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Polarização da Luz Introdução Não é à toa que a luz sempre fascinou os seres humanos. A vasta ocorrência de fenômenos físicos com tais ondas eletromagnéticas se transformam em um amplo conhecimento científico sobre elas ao longo dos séculos. Uma onda eletromagnética é, em essência, formada por campos elétricos e magnéticos variantes no tempo e no espaço, de forma perpendicular um ao outro (como ilustrado na figura 1). A direção de polarização de uma onda eletromagnética é definida como a direção do campo elétrico dessa mesma onda. Assim, a onda mostrada a seguir é linearmente polarizada ao longo do eixo y. Figura 1 Normalmente, fontes luminosas do nosso dia a dia são ditas não-polarizadas, ou seja, é composta por um conjunto de ondas que emitem ondas em direções aleatórias. Um feixe de luz inicialmente não- polarizado pode ser convertido em um feixe polarizado após atravessar um polarizador ou uma substância polarizadora. Polarizadores contêm longas cadeias de moléculas e, durante seu processo de fabricação, quando a lente é esticada, tais moléculas se alinham em uma direção. Então, quando uma luz não-polarizada atravessa a lente, as componentes do campo elétrico paralelas as moléculas conseguem atravessá-la, mas as componentes perpendiculares são absorvidas, emitindo assim, em sua saída, uma luz polarizada. Luzes polarizadas tem extrema importância em laboratórios químicos, uma vez que servem para analisar compostos químicos isômeros, que apresentam a mesma estrutura atômica, mas as vezes, diferentes reações no organismo humano. Assim, torna-se evidente a necessidade do conhecimento teórico e prático acerca do estudo do fenômeno de polarização da luz. Tendo em mãos as principais leis que embasam nosso experimento (Lei de Malus – relação 1, Lei de Snell – relação 2) iniciaremos o experimento. 𝐼 = 𝐼𝑚𝑎𝑥 cos 2 𝜃 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (1) 𝑛1 sin 𝜃1 = 𝑛2 sin 𝜃2 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (2) A lei de Snell (relação 2) é uma das relações mais fundamentais do ramo da física óptica. Ela relaciona os ângulos de incidência (𝜃1) e de refração (𝜃2), e o índice de refração de cada meio (índice 𝑛1 relacionado ao meio cuja onda se propaga antes da refração, e 𝑛2, após). Já a lei de Malus (relação 1) rege a perda percentual de intensidade luminosa, que passa por um segundo polarizador, cujos eixos de polarização diferem 𝜃. O termo co-seno ao quadrado é explicado por se tratar de uma onda periódica cuja intensidade é proporcional ao quadrado da amplitude da onda. Objetivos Com o auxílio dos materiais, ferramentas, e conhecimento disponibilizado pelo laboratório de física experimental da UFMG, realizaremos um experimento em duas etapas, baseado em cada uma das relações (1 e 2), e em cada uma, devemos obter uma informação valiosa acerca do fenômeno ocorrido. Materiais 01 𝑙𝑎𝑠𝑒𝑟 𝑛ã𝑜 𝑝𝑜𝑙𝑎𝑟𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜; 01 𝑓𝑜𝑡ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜; 01 𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑟í𝑙𝑖𝑐𝑜; 01 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟𝑖𝑑𝑜𝑟; 02 𝑝𝑜𝑙𝑎𝑟𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜𝑟 𝑑𝑒 â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜; 𝑆𝑢𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒𝑠 𝑒 𝑏𝑎𝑠𝑒𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑚𝑜𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑚. Métodos Para a primeira parte do experimento, iremos realizar a montagem a seguir (figura 2), onde o feixe do laser deve incidir sobre a abertura do fotômetro, então, adicionamos os polarizadores entre os dois dispositivos. Dessa forma, ao manter o primeiro polarizador com angulação fixa, e variar a angulação do seguinte (quando dois polarizadores são utilizados em sequência, o segundo é também chamado de analisador), coletaremos pares de dados ângulo-intensidade. Sendo assim, com auxílio de um software de dados, da Lei de Malus (relação 1), e da tabela com esses pares (tabela 1) seremos capazes de encontrar o valor da intensidade máxima da luz incidente sobre o analisador. Figura 2 𝜃 (𝑒𝑚 𝑔𝑟𝑎𝑢𝑠) 𝐼𝑛𝑡𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (𝑎𝑟𝑏. ) 0 235 10 220 20 182 30 141 40 104 50 63 60 33 70 15,7 80 5,6 90 0 Tabela 1 Observe que não é necessário conhecer as unidades das intensidades final (𝐼) e máxima (𝐼𝑚𝑎𝑥), no entanto, para que a relação esteja válida, deve-se utilizar a mesma unidade em ambos os membros. Fazendo-se então, cos2 𝜃 = 𝑥, e 𝐼 = 𝑦 , temos a forma padrão de uma função do primeiro grau 𝑦(𝑥) = 𝐴 ∙ 𝑥 + 𝐵, onde 𝐴 = 𝐼𝑚𝑎𝑥, e idealmente 𝐵 = 0. Cedendo tais informações ao software de dados SciDAVis, obtemos o gráfico a seguir (figura 3). Figura 3 Para a segunda parte do experimento, utilizaremos um princípio interessante da lei de Snell em conjunto com as leis de Maxwell. Quando uma luz não-polarizada incide na interface que separa dois meios, a luz refletida, no mesmo meio, pode ser parcial ou completamente polarizada, dependendo do ângulo de incidência e a relação entre os índices de refração dos meios. Essa situação é ilustrada na figura (4). Figura 4 Utilizando as equações de Maxwell, pode- se mostrar que, quando o ângulo entre os feixes refletido e refratado é de 90°, o feixe refletido é completamente polarizado na direção paralela a superfície. Nessa situação, o ângulo de incidência 𝜃𝑝 é o chamado ângulo de Brewster. Baseado na lei de Snell, para a figura (4), e sabendo que a para satisfazer a ocorrência do fenômeno 𝜃𝑝 + 𝜃𝑟 + 90° = 180°: 𝑛1 sin 𝜃𝑝 = 𝑛2 sin 𝜃𝑟 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (3) Assim, obtemos que 𝜃𝑝 = 90° − 𝜃𝑟. Aplicando relações trigonométricas em ambos os lados da relação temos: cos 𝜃𝑝 = cos(90° − 𝜃𝑟) . : cos 𝜃𝑝 = cos 90° cos 𝜃𝑟 + sin 90° sin 𝜃𝑟 .: cos 𝜃𝑝 = sin 𝜃𝑟 Substituindo na equação em (3), temos: 𝑛1 sin 𝜃𝑝 = 𝑛2 cos 𝜃𝑝 . : tan 𝜃𝑝 = 𝑛2 𝑛1 Como assumimos que o feixe incidente está se propagando no ar (𝑛1 = 𝑛𝑎𝑟 = 1), e fazendo 𝑛2 = 𝑛, obtemos enfim, a relação do ângulo de Brewster: tan 𝜃𝑝 = 𝑛 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (4) Supondo, agora, que um feixe de luz que incide em uma superfície esteja polarizado em um plano perpendicular ao plano da superfície. Nessa situação (desde que satisfeita a angulação correta para que o fenômeno de polarização por reflexão ocorra) o feixe refletido é completamente polarizado na direção paralela à superfície. Como esse feixe já era previamente polarizado em um plano perpendicular á superfície, o fenômeno da reflexão atua de maneira análoga a um analisador perpendicular ao primeiro polarizador (nesse caso, ao plano de polarização do feixe de luz incidente). Assim, a intensidade luminosa refletida é nula. É com base nesse princípio que se baseia nossa segunda etapa do experimento. Neste segundo momento, deve-se colocar a placa plana de acrílico (construída afixada ao transferidor) após um dos polarizadores, com eixo de polarização vertical, sob a qual se incide o feixe do laser, como ilustrado na figura (5). Então, variando a angulação da placa plana de acrílico, encontra-se o ângulo de Brewster quando o feixe refletido pelo acrílico tem intensidade luminosa mínima, ou idealmente, desaparece. Nesse instante, é válida a relação (4). Para nossa montagem, ouve desaparecimento do feixe luminoso para 𝜃 = (55 ± 3)°. Figura 5 Resultados Voltando novamente ao experimento relacionado a Lei de Malus, obtemos diretamente, a partir da nossa padronização anterior (𝐴 = 𝐼𝑚𝑎𝑥): 𝐼𝑚𝑎𝑥 = 227 ± 13 Para o ângulo de Brewster, por sua vez, temos então, a partir da relação (4): 𝑛𝑎𝑐𝑟í𝑙𝑖𝑐𝑜 = 1,43 Como essa medida foi obtida a partir de outras grandezas, a incerteza e o erro das mesmas é propagado sobre nosso valor desejado. Assim, calculamos a incerteza padrão combinada de 𝑛 através da relação (5): 𝑢𝑐 2(𝑦) = ∑ ( 𝜕𝑓 𝜕𝑥𝑖 ) 2 ∙ 𝑢2(𝑥𝑖) 𝑛 𝑖=1 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (5) Δ𝑛 = (sec2 𝜃𝑝) ∙ Δ𝜃𝑝 Logo: Δ𝑛 =0,16 Conclusão Chegamos ao final do experimento e verificamos que alcançamos o objetivo: para cada montagem do experimento, determinamos uma variável que de alguma forma auxilia nossa compreensão acerca do fenômeno e mais uma vez verifica de forma prática a veracidade das leis desenvolvidas até hoje. Para a primeira parte do experimento obtemos então, a intensidade máxima luminosa que chega ao segundo polarizador (𝐼𝑚𝑎𝑥), dado por: 𝐼𝑚𝑎𝑥 = 227 ± 13 No segundo momento, conseguimos encontrar o valor do índice de refração do acrílico, a seguir: 𝑛 = 1,43 ± 0,16 Vemos assim, que o valor do índice de refração do acrílico está condizente com valores comerciais esperados, e, portanto, obtivemos sucesso no experimento. É válido comentar que apesar de termos encontrado facilmente a intensidade luminosa máxima, através do coeficiente angular da reta no gráfico, vemos que o gráfico não se adequa tão adequadamente quanto esperado. Verifica-se no mesmo, uma certa curvatura. Acredita-se que essa imprecisão da curvatura, por exemplo, possa ter influenciado para que o coeficiente linear (𝐵) não tenha sido identicamente nulo. Espera-se que B seja nulo, uma vez que quando nenhuma luz consegue se propagar através dos polarizadores, o fotômetro deveria indicar intensidade luminosa nula. Atribui-se a esse fato um mau isolamento luminoso do fotômetro no momento da coleta, e imperfeições das películas polarizadoras, em decorrência do uso constante, e do degradamento com o tempo.
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