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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA Eduardo Lopes da Motta Matrícula: 20181302007 A GESTÃO DO ORÇAMENTO NO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DAS EMPRESAS AVALIAÇÃO 2 – ORÇAMENTO E CUSTOS Rio de Janeiro Agosto 2020 2 A GESTÃO DO ORÇAMENTO NO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DAS EMPRESAS – O CASO DA EMPRESA FICTÍCIA VERÃO PISCINAS LTDA. Avaliação 2 da disciplina Orçamento e Custos submetido pelo aluno Eduardo Lopes da Motta no curso de Engenharia de Produção 3 INTRODUÇÃO O orçamento empresarial é a projeção das receitas e gastos que uma organização elabora para um determinado período de tempo, geralmente um ano. Lunkes (2009) afirma que o orçamento empresarial é um plano dos processos operacionais que representam os objetivos economicos e financeiros a serem atingidos pela empresa, expressos através da projeção de receitas e gastos. Com o objetivo de balizar as tomadas de decisões e melhorar a gestão da empresa, o orçamento empresarial é um elemento de destaque no Sistema de Controle Gerencial (MALMI & BROWN, 2008) e, combinando suas múltiplas funções, pode criar mais valor à empresa através do desempenho das pessoas e da diminuição da folga financeira (MERCHANT & VAN DER STEDE, 2012). Catelli (2001) é categorico ao afirmar que os orçamentos devem “expressar quantitativamente os planos de ação, refletindo as diretrizes, os objetivos, as metas, as políticas estabelecidas para a empresa”, devendo os mesmos manterem-se atualizados para garantirem bases realistas para o atingimento da eficácia planejada. Dessa forma, ao definir o orçamento como um instrumento de planejamento das atividades de uma empresa, estimando gastos e receitas, pode-se também prever os lucros no período estudado (SANVICENTE E SANTOS,1983). FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Diferentemente dos orçamentos estudados no trabalho anterior, o orçamento global (master budget) consiste em um resumo quantitativo de todos os itens operacionais e financeiros da organização, possibilitando a elaboração do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício antes de iniciado o período a que se refere, com enfoque maior no longo prazo. Os orçamentos parciais são desdobramentos do orçamento global que tratam de operações específicas, sejam elas financeiras ou operacionais (MARION, 2011). Os orçamentos parciais financeiros darão suporte a elaboração do Balanço Patrimonial prévio e Fluxo de Caixa projetado, enquanto que os orçamentos parciais operacionais oferecerão elementos essenciais para a elaboração antecipada do Resultado do Exercício. São exemplos de orçamentos parciais financeiros: 4 orçamento de caixa, orçamento de valores a receber e a pagar, orçamento de capital ou de investimentos e projeção das depreciações. São exemplos de orçamentos parciais operacionais: orçamento de vendas, orçamento de produção (quantidades a serem produzidas, utilização e compra de materiais diretos e indiretos, de mão de obra direta, de custos indiretos de fabricação), orçamentos de despesas de vendas e distribuição; orçamento de despesas administrativas; orçamento de outras receitas e despesas (MARION, 2011), além das não vinculadas diretamente à atividade principal da empresa. Para a obtenção do DRE, Fluxo de Caixa e Balanço Patrimonial é necessário obter todos os orçamentos que são detalhados a seguir: Orçamento de vendas – É a etapa inicial do processo orçamentário, é uma estimativa de quantos produtos serão vendidos por tal preço e em quanto tempo, projetando as receitas; Orçamento de produção – formulação do plano de produção por tipo e por unidade a partir da projeção de vendas, maximizando a capacidade produtiva e prevendo oscilações; Orçamento de despesas de distribuição – a partir da projeção de vendas obtém-se as despesas de distribuição média; Orçamento de despesas administrativas – todos os custos relativos as operações de produção, distribuição e vendas; Orçamento de outras receitas e despesas – todas as despesas ou receitas que não se encaixarem nos orçamentos anteriores irão fazer parte deste orçamento; Orçamento de caixa – previsão do fluxo de entradas e saídas de dinheiro da empresa. Neste orçamento estão todos os ativos com liquidez imediata: dinheiro em caixa, saldos disponíveis em bancos e aplicações de curto prazo no Tesouro Nacional; Orçamento de acréscimo de capital – processo de avaliação dos investimentos de longo prazo da empresa. Objetiva classificar e analisar os investimentos com base no retorno dos mesmos; Projeção das depreciações – cálculo da depreciação futura dos bens imobilizados para melhor análise dos lucros. 5 A DRE demonstra a formação do Resultado Líquido do Exercício, confrontando as receitas, despesas, e custos apurados no período. Este demonstrativo tem a seguinte sequência de cálculos: 1) Inicie com a Receita Bruta de Vendas/Serviços, deduzindo: deduções, devoluções, abatimentos, descontos comerciais incondicionais e tributos sobre vendas/serviços – obtenção da Receita Líquida de Vendas/Serviços; 2) Deduzir os custos das mercadorias vendidas / custos dos serviços prestados – obtenção do Lucro Bruto; 3) Deduzir despesas operacionais, despesas com vendas, despesas financeiras, despesas gerais e administrativas, outras despesas operacionais e acrescentar outras receitas operacionais – obtenção do Lucro ou Prejuízo Líquido. O Balanço Patrimonial é dividido em duas colunas: a da esquerda mostra os ativos circulante e não circulante enquanto que a da direta é composta dos passivos circulante e não circulante bem como o Patrimônio Líquido. Sabe-se que o ativo é igual a soma do passivo com o patrimônio líquido e por isso o resultado final das duas colunas deve ser igual. O Balanço Patrimonial evidencia a situação patrimonial e financeira da empresa em um determinado período, equilibrando os bens e direitos com as obrigações e participações dos acionistas. O Fluxo de caixa é um instrumento de gestão financeira que projeta todas as entradas e saídas dos recursos financeiros da empresa, indicando como será o saldo de caixa para o período projetado, sendo bastante importante para a tomada de decisões. DIAGNÓSTICO DA EMPRESA De acordo com o DRE abaixo demonstrado, é possível concluir que a empresa teve um lucro líquido de R$ 23485,00 em 2015, resultando em um bom desempenho no período estudado. DRE 2015 RECEITA BRUTA DE VENDAS R$ 181.500,00 (-) ICMS sobre vendas R$ 5.610,00 (=) Receita Líquida de vendas R$ 175.890,00 (-) CMV R$ 77.550,00 6 (=) Resultado Bruto R$ 98.340,00 (-) Despesas Administrativas R$ 19.140,00 Salários R$ 5.115,00 Despesas de combustíveis R$ 3.795,00 Despesas com material de escritório R$ 10.230,00 (-) Outras Despesas R$ 45.980,00 Aluguel ponto comercial R$ 45.980,00 (-) Despesas Financeiras R$ 7.040,00 Prejuízo na venda de veículos R$ 7.040,00 (+) Receitas Financeiras R$ 20.460,00 Receita de juros R$ 6.270,00 Lucro na venda de uma máquina R$ 14.190,00 (=) Resultado antes do IR R$ 46.640,00 (-) IR R$ 13.893,00 (-) CSL R$ 9.262,00 (=) Resultado Líquido R$ 23.485,00 Liquidez Corrente = AC/PC 2,99 Liquidez Seca = (AC - Estoques) / PC 2,06 BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO CIRCULANTE R$ 291.170,00 CIRCULANTE R$ 97.515,00 Caixa R$ 31.900,00 Duplicatas a pagar R$ 56.760,00 BCM R$ 89.210,00 Salários a pagar R$ 17.600,00 Estoque R$ 90.090,00 Provisão IR R$ 13.893,00 Clientes R$ 37.730,00 Provisão CSL R$ 9.262,00Duplic. a receber R$ 28.380,00 Seguro a vencer R$ 13.860,00 NÃO CIRC. R$ 145.200,00 Emprést bancários R$ 59.400,00 NÃO CIRC. R$ 365.420,00 Títulos a pagar R$ 85.800,00 Contas a receber R$ 74.250,00 Móveis e utensílios R$ 37.950,00 PATR. LÍQUIDO R$ 413.875,00 Terrenos R$ 63.690,00 Capital Social R$ 297.000,00 Veículos R$ 87.450,00 Reserva Legal R$ 17.050,00 Ações coligadas R$ 56.100,00 Lucros acumul. R$ 99.825,00 Aluguel comercial R$ 45.980,00 TOTAL R$ 656.590,00 TOTAL R$ 656.590,00 7 Liquidez Imediata = Disponível / PC 1,24 Liquidez Geral = (AC + RLP) / (PC + ELP) 1,51 Retorno sobre o Patrimônio = LL / PL x 100 5,67 Os indicadores de liquidez são índices financeiros utilizados para a análise fundamentalista e bastante utilizados pelos investidores para avaliar as empresas do mesmo setor, verificando os graus de solvência, ou seja, capacidade de pagamento dos seus deveres. Demonstra dessa forma o comprometimento da empresa junto aos seus credores. Os índices de liquidez corrente e seca medem a capacidade de pagamento a curto prazo. Já com índice de liquidez geral é possível medir a capacidade de pagamento a longo prazo, e para medir a capacidade de pagamento em prazo imediato, utiliza-se a liquidez imediata. De uma forma geral, quanto maiores os índices de liquidez, melhor será a situação financeira da empresa. Entretanto, essa análise deverá ser feita paralelamente a outros indicadores, visto que uma alta liquidez não indica necessariamente uma boa saúde financeira. Por exemplo se a empresa tiver muitas mercadorias estocadas, ou uma gestão ineficiente no prazo de recebimento e pagamento, poderá ter problemas com liquidez. Em resumo, estes índices são influenciados pela gestão do ciclo financeiro e das decisões estratégicas de investimento e financiamento da empresa. Interpretando os resultados: 1) Índice de liquidez corrente – o resultado de 2,99 indica que a quantidade de recursos que a empresa tem no ativo circulante é suficiente para pagar as dívidas constantes no passivo circulante, ou seja, tem a capacidade 2,99 vezes maior de pagamento do que a de adquirir dívidas a curto prazo. 2) Índice de liquidez seca – é mais rigoroso que o índice anterior por não levar em consideração os estoques, assim o resultado de 2,06 mostra que a empresa tem a capacidade 2,06 vezes de pagamento do que de adquirir dívidas a curto prazo, ou seja, tem mais ativos líquidos do que obrigações de curto prazo. 3) Índice de liquidez imediata – índice conservador comparativo entre os disponíveis (caixa e equivalentes) e o passivo circulante, indica os compromissos que a empresa pode quitar imediatamente. No caso em questão, a empresa 8 apresenta a capacidade 1,24 vezes maior de pagamento do que de adquirir dívidas imediatas. 4) Índice de liquidez geral – mostra a capacidade da empresa em honrar com suas obrigações de curto e longo prazo. No exemplo, o índice de 1,51 demonstra que a empresa possui capital disponível suficiente para arcar com todas as suas obrigações, possuindo a capacidade 1,51 vezes maior de pagamento do que em adquirir dívidas de longo prazo. 5) Retorno sobre o Patrimônio – também conhecido ROE (do inglês Return on Equity) este indicador mede a capacidade da empresa em agregar valor a partir de seus próprios recursos e do dinheiro dos investidores. O ROE mensura a rentabilidade da corporação ao revelar o quanto de lucro a empresa gera com o dinheiro investido pelos acionistas nos últimos 12 meses. No caso em questão a empresa gerou 5,67% de lucro líquido em relação ao patrimônio líquido no ano de 2015. CONSIDERAÇÕES FINAIS A empresa Verão Piscinas LTDA apresentou em 2015 uma boa saúde financeira haja visto o lucro líquido apresentado no período, bem como os indices de liquidez superiores a 1 e o ROE de 5,67%. Sendo a atual taxa básica de juros baixa (SELIC) em 2% a.a., os resultados indicam que a empresa pode ser um bom investimento a ser feito. Devemos considerar ainda a análise do segmento e estimar a taxa de prêmio de risco, elaborar uma análise swot, fazer um bom planejamento estratégico, tático e operacional para garantir o aumento da lucratividade e rentabilidade. Para uma análise mais profunda do segmento, o ideal é analisar ainda as margens EBITDA e a Margem de Contribuição. REFERÊNCIAS CATELLI, Armando. Controladoria: uma abordagem da gestão econômica – Gecon. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2001. p. 249-250. LUNKES, João Rogério. Manual de Orçamento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MALMI, T., & BROWN, D. A. Management control systems as a package- opportunities, challenges and research directions. Management Accounting Research 2008, p. 287-300. MARION, J. C., RIBEIRO, O. M. Introdução à contabilidade gerencial. São Paulo : Saraiva, 2011 MERCHANT, K. A., & VAN DER STEDE, W. A. Management control systems: performance measurement, evaluation, and incentives (3rd ed.). London: Prentice Hall, 2012. SANVICENTE, Antônio Zoratto; SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na Administração de Empresas: planejamento e controle. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1983.
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