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Delvacyr Bastos Costa Apresenta: Delvacyr Bastos Costa – delvacyr@ibest.com.br EDUCAÇÃO CRISTÃ I – Conceituação 01 - ''Educação Religiosa Cristã é a transformação e o desenvolvimento da experiência do aluno de acordo com o sentimento vivo da realidade de Deus e de sua relação com Ele''. 02 - ''Educação Religiosa é o processo pelo qual a experiência, isto é a própria vida da pessoa, se transforma, desenvolve e aperfeiçoa mediante sua relação com Deus em Jesus Cristo''. 03 - ''Educação Religiosa Cristã é uma reverente busca dos processos divinamente ordenados pelos quais a pessoa se desenvolve à semelhança de Cristo e o uso destes processos''. (Harner) 04 - ''Educação Religiosa Cristã é a transmissão de vida''. 05 - ''Educação Religiosa Cristã é a reconstrução da experiência, com uma consciência crescente dos valores sociais, morais e espirituais, cuja vivência plena se verificou na pessoa real e histórica de Jesus Cristo''. 06 - ''Educação transforma-se em religiosa, lembra L.A. Weigle, ''quando está consciente da presença, poder e amor de Deus como, condição última e motivo supremo da vida humana''. 07 - ''Educação Religiosa Cristã é a interpretação e aplicação dos imperativos e princípios divinos em termos práticos e aplicáveis à vida cotidiana''. 08. ''Educação não é escolarização. Por educação entendo eu um processo de compreensão do mundo, de aquisição de confiança para explorar seu funcionamento e mecanismo''. (Peter Buckman). II - Base Filosófica da Educação Religiosa Cristã A proposta da filosofia de Educação Religiosa é produto dos seguintes fundamentos bíblicos: 01- Cada pessoa precisa experimentar o novo nascimento em Cristo, recebendo o perdão de Deus e tendo fé em Jesus Cristo como seu Salvador, Senhor e Mestre (I Jo 5.1; II Co 5.17; Ef 2.8; Jo 3.3- 5; Mt 18.3; At 13.19; I Jo 4.14; Cl 4.1; Jo 13.13-14; Mt 23.10). 02- Cada pessoa precisa entender as funções de uma igreja nos moldes do Novo Testamento, tornando-se membro consciente de sua missão, e atuante; integrando positivamente no corpo de Cristo (Mt 28.9-20; At 2.1-42; 1 Co 12.12-13). 03- Cada pessoa precisa conhecer, amar e compreender conscientemente a Bíblia, a Palavra de Deus, tendo assim base para a formação de conceitos, convicções, atitudes e condutas de vida (Jo 16.8-10; Sl 119.11, 30; Jo 5.39; Cl 3.16; 1 Pd 2.2; Sl 1.1-2). 04- Cada pessoa precisa cultuar a Deus como parte vital e constante de sua experiência cristã (Jo 4.24; Sl 27.4-5; 1 Co 14.15). 05- Cada pessoa precisa descobrir e exercitar seus talentos, habilidades e dons espirituais recebidos de Deus no serviço cristão (2 Tm 1.16; Ex 35.30- 36; 36.1; Pv 10.4; Ec 9.10b). 06 - Cada pessoa precisa descobrir à luz do conhecimento científico e teológico a natureza dos seus problemas, principalmente buscando a Deus, na Bíblia e na comunidade cristã conforto, força para vencê-los e possíveis soluções para os mesmos, visando um contínuo crescimento cristão (Fl 3.13-14; Rm 7.7 a 8.1; 2 Co 13.11; 4.6-9; Rm 5.3-5). OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO RELIGIOSA O alvo de toda a aprendizagem autêntica é o processo na direção da maturidade. (Ef 4:13). "O objetivo geral do programa de educação religiosa é levar pessoas a uma consciência do Deus revelado em Jesus Cristo, a uma relação pessoal com ele através da fé, à obediência em segui-lo no discipulado cristão, a uma vida orientada pelo Espírito Santo e ao desenvolvimento contínuo da maturidade cristã”. 01- Conversão - Levar cada pessoa a uma experiência genuína da Graça salvadora de Deus através de Jesus Cristo. Em busca da maturidade deve se processar através dos seguintes objetivos específicos: 02- Filiação à igreja - Levar cada pessoa a tornar-se membro inteligente, ativo e dedicado de uma igreja neo-testamentária. 03- Adoração - Ajudar cada pessoa a fazer do culto uma parte constante e vital da sua existência. 04- Educação e Convicções Cristãs - Ajudar cada pessoa desenvolver conhecimento cristão amadurecido, bem como compreensão e convicções cristãs igualmente sazonadas. Isto significa ajudar cada pessoa a adquirir conhecimento básicos: a) Com respeito à Bíblia b) Com respeito às realidades da fé Cristã c) Com respeito ao movimento do Cristianismo d) Com respeito à Denominação. 05- Atitudes e Apreciações Cristãs - Ajudar cada pessoa a desenvolver tais atitudes e apreciações cristãs para que toda a sua filosofia de vida também o seja. Isto significa ajudar a cada um: a) Conhecer e relacionar-se com Deus. b) Ter conceitos cristãos com respeito à existência. c) Ter uma filosofia cristã do próximo e comportar-se à luz de seu conhecimento. d) Ter um conceito cristão sobre si mesmo. e) Ter uma profunda intimidade com a Bíblia e Instituições Divinas. f) Ter uma noção correta do mundo presente e de sua missão dentro dele. 06- Vida Cristã - Levar cada pessoa a desenvolver hábitos e habilidades no serviço cristão. 1. O ENSINO NO ANTIGO TESTAMENTO Quando se lê a Bíblia numa perspectiva pedagógica, percebe- se que Deus foi o primeiro professor por excelência, preocupado com o desenvolvimento do ser humano em todas as áreas e sentidos. O PENTATEUCO Graças ao aspecto repetitivo do seu ensino, a herança histórica, as orientações éticas e os ensinamentos que os judeus transmitiam a seus filhos chegam até nós através do Antigo Testamento. Após as emocionantes narrativas do Gênesis e do Êxodo, repletas de história de amor e intrigas familiares, onde a mão de Deus sempre se faz presente e soberana, vêm as instruções e raízes cúlticas e os fracassos do povo peregrino em Levítico e Números. Quando se chega ao último livro do Pentateuco, Deuteronômio, encontra-se um reflexão teológica sobre as histórias e leis já conhecidas e um preparação pedagógica para o futuro na terra prometida. (Dt 26.5-10). Há, portanto, duas ênfases didáticas no Pentateuco: - As diretas narrações ocorridas no passado com significado no presente, - As instruções. Nos livros da Lei, portanto, descobrimos a grande importância das instruções no processo educacional. No Pentateuco, a história da salvação é ensinada às crianças no lar. No meio das histórias e das instruções, há muitas perguntas feitas pelas crianças aos pais ou pelos discípulos aos mestres. Quando vossos filhos... Ex 12.26 Naquele mesmo dia... Ex 13.8 Quando teu filho... Ex 13.14 Quando teu filho... Dt 6.20-21 ...para que isso seja por sinal... Js 4.6 Quando no futuro...Js 4.21 O ponto principal nos seis textos é: Desde o começo da Bíblia existe uma preocupação com o processo educativo. Os educadores são os pais. Todos os pais eram professores, e o lar era o centro da educação religiosa. Isto se torna claro em Dt 4.9-10; 6.4-9. Propósitos da Educação Hebraica 1. Transmitir a herança histórica 2. Instruir na conduta ética 3. Assegurar a presença de Deus e sua adoração Princípios educacionais no AT: 1. A educação foi um mandamento direto de Deus. 2. O protótipo de todos os mestres foi o próprio Deus. Portanto, o ensino tem autoridade e sanção divinas. 3. A disciplina é um ingrediente necessário. 4. O ofício de ensinar era considerado sagrado, porque embora Deus ensinasse, inspirava também o homem a ensinar. 5. A instrução das crianças começava em tenra idade. 6. O princípio fundamental para o ensino, especialmente das crianças, era o de ensinar gradualmente. Métodos: 1. O uso do ensino oral. 2. O uso de procedimentos normativos 3. O uso de parábolas para a instrução moral. EDUCAÇÃO NOS PROFETAS “As escolas de profetas constituem um fenômeno extraordinário quanto ao ensino, entre os hebreus. Há referência a essas escolas em narrativas dos ministérios de Elias, Eliseu e Samuel...” “Não há dúvida, no entanto, de que os profetas desempenharam importante papel na educação do povo. Os profetas, os sacerdotes e os reis exerciam responsabilidades singulares comofiguras nacionais. Em relação ao sistema religioso de sacrifícios, os sacerdotes tinham a mais importante função. Em relação à organização político-religiosa, a função mais importante era a do rei. Mas, na prática diária, o profeta desempenhava papel educacional mais importante. O profeta era a figura central na educação nacional, por causa de suas constantes exortações e recordações concernentes aos propósito e vontade de Deus para com a nação israelita e a necessidade de viver uma vida justa e correta.” (ARMSTRONG, p. 13) Esta segunda parte do Antigo Testamento revela falta da vida de "fé vivenciada". Demonstra claramente a ausência de perseverança no processo educacional e no conteúdo programático divinos. Nos profetas a educação desloca-se do lar e agora é centrada no trono. Torna-se "palaciana". Os profetas são os pedagogos da própria nação. Depois a monarquia é estabelecida. Após quarenta anos de liderança forte de Davi, Salomão em 962 AC sobe ao trono e os fundamentos da vida e fé em Israel passam por uma radical mudança. Havia crises políticas e espirituais. Israel se divide em dois reinos, e eventualmente o do norte é destruído pela Assíria. Depois o templo é destruído e o reino do sul, Judá é exilado na Babilônia. Em tempos de crise e incerteza, o profeta anunciava a mensagem do Senhor. Era um pregador que trazia a palavra do senhor através de proclamações muitas vezes dramáticas. O profeta anunciava as boas novas do Reino de Deus e denunciava as práticas incoerentes com os valores desse reino. Há alguma palavra do SENHOR? No episódio relatado em Jeremias 37.16-21 o profeta se encontra com o rei num momento de crise pública. O profeta não aceita o status quo, mas o questiona, critica-o, transcende-o. Assim, o sistema educacional divino está direcionado para o aspecto corretivo. A análise crítica do profeta não é direcionada ao conteúdo programático, mas à atitude do aprendiz. Se a primeira divisão do Cânon do Antigo Testamento, o Pentateuco, representa a tarefa de conservação, transmissão e manutenção do legado e herança do passado, a segunda divisão, os Profetas, por sua vez, representa outra tarefa educacional, a de questionar, examinar criticamente, refletir contextualmente. O povo de Deus no Antigo Testamento, como a Igreja hoje, precisa da palavra profética e do ensino tradicional. Em termos pedagógicos atuais, precisa-se de educação tradicional, que envolve narração e memorização, e também da educação moderna ou progressista, que envolve uma participação ativa e a imaginação criativa. Os profetas não apenas pregavam, criticavam as estruturas, e imaginavam a realidade do Reino, pois tinham seus discípulos (Is. 8.16). Outro fato digno de nota é a didática dos profetas. Eles usavam freqüentemente métodos visuais. Isaías andou despido e descalço (Is 20), Jeremias despedaçou o vaso do oleiro (Jr.19) e Ezequiel cercou uma cidade em miniatura (Ez 4). Enquanto o profeta representa uma nova ênfase e abordagem educacional sociocultural e crítica, a manutenção dos ensinos tradicionais da Torá nunca cessou. Para esse fim surgiu uma nova figura, que serve de transição entre a Segunda e a terceira divisões do antigo Testamento. Durante e depois do exílio babilônico, desenvolveu-se o ensino especializado. A Lei de Moisés foi ensinada ao povo pelos escribas, que tomaram o lugar dos profetas. Os escribas eram uma classe de mestres profissionais da lei, e a estudaram diligentemente. Eram homens das sagradas letras, que juntaram, copiaram, preservaram e interpretaram a Lei. Enquanto o profeta representa uma nova ênfase e abordagem educacional sociocultural e crítica, a manutenção dos ensinos tradicionais da Torá nunca cessou. Para esse fim surgiu uma nova figura, que serve de transição entre a Segunda e a terceira divisões do antigo Testamento. Durante e depois do exílio babilônico, desenvolveu-se o ensino especializado. A Lei de Moisés foi ensinada ao povo pelos escribas, que tomaram o lugar dos profetas. Os escribas eram uma classe de mestres profissionais da lei, e a estudaram diligentemente. Eram homens das sagradas letras, que juntaram, copiaram, preservaram e interpretaram a Lei. 2. O ENSINO NO NOVO TESTAMENTO Já descobriu-se muito material, e fundamentos profundamente didáticos, nas três divisões do Antigo Testamento. Contudo, é no Novo Testamento que se encontra o Mestre, o professor dos professores, Jesus. O Novo Testamento também registra a visão de ensino da Igreja Primitiva e do apóstolo Paulo. O ENSINO DE JESUS, O MESTRE, NOS EVANGELHOS Ele era conhecido como Mestre ou Rabi, que quer dizer, instrutor ou professor. (Jo 3.2, Lc 17.13, Mt 19.16, Mc 5.35, Jo 11.28, 20.16, Jo 13.13, etc.) Nos Evangelhos, Jesus é chamado mestre nada menos de quarenta e cinco vezes, e nunca se fala nele como pregador. Fala-se em Jesus ensinando, quarenta e cinco vezes; e onze apenas pregando, e, assim mesmo, pregando e ensinando (15.16). Price continua, dizendo: "Toda a obra de Jesus estava envolvida em atmosfera didática. Qual, porém, foi a marca ou característica dominante do Mestre? A encarnação da verdade. Se os nossos professores hoje em dia seguissem o exemplo de Jesus e vivessem vidas dignas de ser imitadas, o ensino seria mais eficaz. A educação secular requer de seus professores apenas conhecimento e formação técnica adequada ao ensino que será ministrado, ao passo que a educação cristã, para atingir seus objetivos, necessita de professores que tenham uma vida digna do evangelho que proclamam. Com ênfase no ministério didático, Mateus apresenta cinco discursos de Jesus: Discurso no Monte (Mt 5-7) Discurso sobre Missão (Mt10) Parábolas do Reino (Mt13) Discurso sobre Disciplina (Mt18) Discurso sobre o Fim e o Julgamento (MT 23-25) Marcos destaca a presença dos discípulos. Logo no primeiro capítulo, Jesus chama Simão e André (1.16-20), e a seguir, Levi (2.13-14), dizendo-lhe: "Segue- me" No terceiro capítulo, Marcos já relata a escolha dos doze (3.13-19). Jesus os chamou, antes de tudo, "para estarem com ele" (3.14). O seu método de formação partia de um relacionamento pessoal, íntimo e constante, da convivência diária. Deste modo, destaca-se a relação aluno-professor. No ensino informal há comunicação através de relacionamento. Jesus os ensinava, e os discípulos participavam ativamente no processo. Neste relacionamento, os discípulos observavam, ouviam, perguntavam, respondiam, agiam, seguiam, imitavam e obedeciam. Os doze receberam um treinamento intensivo e extensivo. Eles foram treinados através da convivência com Jesus. Lawrence Richards diz: "Fazer discípulos é um processo de relacionamento interpessoal, que envolve professor e aluno em muitas experiências da vida real. Parece exigir um contexto de vida, um modelo do qual o discípulo pode aprender, através do relacionamento íntimo" (Mc 3.14). Quando o ensino bíblico não visa treinar, preparar, equipar e enviar, não segue o modelo de Jesus. Quando Marcos relata a missão dos doze (6.7- 13), ele diz que voltaram e "lhe relataram tudo quanto haviam feito e ensinado" (6.30). Os estágios dos discípulos seguiram o modelo de todo bom ministério supervisionado, com relatórios e feedback. Dos três Evangelhos Sinóticos, Lucas é o único que se inicia com uma introdução esclarecendo seus propósitos e métodos. (Lc 1.1-4; At 1.1,2 ). A parte do relato sobre o ministério de Jesus na Galiléia começa em 4.14,15 com um resumo onde a ação pedagógica está destacada: "E ensinava nas sinagogas, sendo glorificado por todos" (Lc 4.18,19). Além de seu caráter idôneo, o próprio estilo do ministério de Jesus foi altamente didático. Como qualquer habilidoso pedagogo, o Mestre Jesus usava muitos métodos de ensino. Desde os tempos de Sócrates e Platão, até "a pedagogia da pergunta" de Paulo Freire, usam- se perguntas com intenção didática. Desde os dozeanos no templo com os mestres (Lc 2.46), Jesus fazia e respondia perguntas. Alguém diz que há 154 perguntas suas registradas na Bíblia. (Lc 10.25-37), Ao invés de responder, Jesus lhe faz duas perguntas: "Que está escrito na lei?. Como interpretas? ". 1. CARACTERÍSTICAS DE JESUS COMO MESTRE 1. Habilidades literárias (Lc 4.16- 20); 2. Familiaridade com as tradições e leis orais de seu povo (Mt 5.21, 27,31,38, 43); 3. Compreendia profundamente a natureza humana (Mt 9:4; Jo 1:47; 2:25); 4. Ensinava com autoridade (Mt 7:28,29); 5. Jesus encarnava a verdade em sua própria pessoa (Jo 14:6). 2. OS ALUNOS DE JESUS 1º Os alunos de Jesus não eram perfeitos; 2º Ensinou principalmente a adultos, embora não exclusivamente. 3º Tinha um padrão de ensino: Na primeira parte de seu ministério, ensinava principalmente a indivíduos, depois ensinou a multidões e, no fim de seu ministério voltou a trabalhar com pessoas individualmente. 3. OS OBJETIVOS DO ENSINO DE JESUS - Converter seus alunos a Deus. Mudança de vida do indivíduo, e não apenas seu intelecto e emoções. - Queria que seus alunos adotassem ideais corretos. (Mt 5.48) - Propôs harmonia entre as pessoas.(Mt 5:43-48) - Desejava aprofundar as convicções de seus alunos. (Jo 21.15,17) - Treinar seus discípulos para continuar o ensino depois dele. (Mt 28.19, 20) 4. OS MÉTODOS DE JESUS Ensinou o desconhecido a partir do conhecido. (Jo 4:13, 14) Ensinou conceitos abstratos em termos concretos. (Mt 13:45, 46) Ensinou através de técnicas: # Fazer perguntas (Lc 10.25-37); # Uso de parábolas; # Discurso ou conferência (Mt 5); # Atividades (Lc 5:4; 6:1, 10:1-16) # Uso de recursos visuais (Mt 21:18-22) # Foi o exemplo de tudo aquilo que ensinou. O ENSINO NA IGREJA PRIMITIVA Necessidade da Igreja: fundamentar a educação, visto que crescia e ganhava mais gentios do que judeus. Muitas das práticas educacionais e seus respectivos conteúdos tinham raízes judaicas, os gentios convertidos não tinham este conhecimento e à medida que a igreja penetrava no mundo romano havia a necessidade de ensinar essas práticas aos pagãos. Crescimento e edificação: foram fundamentados e consolidados pelo ensino. A Igreja Primitiva experimentou crescimento e edificação em todos os sentidos (2.47; 5.14; 9.31; 12.24; 19.20) Centralidade do ensino: Os freqüentes resumos do evangelista revelam a importância da edificação do Corpo embasados no ensino. (At.5.42). Espírito Santo: sua ação é constante no livro todo de Atos. Isto nos faz refletir e invocar sempre a atuação plena do Espírito ao ensinar para que, enquanto seus instrumentos, sejamos criativos, perspicazes e objetivos. Modelo: em Atos percebe-se o desenvolvimento de uma instituição modelo, comprometida com a Palavra e com a sociedade. (At.11:26; 18:11). Transformação: a Educação Cristã é um processo demorado e contínuo, pois envolve uma transformação progressiva de pessoas e de igrejas. (At.18.24-28). Funções principais da educação na Igreja Primitiva: 1ª Se relacionava com o batismo. Precisava-se de uma instrução formal, para ajudar o novo crente a entender o que estava fazendo ao submeter-se ao batismo. Essa instrução lhe servia durante toda a vida como modelo para o seu viver cotidiano. 2ª Servir como veículo para comunicar e conservar uma nova tradição, a tradição cristã. Essa tradição explicava como Jesus havia cumprido o AT e esboçava a maneira de viver para alguém que se propusesse a ser fiel seguidor de Cristo. O ENSINO PAULINO NAS CARTAS O ensino foi feito na era apostólica não apenas pessoalmente, mas também por meio de cartas. Propósito das Cartas: é distinto o seu papel ensinador doutrinário, sua preocupação em treinar e determinar um estilo cristão de conduta.Cada carta servia para ajudar a conhecer e a entender alguma verdade. Romanos: apresentação sistemática das grandes doutrinas cristãs (caps.1-11), e também da aplicação destas doutrinas na vida prática (caps.12-16). Desta carta percebe-se que o ensino neotestamentário é deliberado, organizado e sistemático. Coríntios: Paulo escreveu com o propósito de corrigir suas condições éticas e para lhes ensinar algumas normas espirituais que lhe servissem de guia em suas relações sociais. Gálatas: mostrar que se pode viver de modo justo e reto pela fé e pelo poder do Espírito Santo. Efésios: ensinou as características da verdadeira igreja. Filipenses: a experiência cristã é uma realidade interna e não depende de circunstâncias externas. Colossenses: ensinou a verdadeira natureza de Jesus, a fim de refutar uma doutrina filosófica. Tessalonicenses: para corrigir idéias erradas cobre a segunda vinda de Cristo. Timóteo e Tito: ensinou que a ordem e a disciplina devem prevalecer na igreja. Especialmente a carta a Timóteo que salientam a importância do ensino para: - Manejar corretamente a Palavra inspirada (2 Tm 2:14,15; 3:16, 17). - Necessário para a firmeza na fé (1 Tm 4:6,11, 16; 6:3-5; 2 Tm 4:3). - Para estabelecimento de lares harmoniosos (1 Tm 6:1,2) - A capacidade de ensinar é um dos requisitos para pastores e outros líderes espirituais (1 Tm 3:2; 2 Tm 2:24). - O ensino é corolário essencial da leitura bíblica, da exortação e da pregação (1 Tm 4:13; 2 Tm 4:2). - O ensino é apresentado por Paulo como sendo indispensável à perpetuação da fé (2 Tm 2:2). O ensino é um fim em si? Um cuidadoso estudo das cartas Paulinas escritas aos cristãos do primeiro século revela que, se o ensino é um fim em si, perde sua força e vitalidade. Porém, quando é um processo integral e ativo no desenvolvimento de ministérios e fé vivenciada, pela dinâmica do Espírito Santo, os resultados são vida e crescimento na Igreja. RECAPITULAÇÃO: Educação no At – Transmissão da herança histórica com seus princípios éticos e atuação de Deus no meio do povo de Israel. Educação no NT – Fé vivenciada, formação de imitadores de Cristo. Segredo do sucesso do educador cristão – Vida ter a transparência que seu ensinamento requer. MOVIMENTOS E INTITUIÇÕES ANTES DA REFORMA -A separação gradual da igreja com o judaísmo, criou a necessidade de desenvolver um processo de ensino. - Enquanto o Império Romano se enfraquecia durante os primeiros séculos, a igreja se fortalecia. Surgiram, portanto, vários métodos educacionais e instituições que procuraram desenvolver a educação no meio cristão. Influências no desenvolvimento da Igreja Conversão de pessoas muito importantes, intelectuais de formação greco-romana. Predominância da filosofia e intelectualismo. A igreja precisava ensina-las com algo mais mais sólido. Intelectualismo: Paidéia grega (contexto grego da cultura e os ideais para a vida) Todo o mundo romano havia sido influenciado pelo helenismo. Necessidade: A igreja tinha que se preocupar com a vida intelectual do tempo, se quisesse alcançar todas as classes sociais para Cristo. Resultado: muitos mestres cristãos deste período (séc. II, III, IV) vieram para a igreja com esta bagagem cultural e tentaram sintetizar a doutrina cristã com os ideais filosóficos. Heresias e divisões: (4 primeiros séculos) Fator decisivo no desenvolvimento da educação cristã. Diferenças doutrinárias entre os líderes, que resultaram em heresias e divisões precisavam ser combatidas. As crenças da igreja passaram a ser algo mais desenvolvido e organizado. Necessidade de ensinar a fé dentro da igreja e ao mesmo tempo a de educar de maneira geral a sociedade, para que não houvesse equívocos quanto ao significado do cristianismo. Apologistas: Fenômeno educacional que surgiu em decorrência das heresias e acusações da sociedade. Alguns eram mestres educados na cultura clássica e reconhecidos como líderes da igreja. Negaram as acusações feitas aos cristãos e conservar as doutrinas tradicionais da igreja neotestamentária. Desenvolvimento da organização da igreja: Tríplice ministério: 1) Função dos apóstolos,profetas e mestres; 2) os que dirigiam os cultos ou que prestavam serviços especiais, como presidentes presbiteriais, diáconos e viúvas; 3) responsáveis pela disciplina e administração, os chamados presbíteros. Sucessão apostólica: Tinha o propósito de mostrar aos hereges e cismáticos que na igreja, o ensino deveria ser realizado por aqueles que tinham autoridade p/ ensinar como os apóstolos ou pessoas designadas pelos apóstolos. 2. Instituições Educacionais a) Escolas de catecúmenos Problema: Em todo o mundo greco-romano a educação era pagã, as crianças recebiam instrução baseada na mitologia grega e romana. Assim, pois, as crianças cristãs também recebiam esta educação e corriam o risco de aprender os dois sistemas educacionais – o cristão e o mitológico. A única maneira de combater este problema era a educação doméstica e a instrução eclesiástica. Diante deste quadro a igreja começou a desenvolver um sistema educacional, sentindo que toda a educação deve relacionar-se com os ensinamentos cristãos. As escolas de catecúmenos eram classes que tinham um caráter semiformal na igreja gentia. “Catecúmeno“ é derivado da palavra grega que significa instruir, fazer ruído ao ouvido, instrução rudimentar. Os alunos eram filhos de crentes, judeus adultos e gentios convertidos. Os mestres eram os bispos, diáconos e subdiáconos. Os níveis nas escolas de catecúmenos: 1º nível – se encontravam os “ouvintes”, alunos aos quais era permitido assistir Às aulas; 2º nível – os que “dobravam os joelhos”, os que ficavam para um período de oração depois da saída dos ouvintes. 3º nível – alunos que permaneciam após um longo período de provas e começavam a se preparar para o batismo. Este sistema alcançou seu ponto alto no quarto século, mas a partir de 450 começou o seu declínio. b) Escolas catequéticas No contexto do intelectualismo e da organização da igreja, reconheceu-se a necessidade de se ter mais do que uma instrução elementar. Surgiram então as escolas para treinar os cristãos ao mesmo nível dos seus críticos. Estas escolas vieram a ser instituições de treinamento para líderes da igreja. A escola de Alexandria, no norte da África, fundada por Panteno em 179 foi a 1º e mais famosa e oferecia uma combinação de aprendizagem e pensamento filosófico gregos com as Escrituras. Estas escolas foram as precursoras das atuais instituições de educação teológica que existem p/ preparar o clero. Foi nestas escolas que a fé e a doutrina se estruturaram num sistema de pensamento. c) Escolas catedrais ou episcopais Com o crescimento da igreja nos centros urbanos e a divisão do clero nas suas funções ministeriais, algumas cidades importantes se desenvolviam como sedes ou residências dos bispos administrativos. Surgiu então os territórios chamados de bispado que era administrado por um só bispo, e a igreja nessa cidade era conhecida como catedral. As paróquias ao redor da cidade se relacionavam com esta catedral e as igrejas centrais tinham por obrigação suprir clérigos para estas paróquias e tais ministros necessitavam de treinamento para ocupar as funções eclesiásticas. RESULTADO: Surgiram escolas nas catedrais para treinamento dos clérigos locais. Século 4 – alcançaram um bom nível de organização. As escolas pagãs desapareceram quando a igreja se uniu ao Estado e as escolas catedrais tornaram-se as instituições educacionais mais importantes no mundo ocidental. Século 6 – estas escolas foram as ‘mães’ das escolas primárias, que apareceram pela primeira vez naquele século. O que de melhor havia nestas escolas contribuiu para o desenvolvimento das universidades na parte final da Idade Média. d) Monasticismo Com o crescimento da igreja e seu envolvimento com o Estado romano, ela tornou-se cada vez mais poderosa e política. Houve muita desilusão com esta união por parte de pessoas que acreditavam que estas duas instituições deveriam manter-se separadas. Surgiram dois tipos de escolas monásticas: as escolas que ensinavam os meninos destinados a entrar logo na ordem e as outras que aceitavam qualquer criança que se desejasse que fosse educada num sistema de disciplina rígido, jejum e oração. O ensino bíblico não era prioridade nestas escolas. Nelas era ensinado a leitura às crianças e para ter o que ler, os noviços copiavam manuscritos da igreja primitiva e obras da literatura romana antiga. Desse modo, a literatura bíblica, histórica e secular foi preservada para a posteridade. No período de decadência do Império Romano a igreja permaneceu estável, mas as escolas sofreram muito, manteve viva a educação, mas não deixou de sofrer estagnação como o resto do mundo. Durante a Idade Média havia muitas escolas mantidas pelas igrejas, mas as massas permaneciam ignorantes e analfabetas. Havia muita ignorância quanto à Bíblia, e o próprio clero não sabia bem o que estava fazendo. Na segunda metade deste período antes da Reforma, a igreja propagava a educação religiosa, mas não a educação cristã. Havia bastante da igreja, mas pouco de Deus. PESSOAS IMPORTANTES ANTES DA REFORMA Justino Mártir (100-165) – Era mestre e filósofo grego antes de converter-se e continuou sua profissão depois de convertido. Sua ênfase educacional se prende à ênfase que deu à natureza filosófica do cristianismo. Ensinou que o cristianismo se encontrava latente na filosofia grega, e que através de Cristo ele, como filósofo, havia chegado à filosofia perfeita. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Justin_Martyr.jpg Clemente de Alexandria (160- 215) – foi sucessor de Panteno na escola catequética de Alexandria. Foi influenciado pela filosofia grega, que considerava “uma boa preparação para o avanço do evangelho”. Acreditava que o cristão devia aproveitar todas as oportunidades de aprender, seja qual fosse o ramo do conhecimento humano. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:ClemensVonAlexandrien.jpg Tertuliano (160-220) – Se opunha fortemente ao uso da filosofia nas discussões teológicas. Em seus escritos, é muito rígido e inflexível quanto à boa conduta moral e sobre algumas práticas dentro da igreja, tais como a disciplina, o jejum e o segundo matrimônio. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Tertullian_2.jpg Orígenes (185-254) – Foi discípulo de Clemente de Alexandria e seu sucessor como diretor da escola daquela cidade. Com o pai aprendeu a valorizar a educação grega, e achava que era compatível com a doutrina cristã. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Origen.jpg Jerônimo (345-419) – Participava freqüentemente de debates nos quais salientava os objetivos morais e ascéticos da educação. Essa ênfase tinha por objetivo refutar a tendência de mostrar interesse pelas necessidades humanas. Seus ensinos exerceram grande influência nas escolas monásticas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Domenico_Ghirlandaio_-_St_Jerome_in_his_study.jpg Principais contribuições: a) tradução latina das Escrituras (Vulgata) e b) sua ênfase sobre a igualdade do homem perante Deus. Esta última contribuição preparou o caminho para a futura adoção do princípio da educação universal. Agostinho de Hipona (354- 430) – Escreveu um manual de instrução para clérigos e leigos composto de quatro tomos (Educação Cristã). Os três primeiros oferecem uma base filosófica para a interpretação das Escrituras, e o quarto tomo trata de técnicas de ensino. O elemento chave desse tratado é o ensino de que toda a verdade é a verdade de Deus. Fora disso não há verdade. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Tiffany_Window_of_St_Augustine_-_Lightner_Museum.jpg Alcuíno (735-804) Entre o período de Agostinho e a última parte da Idade Média, a educação cristã e mesmo a secular sofreram muito. Neste período de decadência educacional encontram-se poucas personalidades de destaque no campo da educação. O mais importante deste período foi Alcuíno, responsável pelo treinamento do clero e do pessoal administrativono reino de Carlos Magno. Desenvolveu o ensino derivado das sete artes liberais da educação romana divididos em trivium (gramática, retórica, dialética) e quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música).Sugeriu também que todas as crianças deviam aprender a escrever, aritmética, música, leitura e a gramática latina. Sua administração e reformas educacionais e eclesiásticas no reinado de Carlos Magno deram força à igreja e à cultura para se manterem durante os anos de trevas que se seguiram. Tomás de Aquino (1225-1274) – influenciou muito a educação cristã na sua época que vivia o movimento educacional chamado escolasticismo que tinha como objetivo demonstrar a um mundo cheio de dúvidas que não existe antagonismo entre a fé e a razão. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Saint_Thomas_Aquinas.jpg O tríplice propósito educacional do escolasticismo era: 1) desenvolver a habilidade de organizar as crenças num sistema lógico, com argumentos defensivos; 2) sistematizar o conhecimento, e 3) prover um processo de proposições e silogismos (argumento com 3 proposições: premissa maior, premissa menor e conclusão) para ajudar o indivíduo a aprender o conhecimento sistematizado. Diante da preocupação da igreja com as contradições entre o dogma eclesiástico e os resultados do pensamento racional, segundo os ensinos de Aristóteles, Tomás de Aquino dedicou-se à tarefa de conciliar o pensamento de Aristóteles com os ensinamentos da igreja. Para alcançar seu objetivo, teve que reconciliar a o dogma da igreja (para ele isto era fé) com os ensinos de Aristóteles (como representante da razão). Resultado de seu trabalho foi a Suma Teológica. MOVIMENTOS E PESSOAS IMPORTANTES DURANTE O PERÍODO DO RENASCIMENTO E DA REFORMA 1. O Ambiente Características do Renascimento Durante os séculos XIV a XVI, a Europa passou por muitas mudanças revolucionárias. Econômicas: revolução industrial; Política: nacionalização de países da Europa; Religiosas: Reforma e Contra-Reforma e Intelectuais: Renascimento. O Renascimento foi o período de renovação cultural e humanismo caracterizada por um espírito predominantemente secular que representava um esquecimento de Deus (não necessariamente um ateísmo), uma mudança de prioridades. A atenção do homem foi posta mais em si mesmo e em sua prosperidade do que em Deus. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Da_Vinci_Vitruve_Luc_Viatour.jpg O Renascimento foi o período de renovação cultural e humanismo caracterizada por um espírito predominantemente secular que representava um esquecimento de Deus (não necessariamente um ateísmo), uma mudança de prioridades. A atenção do homem foi posta mais em si mesmo e em sua prosperidade do que em Deus. A resposta da educação cristã O escolasticismo produziu novos pensamentos sobre Deus, e até certo ponto, tornou claro que o propósito do homem era glorificar a Deus. Os intelectuais do Renascimento encaravam que o propósito do homem era glorificar a vida humana e o deleite do homem em seu próprio mundo. As mudanças ocorridas neste ambiente do Renascimento (posição da mulher, materialismo, imprensa, artes, classe média) criaram no homem um sentimento mais otimista de confiar mais do que nunca em sua própria capacidade. Os intelectuais do Renascimento encaravam que o propósito do homem era glorificar a vida humana e o deleite do homem em seu próprio mundo. As mudanças ocorridas neste ambiente do Renascimento (posição da mulher, materialismo, imprensa, artes, classe média) criaram no homem um sentimento mais otimista de confiar mais do que nunca em sua própria capacidade. Reação da educação cristã: Irmãos da Vida Comum, grupo evangélico e piedoso fundado por Gerardo Groote (1340-1384), exerceu influência sobre várias pessoas que atenderam à sua pregação e se organizaram em comunidades como forma de refúgio do mundo, procurando viver uma vida de santidade. Contribuições: Corrigiram a Vulgata, traduziram a Bíblia para o holandês, sua língua vernácula. Escreveram, traduziram e espalharam porções da Bíblia, livros didáticos e literatura religiosa, tornando possível o acesso das massas à literatura cristã. Groote encorajou seus seguidores a ensinar as crianças e a partir de 1450, muitos Irmãos se tornaram professores das escolas públicas, combinando suas doutrinas e práticas com a educação secular. Pessoas importantes que influenciaram a educação: João Cele, Thomas à Kempis, Erasmo que foi um dos mais importantes humanistas cristão e acreditava que o homem era bom e portanto, devia desenvolver suas potencialidades intelectuais. Precursores da Reforma Valdenses, da Suíça e da Itália, protestavam silenciosamente e ensinavam unicamente as Escrituras através do séculos. John Wycliffe (1330-1384), da Inglaterra, criticou muitas práticas da Igreja Católica. Seu grupo ensinou somente a Bíblia desprezando as tradições da Igreja e produziram uma nova literatura que chamaram de “tratados”. João Hus (1372-1415), da Boêmia, seu grupo traduziu a Bíblia para o vernáculo e desenvolveu um sistema de escolas, inclusive uma universidade, para promover a prática do cristianismo. Girolamo Savonarola (1452-1498) pregou um retorno à vida cristã baseada na Bíblia. Reforma Martinho Lutero (1483-1546): Acreditava que a educação estatal, subordinada à Igreja Católica, estava corrompendo a juventude com elementos do escolasticismo. Ele promovia a educação concentrada no lar, mas entendia que o lar não dispunha dos meios para cumprir satisfatoriamente sua missão. O Estado, portanto, devia assumir a responsabilidade do ensino das crianças e os pais deviam oferecer um ambiente doméstico que conduzisse à aprendizagem. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Luther46c.jpg Cria que a educação devia ser obrigatória para todos, para que todos pudessem aprender a Bíblia. Contribuição: Relevante para ele no processo ensino-aprendizagem era a disciplina e a obediência combinadas com amor e moderação. Pensava assim como reação às práticas dos mosteiros que usavam disciplina e castigos drásticos. Philipp Melanchton (1497-1560) Foi amigo de Lutero, presidente da Universidade de Wittenberg, e nessa posição exigiu que os professores ensinassem de acordo com o credo Apostólico, de Nicéia, de Atanásio e a Confissão de Augsburgo. A adoção desses credos deu à educação superior condições de ensinar a verdade baseada em princípios bíblicos, sem receio de tendências modernas. Ulrico Zwínglio (1484-1531) Fundou um instituto teológico, Prophezei. Neste instituto, mestres e alunos participavam juntos, como iguais com respeito mútuo, na busca da verdade. João Calvino (1509-1564) Contribuições: a) Convocou a igreja à tarefa de ensinar às crianças; b) Fundou a Academia de Genebra, que ensinava crianças e adultos; c) Expôs uma filosofia que indicava que conhecimento e aprendizagem não eram para satisfazer a curiosidade de ninguém, e sim para poder ensinar a outras pessoas. Todos os seus alunos na universidade tinham que fazer confissão de fé, porque Calvino achava não ser conveniente ensinar a não crentes. d) Escreveu muitos tratados, catecismos e comentários. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:John_Calvin.jpg John Knox (1505-1572) a) Promoveu a idéia de que os objetivos da educação são aprender a ler (para que se possa ler a Bíblia) e treinar a juventude nas virtudes, preparando-a para ser útil ao mundo e para glorificar a Cristo; b) Estabeleceu um sistema nacional de educação na Escócia, no qual a Bíblia era o tema principal nos três níveis: primário, secundário e superior http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:John_Knox.jpg Inácio de Loyola (1491-1556) Fundador dos Jesuítas, acreditava que a Igreja Católica poderia cumprir melhor sua tarefa através da educação teológica. O tema central das escolas jesuítas até hoje é a auto-disciplina. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Ignatius_Loyola.jpgInfluência da Reforma sobre a educação cristã: - Tradução da Bíblia para idioma vernáculo, com ampla distribuição. - Avivamento da pregação bíblica e doutrinária. - Ensino da Bíblia entre as famílias. - Estabelecimento de escolas cristãs para a juventude. - Adoção da idéia de que toda educação é ou deve ser uma unidade (uma mescla de conteúdo religioso e humanista). Educadores do Século XVII O século seguinte a Reforma Protestante, houve muitos educadores influentes crentes e não- crentes. Descartes, Locke e Spinoza são alguns dos nomes associados à educação desta época. Mas quem deixou idéias e conceitos que influíram na educação cristã foi João Comênio (1592-1670). Comênio foi chamado de “o primeiro educador moderno” e de “profeta da educação moderna”. Proposta: integração na educação, ou seja, o ensino de todas as matérias como parte da verdade total de Deus. Em termos filosóficos, era essencialista – queria ensinar o fundamental, sempre dando ênfase maior aos ideais e princípios cristãos. Perspectiva educacional: Pansofismo (pansofia: ensinar tudo a todos) Divisão da educação em quatro níveis: “a escola dos joelhos da mãe”; “a escola vernácula”; “a escola de latim” (para alunos adiantados); e “escola de universidade e viagens”. Portanto, as escolas devem: - Ser para todos; - Ensinar tudo que torna uma pessoa sábia, piedosa e virtuosa; - Dar uma educação completa ao indivíduo antes de ele chegar à maturidade; - Ser um ambiente agradável, sem castigo; - Proporcionar uma educação completa, sem superficialidade; - Ser accessíveis ou fáceis. Filosofia de educação de Comênio: - Toda a raça humana deve ser educada; - Todos devem ser educados em todas as coisas (harmonia, prudência, provisões p/ o futuro etc) e - Todos devem ser educados em todos os aspectos. Conclusão: Se todos os homens aprendessem todas as coisas, todos seriam sábios e o mundo se encheria de ordem, luz e paz. Pietismo O pietismo foi um movimento que combinava as tendências místicas e práticas nas igrejas luteranas e reformadas. Foi uma reação contra o formalismo e a doutrina pura enfatizada pela igreja de pensamentos ortodoxo em favor da observância do espírito do evangelho e não da letra. Crença central: retorno à Bíblia. Criam também que a teologia tem ligação direta com a educação, para eles o propósito da educação é honrar a Deus. Quando a Reforma começou a praticar as reações de Lutero, este movimento já contava com 300 igrejas e 3 mil escolas, com cerca de 100 mil membros somente na Boêmia. Philipp Jacob Spener (1635-1705) Criou grupos de renovação espiritual que chamava de Collegia Pietates com o propóstio de promover companheirismo cristão e estudos bíblicos. http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Philipp_Jakob_Spener.jpg Contribuições para educação: Defende a necessidade de reforma na Igreja Luterana, recentemente estabelecida. Em seu livro Desejos Piedosos solicita: a) estudos bíblicos mais sérios; b) participação dos leigos no governo e administração da igreja; c) um conhecimento cristão prático e não apenas doutrinário; d) simpatia para com os irmãos que caíram em pecado, em vez de disciplina; e) organização da educação teológica, e f) pregação prática em vez de retórica. Deu ênfase à educação da juventude, reavivando a instrução catequética. Criticou a educação secular por lhe falhar o ensino da fé cristã e da vida piedosa. Augusto Hermann Francke (1663-1727) Foi o pietista mais influente do ponto de vista educacional. Apontava que o problema da educação é a falta de treinamento cristão tanto no lar como na escola. Não concordava com os métodos de ensino de sua época, que consistiam basicamente em memorização e recitação. Advogava, pelo contrário, a necessidade de compreensão inteligente em vez de memorização e conhecimento prático em lugar de mero verbalismo. Contribuição: - Dizia que suas contribuições educacionais procediam de Deus e não de pensamentos de outros homens; - Advogava que a santidade, e não o conhecimento, era o objetivo principal da educação; - Ensinava que o viver prático cristão tem prioridade sobre a aprendizagem. - Dizia que o estudo é necessário, mas a verdade se descobre através da inspiração; - Salientava a utilidade e praticabilidade da educação. Insistia em que tudo que se faz deve contribuir para a honra de Deus e o bem da humanidade; - Acreditava que o individualismo era importante em educação, quer dizer, o mestre devia conhecer bem cada aluno como indivíduo e ensina-lo a pensar por si mesmo. Nikolaus Ludwig Von Zinzendorf (1700-1760) Foi um conde evangélico alemão. Permitiu que grupos evangélicos insatisfeitos com suas igrejas vivessem em sua propriedade. Com essa atitude, Zinzendorf começou a formar colônias religiosas através da Europa, onde os grupos residentes estudavam a Bíblia, oravam e desfrutavam do companheirismo cristão. Estas escolas foram as precursoras da escola dominical. http://de.wikipedia.org/w/index.php?title=Bild:Von_Zinzendorf.jpg&filetimestamp=20060531152809 As colônias enfatizavam: a necessidade da obra missionária, criaram estreita relação entre educação e missões. Foram responsáveis pelo envio de missionários pela Europa e às chamadas Índia Ocidentais (América). Delvacyr Bastos Costa Contato: delvacyr@ibest.com.br
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