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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO DAIANE XAVIER DE AZEVEDO JAQUELINE LOPES BARBOSA MAIARA DE OLIVEIRA COUTINHO SIMONE REGINA CORREA A Inclusão da Criança com deficiência no Ensino Regular: Alfabetização no Transtorno do Espectro Autista Eldorado - SP 2020 Vídeo do projeto integrador https://youtu.be/F3sjVwTp8kU https://youtu.be/F3sjVwTp8kU UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO A Inclusão da Criança com deficiência no Ensino Regular: Alfabetização no Transtorno do Espectro Autista Relatório Técnico - Científico apresentado na disciplina de Projeto Integrador para o curso de licenciaturas da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP). Eldorado - SP 2020 AZEVEDO, D. X.; BARBOSA, J. L.; COUTINHO, M. O.; CORREA, S, R.; A Inclusão da Criança com deficiência no Ensino Regular: Alfabetização no Transtorno do Espectro Autista 00f. Relatório Técnico-Científico. Licenciaturas – Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Tutor: Marco Volpini Micheli. Polo Eldorado, 2020 RESUMO O seguinte trabalho busca analisar a atual realidade das escolas regulares em relação a inclusão da criança autista e os meios utilizados para o ensino aprendizagem, em especial a alfabetização e letramento e, se essas escolas atendem aos requisitos básicos para receber essas crianças. Segundo uma pesquisa realizada com professores, pais e parentes próximos de crianças com TEA através de um questionário, foi possível fazer um breve levantamento sobre a realidade de algumas escolas do ensino regular, ficando claro que grande parte da rede pública de ensino não possui estruturas para atender crianças com TEA, que mais da metade dessas crianças não são alfabetizadas e que falta recursos para uma melhor aprendizagem. Segundo o censo escolar, houve um aumento significativo de matriculas de crianças com TEA nas escolas, deixando claro que há um aumento na incidência de autistas no Brasil, considerando a necessidade de uma atenção especial a essas crianças. Conforme a lei 12.764/2012, parágrafo 7 fica proibida a recusa de matricula nas escolas de quaisquer pessoas com algum tipo de deficiência, podendo resultar em punições para o não cumprimento da lei. Diante dessa e de outras leis que concedem direitos aos portadores do autismo no contexto escolar fica claro que é necessário um processo adaptação para atender autistas na rede de ensino, com plano de aulas de cunho lúdico, entre outros métodos de ensino com estratégias mais especificas, estimulando a participação nas atividades e na interação com os demais alunos, contribuindo no processo de socialização. PALAVRAS-CHAVE: Autismo; Alfabetização; lúdico; Inclusão; Aprendizado. Ensino regular. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1 2. DESENVOLVIMENTO ........................................................................................................................ 2 2.1 PROBLEMA E OBJETIVOS .......................................................................................................... 2 2.2. JUSTIFICATIVA ........................................................................................................................... 3 2.3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................................... 4 2.4.ALFABETIZAÇÃO DA CRIANÇA COM TEA ............................................................................. 8 2.5.APLICAÇÃO DAS DISCIPLINAS ESTUDADAS NO PROJETO INTEGRADOR ..................... 9 2.6.METODOLOGIA ........................................................................................................................... 10 3. RESULTADOS ................................................................................................................................... 11 3.1.SOLUÇÃO INICIAL ...................................................................................................................... 13 3.2.SOLUÇÃO FINAL ......................................................................................................................... 13 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 17 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 18 ANEXOS ................................................................................................................................................... 20 APÊNDICES............................................................................................................................................. 23 APÊNDICE A ....................................................................................................................................... 23 APÊNDICE B ....................................................................................................................................... 23 1 1. INTRODUÇÃO Esse projeto tem a finalidade de ajudar nós alunos da UNIVESP a aprimorar nossos conhecimentos em função do ensino de diversos alunos, trabalhando com a inclusão social, entre outros pontos muito visados na educação atual. Visando a inclusão social, na sociedade, nosso grupo do Projeto Integrador optou por solucionar a questão das dificuldades de ensino para alunos com Espectro Autista buscando assim um melhor preparo para profissionais de escolas públicas, e ter maior êxito na aprendizagem desses alunos. De acordo com as pesquisas feitas por nosso grupo, alunos diagnosticados com o Transtorno do Espectro Autista, tem certa dificuldade em acompanhar alunos comuns nas atividades, devido à dificuldade que eles possuem em estabelecer comunicação e relacionamento social com outras pessoas e por ser uma característica muito comum em crianças autistas. Devido a essas características o impacto social que a criança sofre é muito grande afetando sua aprendizagem. Grande parte dos pais e responsáveis escolhem o ensino por professores especializados em escolas específicas, tentando alcançar um progresso inicial para seu filho, permitindo mais tarde o ingresso desse aluno no ensino regular. A dificuldade que os professores possuem referente ao ensino dessas crianças, é a falta de comunicação que impede o professor de saber se o aluno aprendeu ou não o conteúdo, chegando até mesmo à conclusão de impossibilidade de alfabetização e falta de interesse dos alunos. Analisando essa situação buscamos uma forma de melhor integrar esses alunos nas escolas públicas com a elaboração de atividades e métodos que poderão obter resultados quanto a interação desses alunos na escola. O método mais viável é a utilização de materiais lúdicos, materiais que cativem a atenção do aluno, até mesmo uma brincadeira pode ser utilizada como um meio de interação e aprendizagem, observando sempre a quais tipos de materiais ou atividades que eles possuem maior interesse, ou seja, deixar as formas convencionais de ensino com caderno, lápis e lousa e usando a criatividadena aplicação do conteúdo, um bom exemplo é a forma de ensino dos professores nesse período de pandemia, a necessidade de aprender utilizando a tecnologia em seu favor. Conclui-se desta forma que o profissional da educação não deve focar apenas em um, mas num todo adquirindo assim conhecimento suficiente para solucionar os imprevistos diários do ambiente escolar. 2 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Problema e objetivos Através de uma pesquisa feita com professores, pais e parentes próximos de crianças com TEA na forma de um questionário (Anexo 1), foi possível fazer um breve levantamento sobre a realidade em algumas escolas envolvendo crianças com autismo no ensino regular. O questionário foi constituído por 6 perguntas, 1 da qual podia assinalar mais de uma questão, 4 de múltipla escolha e 1 aberta. As perguntas foram formuladas de acordo com o tema proposto no trabalho. De acordo com a pesquisa 55% diz ter trabalhado com autistas e 43% diz nunca ter trabalhado, dos que trabalharam com autistas 58% afirmam ter tido apoio de um profissional especializado e 42% diz não ter tido apoio profissional. Levando em consideração os níveis de autismo, foi constatado de acordo com a pesquisa que estão matriculados no ensino regular, 54% das crianças com o nível leve (Síndrome de Asperger), 44,4% de crianças com a forma média do transtorno e 22,2% a forma grave, sendo que, apenas 21,1% dessas crianças são alfabetizadas e as outras 78,9% não são. Apenas 34,3% das escolas possuem estruturas para atender crianças com autismo e 65,7% não possuem. Dentro do contexto dessas escolas foi constatado que 48,4% possuem um espaço lúdico enquanto que 51,6 % não possui. Através da pesquisa foi constatado que grande parte da rede pública de ensino não possui estruturas adequadas para atender crianças autistas e mais da metade dessas crianças não são alfabetizadas e, que também há falta de recursos que contribuam para uma melhor aprendizagem. O objetivo desse trabalho é fazer um levantamento de como vem sendo feito o processo de alfabetização de crianças com TEA no ensino regular e buscar soluções para mudar a atual realidade da rede pública de ensino. A proposta é que as escolas procurem adaptar alguns espaços e inserir o lúdico como umas das principais ferramentas que contribuam no processo de ensino aprendizagem. O brincar representa um papel importante quando se trata do desenvolvimento da criança com TEA e as escolas precisam adotar isso como uma medida importantíssima para ensinar e alfabetizar um autista. 3 Através das atividades lúdicas a criança assimila valores, adquire comportamentos, desenvolve diversas áreas de conhecimento, exercita-se fisicamente e aprimora habilidades motoras. No convívio com outras crianças aprende a dar e receber ordens, a esperar sua vez de brincar, a emprestar e tomar como empréstimo o seu brinquedo, a compartilhar momentos bons e ruins, a fazer amigos, a ter tolerância e respeito, enfim, a criança desenvolve a sociabilidade. (SANTOS, 2008, p. 56). Também é necessário que haja mais profissionais especializados dentro das escolas, que possam acompanhar de perto o desenvolvimento do Aluno com TEA, pois segundo a pesquisa realizada, algumas regiões ainda não possuem um especialista para atender a esses alunos e isso torna a realidade da rede pública de ensino ainda mais precária em relação a inclusão. É importante considerar que o aluno com TEA possui necessidades diferentes, que requer diferentes maneiras de intervenção e que as atividades tanto em grupos quanto individuais possam ser feitas da maneira que mais se adapte a condição do autista. Os casos de autismo aumentaram muito nos últimos anos, e a rede de ensino precisa se adaptar, adotando medidas que possam promover mudanças na forma de ensinar e avaliar esses alunos. É necessário um novo olhar que ressalte o quanto essas mudanças poderão ser benéficas no processo de ensino e aprendizagem dos alunos com TEA. 2.2. Justificativa Segundo dados do Censo escolar, o número de alunos matriculados na rede pública de ensino com transtorno de espectro autista aumentou 32,72% em um ano. Em 2017 o número de alunos matriculados tanto em escolas públicas, quanto em escolas privadas era de 77.102 e em 2018 esse número subiu para 105.842. Os dados apresentados mostram que a cada ano, o número de crianças com o transtorno do Espectro autista aumenta e diante disso é preciso considerar que se faz necessária uma atenção especial a essas crianças em relação a alfabetização, ensino aprendizagem e interação social. O aumento de matriculados nessas escolas não só indicam que a lei nº 12.764/2012, parágrafo 7 que proíbe a recusa de matricula as pessoas com qualquer tipo de deficiência e estabelece punições para o seu não cumprimento (Brasil, 2012 ) , estão sendo cumpridas como também deixa claro que há um aumento significativo de incidência de autismo no Brasil. Com o aumento de matriculas se faz necessário o aumento de professores juntamente 4 com profissionais especializados e, de escolas com estruturas básicas para atender a essa demanda. De acordo com a Constituição Federal de 1988, as pessoas com autismo têm os mesmos direitos concedidos a todos os cidadãos, considerando também que crianças e adolescentes com TEA possuem os direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90). Em 2012 foi sancionada a lei Berenice Piana (12.764/12) que criou Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, determinando o direito da pessoa com autismo ao acesso à educação e ao ensino profissionalizante. Dentro dessa mesma lei a pessoa com autismo foi declarada como portadora de deficiência, incluindo o direito a um diagnóstico precoce do transtorno, tratamento adequado, medicamentos fornecidos pelo Sistema Único de Saúde, terapias, inserção no mercado de trabalho, etc. Diante dessas leis e direitos concedidos ao portador do transtorno do Espectro Autista no contexto escolar fica claro que é necessário um processo adaptação para atender autistas na rede de ensino, também é indispensável o aumento de profissionais especializados. Sendo assim para que as crianças possam ter uma alfabetização, ensino aprendizagem e interação social de maneira adequada, é necessário um plano de aula baseados em brincadeiras educativas, jogos pedagógicos, e outras maneiras de ensino com estratégias mais especificas. 2.3. Fundamentação teórica O Transtorno do Espectro Autista (TEA) envolve uma série de condições que se caracterizam por diferentes graus de alterações na interação social e na comunicação, acrescidos de interesses restritivos e/ ou comportamentos estereotipados e repetitivos (OMS,2019). De acordo com Cunha (2012, p.20) a palavra ‘autismo’ deriva do grego ‘autos’, que significa ‘por si mesmo’ e, ‘ismo’, condição, tendência. O termo autismo surgiu em 1908 pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler na busca de descrever os comportamentos de pacientes esquizofrênicos que fugiam de sua realidade para um mundo interior. Em 1943 o psiquiatra Leo Kanner descreve casos de 11 crianças em uma obra publicada por ele mesmo, onde usa o termo “autismo infantil precoce”. No ano de 1944 Hans Asperger, escreveu o artigo “A psicopatia autista na infância”, onde procura destacar a maior ocorrência do transtorno nos meninos. O artigo foi publicado 5 em alemão durante a segunda guerra mundial, onde não teve muita repercussão na época sendo reconhecido apenas em 1980. Nos anos 70, o psiquiatra Michael Rutter definiu o autismo em quatro critérios: • Atraso e desvio sociais não só como função do retardo mental/intelectual. • Problemasde comunicação não apenas em função de deficiência mental/intelectual • Comportamentos incomuns, tais como movimentos estereotipados e maneirismos • Início antes dos primeiros 30 meses de idade O Transtorno do Espectro Autista nada mais é que um distúrbio do Neurodesenvolvimento (DSM 2014) que envolve questões individuais, afetivas, emocionais, cognitivas e motoras que, acompanha o indivíduo durante toda a sua vida. Segundo os critérios diagnósticos do DSM-5 (APA,2013), as primeiras manifestações costumam aparecer antes dos primeiros 36 meses de idade. O distúrbio afeta 1 a cada 160 crianças, grande maioria do sexo masculino e geralmente é diagnosticado até os primeiros cinco anos de vida cujo as causas ainda são desconhecidas (Mello 2007). As caraterísticas mais comum são: Atraso na fala, hipersensibilidade, interesses restritos, estereotipia, apegos a rotina e comorbidades. Os critérios de diagnósticos de acordo com a DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) são os seguintes: • Déficits envolvendo a comunicação e interação social • Padrões de comportamentos • Interesses restritivos e repetitivos Ainda segundo a DSM-5, o transtorno do espectro autista é classificado em três níveis: • Nível I – Pouco apoio (Leve) • Nível II – Apoio substancial (Moderado) • Nível III – Apoio muito substancial (Severo) Não existe uma cura definitiva para o autismo, mas os sintomas podem ser amenizados com intervenções psicossociais que por sua vez são indispensáveis para o tratamento. Dentre essas intervenções estão as terapias comportamentais e cognitivas e os sistemas de comunicação alternativa. (OMS,2019) Durante anos pessoas com deficiência ficaram afastadas do ensino regular, e somente no início dos anos 60 é que foi tratada a possibilidade da inserção dessas pessoas na rede de ensino comum onde foi sancionada a primeira lei da LDB: Lei 4024/61 Art. 88 e Art. 89 6 garantindo o direito da educação no ensino regular, porém, em 1971 houve um retrocesso em relação a Lei 4024/61. No dia 11 de agosto de 1971 foi sancionada a Lei nº 5.692 Art.9, que decreta o encaminhamento dessas crianças a escolas filantrópicas e especiais, afastando-os novamente do ensino regular, onde ficaria restrita a interação com crianças sem deficiência. Apenas em 1988 começa a haver mudanças em relação a inclusão. Como mencionado brevemente na justificativa desse trabalho, todas as pessoas com deficiência têm todos os direitos garantidos por lei pela Constituição Federal de 1988, onde no Art. 208 parágrafo III deixa claro que portadores de deficiência terão atendimento especializado preferencialmente no ensino regular. Em julho de 1990 é criada a Lei nº 8.069 Art.54 sancionada pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que reforça a lei prevista no Art.208 da Constituição Federal. Em todas as etapas e modalidades da educação básica, o atendimento educacional especializado é organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos, constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino. Deve ser realizado no turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou centro especializado que realize esse serviço educacional (BRASIL, 2007) Em 1994 foi publicado a Política Nacional de Educação Especial que garante o acesso da pessoa com deficiência ao ensino regular, valendo apenas para aqueles que possuem condições de acompanhar as atividades curriculares do ensino comum no mesmo ritmo que os estudantes “normais”. (MEC,2008). Em 1996 é sancionada a Lei º 9.394/96 Art.58 que reforça a inclusão de pessoas com deficiência no ensino comum assegurando os métodos e recursos de modo específicos nos currículos atendendo a necessidade dos alunos com deficiência. A resolução da CNE/CEB Nº 2, de setembro de 2001 determina que os sistemas de ensino devem garantir a matricula a crianças com necessidades especiais dentro do contexto escolar, assegurando uma educação de qualidade, podendo substituir o ensino pelas instituições especiais. A Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Autismo, instituída pela Lei nº 12.764, sancionada no dia 27 de dezembro de 2012, reconhece a pessoa com TEA, como pessoa com deficiência, garantindo todos os direitos legais. Em 2012 a Lei nº 12.764/2012, cria a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do espectro autista onde em seu Art. 7 proíbe a recusa de matricula de alunos com autismo ou qualquer outra deficiência no ensino regular de 7 ensino, estabelecendo punições em função de seu descumprimento. (Brasil, 2012). Os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiência, os com transtornos globais do desenvolvimento e os com altas habilidades/superdotação nas escolas comuns do ensino regular e ofertar o atendimento educacional especializado – AEE, promovendo o acesso e as condições para uma educação de qualidade (MEC,2008) Segundo o Ministério da educação (MEC), estima-se que atualmente 70 milhões de pessoas no mundo tem autismo, sendo 2 milhões delas só no Brasil e essa incidência resultou no aumento de matriculas nas escolas regulares. Levando em conta o contexto escolar da qual o aluno com TEA estará inserido é necessário considerar como será trabalhado o processo de ensino-aprendizagem desse aluno, se esse processo será eficiente, se há profissionais capacitados para atender a demanda e se as escolas possuem estruturas adequadas para receber esses alunos. O desafio que confronta a escola inclusiva é no que diz respeito ao desenvolvimento de uma pedagogia centrada na criança e capaz de bem-sucedida mente educar todas as crianças, incluindo aquelas que possuam desvantagens severas. O mérito de tais escolas não reside somente no fato de que elas sejam capazes de prover uma educação de alta qualidade a todas as crianças: o estabelecimento de tais escolas é um passo crucial no sentido de modificar atitudes discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras e de desenvolver uma sociedade inclusiva. (BRASIL, 1994). Infelizmente levando em conta a atual realidade em relação a educação inclusiva, o Brasil se mostra sem estruturas adequadas nas escolas, sem profissionais especializados e sem qualidade no ensino, deixando a desejar. Segundo o Censo escolar 2016 apenas 26% das escolas públicas possuíam estruturas para atender crianças com deficiência e três em cada escola do País não possuem os requisitos básicos para atender a demanda. O SECAD (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade) criou vários programas com intuito de garantir aprendizagem de modo eficiente para alunos especiais e não especiais. Um dos programas criados foi O Brasil Alfabetizado, onde visa promover alfabetização de qualidade para jovens adultos e idosos, sempre respeitando as diferenças e diversidades de cada região e o material didático é elaborado de acordo com o perfil dessas pessoas. O SECAD também criou o Programa Escola Acessível que promove acessibilidades nas escolas por meio de sala comuns e multifuncionais e adequação do espaço. (MEC 2018). 8 Apesar da criação desses programas o Brasil ainda está em defasagem, os recursos que as instituições básicas de ensino possuem não são suficientes e as escolas municipais sofrem mais com a falta desses recursos que as escolas do Estado. Uma das etapas mais complexas em relação a aprendizagem do aluno autista é o processo de letramento e alfabetização e os métodos a serem adotados, considerando a atual realidade do País, é a capacitação de professores, adaptação de espaços escolares e materiais necessários que podem facilitar no ensino-aprendizagem do aluno. 2.4. Alfabetização da criança com TEA O processo de alfabetização não é algo que deve ser feitode maneira padrão para todos os níveis de autismo, até por que cada criança possui sua individualidade. O trabalho de alfabetização constitui na análise de cada criança com TEA, considerando sua individualidade, prestando atenção em seus traços comportamentais, analisando os aspectos sociais e cognitivos, as diversas maneiras em que o aluno se manifesta, identificar suas necessidades, suas principais dificuldades, sua percepção do mundo e quais são as habilidades essenciais para seu aprendizado. Essa investigação facilitara muito na aprendizagem do autista, pois ajudara na definição do método mais adequado para a alfabetização dessa criança. Para a educação da criança com deficiência intelectual é importante conhecer o modo como ela se desenvolve. Não importa a deficiência e a insuficiência em si mesmas [...], mas a reação de sua personalidade em desenvolvimento no enfrentamento das dificuldades. (VYGOTSKI, 2011, p. 104). Uma das maneiras de alfabetizar o aluno autista é através da Ludicidade. Um ambiente Lúdico é indispensável pois atrairá a atenção da criança e contribuirá para o desenvolvimento motor, imaginário, cognitivo e também social do autista. Jogos, brinquedos e brincadeiras, cantigas de roda, contribuem para que a criança possa experimentar sensações, provocar a curiosidade e estimular o faz de conta, esses são apenas um dos meios de incentivar a participação do aluno nas atividades. Por meio de uma aula lúdica, o aluno é estimulado a desenvolver sua criatividade e não a produtividade, sendo sujeito do processo pedagógico. Por meio da brincadeira o aluno desperta o desejo do saber, a vontade de participar e a alegria da conquista. Quando a criança percebe que existe uma sistematização na proposta de uma atividade 9 dinâmica e lúdica, a brincadeira passa a ser interessante e a concentração do aluno fica maior, assimilando os conteúdos com mais facilidades e naturalidade. (KISHIMOTO, 1994). O trabalho de alfabetização do autista através do lúdico pode quebrar barreiras em relação a dificuldade que essas crianças têm em aprender, abrindo leques para novas possibilidades, divertindo, dando prazer e cativando a criança com TEA, favorecendo assim o processo de ensino-aprendizagem. 2.5. Aplicação das disciplinas estudadas no Projeto Integrador Durante o curso de licenciatura, na matéria de didática, ministrado pela formadora Suzana Ursi, foi abordado a importância da relação professor-aluno. Na segunda semana foi apresentado um texto de Maria Isabel da Cunha, que frisa a aula como interação de pessoas, contribuindo para a troca de influencias como um momento único. Esse trecho do texto base da disciplina de didática deixa claro que além de ensinar e aprender, é indispensável para o desenvolvimento do aluno essa relação que aproxime o professor do aluno e o aluno do professor. A aula é lugar de interação entre pessoas e, portanto, um momento único de troca de influencias. A relação professor-aluno no sistema formal é parte da educação e insubstituível em sua natureza (Cunha, p.159) Tratando-se de uma criança com TEA, a relação professor-aluno é indispensável, pois através dessa relação o professor terá mais facilidade em analisar a individualidade do aluno e aplicar os meios necessários para uma aprendizagem eficiente. Como abordado na introdução desse trabalho, existem inúmeras praticas pedagógicas que podem facilitar na aprendizagem do aluno com TEA, praticas essas que são essenciais no enriquecimento da relação com o professor e também com outros alunos. É importante que o educador procure realizar atividades que sejam trabalhadas em grupos, para que haja troca de informações entre os alunos. Vale ressaltar a importância da ludicidade que ajuda na estimulação, no desenvolvimento e na socialização do autista. O lúdico pode ser usado como ferramenta para auxiliar na aprendizagem, contribuindo no rendimento intelectual da criança. Essas atividades devem possuir um caráter afetivo, criando um vínculo entre o professor e o autista. Também é importante que além do professor, o autista também tenha vínculos com os 10 demais alunos, auxiliando nas atividades em grupo e posteriormente desenvolvendo habilidades para a realizações de atividades de cunho individual com estratégias mais especificas. O texto base de Maria Isabel da Cunha também deixa claro que o papel do professor é único e próprio e a sua postura é diferente da postura do aluno e que isso não significa que o aluno seja desconsiderado por isso, apenas que ambos possuem papeis diferentes cujo o professor possui mais poder em relação a esses papeis (Cunha, pag.159). Também na disciplina de didática, na semana 4, foi abordado a importância do espaço de ensino e aprendizagem e que esse espaço não precisa ser necessariamente dentro de uma sala de aula comum, com carteiras e um quadro negro. As aulas podem ser ministradas em parques, museus, reservas naturais, centros urbanos, jardins botânicos, pátios, quadras, cinema, teatro, etc. O trabalho em espaços diferentes torna a aula mais chamativa, criativa e diferente. No caso de um aluno com TEA, atividades realizadas em espaços diferentes torna o aprendizado mais satisfatório, pois ajuda na aquisição do conhecimento. Uma brinquedoteca, por exemplo, seria um espaço bom para se trabalhar com autistas, ambientes com brinquedos e jogos pedagógicos são ótimos para desenvolver habilidades voltadas para a comunicação, onde o aluno poderá se socializar com outras crianças e assim interagir com elas. 2.6. Metodologia Diante das limitações que se referem a pandemia do novo Corona Vírus (Covid-19) que foi detectado no final de dezembro de 2019 e declarado como pandemia em março de 2020, a parte pratica do projeto não pôde ser aplicada, já que as escolas se encontram fechadas e os alunos em casa. Através da pesquisa feita na forma de um questionário de natureza quantitativa e qualitativa, criado em uma plataforma digital, respondidos por professores, pais e parentes próximos de uma criança autista cujo os resultados foram apresentados nos problemas e objetivos desse trabalho, ficou claro que mais da metade das crianças matriculadas no ensino regular não são alfabetizados e as escolas além não possuírem uma estrutura básica para atende-las, também não possuem os recursos necessários para uma melhor aprendizagem. Para a realização do planejamento dos dois planos de aulas foi necessário: • Coleta de dados online • Entrevistas com profissionais da educação • Estudo teórico realizado em sites, monografias, livros e cartilhas referentes ao tema. 11 3. RESULTADOS Através do formulário de pesquisa citado no item problemas e objetivos, foi possível obter respostas claras e objetivas em relação a realidade da rede pública de ensino. Como não foi possível aplicar a parte prática do trabalho devido a pandemia, foram entrevistadas duas professoras que lesionam em uma das escolas da cidade de Eldorado – SP, com experiencias em educação especial (Apêndice A). A escola é do município de Eldorado e se situa na região rural. Foi elaborado um questionário exclusivo para as professoras com perguntas referentes ao tema do trabalho. Para preservar a identidade das professoras optamos por chama-las de Professora A e Professora B. O questionário foi constituído por 5 perguntas abertas e através das respostas foi possível iniciar com o protótipo inicial que será apresentado posteriormente nesse trabalho. De acordo com as respostas, foi constatado que um dos métodos mais utilizados tanto pela professora A quanto pela professora B se tratando da alfabetizaçãodo aluno com autismo é através do lúdico, com jogos e brincadeiras, principalmente quando há o contato do autista com outras crianças comuns. As professoras garantem que esse método funciona, sendo eficiente não só apenas para autistas, mas também em casos diferentes de deficiência intelectual. Segundo a professora A uma das dificuldades encontradas é a falta de estimulo da própria família. A inclusão começa no seio familiar e é necessário que haja a participação dos pais ou responsáveis na educação do aluno, contribuindo para uma melhor aprendizagem, auxiliando na adaptação da criança em outros espaços que não seja apenas em casa. A família precisa se envolver com a equipe responsável pelo aprendizado da criança, participando de reuniões e eventos, auxiliando nas atividades em casa e dando sugestões que possam ajudar na melhoria do ensino e aprendizagem. A Professora B disse que uma de suas maiores dificuldades é em relação a falta de recursos e materiais, que muitas vezes precisou tirar dinheiro do próprio bolso para comprar jogos e quadros educativos para poder dar aula. Segundo ela as atividades lúdicas são ferramentas fundamentais que não podem faltar em sala de aula e que a falta delas resultaria numa aula não eficiente. Ambas as professoras alegam não haver estrutura na escola em que dão aula. As maiores queixas são a falta de uma biblioteca, onde seria perfeito para ministrar uma aula de leitura com livros chamativos em ilustrações 3D interativas. O espaço também não possui 12 brinquedoteca, onde segundo a professora seria perfeita para as atividades lúdicas. A escola não possui uma rede de internet e uma sala de informática que ajudaria em pesquisas e atividades voltadas para o letramento digital, para que o autista juntamente com as outras crianças possam acompanhar as transformações tecnológicas do mundo e vale ressaltar que a tecnologia educacional é um dos 7 pilares da gestão escolar cuidando especificamente do uso das práticas pedagógicas mais relevantes envolvendo o uso dessas tecnologias. O fato da escola se afastada da área urbana também contribui para a falta de recursos e de uma estrutura básica, onde infelizmente muitos materiais de cunho pedagógico nem chegam por falta de acesso. Na entrevista, foi pedido para que as professoras dessem suas opiniões a respeito da importância da alfabetização através do lúdico em relação a crianças autistas. Ambas as Professoras A e B afirmaram que o uso do lúdico para ensinar torna a aula mais divertida, prendendo a atenção do aluno, cria vínculos e tem o poder de ajudar na socialização e isso é importante se tratando do autismo pois a maioria dessas crianças possui dificuldades motoras, cognitivas, problemas em relação a socialização, afetividade e dificuldades na coordenação, manipulação, exploração e interação do meio. Elas também afirmaram que é necessário que essas crianças tenham o estimulo dos pais em casa, para que possa haver melhores resultados, pois como a Professora A comentou: A inclusão começa no seio familiar. Durante a conversa também foi discutido que por mais que as leis garantam que alunos com necessidades especiais possuam os direitos previstos para ingressarem no ensino regular, juntamente com profissionais especializados e materiais didáticos para auxiliar nas aulas, fica claro que essa não é uma realidade que vemos nas escolas atualmente, realidade essa que precisa ser levada a sério. Os tópicos discutidos durante a conversa foram: • Falta de estruturas nas escolas • Falta de formação de alguns professores • Dificuldade na evolução da aprendizagem do aluno devido à falta de recursos • Analise da individualidade do aluno para a elaboração de um plano de aula adequado • Inclusão na família • Processos de alfabetização e as metodologias empregadas 13 3.1. Solução inicial Para o protótipo inicial, foi entrevistado um professor especializado na área de Educação Especial que atualmente trabalha na APAE do Município de Cananéia no interior de São Paulo (Apêndice B). A entrevista possuía 3 perguntas abertas e objetivas em relação a planos de aulas para alunos com TEA. Através da entrevista foi possível tirar dúvidas e montar um plano de aula adequado para uma criança com Transtorno do Espectro Autista. Para montar um plano de aula adequado para o aluno autista, se faz necessário a participação da família na educação escolar da criança, onde os educadores e a família em questão possam dialogar e procurar analisar a individualidade do aluno, a fim de aplicar um método de alfabetização mais eficaz, trazendo resultados positivos. Através do contato com a família, o educador saberá qual é a rotina do aluno, do que mais gosta (um bichinho de estimação, algum filme em especial, etc.) e quais suas principais dificuldades. Através do cotidiano da criança é possível montar um plano de aula que tenha relação com sua leitura de mundo, concepção criada por Paulo Freire, com intenção de usar como uma das principais ferramentas a própria realidade da criança. Através desse método a criança terá mais facilidade em assimilar as letras do alfabeto com o seu cotidiano, abrindo leque para outras formas de aprendizagem. 3.2. Solução final Devido às limitações da pandemia, não foi possível aplicar o plano de aula e obter os resultados concretos. Apresentamos os seguintes planos de aula para um professor especializado em educação especial e foi orientado de que essas aulas poderiam ser aplicadas no 1 ano do ensino fundamental I ou no caso de alunos que estão em series mais avançadas, mas que ainda não são alfabetizados. Seguindo com a ideia proposta no protótipo inicial, foram elaboradas duas aulas de 50 minutos cada para a realização de atividades voltadas para alfabetização através da leitura de mundo. As aulas elaboradas são mais indicadas para crianças com o nível mais leve de autismo, que segundo as pesquisas feitas pelo grupo, atingiu o seu maior numero, mas, em alguns casos, também podem ser trabalhados em crianças com o nível médio. O primeiro plano de aula consiste na importância de se trabalhar o nome do aluno. Para a realização da atividade, foi necessário montar um painel com o nome dos alunos, onde os nomes são escritos de preto e as iniciais de vermelho. Foi sugerido que ao lado de cada nome fosse colocado uma foto do aluno correspondente, assim o autista apenas não reconhecera a 14 inicial do seu nome, como também as iniciais dos nomes dos colegas, além de visualizar a foto de cada uma das crianças. O objetivo dessa aula é reconhecer a inicial do próprio nome juntamente com a foto e mais adiante assimilar essa inicial com coisas que façam parte do cotidiano do autista, como por exemplo, algum brinquedo que goste muito, comida preferida e até mesmo algum familiar. É importante o uso de imagens e figuras para que o aluno tenha mais facilidade em assimilar a inicial com a figura que represente o seu cotidiano, reforçando a importância da participação da família na vida escolar da criança. A ideia é procurar deixar a aula mais dinâmica possível, que aproxime o aluno da sua realidade, tornando a aula mais divertida e eficaz. SEGUE ABAIXO O MODELO DO PAINEL: Materiais utilizados para a confecção do painel: • Cola quente • TNT (cor opcional) • E.V.A ou figuras de E.V.A (cor opcional) • Papel cartão colorido • Caneta Piloto preta e vermelha • Cola branca escolar • Fotos dos alunos (no tamanho que fique bem visível no painel) É necessário que o painel seja montado em tamanho grande e que fique no campo de visão do aluno. FOTO DO ALUNO NOME SOBRENOME FOTO DO ALUNO NOME SOBRENOME FOTO DO ALUNO NOME SOBRENOME FOTODO ALUNO NOME SOBRENOME FOTO DO ALUNO NOME SOBRENOME FOTO DO ALUNO NOME SOBRENOME FOTO DO ALUNO NOME SOBRENOME FOTO DO ALUNO NOME SOBRENOME FOTO DO ALUNO NOME SOBRENOME 15 Usando as canetas piloto, escreva os nomes dos alunos com letra de forma, lembrando que a inicial precisa ser de vermelho. Do lado esquerdo dos nomes cole as fotos dos alunos. É necessário frisar que as fotos não podem ser pequenas, precisam estar num tamanho adequado e de fácil visualização. Corte um pedaço de TNT que seja compatível com o tamanho do papel cartão utilizado e com cola quente cole no espaço que fique no campo de visão do aluno dentro da sala de aula, em seguida, também usando a cola quente, cole o papel cartão sobre o TNT. Se preferir corte tiras de E.V.A e cole nas margens do painel, para deixar mais bonito e chamativo. Colar figuras de animais, como pássaros, borboletas ou até mesmo de objetos comuns em sala de aula como lápis e caderno também deixa o painel bonito, chamando a atenção do aluno. As figuras podem ser feitas de E.V.A ou se preferir compradas já prontas em papelarias e armarinhos. A ideia é que o painel auxilie na aula, onde o aluno possa reconhecer a inicial do nome e assimilar essa inicial em outras palavras que comecem com a mesma letra. O interessante é que essa aula também pode ser aplicada para crianças comuns, auxiliando na interação do autista com os seus colegas. O segundo plano de aula foi elaborado a fim de dar continuação ao primeiro, sempre frisando a importância da leitura de mundo. A ideia proposta é o uso de um dominó adaptado com letras e figuras, com objetivo de ajudar o aluno a assimilar a inicial (letra) com o objeto (figura) na forma de um jogo, nesse caso um dominó. Levando em conta a falta de jogos e recursos na maioria das escolas do ensino regular, principalmente quando se trata de educação especial, foi sugerido que fosse confeccionado um dominó com materiais fáceis de se encontrar, como por exemplo o E.V.A que é um tipo de material muito utilizado nas escolas. Na primeira aula, como já mencionado, o aluno assimilaria a inicial de seu nome com a inicial dos nomes de alguns objetos que conheça e que faça parte do seu cotidiano. Na segunda aula, ele colocará em pratica o que viu na primeira aula através do dominó adaptado. A dinâmica do dominó é que o aluno assimile as figuras com as letras do alfabeto. Lembrando que as figuras colocadas no dominó precisam fazer parte da realidade do aluno para que fiquem mais fácil de assimilar. Vamos imaginar que o autista adora andar de bicicleta, nesse caso podemos assimilar a palavra B do dominó com a figura de uma bicicleta, unindo assim as duas peças. Para confecção do dominó será necessário: 16 Figura que represente o cotidiano do aluno • Molde para o Dominó (pode ser encontrado na internet ou desenhado pelo próprio professor. É importante lembrar que o autista trabalha muito com o visual, então se faz necessário o uso de um molde grande, para que o dominó não fique com as peças pequenas, mas no tamanho adequado para a aplicação da aula.) • E.V.A (cor opcional) • Cola branca ou cola quente • Papelão • Figuras impressas no tamanho do molde (figuras que representem a realidade do aluno) • Caneta piloto ou caneta hidrocolor (para escrever a letra do alfabeto ou se preferir pode adquirir as letras impressas) • Papel contact • Fitas adesivas coloridas • Tesoura Com o auxílio do molde, desenhe as formas que correspondam ao de uma peça de domino no papelão e no E.V.A, (é sugerido que o molde utilizado tenha 10cm de comprimento e 5cm de largura, para que as figuras não fiquem muito pequenas e chamem bem a atenção do aluno). Para cada peça é necessários dois pedaços de E.V.A e um de papelão. Depois de tudo cortado, pegue os dois pedaços de E.V.A e colem na parte da frente e de trás do papelão. A ideia é que o papelão fique entre as peças de E.V.A e sirva de suporte para que as peças fiquem mais firmes. Depois de todas as peças coladas e já secas, fica como sugestão o uso de fitas adesivas coloridas. Com as fitas adesivas, é possível cobrir o papelão que ficará visível na lateral da peça, a ideia é deixar o jogo com um aspecto mais bonito. A próxima etapa é imprimir as figuras que fazem parte do cotidiano da criança (Um bichinho de estimação, comida preferida, brinquedo preferido e etc.). Antes de colar as figuras, é necessário que seja traçada uma linha no meio de cada peça, cada lado deverá ter uma figura e uma letra do alfabeto, como no modelo abaixo: Letra do alfabeto 17 As letras podem ser feitas à mão por pincel piloto ou canetinhas, ou, podem ser impressas, ficando a escolha do educador no momento de confecção do jogo. Depois de coladas as figuras e as letras, é necessário cobrir a peça com papel contact, a fim de conservar mais as peças do jogo, evitando que rasgue ou suje com o tempo. Observação: A quantidade de peças dependerá da quantidade de figuras que serão impressas. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando as pesquisas realizadas pelo grupo, juntamente com as entrevistas realizadas com pais e professores especializados, ficou claro que a educação especial brasileira tem deixado muito a desejar. O ensino regular não possui estruturas e profissionais capacitados para atender a grande quantidade de alunos com TEA matriculados nas escolas e os recursos necessários para que haja um ensino de qualidade estão sempre em falta, dificultando para o professor dar aula., e, foi pensando na falta de recursos que sugerimos a confecção dos jogos, que podem ser feitos por materiais fáceis de achar. A educação inclusiva é um direito garantido por lei que precisa ser cumprido com eficácia e se faz necessário adaptações na rede pública de ensino para que seja proporcionado um atendimento educacional adequado e para que isso seja possível é necessário frisar a importância das atividades lúdicas, a acessibilidade das escolas, a capacitação de professores frisando no atendimento de alunos com necessidades especiais e o importante papel da família na educação desse aluno. É importante que o autista aprenda a ler e a escrever, mas para que isso seja possível é necessário chamar a atenção com brinquedos e jogos de cunho pedagógicos que estejam relacionados com a alfabetização e letramento, podendo mais adiante formar as primeiras palavras através das silabas. É importante que a família esteja presente na educação da criança, auxiliando no que for necessário. É com a ajuda da família que será possível montar planos de aulas mais adequados, visando na realidade e na rotina da criança, facilitando no processo de ensino aprendizagem. A importância da inclusão é algo que deve ser levado em conta em relação a atual realidade do País e é preciso que meios sejam criados para a melhoria no atendimento dessas crianças no ensino regular. 18 REFERÊNCIAS AMAR. Quem somos. Associação Amigos do Autista Registro. Disponível em: https://www.amarderegistro.com.br/p/quem-somos.html.Acesso em: 20 de setembro de 2020. BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Ministério da Educação, 2008. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690- politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva- 05122014&Itemid=30192>. Acesso em: 16 de setembro de 2020. BRASIL. Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. 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Disponível em: https://diversa.org.br/artigos/escrita-alfabetizacao-criancas-com-autismo/> Acesso em: 22 de setembro de 2020 MARA, C.S. Semana Pedagógica Alfabetização e Deficiência Intelectual: Uma Estratégia diferenciada Anexo III. Disponível em: <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/sem_pedagogica/julho_201 6/dee_anexo3.pd>f. Acesso em: 18 de setembro de 2020 MELLO, A. M. S. R. Autismo: Guia Prático. 8 Ed. Associação Amigo do Autista, São Paulo, 2016. MINISTERIO DA EDUCAÇÃO, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL. Educação Infantil. Saberes e Praticas da Inclusão. Dificuldades Acentuadas da Aprendizagem. Autismo. Brasília 2004. 2 Edição Revista. p.16. NOVA ESCOLA. Inclusão de autistas, um direito que agora é lei. 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Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/04/02/numero-de-alunos-com-autismo-em- escolas-comuns-cresce-37percent-em-um-ano-aprendizagem-ainda-e-desafio.ghtml Acesso em: 21 de Setembro de 2020. KISHIMOTO, T.M. O jogo e a educação infantil. 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SIM NÃO 58% 42% Se sua resposta for sim, teve algum apoio de algum professor auxiliar ou profissional especializado? SIM NÃO ANEXOS Anexo 1 Entrevista feita com pais e professores de regiões diferentes do País 21 Leve (Síndrome de Asperger) Médio Grave 0,0 2,5 5,0 7,5 10 — 54% 4 — 44,4 % Nas escolas de sua região tem matriculados alunos com quais níveis de autismo? (Pode assinalar mais de uma opção 21,1% 78,9% Há crianças com TEA alfabetizadas nas escolas da sua região? SIM NÃO – 22,2% 22 34,3% 65,7% As escolas da sua região possuem estruturas para atender crianças com Transtorno do Espectro Autista? SIM NÃO Na sua opinião, a alfabetização trabalhada de maneira lúdica contribuiria para um desempenho e aprendizagem do aluno autista em sala de aula? Por que? Respostas recebidas (mais relevantes): • Sim, contribuiria muito, pois os autistas trabalham muito com o visual e o lúdico ajudaria muito na execução de tarefas • Sim, pois facilitaria na compreensão do aluno • Com certeza. Seria mais interessante aulas com mais brincadeiras, pois despertaria a curiosidade e consequentemente se interessariam mais pelas atividades propostas • Através do lúdico o autista não só tem mais facilidade em aprender como também em se socializar. É indispensável o uso do lúdico como uma ferramenta para dar aula. • Sim. Através do lúdico eles mostram maior interesse nas atividades. • Sim, a busca por uma aula mais dinâmica contribui para uma aprendizagem mais eficaz. O autista precisa de uma atenção especial que consiste em aulas com jogos e brincadeiras que desperte a imaginação ea criatividade. Para alfabetizar um autista é preciso analisar quais são suas maiores dificuldades e procurar adaptar a aula de maneira que ele possa acompanhar. O lúdico é indispensável para que a alfabetização aconteça. 23 APÊNDICES Apêndice A Entrevistas com as professoras 1- Quais os métodos que você mais utiliza para alfabetizar um aluno com TEA? 2- Quais são as maiores dificuldades em relação ao processo de alfabetização e letramento? 3- A escola possui estrutura para atender um aluno com TEA? 4- O fato da escola se situar numa região rural dificulta mais o acesso a materiais pedagógicos e recursos? 5- Qual a sua opinião em usar o lúdico com principal ferramenta no ensino aprendizagem de um autista? Apêndice B Entrevista com o professor de Cananéia 1 – Na sua opinião, qual seria a aula lúdica mais adequada para o autista que está no início do processo de alfabetização. (para nível leve e moderado) 2- É possível adaptar um plano de aula para um autista hiperativo? Quais estratégias usadas para prender a atenção do aluno? 3- Quais jogos lúdicos voltados para alfabetização para autistas de grau leve e moderado indicaria para um profissional iniciante?
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