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Inicial - Usucapião Rural

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE LONDRINA, DO ESTADO DO PARANÁ
JOÃO [nome completo], em união estável, trabalhador rural, [número do CPF], [endereço eletrônico], residente e domiciliado na Rua das Bromélias, nº 100, na cidade de Londrina/PR, CEP nº. devidamente representado por seu advogado (procuração anexa), vem respeitosamente à presença de Vossa excelência expor a presente:
AÇÃO DE USUCAPIÃO RURAL
Em face de JULIÃO [nome completo], casado, [profissão], [número do CPF], [endereço eletrônico], [endereço completo], pelos motivos fáticos e fundamentos jurídicos expostos a seguir. 
 I – DOS FATOS
Insta salientar, a priori, acerca do consentimento constante em declaração anexa à exordial (doc. anexo), que denota que o autor e seu companheiro Marcos, têm a posse manda, pacífica e ininterrupta do imóvel rural, registrado sob o nº [...], no Cartório de Registro de Imóveis (certidão em anexo), com área e 35 hectares (vide planta anexa), situado à Rua das Bromélias, nº 100, na cidade de Londrina/PR. 
Inicialmente, cumpre destacar a moradia do Autor e seu companheiro no imóvel há mais quase dez anos.
Referido imóvel encontrava em estado de abandono quando o autor, após tomar sua posse, construiu para si e a família uma casa na qual mora até a presente data. Desde então, passou a tirar da terra seu próprio sustento e o de sua família.
Assim, desde a tomada de referida posse, o autor cuidou do imóvel com animus domini pagando todos os tributos relacionados a ele, o que se comprova com os carnês de IPTU devidamente pagos anexados à presente exordial, sendo certo o fato de que nunca ninguém apareceu para reivindicar a propriedade do imóvel.
Essencial informar, desde já, que o autor nunca foi proprietário de qualquer imóvel, e apresenta esta ação para regularizar a sua situação perante o imóvel objeto da presente, afim de regularizar sua situação após mais de nove anos de moradia no mesmo.
II – DO DIREITO
A nossa Constituição Federal de 1988 tem insculpida em seu artigo 191, caput, a hipótese legal que fundamenta a esta demanda. Nela, o legislador constituinte define as bases gerais para requisição de usucapião de imóvel rural. In verbis:
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
O conceito positivado no texto legal alhures é melhor detalhado pelo Código Civil em seu artigo 1.239, o qual estabelece o seguinte: 
Art. 1239 Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Diante dos requisitos gerais e específicos dispostos pela Carta Magna e pelo Código Civil, é notável o direito da parte autora diante das provas de fato e de direito atinentes ao atendimento deles ao presente caso. 
Em consonância com nossa doutrina, a posse ensejadora da usucapião deve ser exercida com animus domini, sendo considerado como o mais importante de seus requisitos, vez que atua como base de sustentação do próprio instituto. Nesse sentido, valiosa é a lição do Mestre Orlando Gomes, em especial, quando acrescenta, em relação ao tema em construção, com bastante propriedade, que:
“A posse que conduz à Usucapião, deve ser exercida com animus domini, mansa e pacificamente, contínua e publicamente. a) O animus domini precisa ser frisado para, de logo, afastar a possibilidade de Usucapião dos fâmulos da posse. (…) Necessário, por conseguinte, que o possuidor exerça a posse com animus domini. Se há obstáculo objetivo a que possua com esse animus, não pode adquirir a propriedade por usucapião. (. .) Por fim, é preciso que a intenção de possuir como dono exista desde o momento em que o prescribente se apossa do bem. (GOMES, 1996, p. 166 apud Desembargador Raimundo Siqueira Ribeiro, in Ementa Apelação Cível nº. 35970111437 – Usucapião Extraordinário, Rel. Desembargador Raimundo Siqueira Ribeiro, Data da Publicação no Diário: 20.09.2010)”. 
Deste modo, entende-se que a posse exercida pelo autor sob o imóvel é exercida com animus domini, tornando hábil de ser usucapido o objeto da presente demanda. Ademais, não se trata de imóvel público, que, como se sabe, existe vedação expressa na CF/1988 (artigo 183, § 3º). Tal aspecto resta incontroverso ante a análise da matrícula do imóvel anexa. 
No que se tange à qualidade da posse, não resta dúvida se tratar de posse qualificada (ad usucapionem), pois o autor sempre agiu com animus domini, isto é, como se dono fosse. Tanto é verdade que construiu uma casa e pagou anualmente o IPTU do imóvel (docs. anexos), perfazendo a exigência de posse manda, pacífica e ininterrupta. Acerca do assunto, o entendimento doutrinário trazido por Benedito Silvério Ribeiro é o seguinte:
É modo originário de adquirir domínio, com a perda do antigo dono, cujo direito sucumbe em face da aquisição. O proprietário, como já ensinava Lafayette, perde o domínio porque o adquire o possuidor. A transcrição no caso exige-se para o exercício do jus disponendi, mas não é constitutiva.
(RIBEIRO. Benedito Silvério. Tratado de Usucapião. 7ª ed. São Paulo. Saraiva. 2010 p.P. 197-198)
E o Miguel Reale ainda acrescenta:
A posse qualificada com privilégio é “marcada pelo elemento fático caracterizador da função social: é a posse exercida a título de moradia e enriquecida pelo trabalho ou investimento”[6].
Assim, se por falta de cuidado de uma coisa, os poderes inerentes à propriedade forem exercidos por um terceiro, que tem a posse qualificada com privilégio, tornando-a útil no crivo da sociedade, permitir-se-á não só a inversão na proteção, mas, também, a consolidação da propriedade em favor deste terceiro, através da usucapião.
(MIGUEL Reale, apud FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direitos Reais. Rio de Janeiro: Ed. Lumen Juris, 2006, p. 274.)
Quanto a fixação de prazo legal mínimo da posse mansa, pacífica e ininterrupta, conforme determina o artigo 191, caput, da Constituição Federal e 1.239, do Código Civil, qual seja, cinco anos, resta cumprido no presente caso, já que o autor permanece na posse há nove anos, conforme demonstram os documentos anexos. 
Ainda sobre o tema é importante frisar que o autor faz prova de que no local do imóvel desempenha atividade produtiva, conforme farta documentação anexa, requisito este, que deve ser comprovado pelo autor em conjunto com o lapso temporal mínimo de cinco anos, conforme destaca-se do entendimento jurisprudencial, que é majoritário: 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE USUCAPIÃO RURAL. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. APELO DA DEMANDANTE. REJEIÇÃO DO PEDIDO FUNDADA NA IMPOSSIBILIDADE DE CÔMPUTO DA PRESCRIÇÃO AQUISITIVA EM VIRTUDE DA EXISTÊNCIA DE HIPOTECA LANÇADA SOBRE A ÁREA USUCAPIENDA. USUCAPIÃO QUE TEM COMO CARACTERÍSTICA ESSENCIAL A AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA DA PROPRIEDADE. DESVINCULAÇÃO DO PROPRIETÁRIO ANTERIOR E DOS ENCARGOS A ELE VINCULADOS. GRAVAME HIPOTECÁRIO QUE NÃO CARACTERIZA IMPEDIMENTO À POSSE EXERCIDA. NECESSIDADE TÃO SOMENTE DO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS CONTIDOS EM LEI (ART. 191 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E 1.239 DO CÓDIGO CIVIL). PROVA DOS AUTOS HÁBIL A DEMONSTRAR A POSSE MANSA, PACÍFICA, COM ÂNIMO DE DONO SOBRE O IMÓVEL, POR CINCO ANOS, COM A EDIFICAÇÃO DE RESIDÊNCIA E UTILIZAÇÃO DA TERRA PARA ATIVIDADE PRODUTIVA DECORRENTE DO TRABALHO FAMILIAR. REQUISITOS IMPLEMENTADOS. RECONHECIMENTO IMPOSITIVO DA PRESCRIÇÃO AQUISITIVA. PRECEDENTES DA CORTE SUPERIOR. INVERSÃO DOS ENCARGOS SUCUMBENCIAIS. APELO CONHECIDO E PROVIDO. A existência de hipoteca lançada sobre imóvel não obsta o reconhecimento da prescrição aquisitiva, na medida em que o usucapião tem por característica primordial a aquisição originária da propriedade,não guardando qualquer relação de continuidade com a propriedade anterior. Em outras palavras, para a declaração do instituto afigura-se necessário somente o preenchimento dos requisitos legais contidos no dispositivo específico, exsurgindo relação original que não guarda vínculo algum com as situações jurídicas preexistentes.
(TJ-SC - AC: 00011991220058240043 Mondai 0001199-12.2005.8.24.0043, Relator: Luiz Felipe Schuch, Data de Julgamento: 17/07/2017, Câmara Especial Regional de Chapecó) (Grifo nosso)
Ainda:
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE CITAÇÃO DE LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. REGULARIDADE NA FORMAÇÃO DA LIDE. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO DE IMÓVEL RURAL, SATISFAÇÃO DOS REQUISITOS FORMAIS DO TEMPO, POSSE MANSA E PACÍFICA E ANIMUS DOMINI (PROPÓSITO DE ADQUIRIR A PROPRIEDADE). FIXAÇÃO DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS NO PATAMAR MÁXIMO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. NOMEAÇÃO DE ADVOGADO DATIVO. DEVER DE PRESTAÇÃO DE ATIVIDADE JURIDICA ATE O FINAL DO PROCESSO. 1. Sendo citados os confinantes e os proprietários do imóvel usucapido, além da expedição de edital de citação dos eventuais interessados ausentes e desconhecidos, não subsiste nulidade processual por ausência de citação dos supostos litisconsortes passivos necessários. 2. O conjunto probatório demonstra que o usucapiente satisfez todos os pressupostos (previstos no art. 1.238, do CC/2002) para a aquisição da propriedade do imóvel rural por meio de usucapião extraordinária, detendo a posse mansa e pacífica por mais de 30 (trinta) anos, bem como agindo com animus domini, ou seja, manifestando ao longo do tempo o propósito de possuir a coisa como verdadeiro proprietário, ao desenvolver atividades produtivas no bem usucapido. 3. A fixação de honorários advocatícios acima do mínimo legal, conforme estabelecido pelo art. 5, § 2º, do CPC/2015, deve ser devidamente fundamentada, o que não aconteceu na espécie. 4 4. O art. 2º, § 2º, da Lei Estadual n. 3.165/2016, que estabelece critérios para a nomeação, remuneração e pagamento de advogados dativos no Estado do Acre, determina que o advogado dativo prestará assistência até o final do processo, ou seja, a atuação do representante cessará somente depois do trânsito em julgado da causa. 5. Apelação parcialmente provida.
(TJ-AC - APL: 07008061320168010007 AC 0700806-13.2016.8.01.0007, Relator: Luís Camolez, Data de Julgamento: 06/02/2020, Primeira Câmara Cível, Data de Publicação: 16/03/2020)
No que atine ao preenchimento dos requisitos específicos, destaque-se: todos encontram-se presente, uma vez que a área do imóvel rural é inferior a 50 hectares, bem como o autor declara sob as penas da lei que não possui qualquer outro imóvel em seu nome. 
Destarte, o autor atende a todos os requisitos (constitucionais e legais), preenchendo as condições para que seja declarado seu o domínio da propriedade, o que o requer.
III – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer o autor pela total PROCEDÊNCIA da presente ação e, especificamente, pugna pelo atendimento dos seguintes pedidos: 
I. Citação do réu pelo correio, nos moldes dos artigos 246 e 248, ambos do Código de Processo Civil, para que apresente contestação, sob pena de revelia, conforme previsto no artigo 344 do Código de Processo Civil, incluindo também a citação dos possuidores dos imóveis confinantes: FAZENDA DA Paz LTDA e dos cônjuges Francisco e Rosa, nos endereços indicados no documento anexo (que demonstra a situação de vizinhança, nos termos do artigo 246, § 3º, do Código de Processo Civil).
II. Cientificação das Fazendas Públicas Municipal, Estadual e da União. 
III. O autor declara seu desinteresse na autocomposição nos termos do artigo 334, § 5º do Código de Processo Civil. 
IV. Requer-se a produção de todos os meios de prova admitidos em direito, em especial a produção de prova testemunhal, conforme artigo 442, do Código de Processo Civil, afim de demonstrar a presença dos elementos da usucapião rural. 
V. Pugna-se pela procedência integral da presente ação, especialmente para o fim de que seja declarado o domínio do autor sobre o imóvel. 
VI. A condenação da parte requerida ao pagamento dos honorários advocatícios, das custas e das despesas processuais, nos termos dos artigos 82, § 2º, e 85, ambos do Código de Processo Civil. 
VII. Remessa dos autos ao Ministério Público a fim de proferir seu parecer preliminar, bem como proceda ao acompanhamento da presente ação. 
VIII. Protesta pela juntada das guias de recolhimento de custas processuais.
Atribui-se à causa o valor de R$ [...], calculado conforme artigo 292, IV, do Código de Processo Civil. 
Londrina, 24 de março de 2020.
Nome do advogado
Número de inscrição na OAB
(Assinado digitalmente)
Documento assinado digitalmente por meio de Certificado Digital.

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