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11 Hipótese glutamatérgica e hipofunção dos receptores NMDA no tratamento da esquizofrenia Glutamergic hypothesis and hypofunction of NMDA receptors in the treatment of schizophrenia Hipótesis glutamatérgica e hipofunción de los receptores nmda en el tratamiento dela esquizofrenia R ESUMO A esquizofrenia é uma doença mental crônica, caracterizada por apresentar sintomas psicóticos. Hoje existem tratamento psi-cológicos e farmacológicos para a doença, mas, muitas vezes, podem ocasionar efeitos adversos que fazem o paciente aban-donar o tratamento. Diante disso, alguns estudos têm sido feitos com a hipótese glutamatérgica, na qual constatou-se que alguns pacientes esquizofrênicos apresentavam diminuição de concentração de glutamato no Sistema Nervoso Central (SNC), com hipofunção nos receptores NMDA. Esse artigo de tem como objetivo fazer uma revisão de algumas visões com base em uma teoria de possíveis mecanismos que atuariam na hipofunção dos neuroreceptores NMDA, aumentando o nível de glutamato circulante na fenda sináptica, tratando a doença e diminuindo as reações adversas cau- sada por outras classes de medicamentos. Trata-se de um artigo de revisão descritiva bibliográfica, com base em artigos, tese, dissertação e livros sobre o assunto. Foram analisados 79 documentos entre os anos de 2000 e 2020. Conclui-se que a hipótese glutamatérgica e hipofunção do NMDA é uma via Autores: Thaís Mendes Pinheiro (thaismp83@hotmail.com)1, André RTS Araujo (andrearaujo@ipg.pt)2, Sandra Ventura (scventura@ipg. pt)3, Marcela de Moura Garcia Bini Dutra (marcela.bini@gmail.br)3 1. Thaís Mendes Pinheiro, aluna de Farmácia no Centro Universitário Newton Paiva e intercambista no Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico da Guarda. 2. Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico da Guarda, Rua da Cadeia, 6300-035 Guarda, Portugal 3. Centro Universitário Newton Paiva, Avenida Silva Lobo, 1.730 Grajaú, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil Apresentado por Thaís Mendes Pinheiro aRtigos assista a apResentação https://www.youtube.com/watch?v=OAbXT1qNMQM&list=PLa5baA3XxE2_-92CoXLoU35AJKFMvWCAi&index=14&t=1124s aRtigos 12 promissora para o tratamento da doença, melhorando a qualidade de vida do paciente. Palavras-chave: Esquizofrenia, Glutamato, NMDA, Neurotransmissores, Hipótese glutamatérgica. A BSTRACT: The schizophrenia is a chronic mental illness, characte- rized by psychosis. Currently, there are psychological tre- atments and pharmacological for this disease, however, these treatments can cause several adverse effects that can make the patients give up their treatment. Some stu- dies have ben make with the hypothesis glutamatergic, in which some schizophrenic patients had decreased Central Nervous System (CNS) glutamate concentration, with hypofunction in the receptors NMDA. This article aims to review some theories of mechanisms that func- tions as a hypofunction of NMDA neuroreceptors, incre- asing the level of circulating glutamate in the synaptic cleft, treating the disease and decreasing adverse reac- tions, caused by others medicines. It is a descriptive bibliographic review article, based on articles, thesis, dissertation and books on the subject. It was analyzed 79 documents between 2000 and 2020. In conclusion, the glutamatergic hypothesis and hypofunction of NMDA, is a promising route for the treatment of the disease, improving the patient's quality of life. Keywords: Schizophrenia, Glutamate, NMDA, Neurotransmitters, Glutamateric Hypothesis. RESUMEN: La esquizofrenia es una enfermedad mental crónica caracterizada por síntomas psicóticos. Hoy en día exis- ten tratamientos psicológicos y farmacológicos para la enfermedad, pero a menudo pueden causar efectos adversos que hacen que el paciente abandone el tra- tamiento. En vista de ello, se han realizado algunos estudios con la hipótesis del glutamato, en los que se encontró que algunos pacientes esquizofrénicos tenían una menor concentración de glutamato en el Sistema Nervioso Central (SNC), con hipofunción en los recep- tores NMDA. El presente artículo tiene por objeto exa- minar algunas opiniones basadas en una teoría de los posibles mecanismos que actuarían sobre la hipofun- ción de los neurorreceptores del NMDA, aumentando el nivel de glutamato circulante en la hendidura sináptica, tratando la enfermedad y reduciendo las reacciones adversas causadas por otras clases de medicamentos. Se trata de un artículo de revisión de la literatura basado en artículos, tesis, disertaciones y libros sobre el tema. Se analizaron 79 documentos entre 2000 y 2020. Se con- cluye que la hipótesis glutamategia y la hipofunción del NMDA es una forma prometedora de tratar la enferme- dad, mejorando la calidad de vida del paciente. Palabras clave: Esquizofrenia, Glutamato, NMDA, Neurotransmisores, Hipótesis Glutamérgica. INTRODUÇÃO A esquizofrenia é uma doença crônica e que afeta várias funcionalidades no cotidiano do paciente. Pode impac- tar o desempenho educacional, profissional e ocupacio- nal, mas é tratável com medicações e apoio psicossocial. Essas pessoas têm até 3 vezes mais chances de morte pre- coce, não só por suicídio, mas também devido as doen- ças que podem ser evitadas, como cardiovasculares, infecciosas e metabólicas (World Health Organization [WHO], 2019; Ulysses, 2016). É uma doença neuropsicológica, marcada por psi- cose, como característica alucinações e delírios. A teoria mais aceita é de ser uma doença genética e hereditá- ria. Comumente, se manifesta na adolescência ou iní- cio da fase adulta. Curiosamente, não é tão comum em crianças, existindo a hipótese de que a criança não possui o cérebro suficientemente maduro para desencadear os distúrbios psicóticos (Regis et al., 2011; Whalen et al., 2016). Afeta cerca de 20 milhões de pes- soas no mundo, geralmente começando mais cedo em homens. Nem sempre é facilmente percebida, podendo surgir com manifestações de comportamento e sinto- mas pouco específicos. Costumam ser calados, introver- tidos e excluir-se socialmente, podem demorar meses para apresentarem sintomas psicóticos (Queiros et al., 2019; WHO, 2019; Organização Pan-Americana da saúde [OPAS], 2018). Ao buscarmos mais conhecimento em outras áreas do cérebro, talvez possamos melhorar a qualidade de vida desses pacientes. Um neurotransmissor impor- tante é o glutamato com grande função cerebral, princi- palmente na memória. Existem muitas pesquisas sobre a ação dopaminérgica e serotoninérgica na esquizofre- nia, mas este artigo de revisão objetiva olhar para outras Hipótese glutaMatéRgica e Hipofunção dos ReceptoRes nMda no tRataMento da esquizofRenia 13 vias de sinalização central, como a glutamatérgica e seus receptores com ênfase no N-metil-d-aspartato (NMDA). O NMDA é um receptor neuronal excitatório do tipo ionotrópico, encontrado nos neurônios do SNC (Katzung et al., 2017; Lüllmann et al., 2017). Um dos receptores envolvidos nessa modulação são os neuroreceptores glutamatérgicos. Este artigo pretende abordar sobre a hipótese glutamatérgica com hipofunção dos receptores de NMDA. Sugere-se que há diminuição de concentração de glutamato no líquido encéfalo-raquidiano em pacientes esquizofrênicos. Abordar também sobre esse neurotransmissor, suas funções e relação entre suas disfunções e o apareci- mento e/ou agravamento da esquizofrenia, e meios com os quais possamos encontrar perspectivas para o tra- tamento e melhorar a qualidade de vida dos pacientes (Lieberman et al., 2018). METODOLOGIA O presente trabalho consiste em uma revisão biblio- gráfica qualitativa descritiva, feita através de pesquisa utilizando os descritores: “esquizofrenia”, “glutamato”, “hipofunção”, “NMDA”, “psicose”, “glutamate”, “hypofunc- tion”, “schizophrenia”.Estão disponibilizados nas bases de dados: Biblioteca Visrtual de Saúde (BVS), Cambridge University Press, Food and Drugs Administration,Medical Literature Analysis andRetrieval System Online (Medline), Medscape, National Library of Medicine (PubMed), Scientific Eletronônic Library Online (Scielo), World Health Organization, Foram incluídos artigos, monografias, disserta- ções, tese, livros e legislações sobre o tema. Com limite de tempo entre 2000 e 2020, não foi limitado idiomas, mas obteve-se artigos nos idiomas escritos em inglês, português e espanhol. ES QUIZOFRENIA A esquizofrenia é uma doença neurológica, marcada pela psicose. Importante destacar que os sintomas presentes na esquizofrenia também podem ser encon- trados em outras doenças neurológicas. É uma doença para o longo da vida, onde os sintomas podem aumen- tar e diminuir no decorrer dos anos. Afeta entre 7,7 e 43,0 a cada 100.000 habitantes, surgindo geralmente entre a fase da adolescência e a fase adulta, no final do processo de amadurecimento do córtex pré-frontal (Queiros et al., 2019). Foi chamada de demência precoce, por começar no início da vida, depois criou-se o termo “esquizofrenia” (esquizo = divisão, phrenia = mente), pois apresenta rup- tura com a realidade, entre pensamento, emoção e com- portamento, com alucinações, perturbações, ruptura do fluxo de pensamento, esvaziamento afetivo e sin- tomas catatônicos. O transtorno surge devido a causas internas e foi separado de outras doenças neuropsiqui- átricas com base nos sintomas e seu curso patológico (Silva et al., 2006). Geralmente surgem na forma de sintomas negativos, como anedonia, apaticidade, retraimentos social e baixa concentração. Ao longo do tempo apresentam os sinto- mas positivos, como, desorganização conceitual, delírios (ciúmes, culpa, somáticos e outros) e alucinações (audi- tivas ou verbais, táteis, olfativas, somativas e visuais). Alguns apresentam também alterações na função cog- nitiva, desfoque de atenção, alterações de pensamento, problemas na memória e função executiva (Celoto et al., 2019; Queiros et al., 2019; Dalgalarrondo et al., 2019). Existe mais de um fator de risco que desencadeia a doença, sendo o principal o fator genético. Este é associado a hereditariedade e polimorfismos. Há tam- bém fatores relacionados com complicações obstétri- cas e infecções na gestação por diversos patógenos, como o vírus da rubéola, os vírus da família Herpes simplex, os vírus influenza e parasitatoxoplasma gondii. Também foi associado a epilepsias, drogas como a Cannabis, o ambiente de convívio do paciente e alterações imunológicas, dentre elas citosinas, como o aumento de células Th1 e Th2 e a diminuição de IL-2 e IL-6, causando uma resposta diminuída mediadas por células T (Aguiar et al., 2010; Volk et al.,2019). Ao longo do tempo confirmou-se o alargamento ventricular e diminuição do hipocampo e volume cor- tical. Podem estar relacionadas a redução do número de neurônios, e à diminuição do volume neuronal e ramificações axonais e dendríticas. Também tem sido apontada a ausência de gliose (alteração da substância branca no cérebro) assimetria cortical como um apon- tador de alteração precoce na degeneração cerebral em esquizofrênicos (Neto et al., 2007; Weinberguer, 2017). A hipótese mais aceita hoje é a alteração neuro- química de funções dopaminérgicas. Foi observado exacerbações de sintomas psicóticos, principalmente com o uso de substâncias psicoativas, como Cannabis, aRtigos 14 cocaína e anfetaminas. Quando há aumento de interati- vidade na via mesolímbica, manifestam-se os sintomas positivos da doença, quando há diminuição de intera- tividade na zona mesocortical predominam os sinto- mas negativos (Stephen et al., 2006; Vaucher et al., 2017; Sowunmi et al., 2019). Pesquisas apresentam outros neurotransmissores envolvidos na fisiopatologia, como os serotoninérgicos, GABAérgicos e glutamatérgicos. O sistema glutamatér- gico, tem efeito excitatório e não está envolvido apenas na esquizofrenia, mas em outras doenças neurais, como epilepsia, isquemias, doença de Huntington, Alzheimer e transtorno bipolar (Valli et al., 2014; Vita et al., 2019). O tratamento da esquizofrenia é fundamentado para a melhora dos sintomas e da qualidade de vida. São apoiados em dois pilares: as terapias medicamentosa e psicossocial. Entre os tratamentos não farmacológi- cos recomenda-se a psicoterapia, artesanato, exercícios físicos, ouvir música e atividades familiares. Já o trata- mento medicamentoso melhora os sintomas psicóticos, estabiliza o paciente, diminui recorrências das crises, mas também traz alguns efeitos adversos. Hoje os tra- tamentos da farmacoterapia são feitos com os antip- sicóticos típicos e atípicos, estabilizantes de humor e alguns antidepressivos (Durão et al., 2006; Menezes et al., 2011; Pinar RN et al., 2019; Who, 2019; Ministério da saúde, 2013). Tratamentos Hoje os tratamentos farmacológicos sem geral são mais efetivos no controle dos sintomas positivos. Feitos principalmente com antagonista de dopamina e serotonina, sendo eles os antipsicóticos de primeira geração, conhecidos como típicos (fenotiazina, clorpro- mazina), os de segunda geração, atípicos (risperidona, olanzapina, clozapina), antidepressivos (haloperidol) e estabilizantes de humor (lítio). Os medicamentos típicos podem trazer com eles alguns efeitos colaterais, entre eles distonia, sedação, discinesia tardia ou tremor. Os de segunda geração, geralmente estão associados a ganho de peso, problemas no metabolismo de lipí- deos, síndrome metabólica, e diminuição de tolerân- cia à glicose, aumentando o risco de diabetes mellitus (Manual Merck On-line [MSD], 2018; Naime et al., 2020; Rev. Brasileira, 2003;Perobelli et al., 2018). Esses medicamentos podem causar problemas endócrinos, como elevação da prolactina, diminui- ção do desempenho sexual, ginecomastia em homens e galactorréia em mulheres. Efeitos extrapiramidais, dis- cinesia tardia, hiperprolactina, parkisonismo, distonia de cabeça e pescoço estão atribuídos ao antagonismo de dopamina. Causam também hipotensão, sedação, e efeitos mais graves, como convulsões (Lopes-Munhoz et al., 2011; Ritter et al., 2016; Zito et al., 2019). Quanto a clozapina, um antagonista de 5-HT2A/2C, induz a exocitose de D-serina por células da glia, o que pode contribuir para a ação antipsicótica no tratamento da doença. Tem eficácia sobre os sintomas negativos, mas atualmente é usada apenas em paciente cujo tra- tamento de primeira linha não surgiu efeito. Pode cau- sar agranulocitose, o que requer uma atenção maior a esses pacientes e um acompanhamento mais crite- rioso com exames regularmente (Uno et al., 2019; Stahl, 2014; Stepnicki et al., 2018). FISIOPATOLOGIAS DOS NEUROTRANSMISSORES Dopamina Sendo o mais estudado atualmente, a hiperfunção do sistema dopaminérgico é o mais aceito para explicar a esquizofrenia. É sustentada pelo fato dos medicamen- tos usados serem bloqueadores de receptores dopami- nérgicos do tipo D2 e pelas anfetaminas induzirem quadros psicóticos, ao provocarem liberação de dopa- mina (Bressan et al., 2003, Msd, 2018). Uma de suas ações é a ativação da via mesolímbica responsável pela recom- pensa, e disfunções nestas vias estão ligadas a proble- mas como dependência e a esquizofrenia. É fortemente influenciada por estímulos inibitório de GABA e excita- tórios do glutamato (Brunton et al., 2010; Costa, 2014). Grande parte dos neurônios da dopamina no estriado conseguem liberar GABA, como co-transmissor (poten- cializa a ação do transmissor principal) e em menor por- ção glutamato de corelease. Especificamente no estriado dorsal, os neurônios dopaminérgicos não liberam glu- tamato (McCutheon et al.,2020). Considerada biologicamente inativa, teve comprova- ção de seus efeitos quando estudos demonstraram que sua depleção causava inibição de movimentos, sendo revertido após administração de L-DOPA. Foi sintetizada pela primeira vez em 1910 como um tipo de adrenalina fraca (McCutheon et al., 2020). Sua teoria deriva da des- coberta da clorpromazina. A hipótese da hiperatividade da dopaminaque levou a criação da primeira classe Hipótese glutaMatéRgica e Hipofunção dos ReceptoRes nMda no tRataMento da esquizofRenia 15 de antipsicóticos, chamada de antipsicóticos típicos (Bruton et al., 2010). Essa via é mais efetiva para o tratamento dos sin- tomas positivos da doença, mas é necessário um nível de bloqueio da dopamina para se obter resultado. Mas, a quetiapina e clozapina, antipsicóticos atípicos se mostram eficazes mesmo bloqueando menos recep- tores de dopamina, sugerindo assim o envolvimento de outros neuroreceptores (Bressan et al., 2003).Apesar disso, muitos pacientes não respondem a diferentes antipsicóticos, evidenciando que esta doença envolve mais que excesso dopaminérgico ou que pode haver um subtipo ‘não-dopaminérgico’ de esquizofrenia (Theberge et al., 2003; Wenneberg et al., 2019). A hiperatividade de dopamina no estriado ventral é causador de paranoides, alucinações e delírios. Ao blo- quear dopamina atingimos também a via nigroestriatal e estriado dorsal podendo causar distúrbio do movi- mento como o parkinsonismo. Já a liberação do gluta- mato pode ser projetada ativando a via dopaminérgica mesolímbica levando a psicose (Sthal et al., 2018). O aumento de dopamina no nigroestriatal pode levar também a discinesia tardia, mais comum em pacientes mais velhos, caracterizada por movimentos repetitivos, indolores e involuntários, mas desaparecem durante o sono. Já o bloqueio na hipófise dos neurônios túbero- fundibulares pode causar hiperprolactinemia. (Bruton et al., 2010). Mas essa hipótese não é perfeita, pois ela não explica os efeitos da fenilciclina (PCP), nem da cetamina, anestésicos utilizados em cirurgia. A via dopaminérgica não exerce muito efeito nos sintomas negativos, não é responsável pelos déficits cognitivos e não explica o antagonismo do NMDA (Lops-Munhoz et al., 2011). Serotonina A 5-Hidroxitriptamina (Serotonina) é um neurotrans- missor presente no SNC, no TGI e no armazenamento de plaquetas. Ela é responsável por inúmeras funções tais como cognição, sono, atividade motora, comporta- mento sexual, humor, secreção hormonal, temperatura, e percepção sensorial. Hoje tem medicamentos para tratar a impulsividade, enxaqueca e a esquizofrenia (Bruton et al., 2010; Rang et al., 2016). Descobertas apoiam o envolvimento da serotonina na esquizofrenia. A psilo- cibina ou dietilamida do ácido lisérgico (LSD), provocam estados mentais semelhantes a esquizofrenia através de ativação de 5-HT2ARs (Garcia-Bea et al., 2019). Devido ao fato dos receptores de 5-HT3, estarem em grande parte localizados na zona mesocortical ao blo- quear ações da dopamina nesta região pelo seu antago- nismo, obtém-se efeito no tratamento da esquizofrenia (Lopez-Munhoz et al., 2011). Mas, a elevação de 5-HT causa a síndrome serotoninérgica, levando a confusão, arre- pios, diarreia, taquicardia, febre, convulsão e até a morte (Bruton et al., 2010; Whalen et al., 2016). Logo foram cria- dos os antipsicóticos atípicos, com diminuição dos efei- tos extrapiramidais, pois afetam 5-HT mas tem menor bloqueio sobre dopamina. Um dos medicamentos mais conhecidos dessa classe é a clozapina (Girano et al., 2019). A clozapina tem atividade antipsicótica, rápido início de ação e não induz reações extrapiramidais. Controla os sintomas positivos e negativos dos pacien- tes, sendo mais utilizada em pacientes com esquizo- frenia refratária e/ou comportamento suicida. O grave problema da clozapina é a agranulocitose, atingindo de 1% a 2% dos pacientes. Geralmente esse declínio de leucócitos totais, neutrófilos e granulócitos, podendo resultar em neutropenia grave e propensão a infecções. Esses pacientes necessitam de um acompanhamento laboratorial mais frequente, com obrigatoriedade de interrompimento do tratamento quando os níveis estiverem baixos. Mas há casos de reduções abruptas, tendo que fazer a monitorização sanguínea semanal (Durão et al., 2006; Food and Drugs Administration [FDA], 2019). GABA O ácido gamma-aminobutírico (GABA) é um aminoácido, transmissor inibitório abrindo os canais específicos para os íons potássio e cloro. É sintetizado pelo ácido glutâmico, sendo ele o balanço entre excitação e inibição. Quando adicionado a glutamato e NMDAR gera a expres- são do GAD, aumentando o nível de glutamato causando exotoxicidade. Está envolvido na plasticidade do cérebro, na memória, locomoção e no processo de aprendizagem. Sua disfunção acarreta desordens neuronais como epi- lepsia, Alzheimer, Parkinson e esquizofrenia (Lee et al., 2019; Ritter et al., 2016). Quando o GABA atinge a via mesolimbica interage com glutamato diminuindo a liberação de dopamina nessa via. Mas, se houver diminuição de atividade de NMDA, haverá também diminuição de estímulos GABAérgicos. Sem esses estímulos há um aumento de liberação de dopamina o que causa os sintomas positivos da doença (Reis et al., 2011). aRtigos 16 Glutamato O sistema glutamatérgico é o maior sistema excitatório do SNC, e está envolvido em funções cognitivas como aprendizado e memória. São neuroreceptores metabo- trópicos e ionotrópicos são essenciais para a plastici- dade neuronal. Este sistema envolve vários receptores que são ativados pelo aminoácido glutamato (Zhand, 2019; Golan et al.,2014). Em elevadas concentrações o glutamato age como uma neurotoxina induzindo danos excitotóxicos em neurônios, tendo o cálcio como intensificador do meca- nismo (Dempster et al., 2020). Implicam em várias doen- ças neurodegenerativas, como doença de Huntington e esclerose lateral amiotrófica (ELA). Mas por outro lado, em baixas concentrações ele pode causar esquizofrenia (Valli et al., 2014). Os receptores glutamaérgicos metabotrópicos (mGluR), agem pelo segundo mensageiro ativado por proteínas, produzindo uma corrente pós-sináptica lenta. A entrada de Na+ e K+ nos canais iônicos favo- recem a despolarização dos neurônios. São divididos em receptores NMDA e não-NMDA, que inclui recepto- res cinato e alfa-amino-3-hydroxi-5-methyl-4 lisoxazole propionic acid (AMPA), localizados na região teleence- fálicas mediando a transmissão rápida das sinapses excitatórias. Quando excitados induzem a despolariza- ção rápida do neurônio pós-sináptico, durando apenas milissegundos (Bressan et al., 2003; Golan et al., 2014; Ritter et al., 2016). O glutamato tem um forte papel na modulação dos sintomas psicóticos. É importante ressaltar que o sítio de ligação glutamatérgico só pode ser acessado quando o canal iônico está aberto (deslocamento do Mg2+). Assim, os antagonistas não competitivos agem somente nos receptores NMDA ativos (Bressan et al., 2003; Stahl, 2014). Estudos mostraram melho- ras clínicas ao atuar sobre o sistema glutamatérgico equivalente de quando antagonisamos dopamina. Comprovaram também que o antagonismo de gluta- mato está relacionado com o aumento de dopamina circulante no estriado e no córtex (Fuente-Sandoval et al., 2013; McCuteon et al., 2020; Sandoval et al., 2009). O glutamato na via mesocortical interage com os receptores NMDA, e quanto mais interação, mais dopamina é liberada. Se houver menos liberação de glutamato, acarretará em pouca liberação de dopa- mina, resultando nos sintomas negativos e cognitivos da doença. Entretanto, o glutamato na via mesolímbica diminui a liberação de dopamina através de GABA. Se houver hipofunção do NMDA no mesolímbico, haverá menos estímulos aos neurônios GABAérgicos, não con- seguindo frear a liberação de dopamina nesta área, aumentando os sintomas positivos (Reis et al., 2011; Stahl, 2014). Há dois alvos em ensaio clínico de fase III. O receptor metabotrópico de glutamato (mGluR2/3) e o transpor- tador de glicina (GlyT1). Eles afetam os níveis de glicina, um co-agonista (necessitam de combinação de dois ou mais agonistas para sua ação) do receptor NMDA. Outro alvo em investigação é o D-aminoácido oxidase (DAAO), afentando também o sitio NMDAr como co-ago- nista. Em estudos post mortem, foi relatadoexpressão da subunidade NMDAr reduzidas no córtex pré-frontal (Bygrave, 2019). EFEITOS NO SNC Receptores NMDA Os receptores NMDA (NMDAr) tem papel importante nos processos de desenvolvimento neuronal celular. Atuam no controle e regulação de estruturas e função das sinapses, importantes para o aprendizado e conso- lidação da memória. Estão envolvidos também na aten- ção, cognição, ansiedade, humor, atividade locomotora e respiração (Snyder, 2019; Bygrave, 2019; Ritter et al., 2016). Em altas quantidades podem ser tóxicos, com sin- tomas importantes no Parkinson, Alzheimer e doença de Huntington. Sua presença predominante é no SNC, mas pode ser encontrado também na periferia somá- tica e visceral. Localizado na membrana pós-sináptica dos dentrito, são ativados pelo glutamato nos canais iônicos (Bruton et al., 2010; Harbeny et al., 2002; Whalen et al., 2016). Este canal só pode ser acessado com o canal iônico aberto (desolamento de Mg2+), agindo somente nos receptores NMDA ativos (Bressan et al., 2003). O mag- nésio impede o influxo de cálcio, pois o aumento de cál- cio intensifica a ativação do NMDA, mas a calcineurina reduz a atividade do NMDA. Acredita-se que ao dimi- nuirmos os níveis de calcineurina aumentamos as fun- cionalidades do NMDA, tendo uma melhor resposta aos sintomas esquizofrênicos (Reis et al., 2011). Além da ligação com glutamato, ele também precisa da liga- ção com a glicina. Isso sugere que em pacientes esqui- zofrênicos esses sítios de glicina não estão totalmente saturados (Bertram et al., 2017). Hipótese glutaMatéRgica e Hipofunção dos ReceptoRes nMda no tRataMento da esquizofRenia 17 Foram observados que substâncias que antagoni- zam o NMDA induzem sintomas positivos semelhan- tes ao da esquizofrenia. Alguns de seus antagonistas não-competitivos, como a dizocilpina (MK801), fencicli- dina (PCP) e cetamina, são importantes na esquizofrenia. Começou-se a pensar nesta hipótese depois de observa- rem algumas reações no uso de uma substância espe- cífica, o PCP. O PCP foi desenvolvido como anestésico, mas foi usado como droga de abuso conhecida como “angel dust”. Percebeu-se que os usuários desenvolviam sintomas semelhantes aos da esquizofrenia, não só positivo, mas também negativos e cognitivos, por meio do bloqueio de receptores NMDA. Estes sintomas são difíceis de serem distinguidos entre psicose e esquizo- frenia (Bressan et al., 2000; Messias et al., 2007; Uno et al., 2019). Isso também ocorre quando administramos ceta- mina, um anestésico derivado do PCP. Sob o efeito da mesma, pessoas sem a doença apresentam difi- culdade de aprendizado, de pensamento e armazena- mento de informações (Sayed et al., 2019). Raramente a cetamina induz alucinações esquizoides em não esqui- zofrênicos, mas exacerbam os sintomas em portadores de esquizofrenia. A cetamina e o PCP prejudicam os sis- temas de impulsos cerebrais do glutamato, ao bloquear NMDA, provocando distúrbios na função dopaminérgica (Bygrave et al., 2019). Quando o PCP e a cetamina ligam ao sítio PCP, impedem a abertura do canal glutamato/ glicina, mas para se ligarem ao sitio de cálcio para blo- queá-lo, ele tem que estar aberto (Kantrowitz et al., 2020; Stahl, 2014). Alguns autores propõem que a psicose pelo anta- gonismo dos receptores NMDA, é devido ao aumento de liberação de glutamato na fenda sináptica, e essa superestimulação dos receptores não-NMDA é o que causaria a psicose (Carobrez et al., 2003; Fuente-Sandoval et al., 2009). A hipótese anterior pode ser reforçada pois as substâncias antagonistas da liberação de glutamato, como a mGluRs agonistas (subtipos II/III), podem rever- ter os efeitos da substância PCP em ratos (Kantrowitz et al., 2020; Zhou et al., 2020). Figura 2: Receptores de glutamato que regulam a neurotransmissão. São eles o N-metil-D-aspartato (NMDA), ácido a-amino-3-hidroxi-5- metil-isoxazol-propiônico (AMPA) e cianeto (Stahl, 2014). aRtigos 18 Histamina A histamina (H1) está localizada no hipotálamo pos- terior ventral, e seus antagonistas afetam a excitação, dinâmica circulatória e a temperatura corporal, cau- sando sonolência (Bruton et al., 2010). O agonismo de H3 aumenta os níveis de dopamina no córtex pré-frontal, mas sem modificações no stria- tum, podendo ser alvo no tratamento dos sintomas negativos (Mahmood, 2016). O antagonismo da hista- mina gera efeitos importantes, como ganho de peso pelo aumento de apetite, e sedação. O efeito sedativo causado mais pelos de medicamentos de baixa potência como, tioridazina e clorpromazina e os atípicos como, que- tiapina e clozapina. O ganho de peso é mais frequente em pacientes jovens e em início de tratamento (Bruton et al., 2010). Figura 2: Receptores de glutamato que regulam a neurotransmissão. São eles o N-metil-D-aspartato (NMDA), ácido a-amino-3-hidroxi-5-metil-isoxazol- propiônico (AMPA) e cianeto (Stahl, 2014). Muscarínico Os receptores muscarínicos estão presentes na perife- ria do corpo e no SNC. Tem grande afinidade pela ace- tilcolina, com grande presença no córtex, hipocampo e tálamo do cérebro. São receptores aclopados a proteí- na-G, com estimulação dos receptores M1, M3 e M5, com respostas mediadas por cálcio, enquanto os receptores M2 e M4, inibem adenililciclase regulando os canais iônicos por meio de proteína-G específica (Bruton et al., 2010; Golan et al., 2014). Receptores muscarínicos são afetados, bloqueando M1, M2, M3 e M5 e estimula M4, causando com isso alguns efeitos indesejáveis como o excesso de saliva e sedação, pois também atua em receptores histamínicos (Uno et al., 2019; Stahl, 2014). A maior parte dos medicamentos psicóticos não tem afinidade muscarínica, com isso, sem efeitos anticolinérgicos importantes (Bruton et al., 2010). Hipótese glutaMatéRgica e Hipofunção dos ReceptoRes nMda no tRataMento da esquizofRenia 19 Novas perspectivas para o Glutamato e NMDA Diante disso, parece bem promissor se pensar em ago- nistas dos receptores NMDA, e reverter sua hipofunção, prometendo ser outra classe de antipsicóticos visando minimizar os sintomas da esquizofrenia, atuando prin- cipalmente nos sintomas negativos (Javitti, 2010). Na atualidade pode ser quantificado in vivo a inte- ração do sistema glutamatérgico sobre o dopaminér- gico, por meio de técnicas de neuroimagem, tomografia de emissão de pósitrons (PET) e espectroscopia de resso- nância magnética de protões ( 1 H-MRS). Constata que o antagonismo glutamatérgico se associa ao aumento de dopamina no córtex cerebral e corpo estriado, indu- zindo alguns dos sintomas negativos (alogia, isolamento social, abulia) e sintomas positivos (delírios e alucina- ções), observados na esquizofrenia (Fuente-Sandoval et al., 2009; Bustillo et al., 2020). Uma das estratégias empregadas atualmente é o ago- nismo ou agonismo parcial do sítio de ligação da glicina, o não sensível a estriquinina. A glicina é um modulador alostérico, agonista de glutamato, que controla os sin- tomas da doença sem produzir excitoxicidade (Gonda, 2012; Ritter et al., 2016). Tem um papel como neuro- transmissor inibidor com dois sítios de ligação no SNC: um localizado na medula, sensível à estriquinina e um que se localiza nos receptores NMDA. Ela aumenta a abertura dos canais de NMDA pelo GMS do NMDAR, se ligando ao mesmo tempo que o glutamato, mas não atravessa a barreira hematoencefálica facilmente. Tal observação é comprovada por estudos que a adminis- tração de substâncias glicinérgicos diminui os efeitos do antagonismo dos receptores NMDA (Beck,2016; Fone et al., 2020; Peyrovian et al., 2019). Figura 1: Bloqueio pelo antipsicóticos aos receptores dopaminérgicos e serotoninérgicos, também aos adrenérgicos, colinérgicos e histamínicos (Whalen et al., 2016). aRtigos 20 Pesquisadores da Universidade de Harvard descobri- ram que ao utilizar aminoácidos de glicina e D-serina em pacientes tratados com neurolépticos, houve diminuição entre 30% e 40% nos sintomas negativos, cognitivos e positivos.Já o laboratório Snyder eviden- ciou a atividade endógena como co-agonista de NMDA da D-Serina, onde ela induz mais a ativação de NMDAR que a glicina. A D-serina é uma enzima catalase membro da a família pyridoxal-5’-phosphate-dependent, deri- vada da conversão de L-serina pelos neurônios. Está loca- lizada nas sinapses excitatória e inibitória (Uno et al., 2019; Stahl, 2014; Stepnicki et al., 2018). Como a D-serina é liberada na pós-sinapse ela parece funcionar de forma autócrina, o que garante que o GMS seja ocupado por ela e respondendo mediante ao glutamato liberado. Logo depois, é recaptada por astrócitos e catabolizada pelo DAAO. Ao inibir a DAAO espera-se que aumente a con- cetração de D-serina circulante. Estes estudos mostram também que a D-serina é a primeira co-agonista sináp- tica de NMDA no cérebro (Fone et al., 2020; Stepnicki et al., 2018). Outras hipóteses consistem na sarcosina e na memantina adjuvante. A sarcosina é um inibidor endógeno de GlyT-1, onde foi comprovada por estudos, que a sua associação ao tratamento, obteve-se diminui- ção dos sintomas positivos e negativos, comparados ao placebo e a D-serina. Porém, ao inibir GlyT-1, produz efeitos colaterais como ataxia, o mesmo ocorreu com os antagonistas não competitivos de GlyT-1, a bitoper- tina e já o inibidor seletivo de GlyT-1, Org25935, não houve melhora significativa dos sintomas. Há uma pro- messa em estudos com outros inibidores de GlyT-1, ASP2535 e o PF-03463275171,72, demonstrando melho- ras nos quadros de esquizofrenia (Beck, 2016; Uno et al., 2019; Stepnicki et al.,2018, Zhand et al., 2019). A memantina tem afinidade moderada como antago- nista não competitivo de NMDAR, ligando-se no mesmo local do PCP. Ela bloqueia o fluxo de corrente de Mg2+, mas somente com o canal aberto. Seria usada para quando as concentrações de glutamato estiverem altas. Comprovando que a memantina melhora os sintomas negativos, enquanto positivos e cognitivos não tiveram efeitos. Mas ainda não é claro os efeitos e a tolerância a longo prazo (Uno et al., 2019; Stepnicki et al., 2018). Há também uma opção com receptores com intera- ção com NMDAR por ativação via proteínas de andai- mes, como SHANK, HOMOR e GKAP-PSD95. Tem-se hoje um agonista de mGlu2/3, o LY2140023, mostrando efeitos para sintomas positivos e negativos, sem sinto- mas extrapiramidais. Infelizmente em um estudo multi- cêntrico de fase II, não demonstrou melhora comparado ao placebo, o mesmo aconteceu com o AZD8529. Isso mostra que alguns pacientes podem ser mais influen- ciados por disfunções glutamatérgicas que outros (Uno et al., 2019; Stepnicki et al., 2018). Assim, a modulação da glicina e D-serina são uma das primeiras estratégias de um novo mecanismo de ação para o tratamento da esquizofrenia, principalmente para os sintomas negativos, já que são agonistas e co-a- gonistas de NMDA com baixo risco de toxicidade. DISCUSSÃO A hipótese dopaminérgica está bem sustentada, mas o fato de muitos pacientes não conseguirem efeito sobre os sintomas negativos da doença sugerem que há outros mecanismos envolvidos. Outro ponto, é que medicamentos como a clozapina, exercerem eficácias no tratamento mesmo não sendo seu alvo a dopamina. A via dopaminérgica também não explica os efeitos do PCP e cetamina no organismo. Além disso, muitos pacientes não respondem a diferentes tratamentos, demonstrando haver outros caminhos para psicopa- tologia da doença (Lops-Munhoz et al., 2011; Theberge et al., 2003; Wenneberg et al., 2019). O envolvimento de glutamato e a hipofunção de NMDA é bem visível quando observados as substân- cias antagonistas de NMDA, onde induzem sintomas positivos e em alguns casos, como o PCP, também indu- zem sintomas negativos. Essas substâncias, cetamina e PCP, prejudicam os impulsos do glutamato ao bloquear NMDA, que causa distúrbios dopaminérgicos ao impe- direm a abertura do canal de glutamato (Messias et al., 2007; Stahl, 2014; Uno et al., 2019). Estes neurotransmissores, dopaminérgicos, seroto- ninérgico e glutamatérgicos estão interligados entre si. Percebemos que se há hipofunção de NMDA, também haverá diminuição de estímulos de GABA, causando sin- tomas positivos, por não conseguir frear a dopamina. Se há mais glutamato interagindo com NMDA, há mais liberação de dopamina, então se houver menos libera- ção de glutamato, terá menos liberação dopaminérgica, acarretando em sintomas negativos da doença (Reis et al., 2011). Como já descritos no presente trabalho, atual- mente o tratamento da esquizofrenia é feito com Hipótese glutaMatéRgica e Hipofunção dos ReceptoRes nMda no tRataMento da esquizofRenia 21 os antipsicóticos típicos e atípicos. Estes medicamen- tos atuam preferencialmente nos receptores dopami- nérgicos, e em menor proporção nos serotoninérgicos. Mas ao explorarmos a via glutamatérgica vemos alguns caminhos promissores, com novos fármacos e alguns já existentes. Prova disso é a ação da clozapina ao bloquear a capitação de glicina, a D-cicloserina (um antitubercu- loso) que facilita a neurotransmissão glutamatérgica pelo NMDAr e a sarcosina que demonstrou eficácia no controle da psicopatologia e dos sintomas negati- vos da doença. Por outro lado, a glicina aumenta o tempo de aber- tura dos canais NMDA, e substancias glicinérgicas diminuem o antagonismo dos receptores NMDA (Beck, 2016; Fone et al., 2020; Peyrovian et al., 2019). Também foi relatado diminuições nos sintomas negativos e positi- vos em pacientes tratados com aminoácidos de glicina e D-serina. Foi apontado que a D-serina induz ativação de NMDA maior que a glicina (Stepnicki et al., 2018). A sarcosina em associação ao tratamento com antip- sicóticos, diminuiu os sintomas positivos e negativos comparado a placebo, porém com efeitos adversos (Uno et al., 2019). A memantina, usada quando as concentrações de glutamato estão altas, melhora os sintomas nega- tivos, mas sem efeitos nos sintomas positivos. Mesmo os estudos com o LY2140023, não tendo sido satisfatórios, eles abrem margem para sugestão de que os pacientes podem sofrer influencias de disfunções glutamatérgicas. Entretanto alguns desses medicamentos apresentam efeitos adversos consideráveis, dificultando sua utili- zação (Uno et al., 2019; Stepnicki et al., 2018). Alguns inibidores de GlyT-1 estão em fase de teste clínicos, mostrando resultados bem promissores, como o ASP2535 e o PF-03463275. A maior parte dos novos medicamentos está em fase de estudos e teste. Todavia podem ser comprovados com drogas já existentes, nas quais há muitos resultados positivos, como exem- plo a glicina. A teoria glutamatérgica e os receptores NMDA abrem margem para tratamentos visando esses mecanismos. Fato é, que precisa-se de mais estudos e pesquisa na área, para a melhoria de alguns medicamentos exis- tentes, como a clozapina e a memantina, quanto para a criação de novas estratégias medicamentosas. Bem como, obter relatos de níveis que provoquem resulta- dos significativos e que sejam seguros para os pacientes, para que não ocorra efeitos tóxicos ou aparecimento de outras doenças. CONCLUSÃO A hipótese glutamatérica e a de hipofunção dos recep- tores NMDA, talvez seja um meio de pesquisa para o surgimento de novas formas de tratamento para a esquizofrenia. Visando menos efeitos adversos e mais ação sobre os efeitos negativos da doença, e também con- trole dos sintomas positivos. Com avanços tecnológicos conseguimos visualizar melhor o cérebro do paciente esquizofrênico, podendo ter melhor compreensão de seu comportamento a nível molecular no Sistema Nervoso Central. Promovendo assim, inúmeros estudos e novas maneiras de se pensar sobre essa perspectiva. Procurando os níveis seguros e efetivos de glutamato, levando em consideração que a baixa de glutamato no SNC, causa sintomas esquizofrênicos, enquanto em níveis altos pode ser tóxico ao organismo. Com avanços tecnológicos e especulações sobre até então um novo caminho de pensamento,com base no glutamato e receptores NMDA, talvez em pouco tempo teremos outros caminhos de tratamento, podendo melhorar assim, a qualidade de vida de pes- soas com esquizofrenia e outros transtornos psicóticos. BIBLIOGRAFIA 1. Aguiar, Carlos Clayton Torres, Alves, Claudênio Diógenes, Rodrigues, Felipe Augusto Rocha, Barros, Francisco Washington Araújo, Sousa, Francisca Cléa Florenço de, Vasconcelos, Silvânia Maria Mendes, & Macedo, Danielle Silveira. (2010). Esquizofrenia: uma doença inflamatória?. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 59(1), 52-57. https://doi.org/10.1590/S0047- 20852010000100008 2. Araripe Neto, A. G. de A., Bressan, R. A., & Busatto Filho, G. (2007). Fisiopatologia da esquizofrenia: aspectos atuais. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), 34, 198–203. https://doi:10.1590/s0101- 60832007000800010 aRtigos 22 3. Araripe Neto, Ary Gadelha de Alencar. (2014). 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