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APOSTILA TEXTO E TEXTUALIDADE


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Língua Portuguesa e Literatura Brasileira 
PROFESSOR DR. GILSON ANTUNES DA SILVA 
 
TEXTO E TEXTUALIDADE 
 
1 TEXTO 
• Do latim textu, tecido. 
• “Conforme a perspectiva teórica que se adote, o mesmo objeto pode ser concebido de 
maneiras diversas. O conceito de texto não foge à regra”. (KOCH, 1997) 
1. Produto lógico do pensamento (representação mental) do autor. Concepção de língua 
como representação do pensamento. O sujeito como senhor absoluto de seu dizer; 
2. Simples produto da decodificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, 
bastando a este, para tanto, o conhecimento do código, já que o texto, uma vez codificado, 
é totalmente explícito. 
3. O próprio lugar da interação. O sentido construído na interação texto-sujeito. (KOCH, 
2006) 
Texto: unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou audição), em uma situação de interação 
comunicativa específica, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função 
comunicativa reconhecível e reconhecida, independentemente da sua extensão. É o produto da 
atividade comunicativa feita segundo regras e princípios discursivos sócio-historicamente 
estabelecidos. Unidade complexa de sentido, todo significativo. (TRAVAGLIA, 2008) 
 
 Um texto é tudo aquilo que comunica algo, seja ele oral, escrito, visual ou musical. 
 Do ponto de vista oral e escrito, o texto se constrói a partir de mecanismos sintáticos e 
semânticos, os quais são responsáveis pela produção do sentido. 
 Objeto cultural, produzido a partir de certas condicionantes históricas em relação dialógica 
com outros textos (Fiorin, 1996). 
 Entendido como um tecido polifônico que entrecruza fios dialógicos de vozes que polemizam 
entre si, se completam ou respondem umas às outras (BAKTHIN). 
 O texto como evento comunicativo no qual convergem ações linguísticas, cognitivas e sociais 
(Beaugrande, 1997, apud Marcuschi,2008). 
 
 Articulação multinível do texto: 
1. aspectos linguísticos: 
2. aspectos sociais: (situação sociohistórica e sociocultural); 
3. aspectos cognitivos: conhecimentos investidos. 
 
2 TEXTO, COTEXTO E CONTEXTO 
RELAÇÕES COTEXTUAIS: dão-se entre os próprios elementos internos (anáforas, 
concordâncias, regências e todos os aspectos sintáticos e morfológicos); Relações internas 
(texto-texto). 
RELAÇÕES CONTEXTUAIS: estabelecenm-se entre o texto e sua situacionalidade ou inserção 
cultural, social, histórica e cognitiva. O nicho significativo do texto é a cultura, a história e a 
sociedade. 
3 TEXTUALIDADE 
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Língua Portuguesa e Literatura Brasileira 
PROFESSOR DR. GILSON ANTUNES DA SILVA 
• Textualidade é um conjunto de características que fazem com que um texto seja considerado 
como tal, e não como um amontoado de palavras e frases. 
• Um texto não existe, como texto, a menos que alguém o processe como tal. 
• A sequência de elementos linguísticos será um texto na medida em que consiga oferecer 
acesso interpretativo a um indivíduo que tenha uma experiência sociocomunicativa relevante 
para a compreensão. 
• Um texto é uma proposta de sentido e ele só se completa com a participação do seu 
leitor/ouvinte. 
• Pilares da textualidade: produtor, receptor e texto. 
• Produzimos textos por processos de textualização inadequados quando não conseguimos 
oferecer condições de acesso a algum sentido, seja por ausência de informações necessárias, 
ou por ausência de contextualização de dados ou então simplesmente por inobservância de 
restrições na linearização e violação de relações lógicas ou incompatibilidades informativas. 
 
3.1 CRITÉRIOS DA TEXTUALIDADE 
• Coesão (sentido formal); 
• Coerência (sentido semântico); 
• Intencionalidade (centra-se no emissor); 
• Aceitabilidade (centra-se no receptor); 
• Informatividade (grau de); 
• Situacionalidade (elementos contextuais); 
• Intertextualidade (contexto). 
 
3.1.1 COESÃO 
• Relação entre as palavras e frases de um texto; 
• Diz respeito aos modos como os componentes da superfície textual se conectam mutuamente. 
 
3.1.2 COERÊNCIA 
 
• É o resultado da articulação das idéias de um texto; é a estrutura lógico-semântica que faz com 
que numa situação discursiva palavras e frases componham um todo significativo para os 
interlocutores 
3.1.3 INTENCIONALIDADE 
• Centrada no emissor; 
• Concerne à atitude do produtor do texto, à sua intenção. 
 
3.1.4 INFORMATIVIDADE 
• É avaliada em função das expectativas e conhecimentos dos usuários. Para eles, 
informatividade tem a ver com grau de novidade e previsibilidade: quanto mais previsível, 
menos informativo será o texto para determinado usuário, porque acrescentará pouco às 
informações que o recebedor já tinha antes de processá-lo. 
• A informatividade não é pensada como característica absoluta nem inerente ao texto em si, 
mas como um fator a ser considerado em função dos usuários e da situação em que o texto 
ocorre. 
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• O princípio da informatividade mostra até que ponto uma informação é nova ou não no texto. 
Tanto o excesso como a escassez de informações novas podem prejudicar o entendimento do 
texto. 
 
3.1.5 SITUACIONALIDADE 
• Refere-se a fatores que dão relevância a um texto numa dada situação comunicativa. O texto 
vincula-se às circunstâncias em que interagimos com ele e sua configuração aponta a utilidade 
e a pertinência dos nossos objetivos. 
• o sentido e o uso do texto são decididos via situação; 
• A situacionalidade pode ser vista como um critério de adequação textual. Forma particular de 
o texto se adequar tanto a seus cotextos quanto a seus usuários. 
 
3.1.6 ACEITABILIDADE 
• A aceitabilidade está relacionada à atitude do receptor frente aos textos, se tem relevância ou 
utilidade para ele. 
• Assim, a aceitabilidade de um texto dependeria menos de sua correção em termos de 
correspondência ao “mundo real” e mais da credibilidade e relevância que lhe são atribuídas 
numa determinada situação. 
 
3.1.7 INTERTEXTUALIDADE 
• É a relação entre dois textos caracterizada por um citar o outro; 
• “Cada palavra (texto) é uma intersecção de palavras (textos) onde pelo menos uma outra 
palavra (texto) pode ser lida (...) qualquer texto é construído como um mosaico de citações; 
qualquer texto é a absorção e transformação de outro. A idéia de intertextualidade substitui a 
de intersubjetividade, e a linguagem poética é lida como no mínimo dupla” (Kristeva). 
 
REFERÊNCIAS 
KOCH, I. G. V. O texto e a construção de sentidos. São Paulo: Contexto, 1997. 
 
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Desvendando os sentidos do texto. 5 ed. São 
Paulo: Cortez, 2006. 
 
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: 
Parábola, 2008. 
 
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. 12 
ed. São Paulo: Cortez, 2008.

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