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Tema 06 – O Ensino Colaborativo nas aulas de Educação Física Inclusiva Bloco 1 Dra. Aline Miranda Strapasson Práticas Inclusivas em Educação Física W BA0221_v1_0 1. Introdução Você já ouviu falar sobre o Ensino Colaborativo? 1. Introdução Imagine a seguinte situação: você acabou de passar em um concurso para trabalhar com aulas de Educação Física (EF) no seu município. Durante a distribuição das escolas e das aulas você é surpreendido com uma escola regular especializada no atendimento de pessoas com deficiência (PD) através da inclusão. Na hora da notícia você só consegue pensar: “E agora? O que eu vou fazer? Nunca trabalhei com deficientes em minha vida!” Esses pensamentos o atormentam até o dia da reunião pedagógica, na qual lhe informam que a estratégia de ensino utilizada é o Ensino Colaborativo. Cheio de dúvidas em relação ao tal ensino, uma professora de EF especializada no trabalho com deficientes, percebe a sua reação e lhe diz: “Não se preocupe! Nós vamos trabalhar juntos e eu vou ajudá-lo!” As palavras “colaborativo, colaboração, auxílio e ajuda” significam a união de pessoas em prol de uma causa: a educação de todos, sem distinção. Sendo assim, numa escola inclusiva que adota a estratégia de Ensino Colaborativo, o trabalho do professor regular e a atuação do professor especializado se complementam de maneira colaborativa (GLAT; PLETSCH; FONTES, 2007). Então... Ensino Colaborativo é uma estratégia pedagógica que consiste em dois professores que atuam simultaneamente no mesmo contexto educacional, sendo um professor de ensino regular e outro professor especialista, compartilhando a tarefa de ensinarem juntos para o sucesso escolar dos alunos com deficiência (SOUZA, 2008). 2. A Educação Física no Brasil e o Ensino Colaborativo Você já sabe que na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no Plano Nacional de Educação, e nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica é previsto que o Atendimento Educacional Especializado deve ocorrer preferencialmente na rede regular de ensino (BRASIL, 1996, 2001). Diante disso, Thousand e Villa (1989) sugerem duas características para uma escola se tornar inclusiva e atender às PD de forma adequada: • Gastar tempo e energia formando a equipe escolar; e • Capacitar equipes educacionais para tomar decisões de forma colaborativa. Levando em consideração a realidade educacional brasileira atual: • Número grande de alunos por turma, • Professores sem formação adequada, • Poucos recursos de acessibilidade, • Entre outros aspectos, a classe comum nem sempre é a melhor alternativa para todos os alunos, sobretudo para os que apresentam comprometimentos graves (LIBERMAN, 2003; GLAT; BLANCO, 2007). No Ensino Colaborativo, um educador comum e um educador especial dividem a responsabilidade de: • Planejar; • Instruir; e • Avaliar os procedimentos de ensino de um grupo heterogêneo de estudantes (FERREIRA et al., 2007; CAPELLINI, 2008; MENDES; ALMEIDA; TOYODA, 2011). Ele surgiu como uma alternativa aos modelos de sala de recursos, classes especiais ou escolas especiais, como um modo de apoiar a escolarização de estudantes com necessidades educacionais especiais em classes comuns. Assim, ao invés desses alunos irem para classes especiais ou de recursos, é o professor especializado que vai até a classe comum, na qual o aluno está inserido a colaborar com o professor do ensino regular (FERREIRA et al., 2007; CAPELLINI, 2008; MENDES; ALMEIDA; TOYODA, 2011). Tema 06 – O Ensino Colaborativo nas aulas de Educação Física Inclusiva Bloco 2 Dra. Aline Miranda Strapasson Práticas Inclusivas em Educação Física Cabe citar que existe um segundo modelo denominado “consultoria colaborativa”, que é uma estratégia de assistência indireta para os professores, onde um professor especialista é convidado a prestar serviços de consultoria (SOUZA, 2008; GEBRAEL; MARTINEZ, 2011). Os consultores são aqueles que colaboram na formação continuada dos professores, promovem seminários, palestras, encontros, oferecem ajuda aos alunos com deficiência e seus familiares na programação e preparação dos planos individuais de ensino, nas escolhas de trabalho e na avaliação, nas atividades da vida diária, ou seja, a colaboração se dá de forma indireta, não necessariamente centrada na sala de aula (SOUZA, 2008; GEBRAEL; MARTINEZ, 2011). O Ensino Colaborativo também auxilia os professores de EF no trabalho pedagógico com alunos deficientes (CAPELLINI; MENDES, 2007; MARIN; MARETTI, 2014). 3. A Educação Física e o Ensino Colaborativo É importante que esses alunos tenham a oportunidade de experimentar as aulas de EF que, segundo WINNICK (1985), é a disciplina que a inclusão pode ocorrer com mais frequência devido a flexibilidade do seu currículo. 3. A Educação Física e o Ensino Colaborativo • Um professor, um suporte: p professor de EF e o especialista estão juntos e enquanto um apresenta as atividades o outro dá suporte aos alunos (sugere-se a troca de ações). • Estações de ensino: os professores são responsáveis por estações distintas, porém simultâneas, havendo divisão da turma para irem às estações e trocas para que todos passem por todas as etapas. Estratégias de trabalho nas aulas de EF a partir do Ensino Colaborativo • Ensino paralelo: os dois professores planejam juntos a aula, a turma se divide e cada professor transmite o mesmo conteúdo da sua maneira. • Ensino alternativo: um professor leciona para uma quantidade maior de alunos, enquanto o outro para um pequeno grupo. • Equipe de ensino: ambos dão igualmente as instruções. (WEISS; LLOYD, 2003) A tutoria entre pares, na qual um aluno aprende com outro (CAPELLINI, 2008), auxilia e ajuda o outro, também é muito utilizada no trabalho de EF inclusiva. Realmente a estratégia de Ensino Colaborativo pode auxiliar de forma significativa na participação, inclusão e permanência de alunos com deficiência nas aulas de EF. A escola brasileira tem incorporado um discurso de igualdade e inclusão social. Entretanto, no cotidiano, ela sistematicamente tem desconsiderado a existência da diversidade. Não é fácil construir uma escola inclusiva numa sociedade altamente excludente (CAPELLINI, 2008). Mudanças de diferentes ordens são necessárias para atender à diversidade humana, garantindo a qualidade de ensino. Isso significa mudanças no currículo, nas práticas pedagógicas, na formação dos professores e especialmente na vontade de todos. Lembre-se que alguns alunos caminham independentemente das ações de seus professores, porém outro tanto só evoluem dependendo delas (CAPELLINI, 2005 e 2008).
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