslanchar um movimento de constante preocupação com o aperfeiçoamento do trabalho pedagógico resultando na melhoria qualitativa da formação do homem. Por produção de sentidos pode-se compreender a finalidade que se deseja atender na escola: desenvolver as potencialidades dos alunos ou moldá-los a um projeto de educação e de sociedade que certamente não existirá quando estiver na idade adulta. Daí a importância da escola rever o seu projeto pedagógico todos os anos, introduzindo as inovações e caminhando com o seu tempo e não contra ele. 12 Reflexões finais O que devo conhecer para aprimorar a escola? O que faz a gestão para resolver os problemas? Quais são os recursos que se dispõe para estabelecer as metas que darão fim aos problemas encontrados? Para atender a uma avaliação democrática torna-se necessário o envolvimento de todos, que vai da construção do modelo à escolha dos instrumentos, e sua elaboração à análise dos dados e indicadores encontrados. Caso contrário, a análise se transforma em uma série de tabelas para compor um relatório, sem um efeito real e prático. Fique ligado É necessário destacar a importância de uma avaliação democrática para que a escola cumpra o seu papel. Ela poderá oferecer um ensino centrado na formação, não apenas no treinamento profissional, na capacidade técnica, na ciência e tecnologia, mas também, nos valores necessários ao aprimoramento da humanidade. Deve discutir sempre os objetivos da avaliação a ser realizada. - -15 O que vem na próxima aula Na próxima aula, você estudará sobre os assuntos seguintes: • Aprofundamento das noções iniciadas na aula anterior, pois discutiremos ainda a evolução histórica e as bases legais do novo modelo de avaliação institucional; • As inovações constantes da Constituição Federal de 1988; • A avaliação e a regulação na LDB; • As metas de avaliação no Plano Nacional de Educação; • O modelo de avaliação para a Educação Básica e para a Educação Superior. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Compreendeu o cenário atual da sociedade brasileira que propiciou as condições necessárias à institucionalização de uma política pública de regulamentação, supervisão e avaliação das instituições educacionais do país; • Aprendeu que o ponto de vista de educação determina o modelo de avaliação escolhido para ser implantado em um sistema ou organização educacional; • Identificou que o objetivo principal do conteúdo foi a proposta de, através da avaliação institucional, se construir uma sociedade democrática recoberta dos valores que garantam o atendimento aos direitos do aluno por um ensino de qualidade, que vai para além do acesso e permanência na escola. • • • • • • • • Olá! 1 Premissa 2 As diferentes visões acerca das avaliações 3 Sobre os alunos 4 Então, o que pode estar acontecendo nas escolas e no sistema educacional brasileiro? 5 Objetivo da avaliação 6 Estabelecimento de metas 7 Pesquisa sobre o sistema educacional 8 O que é buscado em uma avaliação, por Ristoff e Luckesi 8.1 Um conceito a considerar 9 Análise e decisões 10 Para concluirmos esse tópico 10.1 O contexto mundial e a sua influência no sistema educacional brasileiro 10.2 Para concluirmos esse tópico 11 O modelo de avaliação democrática 11.1 Conclusão 12 Reflexões finais O que vem na próxima aula CONCLUSÃO
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