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Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem para a fístula arteriovenosa Editores Maria Teresa Parisotto Jitka Pancirova Canulação e Cuidado PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem para a fístula arteriovenosa Este livro é uma iniciativa de Maria Teresa Parisotto (Director Nursing Care Management, NephroCare Coordination, Fresenius Medical Care Deutschland GmbH), Alemanha e Jitka Pancirova, (EDTNA/ERCA Executive Director), República Checa PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Autores: Alberto Garcia Iglesias RN, Espanha Cristina Miriunis RN, B.Ec., Alemanha Dr. Francesco Pelliccia RN, MSc, Itália Iain Morris RN, Reino Unido Iris Romach RN, MA, Israel Joao Fazendeiro Matos RN, BSc, MBA (c), Portugal Mihai Preda RN, Dipl.-Ing. Roménia Nicola Ward RN, Reino Unido Raffaella Beltrandi RN, Itália Ricardo Peralta RN, BSc, Portugal Theodora Kafkia RN, MSc, PhD (c), Clinical Lecturer, Grécia Com a colaboração de: Jean Pierre Van Waeleghem RN, BSN, Bélgica Victor Moscardó RN, Alemanha Dott. Frank Laukhuf MD, Nephrologist, Alemanha Volker Schoder Sc., Dipl. Statistician, Alemanha Prof. Dr. Daniele Marcelli MD, MBA, Nephrologist, Epidemiologist, Alemanha Dr. Adelheid Gauly PhD, MBA, Alemanha Dr. Stefano Stuard MD, PhD, Nephrologist, Alemanha Revisores: Dr. Richard Fluck FRCP, MA (Cantab), MBBS, Nephrologist Immediate past President, British Renal Society, Reino Unido Dr. Maurizio Gallieni MD, FASN, Nephrologist, Researcher at University of Milan, President, the Vascular Access Society, Itália PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Dr. Otto Arkossy MD, Nephrologist Board Member of the Hungarian Society of Nephrology, Hungria Emine Unal RN, Turquia Natalie Beddows RN, Reino Unido Marjelka Trkulja RN, EDTNA/ERCA Brand Ambassador, Croácia Versão portuguesa – tradução, atualização e revisão: João Fazendeiro Matos RN, BSc, MMBA, Portugal Dr. Carla Félix Translator, BSc, Portugal Ricardo Peralta RN, BSc, Portugal Bruno Pinto RN, BSc, Portugal Raquel Ribeiro RN, EDTNA/ERCA Brand Ambassador, Portugal PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Todos os direitos são reservados pelo autor e editor, incluindo os direitos de reimpressão, reprodução em qualquer forma e tradução. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, armazenada num sistema de recuperação ou transmitida, de qualquer forma ou meio, seja eletrónico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro, sem a prévia autorização por escrito do editor. As ilustrações incluídas nesta publicação são propriedade da Fresenius Medical Care Deutschland GmbH e não podem ser usadas sem permissão prévia do proprietário. Primeira edição: Setembro 2014 Segunda edição: Setembro 2015 European Dialysis and Transplant Nurses Association/ European Renal Care Association (EDTNA/ERCA) Pilatusstrasse 35, CH 6003 Lucerne, Switzerland www.edtnaerca.org ISBN: 978-84-617-4775-7 D.L.: M-32387-2016 Layout, Encadernação e Impressão: Imprenta Tomás Hermanos Río Manzanares, 42-44 • E28970 Humanes de Madrid Madrid - Spain www.tomashermanos.com PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Agradecimentos 7 PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 8 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem Agradecimentos Este livro é uma iniciativa da Fresenius Medical Care e da EDTNA/ERCA. Agradecemos sinceramente aos autores, aos revisores e a todos os que deram o seu contributo, pela sua colaboração e entusiasmo por este projeto. O conteúdo produzido é um excelente exemplo de trabalho de equipa multidisciplinar e internacional que resultou no desenvolvimento deste manual de boas práticas para o aspeto mais importante do cuidado à pessoa doente em tratamento de hemodiálise. Editores Maria Teresa Parisotto, Director Nursing Care Management, NephroCare Coordination, Fresenius Medical Care Deutschland GmbH, Bad Homburg, Alemanha Jitka Pancirova EDTNA/ERCA Executive Director, Prague, República Checa Patrocinadores A Fresenius Medical Care Deutschland GmbH apoiou gentilmente o desenvolvimento do “Canulação e Cuidado do Acesso Vascular. Manual de boas práticas de enfermagem para a fístula arteriovenosa”. Este livro é o resultado desse projeto. PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Agradecimentos 9 PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Índice 11 PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 12 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem 1. Prefácio ................................................................................. 17 2. Sumário executivo ................................................................ 23 3. Introdução ............................................................................. 27 3.1 Objetivos da utilização deste manual de boas práticas ... 29 3.2 Grupos suscetíveis de beneficiar deste manual de boas práticas ............................................................. 29 3.3 Âmbito deste manual de boas práticas .......................... 30 4. História .................................................................................. 33 5. Acessos Vasculares para Hemodiálise ................................. 37 5.1 Tipos de Acessos Vasculares ........................................ 38 6. Fístula Arteriovenosa ............................................................ 41 6.1 Momento para a construção da Fístula Arteriovenosa ... 42 6.2 Seleção dos Vasos ......................................................... 46 6.2.1 Artéria ................................................................... 46 6.2.2 Veia ...................................................................... 47 6.3 Localização para criação de uma Fístula Arteriovenosa ....................................... 48 6.4 Tipos de Anastomose ..................................................... 49 6.5 Maturação ...................................................................... 51 6.5.1 Processo de maturação ....................................... 51 6.5.2 Tempo de maturação ........................................... 52 6.6 Falha no amadurecimento de uma FAV ......................... 53 6.6.1 Avaliação instrumental do processo de maturação ....................................................... 55 PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N13 Índice 7. Higiene e Controlo de Infeção .............................................. 57 7.1 Higiene das mãos .......................................................... 59 7.2 Equipamentos de proteção individual (EPI) e roupas de trabalho ...................................................... 60 7.2.1 Luvas .................................................................... 61 7.2.2 Proteções de boca, nariz, olhos e cabelo ............ 61 7.2.3 Aventais e Batas .................................................. 62 7.2.4 Uniformes ............................................................. 62 8. Canulação da Fístula Arteriovenosa ..................................... 65 8.1 Competências e responsabilidades ............................... 66 8.2 Preparação e avaliação ................................................. 67 8.2.1 Preparação ........................................................... 68 8.2.2 Avaliação .............................................................. 70 8.2.3 Preparação para canulação da fístula arteriovenosa ............................................ 72 8.3 Primeira canulação ........................................................ 73 8.3.1 Procedimento ........................................................ 73 8.4 Técnicas de canulação .................................................. 78 8.4.1 Técnica em escada .............................................. 79 8.4.2 Técnica em botoeira ............................................. 82 8.4.3 Técnica em área .................................................. 87 8.4.4 Belonofobia (medo de injeções/agulhas) ............. 91 8.5 Remoção das agulhas e hemóstase .............................. 91 8.6 Complicações relacionadas com a canulação da fístula arteriovenosa .................................................. 96 8.6.1 Infiltração/Hematoma ........................................... 96 PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 14 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem 8.6.2 Pseudoaneurisma ................................................ 98 8.6.3 Infeções ................................................................ 99 9. Complicações Relacionadas com a Fístula Arteriovenosa ... 104 9.1 Estenose ...................................................................... 104 9.2 Trombose ..................................................................... 108 9.3 Aneurisma ..................................................................... 111 9.4 Complicações causadas pela Fístula Arteriovenosa ... 112 9.4.1 Complicações cardíacas .................................... 112 9.4.2 Síndrome de roubo ............................................ 113 10. Monitorização e Avaliação da Fístula Arteriovenosa .......... 119 10.1 Monitorização da Fístula Arteriovenosa ..................... 120 10.1.1 Avaliação dinâmica das pressões venosa e arterial ............................................................. 120 10.1.2 Medição da recirculação de sangue ................ 121 10.1.3 Eficácia dialítica ............................................... 122 10.1.4 Avaliação instrumental da fístula arteriovenosa .................................... 122 11. Reportar Incidentes da Fístula Arteriovenosa ..................... 127 11.1 O Quê, Quando e Porquê reportar ............................. 128 11.2 Ferramentas para referenciação ................................ 137 11.2.1 Dados em papel ............................................... 138 11.2.2 Dados eletrónicos ............................................. 138 11.3 Medidas corretivas ..................................................... 139 11.4 Seguimento das ações corretivas .............................. 140 PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 15 Índice 12. Formação da pessoa doente para cuidar da Fístula Arteriovenosa ..................................................... 143 12.1 Preservação dos vasos antes da construção da Fístula Arteriovenosa ............................................ 145 12.2 Cuidados com a Fístula Arteriovenosa ...................... 146 12.2.1 Construção da FAV .......................................... 146 12.2.2 Maturação da fístula arteriovenosa .................. 147 12.3 Proteja a linha de vida - aspetos a considerar na vida diária de uma pessoa doente ......................... 150 12.4 Complicações na Fístula Arteriovenosa ..................... 151 13. Da Observação Empírica à Evidência Clínica .................... 157 13.1 Recomendações para as melhores práticas de canulação ............................................................. 163 14. Conclusões ......................................................................... 167 15. Apêndices ........................................................................... 171 15.1 Abreviaturas ............................................................... 172 15.2 Bibliografia ................................................................. 174 16. Índice remissivo .................................................................. 179PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Prefácio 17 PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 18 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem Finalmente revelado: ‘Acesso Vascular – Um Manual muito aguardado sobre a Arte da Canulação’ O acesso vascular é considerado simultaneamente a ‘linha de vida’ e o ‘calcanhar de Aquiles’ da pessoa com doença renal crónica. Apesar do progresso e das recomendações de melhores práticas, o acesso vascular continua a ser o ponto fraco da cadeia de terapia de substituição renal, gerando uma sobrecarga significativa para a pessoa doente e para o sistema de saúde. A morbilidade do acesso vascular, incluindo problemas de maturação, disfunção (exigindo intervenção repetitiva, revisão, angioplastia), infeção ou complicações mais graves (edema do membro do acesso, síndrome de roubo, insuficiência cardíaca) é a terceira causa mais frequente de hospitalização em doentes em tratamento de hemodiálise. Apesar dos progressos técnicos na cirurgia do acesso vascular, no desenvolvimento de próteses e na imagiologia e monitorização, a fístula arteriovenosa autóloga (FAV) criada há mais de 50 anos por Cimino e Brescia continua a ser o ‘gold standard’ que proporciona os melhores resultados tanto a curto como a longo prazo. Em todo o mundo, a FAV é reconhecida, com base em evidências e na experiência clínica partilhada, como tendo o melhor rácio custo-eficiência e custo-utilidade em termos de acesso vascular e por esse motivo deve ser considerada como a primeira opção de acesso vascular em quase todas as circunstâncias. Além disso, um estudo observacional internacional relacionou os resultados da diálise com os padrões de práticas - Dialysis Outcomes and Practice Patterns Study (DOPPS) - e identificou claramente que as práticas clínicas têm um grande impacto nos resultados das FAV. Este padrão de práticas tem sido particularmente bem estabelecido no domínio PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Prefácio 19da gestão do acesso vascular,mostrando que a perícia da equipa é de suma importância para a melhoria dos resultados nomeadamente quanto à criação, monitorização e canulação do acesso vascular. Muito poucos estudos se focaram na associação entre as práticas de canulação do acesso vascular e a sobrevivência da FAV de modo a disponibilizar orientações sobre as melhores práticas aos enfermeiros de diálise que executam essas tarefas à cabeceira do doente. Com a publicação deste manual, Maria Teresa Parisotto e Jitka Pancirova, sob a égide da EDTNA/ERCA, preencheram esta lacuna produzindo um manual de boas práticas de enfermagem para a canulação e cuidado do acesso vascular. A Arte da Canulação do acesso vascular foi resumida num manual prático, científico e de fácil leitura que todos os enfermeiros e/ou prestadores de cuidados devem ler a fim de melhorarem as suas próprias práticas. A Arte da Canulação sugere que a canulação de uma FAV com uma agulha exige não só a aquisição de conhecimento, mas também perícia por parte dos enfermeiros. Do ponto de vista médico e psicológico é importante salientar que a canulação do acesso vascular é um drama recorrente que é levado a cena três vezes por semana, tendo como protagonistas a pessoa doente e o enfermeiro de diálise, sob a prescrição de elenco de um nefrologista, num ambiente de bastidores muito desgastante e “sangrento”, a unidade de hemodiálise. Cada encenação da peça é constituída por três atos com as cenas correspondentes que são descritas detalhadamente neste manual. Primeiro ato, “a preparação”: as diferentes cenas começam com a preparação psicológica e passam pela preparação do antebraço/braço, pela escolha das agulhas e dos materiais, pela avaliação do acesso vascular, pela limpeza e desinfeção do braço e pela utilização de PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 20 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem anestesia local se necessário. Segundo ato, “a canulação”: trata da inserção das agulhas e tem cenas sobre a escolha da técnica adequada e dos materiais apropriados, sobre a fixação das agulhas para garantir segurança absoluta, sobre a definição dos parâmetros do fluxo de sangue necessário para a adequação da diálise e sobre a verificação de que isso pode ser conseguido e mantido ao longo de toda a sessão de diálise. Terceiro ato, “a desconexão”: as cenas de reinfusão de sangue à pessoa doente e de remoção das agulhas devem ser entendidas como o desenlace do drama. Em resumo, este manual de enfermagem prático e bem documentado sobre a canulação e cuidado do acesso vascular será seguramente bem recebido pelos enfermeiros e pelos prestadores de cuidados na área da diálise. Vem preencher a lacuna que existia entre as melhores guidelines clínicas e a necessidade de implementar diariamente as melhores práticas clínicas neste domínio. Gostaria de felicitar/ agradecer, a todos aqueles que deram o seu contributo, pelo excelente trabalho realizado. A minha esperança é que “A Arte da Canulação” do acesso vascular venha contribuir para a melhoria dos cuidados diários às pessoas doentes e reduzir o peso e o drama associados à canulação do acesso vascular para a pessoa doente em tratamento de hemodiálise. Prof. Bernard Canaud, Emeritus Professor of Nephrology at the School of Medicine of Montpellier University I, Montpellier, France, and Chairman of the Medical Board at Fresenius Medical Care Deutschland GmbH, Bad Homburg, Alemanha PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Prefácio 21 PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Sumário Executivo 23 PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 24 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem Sumário Executivo Para pessoas com doença renal crónica (DRC) em tratamento de hemodiálise, a fístula arteriovenosa (FAV) é quase literalmente a sua linha de vida. Fornece o meio através do qual o seu sangue pode ser remotamente filtrado para remover potenciais toxinas e devolvido ao seu organismo. De facto, o sucesso da hemodiálise a longo prazo depende essencialmente da pessoa doente ter um acesso vascular (AV) sem problemas - e a FAV é considerada o gold standard dos AV para diálise. É importante que a localização da FAV seja cuidadosamente escolhida. Precisa de ser facilmente acessível para o procedimento de diálise e ao mesmo tempo ter complicações mínimas para a pessoa doente. Como as áreas que satisfazem ambos os requisitos são limitadas, é muito importante manter o funcionamento da FAV durante o maior período possível. Enquanto o cirurgião desempenha claramente um papel vital na criação de um AV que funcione bem, os enfermeiros de diálise, os membros da equipa multidisciplinar e as próprias pessoas doentes também têm importantes papéis a desempenhar. Utilizar a técnica de canulação correta para realizar o tratamento de diálise é crucial para a sobrevivência a longo prazo da FAV. Em geral, o enfermeiro de diálise é responsável pela canulação e portanto deve aprender e desenvolver esta competência de modo a evitar causar às pessoas doentes dor e desconforto desnecessários, para garantir que o acesso funcione bem e para reduzir o risco de infeção e outras morbilidades. Até à data, têm estado em falta materiais formativos e orientações de melhores práticas destinados especificamente aos enfermeiros de diálise. PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Sumário Executivo 25Este Manual, que foi desenvolvido por um painel internacional de peritos, visa definir as práticas de canulação com base nas mais recentes evidências clínicas disponíveis, e produzir recomendações sobre canulação e cuidado da FAV. Começa por explicar como e porquê é criada uma FAV, e os fatores que influenciam o momento em que o procedimento é realizado e a localização da FAV. Realça a importância fundamental de uma boa higiene e controlo de infeção, incluindo recomendações relativamente ao equipamento de proteção individual. O Manual faz recomendações detalhadas para permitir aos enfermeiros estudar, planear, implementar e avaliar os cuidados a prestar às pessoas doentes antes, durante e depois da canulação da FAV, e reconhecer e gerir as complicações associadas ao AV. Fornece orientações passo a passo para a seleção e realização das diferentes técnicas de canulação, incluindo listas de verificação dos equipamentos necessários e recomendações de registo e comunicação de complicações. Além disso é ainda salientada a necessidade de dispor de enfermeiros de diálise muito experientes para treinar os restantes enfermeiros nas competências que estes adquiriram. A falência do AV é a maior causa de morbilidade e pode resultar em hospitalização e/ou perda do local do acesso. Os enfermeiros devem portanto educar as pessoas doentes sobre os cuidados a ter para conservar a FAV, os cuidados diários a manter e como reconhecer sinais e sintomas de possíveis complicações. Por fim, o Manual relembra que a natureza altamente invasiva e frequente da hemodiálise pode ser um grande fardo para as pessoas doentes, que estas podem precisar de ajuda para compreender o seu diagnóstico e tratamento, e podem precisar de apoio emocional para lidar com as alterações feitas pelo tratamentonas suas vidas. PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 26 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem O cuidado e gestão de um AV para hemodiálise não estão isentos de desafios. Este Manual foi concebido para abordar alguns desses desafios e para sensibilizar para a importância de uma FAV saudável e eficaz. Ao fazê-lo, o Manual pretende contribuir para a melhoria dos cuidados prestados às pessoas com DRC. PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Introdução 27 PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 28 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem 3. Introdução Em grande parte, o sucesso da hemodiálise a longo prazo depende da pessoa doente ter um acesso vascular (AV) sem problemas. As complicações relacionadas com o AV continuam a ser um problema clínico grave, sendo a falência do AV uma importante causa de morbilidade e conduzindo a uma elevada percentagem de hospitalizações na população em diálise. A fístula arteriovenosa (FAV) tem sido usada desde que foi criada pela primeira vez há mais de 40 anos. Tradicionalmente, o principal canulador na comunidade da diálise é o enfermeiro de diálise; no entanto, atualmente há apenas algumas recomendações, orientações e materiais educativos disponíveis para enfermeiros de diálise na literatura publicada, e quase todas as unidade de diálise têm a sua própria técnica e procedimento. As guidelines atualmente disponíveis são essencialmente dirigidas aos médicos e não descrevem técnicas de canulação. Para o tratamento de hemodiálise é necessário um AV através do qual possa ser obtido um fluxo de sangue adequado para garantir a remoção de toxinas e o retorno do sangue à pessoa doente. O AV, como é usado regularmente, deve ser fiável e fácil de utilizar, com risco mínimo para a pessoa doente. Conseguir obter AV de boa qualidade, fiáveis e seguros é difícil. Isso é tornado possível recorrendo ao uso de uma FAV ou de Enxertos Arteriovenosos sintéticos (EAV) feitos p. ex. de politetrafluoretileno (PTFE) em vez de Cateteres Venosos Centrais (CVC). A FAV é o AV preferido quando comparado com o EAV e o CVC devido à relativamente maior duração do acesso que resulta da ocorrência de menos episódios de trombose e infeções, de menos hospitalizações e de menores custos. A FAV é o gold standard dos acessos para hemodiálise, PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Introdução 29demonstrando ter melhores taxas de sobrevivência e menor número de complicações do que o EAV ou o CVC. A FAV deve ser visível, palpável, ter sopro, não ter quaisquer sinais de infeção e deve permitir uma diálise adequada. O sucesso de um AV pode ser medido pela sua capacidade de proporcionar um fornecimento adequado de sangue (e, por conseguinte, um fluxo de sangue aceitável), pela sobrevivência do acesso e pelo número de complicações que lhe são associadas. Um AV deficiente pode causar aumento das hospitalizações, diálises inadequadas e complicações que conduzem a maiores taxas de mortalidade. 3.1 Objetivos da utilização deste manual de boas práticas • Sensibilizar para a importância da FAV como ‘a linha de vida da pessoa doente’ • Definir práticas de canulação da FAV baseadas nas evidências clínicas disponíveis e assim minimizar as complicações • Disponibilizar recomendações sobre canulação e cuidado da FAV • Melhorar a qualidade dos cuidados prestados à pessoa doente 3.2 Grupos suscetíveis de beneficiar deste manual de boas práticas • Enfermeiros • Médicos • Auxiliares • Pessoas doentes • Entidades pagadoras PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 30 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem Os enfermeiros, em particular, desempenham um papel crucial na gestão da FAV, portanto é essencial concentrarmo-nos nas suas necessidades formativas e disponibilizar orientação nesta área. Este manual de boas práticas foi concebido para ajudar e apoiar todas as equipas envolvidas relativamente à abordagem mais adequada para gerir, preservar e prolongar a vida da FAV. A formação das pessoas doentes é essencial para garantir o melhor cuidado da FAV. 3.3 Âmbito deste manual de boas práticas Incluído no âmbito de aplicação: • Fistula Arteriovenosa • Responsabilidades do enfermeiro • Avaliação da FAV • Higiene e controlo de infeção • Técnicas de canulação • Remoção de agulhas e hemóstase • Complicações: prevenção e deteção • Documentação e relatórios • Formação da pessoa doente Fora do âmbito de aplicação: • Enxertos Arteriovenosos (EAV) • Cateteres Venosos Centrais (CVC) • Auto-canulação pela pessoa doente PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Introdução 31 PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N História 33 PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 34 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem O acesso vascular para hemodiálise está estreitamente relacionado com a história da diálise. O desafio do acesso repetido ao sistema circulatório impediu a diálise de se tornar um método de tratamento de rotina. Em 1924, o alemão Georg Haas realizou o primeiro tratamento de diálise em seres humanos. Num procedimento de 15 minutos, ele utilizou cânulas de vidro para aceder à artéria radial e devolver sangue à veia cubital. Em 1943, o holandês Willem Kolff desenvolveu um ‘rim de cilindros rotativos’ com uma maior superfície de filtro feito de celofane. O primeiro doente que dialisou fez 12 tratamentos de diálise, mas depois a terapia foi interrompida devido ao esgotamento dos locais de acesso, uma vez que cada cânula tinha de ser colocada num local de incisão distinto ao longo da artéria. Os resultados mudaram drasticamente nos anos 60, quando a ideia de ligar uma artéria e uma veia, usando um tubo de plástico e uma cânula de vidro, inicialmente considerada pelo sueco Nils Alwall, foi desenvolvida por Quinton, Dillard e Scribner e transformada num shunt arteriovenoso externo em Teflon. O primeiro doente que trataram sobreviveu durante mais de 10 anos após a inserção deste primeiro shunt arteriovenoso em Teflon, em março de 1960. As extremidades cónicas das duas cânulas de Teflon de parede fina foram inseridas na artéria radial e na veia cefálica adjacente, respetivamente, no antebraço distal. Quando não estavam em uso para diálise, as extremidades externas eram ligadas por um tubo curvo em Teflon que mais tarde foi substituído por tubos de borracha flexível em silicone. Em 1961, quando Stanley Shaldon não conseguiu encontrar um cirurgião para colocar a necessária cânula de diálise, usou PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N História 35 a técnica de Seldinger para inserir cateteres na artéria e veia femoral. A FAV nativa nasceu em 1966, quando Brescia,Cimino, Appel e Hurwich publicaram o marco atingido de 14 anastomoses latero-laterais entre a artéria radial e a veia cefálica no pulso. Em 1968, Lars Röhl apresentou resultados de 30 doentes com anastomoses latero-terminais entre a artéria radial e a veia cefálica. Mais tarde, em 1977, a fístula de Gracz foi apresentada e posteriormente modificada por Klaus Konner. Tratava-se de uma fístula no antebraço proximal que dependia da perfuração da veia desde o sistema venoso superficial ao profundo do antebraço para limitar o fluxo de sangue na fístula e prevenir a ocorrência de síndrome de roubo em doentes com doença arterial periférica devido à idade, hipertensão ou diabetes. Em 1969 George Thomas colocou segmentos (patches) de Dacron à artéria e veia femoral comum, que foram, em seguida, ligadas com um tubo silástico e trazidas para a superfície da parte anterior da coxa. O shunt de Thomas foi rapidamente substituído pelo enxerto de politetrafluoretileno (PTFE) expandido, quando LD Baker apresentou os primeiros resultados em 72 doentes hemodialisados em 1976. O PTFE continua a ser o material preferido para os enxertos, apesar de existirem enxertos feitos de materiais biológicos desde 1972. PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Acessos Vasculares para Hemodiálise 37 37 PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 3838 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem 5. Acessos Vasculares para Hemodiálise 5.1 Tipos de Acessos Vasculares Existem três tipos de AV para hemodiálise que têm vida útil diferente após a sua criação: • O Cateter Venoso Central pode ser utilizado imediatamente após inserção (ver a Figura 1) • O Enxerto Arteriovenoso pode ser usado para realizar tratamento de diálise 2-3 semanas após a sua implantação; contudo alguns (Enxertos de canulação precoce - early cannulation grafts) podem ser utilizados um dia após a sua implantação (ver Figura 2) • A Fístula Arteriovenosa geralmente pode ser usada para realizar tratamento de diálise entre 6-12 semanas após a sua criação, em circunstâncias selecionadas, pode ser utilizada 4 semanas após criação (ver Figura 3) A escolha do AV depende do estado vascular e do estado clínico da pessoa doente bem como do tempo disponível até ao início do tratamento de hemodiálise. Atualmente as guidelines recomendam a FAV como o gold standard para acesso de hemodiálise, em detrimento do CVC e do EAV. Quando comparada com o CVC ou o EAV, a FAV é associada a: • Maior longevidade e menores taxas de complicações • Menos episódios de trombose e infeções • Dose de diálise ideal • Menor número de hospitalizações • Menores Custos PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Acessos Vasculares para Hemodiálise 39 Figura 1. Cateter Venoso Central Figura 2. Enxerto Arteriovenoso Figura 3. Fistula Arteriovenosa PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Fístula Arteriovenosa 41 PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 4242 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem 6 Fístula Arteriovenosa Uma FAV é uma “ligação construída cirurgicamente entre uma artéria anastomosada a uma veia justaposta (próximas), permitindo que o sangue arterial de alta pressão flua diretamente para a veia causando o seu alargamento e espessamento da sua parede”1. Este procedimento é conhecido como arterialização seguido de maturação da veia, necessário para proporcionar ao AV um fluxo de sangue adequado para hemodiálise e resistência suficientes para uma canulação eficaz. O vaso a jusante (outflow) deve idealmente localizar-se à superfície cutânea ou ser superficializado cirurgicamente1. A construção de uma FAV com bom funcionamento não é simples de conseguir e por vezes requer correções funcionais - mesmo antes da primeira utilização. Portanto, uma FAV deve ser criada o mais cedo possível, de preferência até 6 meses antes da primeira utilização.2 6.1 Momento para a construção da Fístula Arteriovenosa É fortemente recomendado o encaminhamento precoce das pessoas com doença renal crónica (DRC) para um nefrologis- ta e/ou cirurgião vascular. Essa abordagem ajuda a preservar os futuros locais para o AV e proporciona tempo suficiente para planear a sua construção e uma maturação adequada.3 Recomendações baseadas na Taxa de Filtração Glomerular (TFG): • TFG <30 mL/min/1,73 m2 - iniciar ensino ao doente e família sobre a Insuficiência Renal Crónica (IRC) estadio 5, incluindo as opções terapêuticas, nomeadamente o transplante, as alternativas de diálise, e respetivos acessos; PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Fístula Arteriovenosa 43 • TFG ~ 20 mL/min/1,73 m2 - ponderar a criação de acesso para diálise (FAV, cateter peritoneal) e dar início ao procedimento para a lista de transplante; • TFG ≤10 mL/min/1,73 m2 - iniciar diálise de acordo com a avaliação do nefrologista. Os doentes com IRC estadio 4 ou aqueles que apresentam uma TFG em rápida deterioração, devem ser acompanhados por um nefrologista que fará a avaliação de necessidade de início de Terapia Renal Substitutiva (TRS). Se a hemodiálise for a opção de tratamento preferida, a decisão sobre qual o AV mais adequado deve ser tomada em simultâneo. Uma avaliação completa do doente é recomendada antes da criação de uma FAV (Tabela 1).3 Tabela 1. Recomendações para avaliação do doente antes da criação da Fístula Arteriovenosa Aspetos a considerar Racional História prévia de CVC, pacemaker Antecedentes de implantação de cateter arterial ou periférico (ex.: doença oncológica) Associado a estenose da veia subclávia Canulações repetidas dos vasos dos membros superiores podem causar danos e limitar a construção de uma FAV Diabetes Mellitus Pessoas com diabetes têm maior risco de desenvolver doença vascular periférica (DVP). Esta ocorre quando placas ateroscleróticas, compostas de colesterol e outras substâncias gordas presentes no sangue, se acumulam nas paredes das artérias, limitando o fluxo de sangue. PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 4444 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem Aspetos a considerar Racional Terapia anticoagulante ou distúrbios hemorreológicos Complicações durante o uso da FAV, como hemorragia após o tratamento e distúrbios hemorreológicos Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) Pode ser exacerbada devido ao fluxo sanguíneo adicional exigido pela FAV Substituição de válvula cardíaca Pode levar ao aumento do risco de infeções cardíacas Comorbilidades que reduzem a expectativa de vida Possibilidade de ocorrer o óbito da pessoa doente antes da FAV estar pronta para ser usada Trauma ou cirurgia anterior nos membros superiores, tórax ou no pescoço Pode prejudicar os vasos sanguíneos dos braços O braço dominante O braço dominante deve ser evitado, sepossível, para minimizar o impacto na qualidade de vida dos doentes Antecipação de um transplante de rim de um doador vivo Uma FAV pode não ser necessária; um CVC ou um Cateter de Diálise Peritoneal pode ser suficiente para um curto período de tempo antes do transplante. Exame físico e Eco- Doppler das artérias e veias dos braços Avaliar a condição do sistema de vasos sanguíneos, em particular veias colaterais nas extremidades Avaliação do edema nos braços Edema indica problemas de fluxo venoso que podem limitar o desenvolvimento de uma FAV PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Fístula Arteriovenosa 45 Aspetos a considerar Racional Compatibilidade do membro (dimensão) e presença de cicatrizes Avaliar se há espaço suficiente para canular Belonofobia (medo de injeções, agulhas) Pode aumentar as dificuldades associadas à canulação. (A diálise peritoneal pode ser uma alternativa) Índice de massa corporal (IMC) superior a 35 kg/m2 É necessária uma avaliação cuidadosa das veias em doentes obesos. Pode ser necessária transposição do vaso Género Diferenças entre os géneros podem em parte ser devidas ao menor diâmetro dos vasos em mulheres. No entanto, mesmo quando é realizado um mapeamento vascular pré-operatório de rotina de forma a selecionar os vasos com diâmetro adequados, um amadurecimento com sucesso de uma FAV nas mulheres tem menos sucesso comparativamente aos homens4. PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 4646 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem 6.2 Seleção dos Vasos 6.2.1 Artéria A principal artéria do braço é a artéria braquial que vai do ombro até ao cotovelo, ramificando-se posteriormente em duas outras artérias - a radial e ulnar - que mais tarde se sub- dividem em artérias menores (ver Figura 4). Uma FAV pode ser criada ao longo destas artérias, dependendo do sistema cardiovascular do doente e respetiva avaliação instrumental (mapeamento vascular).5,6 Figura 4. Anatomia dos vasos sanguíneos no braço PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Fístula Arteriovenosa 47 Requisitos da artéria para a criação de uma FAV: • Entrada desobstruída, com bom débito, no vaso arterial selecionado; • Arco palmar patente; • Presença no local planeado da anastomose de um diâmetro luminal de 2,0 mm ou superior; • O vaso possuir a capacidade de se dilatar após a criação da FAV, que é por vezes um requisito mais importante do que o próprio diâmetro do vaso.4 6.2.2 Veia Existem no braço diversas veias com potencial para poderem ser utilizadas, como descrito no texto abaixo: • Na extremidade, encontram-se a veia radial, a ulnar e veias interósseas; • As veias basílica e cefálica, que são superficiais, convergem para a veia axilar; no entanto, podem-se encontrar diversas variações anatómicas; • A nível mais proximal, a veia axilar, que tem origem na borda inferior do músculo teres maior e com continuidade com a veia braquial. Requisitos da veia para a criação de uma FAV: • Boa drenagem venosa com a veia selecionada desobstruída; • Diâmetro luminal do vaso de saída de ≥2,5 mm; • Um segmento em linha reta adequado para canulação segura; • Profundidade da veia inferior a 1 cm da superfície da pele; • Saída direta do fluxo sanguíneo venoso para as veias centrais PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 4848 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem 6.3 Localização para criação de uma Fístula Arteriovenosa Uma diálise bem-sucedida começa com a presença de bons acessos vasculares5. Para se obter uma FAV funcionante, é essencial a realização de uma avaliação pré-operatória minuciosa levada a cabo pela equipa de saúde multidisciplinar, idealmente composta por um nefrologista, um cirurgião vascular, um radiologista e um enfermeiro de diálise. Figura 5. Anatomia das artérias e veias no braço e pontos de criação de fístula PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Fístula Arteriovenosa 49 Como primeira escolha, um acesso vascular deve ser cons- truído no membro superior não dominante e o mais distal pos- sível, de forma a que, futuramente e caso seja necessário, se possa construir um novo acesso mais proximal (ver figura 5)4. Os locais para a criação de uma FAV podem ser: • FAV na base do polegar (rádio-cefálica) • FAV Brescia-Cimino localizada no pulso (rádio cefálica); • FAV no antebraço, ramo dorsal da cefálica; • FAV Braquiocefálica (meio do antebraço); • FAV Antecubital; • FAV Cefálica, ao nível do cotovelo; • FAV Basílica transposta. 6.4 Tipos de Anastomose Tabela 2. Tipos de anastomoses recomendadas 6,7 Tipo de anastomose Vantagens Desvantagens Latero- Lateral (ver Figura 6) Tecnicamente é a mais fácil de realizar. Só é possível se a artéria e a veia se encontrarem muito próximas. É a técnica com mais probabilidade de originar hipertensão venosa da mão, por ação das válvulas venosas que impedem a inversão do fluxo de sangue venoso na mão, pelo menos nos primeiros meses. PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 5050 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem Tipo de anastomose Vantagens Desvantagens Termino- Terminal (técnica usada na década de 1970; devido às desvantagens associadas encontra- se hoje em desuso) (ver Figura 7) O fluxo da FAV evita o desenvolvimento de um estado hiper- circulatório. Tecnicamente mais exigente quando existem grandes diferenças nos diâmetros luminais entre a artéria e a veia. Maior propensão a isquemia da mão, especialmente em pessoas com diabetes e/ ou idosas. Se ocorrer trombose venosa, esta irá ser extensível à artéria da FAV. Menor fluxo sanguíneo Latero- Terminal (técnica mais usada atualmente, sendo a variante mais amplamente aceite para construção de FAV) (ver Figura 8) Solução ideal quando a artéria e a veia estão distantes e necessitam de ser aproximadas. Não há ângulos agudos. Trombose venosa afetará apenas o lado venoso da FAV. Se for necessário uma revisão da FAV, é mais fácil criar uma nova anastomose proximal. Torção ao transportar o segmento venoso para a artéria. Tecnicamente mais difícil de construir PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Fístula Arteriovenosa 51 Figura 6. Anastomose Latero-lateral Figura 7. Anastomose Termino-terminal Figura 8. Anastomose Latero-terminal 6.5 Maturação Uma FAV primária deve estar amadurecida e pronta para ser canulada sem dificuldades, com um risco mínimo de infiltração, e ser capaz de fornecer o fluxo de sangue prescrito durante todo o procedimento de diálise.1 6.5.1 Processo de maturação O fluxo sanguíneo aumenta imediatamente após a criação da FAV devido à vasodilatação e remodelação vascular, levando a: • Redução de sheer stress, que retorna ao normal após cerca de 3 meses; • Aumento progressivo do diâmetro da veia antecubital proximal; • Nenhuma alteração na espessura da íntima; • Aparência de hipertrofia excêntrica no lado venoso da FAV; • Remodelação enquanto processo adaptativo da parede da veia, induzida pela reorganização de componentes celulares e extracelulares; • Deformação das célulasendoteliais (devido à força de atrito gerada pela passagem do fluxo sanguíneo na superfície apical das células) na direção do fluxo de sangue, uma vez que estas células desempenham um papel central na remodelação adaptativa; PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 5252 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem • Aumento do diâmetro arterial devido ao fluxo elevado após a criação de uma FAV; • Remodelação da artéria radial, sem hipertrofia arterial, apesar de um aumento significativo no diâmetro e fluxo sanguíneo • A investigação mostra que um estado urémico em doentes com IRC tem apenas uma ligeira influência sobre a maturação da FAV.6 6.5.2 Tempo de maturação O tempo necessário para amadurecimento de uma FAV varia de pessoa para pessoa. As European Renal Best Practice (ERBP) recomendam um período mínimo de maturação ideal de, pelo menos, 4 semanas. Um fluxo de sangue (>600 mL/min) e um diâmetro (>5 mm) adequados, medidos por ultrassonografia, podem confirmar a maturação da FAV. Nos EUA, a opinião geral é que 8-12 semanas serão necessárias para avaliar a eventual ocorrência de complicações. Em contraste, na Europa, considera-se que todos os problemas ou complicações serão evidentes ao fim de 4 semanas e não é necessário esperar 8-12 semanas. No entanto, o momento adequado para usar a FAV depende da sua maturação, das características individuais da pessoa doente, situação de acesso vascular alternativo, e da experiência de canulação da equipa de enfermagem envolvida.2,3 A regra dos 6 (Avaliação do estado de maturação) 1,2 • O estado de maturação deve ser avaliado por um perito dentro de 6 semanas após a criação; • O fluxo através do vaso deve ser ˃600 mL/min; • O vaso deve apresentar um diâmetro de pelo menos 6 mm; • O vaso deve encontrar-se a menos de 6 mm da superfície cutânea. PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Fístula Arteriovenosa 53 Se após 6 semanas, o vaso não apresentar diâmetro suficiente para canular, a pessoa doente deve ser encaminhada para uma reavaliação (cirurgião vascular e/ou radiologista intervencionista/nefrologista). Poderão existir veias colaterais que necessitem de ser laqueadas ou a realização de um fistulograma para detetar a presença de alguma estenose.2,3 6.6 Falha no amadurecimento de uma FAV A falência primária (do processo de amadurecimento) de uma FAV ocorre até 3 semanas após a sua criação (Tabela 3). As evidências mostram que entre 28 e 53% das novas FAV nunca chegam a amadurecer.8 Um fluxo do acesso superior a 400 mL/min aos 1º e 7º dias após a criação da FAV, é considerado o melhor indicador de sucesso do processo de amadurecimento. Nos casos em que o fluxo seja inferior a 400 mL/min, as razões subjacentes devem ser identificadas o mais precocemente possível.4,7 Tabela 3. Causas de falha primária de uma FAV Problema Causa Sinais e Sintomas Avaliação/ Tratamento Não maturação da veia de drenagem Baixo fluxo arterial. Veia de baixo calibre. Aumento mínimo do tamanho da veia limitado à zona anastomótica Frémito e sopro inaudíveis à auscultação. Realização de ultrassonografia e/ou fistulograma para avaliar o fluxo e detetar a eventual presença de estenose. Angioplastia ou revisão cirúrgica. PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 5454 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem Problema Causa Sinais e Sintomas Avaliação/ Tratamento Distúrbios na dinâmica do fluxo (geralmente estenose venosa) Hipertensão venosa Síndrome do túnel do carpo. Aumento do retorno venoso. Ingurgitamento dos vasos distais à anastomose. Ingurgitamento da veia polegar. Leito venoso cianótico. Edema da mão. Edema do braço, região torácica e face. Elevação do braço acima do nível do coração. Angioplastia ou revisão cirúrgica. Sem arterialização do lado venoso da FAV Veias colaterais Estenose justa- anastomótica entre a artéria e a veia Uma oclusão da veia de drenagem altera a perceção do frémito (diminuído ou ausente), tornando-se pulsátil Laqueação das veias colaterais. Angioplastia ou revisão cirúrgica. Infeção nas 3 semanas após a construção Infeções perioperató- rias. Febre e calor local, rubor e/ ou edema. Antibioterapia. PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Fístula Arteriovenosa 55 6.6.1 Avaliação instrumental do processo de maturação O processo mais exato para avaliar o estado de amadurecimento de uma FAV é através da monitorização instrumental. Estão disponíveis uma série de métodos de monitorização e vigilância da FAV (Tabela 4). Tabela 4. Técnicas de monitorização e vigilância instrumental 2,9 Parâmetro Método Pressões do AV Pressão Intra-acesso (PIA) Pressão Venosa Estática (PVE) Pressão Venosa Dinâmica (PVD) Recirculação (utilizando um método de diluição de base não-ureia) Teste de diluição por ultrassom (TDU) Débito sanguíneo da FAV Eco-Doppler (DDU) (ultrassonografia com codificação por cores) Angiografia por Ressonância Magnética (MRA) Medição da Variação do débito sanguíneo por Eco-Doppler (VFDU) Diluição por ultrassom (Transonic) Crit-line III (optodilution by ultrafiltration; (HemaMetrics) Diluição por Bomba de Glucose (GPT) Diluição por ureia (UreaD) Condutividade por dialisância (diferencial) In-line Dialysance (DD) PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Higiene e Controlo de Infeção 57 57 PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 5858 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem 7 Higiene e controlo de infeção Healthcare-Associated Infections (HCAIs) - referem-se a in- feções associadas a cuidados de saúde e são reconhecidas mundialmente como uma das principais causas de morte. Um programa de higiene e controlo de infeção eficaz é essencial, sendo fundamental que os profissionais de saúde sejam trei- nados adequadamente, dispondo de recursos/equipamentos necessários para realizar tarefas e procedimentos com segu- rança e eficácia. A infeção é a segunda causa mais comum de perda de uma FAV, após a estenose/trombose.10 Uma infeção numa FAV geralmente pode ser tratada com an- tibióticos, mas em alguns casos mais graves, poderá ser ne- cessária a construção de novo acesso.11 Assim, a melhor prá- tica será a de implementação de uma política de prevenção e controlo de infeção nas unidades de diálise, de forma a mini- mizar esta complicação. Prevenção e controlo de infeção é um termo genérico utiliza- do para as atividades destinadas a protegerem as pessoas contra as infeções hospitalares.12 As precauções padrão têm como finalidade prevenir a trans- missão de agentes infeciosos, associados à prestação de cuidados, entre pessoas doentes e profissionais de saúde, devendo ser aplicadas na prestação de cuidados a todos os doentes, independentemente do seu estado de infeção e em todos os serviços de saúde. Elas baseiam-se no pressupos- to de que todos os fluidos corporais, sangue, secreções, ex- creções (exceto suor), pele não-intacta e membranas muco- sas podem conter agentes infeciosos transmissíveis. PR INTIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Higiene e Controlo de Infeção 59 7.1 Higiene das mãos As mãos dos Profissionais de Saúde são as principais responsáveis pela disseminação de infeções nosocomiais. De acordo com as metas da Organização Mundial de Saúde (OMS), o cumprimento das boas práticas recomendadas visa essencialmente prevenir: • Colonização, com possível infeção exógena das pessoas doentes; • Infeção endógena e exógena nas pessoas doentes; • Infeção nos Profissionais de Saúde; • Colonização do ambiente de cuidados de saúde e Profissionais de Saúde. O conceito dos 5 Momentos na Higiene das Mãos: A Organização Mundial de Saúde (OMS)13 define cinco momentos de higiene das mãos, correspondendo ao conceito de zona do doente, área de prestação de cuidados de saúde e locais críticos, sendo aplicáveis a todas as atividades de prestação de cuidados de saúde: 1. Antes de tocar no doente; 2. Antes de uma tarefa limpa ou asséptica; 3. Após o risco de exposição a fluidos corporais; 4. Após tocar num doente; 5. Após tocar no ambiente em torno do doente. PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 6060 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem De acordo com as recomendações do consenso da OMS, a higiene das mãos deve ser realizada rotineiramente com uma solução de limpeza à base de álcool. Existem indicações de quando as mãos têm que ser lavadas com água e sabão. Cada profissional de saúde tem que receber formação sobre quando usar cada um dos métodos de higiene das mãos e como executar as técnicas correspondentes. Para assegurar que a higienização das mãos ou a lavagem das mãos seja realizada de forma eficaz, deve ser assegurado que a solução de base alcoólica ou que a água e sabão, respetivamente, cubra a totalidade da superfície das mãos e pulsos. Anéis, relógios de pulso e pulseiras não devem ser usados durante a prestação de cuidados de saúde diretos ao doente. Apesar de desencorajado, a única exceção será o uso de anel plano e liso de casamento, que durante o ato de higienização/ lavagem das mãos deverá ser manipulado de forma que a pele por baixo seja limpa e seca. Uma boa higienização das mãos e uma boa lavagem e manutenção da pele sobre a FAV limpas são das ações mais importantes relacionadas com o controlo de infeção. 7.2 Equipamentos de proteção individual (EPI) e roupas de trabalho Os EPI (luvas, máscaras, viseiras, toucas, aventais e batas) servem para proteger os profissionais de saúde de perigos e lesões evitáveis no desempenho de funções. Alguns EPI tais como as luvas, as máscaras e as toucas protegem quer as pessoas doentes, quer os profissionais de saúde: PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Higiene e Controlo de Infeção 61 • Deve ser assegurado que os EPI não representam um perigo para outros, por exemplo, estes devem ser mudados entre doentes; • Os EPI devem ser removidos e descartados ou desinfetados após o término do ato; • A higiene das mãos deve ser realizada após a remoção do EPI 7.2.1 Luvas O uso de luvas numa unidade de saúde tem um duplo objetivo: • Proteger o profissional de saúde da exposição ao sangue e outros fluidos corporais; • As luvas reduzem a disseminação de microrganismos das mãos dos profissionais de saúde para o ambiente, a transmissão entre os profissionais de saúde e doentes, e a transmissão entre pessoas doentes. 7.2.2 Proteções de boca, nariz, olhos e cabelo As membranas mucosas dos olhos, nariz e boca requerem proteção especial durante as atividades de prestação de cuidados à pessoa doente e que sejam suscetíveis de gerar salpicos ou borrifos de sangue, fluidos corporais, secreções ou excreções. As membranas mucosas são mais facilmente penetradas pelos organismos patogénicos do que a pele intacta. PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 6262 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem Portanto, uma viseira ou óculos de proteção devem ser usados durante a conexão e desconexão da FAV. O cabelo, ao ser protegido impede que eventuais fragmentos contaminem o AV e simultaneamente que seja sujeito a salpicos de sangue. 7.2.3 Aventais e Batas Os aventais e batas fazem parte do EPI que é usado para cumprir com as precauções padrão14 ou precauções com contacto (para prevenir a transmissão de agentes infeciosos que são disseminados por contato direto ou indireto com a pessoa doente ou zona do doente e para os quais a transmissão não pode ser interrompida apenas com a implementação de precauções padrão. 7.2.4 Uniformes Os uniformes não são considerados EPI. Não protegem contra os fluidos porque o tecido (normalmente algodão) é permeável. No entanto, servem um duplo objetivo: fornecem ao profissional de saúde um vestuário profissional que o apoia na execução do seu trabalho na unidade de diálise ao mesmo tempo que previnem a contaminação cruzada entre o local de trabalho e a comunidade. Também transmitem à pessoa doente uma imagem profissional. Não realizar quaisquer atividades sem uma higiene adequada das mãos. Usar sempre os equipamentos de proteção individual. PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Higiene e Controlo de Infeção 63 PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Canulação da Fístula Arteriovenosa 65 65 PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 6666 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem 8 Canulação da Fístula Arteriovenosa O objetivo deve ser o de canular sempre com a máxima segurança sem causar danos à linha de vida do doente. Deve-se assegurar que todos os membros da equipa de diálise compreendam e dominem os conceitos e fundamentos de uma FAV. Os princípios fundamentais do AV devem ser usados para ajudar a treinar todos os membros da equipa de diálise, a fim de melhorar a qualidade no atendimento que os doentes de diálise recebem. Existe por isso uma demanda constante de os enfermeiros continuarem a adquirir conhecimentos através da pesquisa e do ensino contínuo de enfermagem.15 Uma canulação adequada é um aspeto fundamental na manutenção e preservação de uma FAV em bom estado de funcionamento 8.1 Competências e responsabilidades A FAV é um capítulo complexo em cuidados de diálise. Prolongar a vida e patência da FAV são objetivos importantes. É assim indispensável ter enfermeiros de diálise altamente qualificados para assegurar que cada procedimento de canulação seja realizado, com um mínimo, ou sem complicações. Em cada sessão de diálise, e antes de cada canulação, será necessário assegurar que a FAV da pessoa doente está funcionante e sem problemas, de forma a obter-se o fluxo de sangue ótimo garantindo assim uma diálise adequada. As competências e responsabilidades para atingir este objetivo são as seguintes: Enfermeiro • Competências na avaliação da FAV; PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Canulação da FístulaArteriovenosa 67 • Competências nas técnicas de canulação e cuidados; • Competências na gestão de complicações da FAV; • Competências na educação da pessoa doente sobre a sua FAV; • Responsabilidade de assegurar conforto e segurança à pessoa doente; • Dever de informação e documentação de todas as complicações relacionadas com a FAV; • Dever de interatividade e comunicação com a equipa médica de forma a identificar, reencaminhar e gerir eventuais complicações de forma atempada. Médico • Responsabilidade de proporcionar uma prescrição ideal para a preservação da FAV; • Responsabilidade pela gestão eficaz de complicações. 8.2 Preparação e avaliação Os procedimentos têm lugar na sala de tratamento de hemodiálise, garantindo as condições ideais para a realização dos mesmos, sob a supervisão de um enfermeiro de diálise. A avaliação adequada antes do início do tratamento permitirá a identificação de potenciais problemas que possam vir a surgir durante o tratamento. O enfermeiro deve realizar uma entrevista inicial e escutar a pessoa doente com atenção, de forma a detetar quaisquer alterações que possam ser importantes. PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 6868 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem 8.2.1 Preparação 8.2.1.1 Ambiente • A sala deve estar limpa, janelas fechadas, cadeira/ cama e máquina de diálise na posição correta; • Cada sala de hemodiálise/secção deve ter um número adequado de: * Lavatórios com água corrente, dispensadores automáticos de sabão e toalhetes de papel descartáveis; * Dispensadores de desinfetantes de base alcoólica; • As superfícies e equipamentos utilizados para a preparação dos procedimentos devem ser limpos e desinfetados antes e após cada utilização; • Os materiais necessários devem ser colocados sobre as superfícies já desinfetadas; • Iluminação adequada durante o processo de conexão e desconexão. 8.2.1.2 Equipamento • Estetoscópio 8.2.1.3 Materiais • Antissético; • Campos esterilizados; • Luvas; • Compressas esterilizadas; PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Canulação da Fístula Arteriovenosa 69 • Adesivo; • Seringas (ex.: priming das agulhas de diálise ou colheitas de sangue, se necessário); • Tubos para colheita de sangue, se necessário; • Agulhas (para solução salina estéril a 0,9%, se necessário); • Garrote; • Agulhas de diálise (ver tabela 5) • Contentor de resíduos (Grupos II e III); • Contentor de cortantes/perfurantes (Grupo IV); • Medicação ex.: anticoagulante de acordo com a prescrição clínica. É recomendado o uso de kits com todo o material necessário pré definido para a conexão e desconexão Tabela 5. Recomendação do calibre da agulha em função do débito de sangue Débito de sangue Calibre da agulha <300 mL/min 17 gauge 300–350 mL/min 16 gauge 350–450 mL/min 15 gauge >450 mL/min 14 gauge 8.2.1.4 Enfermeiro • Lavar e secar as mãos de acordo com as recomendações da OMS e utilizar EPI (ver o capítulo 7.2); PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 7070 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem • Colocar os materiais necessários na superfície desinfetada; • Certificar-se de que a pessoa doente se encontra relaxada e sentada confortavelmente; • Explicar à pessoa doente todos os procedimentos ou atividades de rotina e não rotineiras, conforme necessário. 8.2.1.5 Pessoa doente • Usar roupas confortáveis (remover joias ou adornos se necessário); • Lavar o braço do acesso vascular com água e sabão (ver Figura 9). Se não for capaz, deve ser assistido pelo enfermeiro; • Certificar-se de que a FAV é facilmente acessível. Figura 9. Lavagem do membro do AV 8.2.2 Avaliação Deve ser realizada uma avaliação física à FAV antes de cada canulação independentemente da data da sua construção. PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Canulação da Fístula Arteriovenosa 71 No caso de o enfermeiro não se encontrar familiarizado com a FAV da pessoa doente, deve procurar ajuda/aconselhamento de um enfermeiro experiente e verificar os dados clínicos sobre o acesso vascular. É importante que o exame físico à FAV seja realizado, de forma a atestar a sua boa funcionalidade e detetar possíveis sinais de complicações (como indicado na Tabela 6). Tabela 6. Monitorização clínica da fístula arteriovenosa Ação Sinais possíveis Olhar – observar8 (ver Figura 10) Edema, rubor, equimose, hematoma, erupção cutânea ou soluções de continuidade, hemorragia, outro exsudado, aneurisma ou pseudoaneurisma Sentir – palpar (ver Figura 11) Características do pulso, alterações de temperatura, calor atípico, dureza do vaso Direção do fluxo, características de fluxo ao longo da fístula (frémito vs. pulsatilidade) N.B. O frémito deve ser sentido como uma vibração contínua, não como uma pulsação forte Ouvir – auscultar (ver Figura 12) Auscultar o sopro ao longo da FAV e avaliar a qualidade do som e a sua amplitude N.B. O sopro - um chiado semelhante a um sopro de ar - deve ser forte e contínuo; cada som ligado ao anterior PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 7272 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem Em caso de ausência de sopro e/ou frémito, NÃO canular a FAV! Figura 10. Olhar - observar Figura 11. Sentir – palpar Figura 12. Ouvir – auscultar Documentar cada avaliação e relatar qualquer alteração ao enfermeiro chefe e/ou médico 8.2.3 Preparação para canulação da fístula arteriovenosa A preparação dos locais de canulação, quer pela pessoa doente quer pelo enfermeiro, reduzem a probabilidade de infeção. O local exato a canular deverá ser selecionado antes da preparação/desinfeção final da pele no local da FAV. Preparação da pele no local da FAV: • Limpar e desinfetar a pele da pessoa doente com uma solução adequada; • Desinfetar o local da FAV antes do ato de canulação aproximadamente durante 30-60 segundos. Deixar secar ao ar por 30-60 segundos. Seguir as instruções do fabricante sobre o tempo adequado de contacto; • Começar o ato mecânico de desinfeção no local de punção escolhido, efetuando um movimento de fricção circular em espiral, o que removerá microrganismos para fora do local selecionado (ver a Figura 13); • Repetir todo o processo de preparação da pele se o local selecionado for tocado quer pela própria pessoa, PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Canulação da Fístula Arteriovenosa 73 quer pelo enfermeiro ou outro profissional antes da canulação ser efetuada. • Se usar a técnica de canulação em botoeira, desinfetar cuidadosamente o local antes e após a remoção da crosta Figura 13. Preparação da pele para canulação 8.3 Primeira canulação Uma FAV recém-criada deve ter um tempo de maturação mínimo de pelo menos 4 semanas antes de se ponderar a primeira canulação. Nas primeiras diálises com recurso a uma nova FAV, devem ser redobrados os cuidados. 8.3.1 Procedimento Para uma canulação bem-sucedida de uma FAV nova, são necessárias as seguintes etapas: • Avaliar o estado de maturação da FAV e obter prescrição de canulação do médico responsável antes de iniciar o procedimento; • Explicar o procedimento à pessoa doente, ajudando-a a superar qualquer medo da canulação inicial; PR IN TIN G P ER MI TT ED B YM EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 7474 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem • As primeiras canulações de uma FAV, apenas devem ser realizadas por enfermeiros experientes; • Use um garrote ou outra técnica de ingurgitamento do vaso (por exemplo, pedir à pessoa doente ou a um membro da equipa de saúde para comprimir o braço); • Use inicialmente agulhas de calibre 17G ou 16G (ver a Figura 14); • Puncione sempre a uma distância mínima de 4-5 cm da anastomose. • Quando um CVC ainda se encontra presente e a FAV ainda não está suficientemente desenvolvida, pode ser considerado o início da sua utilização. Caso seja prescrito, poderá ser usado um dos lúmens do CVC para a linha venosa e a FAV para a linha arterial - usar agulha de diálise 16G-17G (ver a Figura 15). Apenas os enfermeiros experientes e com competências adquiridas nas melhores práticas de canulação deverão realizar as primeiras punções de uma FAV Figura 14. Primeira canulação com duas agulhas Figura 15. Primeira canulação com uma agulha e usando o CVC PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Canulação da Fístula Arteriovenosa 75 • A agulha venosa deve sempre ser colocada na direção do fluxo de sangue. A agulha arterial, nalgumas circunstâncias, poderá ser orientada em qualquer dos sentidos: * Anterógrada – agulha arterial orientada no sentido do fluxo de sangue; * Retrógrada – agulha arterial orientada contra o sentido do fluxo de sangue; • Fixar e apoiar o acesso usando uma das seguintes técnicas: * A técnica de "três pontos" (ver Figura 16): - Estabilizar o acesso com o polegar e o indicador; - Fazer tração da pele firmemente em sentido contrário ao que a agulha será introduzida; - Comprimir a derme e a epiderme, facilitando o ato de canulação e permitindo uma interrupção temporária da dor; Figura 16. A técnica dos "três pontos" PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 7676 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem * A técnica em 'L': - Manter o polegar e o dedo indicador como um 'L'; - O polegar deve segurar a pele sobre a FAV e o dedo indicador deve estabilizar e comprimir a FAV, exercendo-se tração da pele entre os dedos (ver Figura 17); Figura 17. A técnica em 'L' • Inserção da agulha: * Usar um ângulo de aproximadamente 20-35º de inserção em função da profundidade do acesso (o ângulo de inserção é medido a partir da pele para a base de agulha. A agulha penetra inicialmente a pele e o tecido sobre o vaso da FAV e de seguida, o próprio vaso): - Um ângulo menos acentuado aumenta o risco de arrastar a área de corte da agulha ao longo da superfície do vaso; - Ângulos mais inclinados aumentam o risco de perfuração da parede posterior do vaso • Progressão da agulha: * Após a extremidade da agulha ter penetrado a FAV, observa-se um refluxo de sangue na tubuladura da agulha. Progredir com a agulha lentamente com PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Canulação da Fístula Arteriovenosa 77 uma pressão mínima e com o bisel da agulha voltado para cima ou para baixo, em função do sentido da canulação (anterógrada ou retrógrada) * Não fazer rotação da agulha em 180º, uma vez que pode provocar uma dilatação do local de inserção e originar hemorragia durante a diálise, além de poder lacerar a íntima do vaso. • Aconselhar a pessoa doente a não mover o braço da FAV durante a canulação/tratamento, para evitar infiltração para os tecidos adjacentes à FAV • Evitar a rotação das agulhas de diálise • Evitar ajustes prolongados das agulhas • Em caso de necessidade de canulações adicionais, remover se possível a agulha usada na punção não sucedida, descartando-a corretamente e em seguida inserir uma agulha nova. • Fixação das agulhas com tiras de adesivo: * Fixar a agulha no final da inserção (preferentemente respeitando o angulo em que se encontra no final da progressão no vaso) * Para evitar que o bisel se mobilize, NÃO pressionar sobre o trajeto da agulha, uma vez que poderão ocorrer danos da íntima do vaso * Fixar a agulha usando um mínimo de três tiras de adesivo: uma para fixar as aletas à pele, uma segunda passando sob o tubo e sobre a primeira tira, para ancorar a agulha e uma terceira para fixar o tubo da agulha (ver Figura 18). PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 7878 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem Figura 18. Fixação das agulhas de diálise 8.4 Técnicas de canulação Um dos procedimentos mais importantes nas atividades diárias de um enfermeiro de diálise é a canulação da FAV, sendo executada várias vezes ao longo de um dia de trabalho. A escolha adequada do local de canulação e da técnica a utilizar são fatores fundamentais para uma diálise ótima, e para a satisfação e conforto do doente. A canulação da FAV deve ser realizada usando uma das técnicas: • Em escada (Rope ladder) • Em botoeira (Buttonhole) • Em área A técnica ideal ainda não foi estabelecida, mas a área é a menos recomendada.PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N Canulação da Fístula Arteriovenosa 79 Não canular na área de um aneurisma Recomenda-se que: • A canulação arterial seja realizada primeiro • O acesso seja mantido visível em todos os momentos do tratamento de diálise • Os mesmos locais de canulação não sejam usados num período de duas semanas (exceto na técnica em botoeira) • Os novos locais de canulação sejam a pelo menos 3 mm de distância dos locais anteriores, salvo disposição em contrário no plano de tratamento do doente (por exemplo, na técnica em botoeira) • As extremidades das agulhas sejam colocadas pelo menos a 5 cm de distância, se possível 8.4.1 Técnica em escada A técnica em escada é também conhecida como a técnica de rotação dos locais de canulação: • Para cada canulação, é selecionado um novo local a 5 mm do local anterior, usando-se toda a extensão do comprimento da FAV (ver Figura 19). Vantagens: • Redução do risco de formação de aneurismas. • Permite a cicatrização dos locais de canulação anteriores. • Baixo risco de infeção. PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C OM ME RC IA L RE PR OD UC TIO N 8080 Canulação e Cuidado do Acesso Vascular Manual de boas práticas de enfermagem Desvantagens: • Técnica de canulação mais dolorosa; • Formação de cicatrizes ao longo do trajeto da FAV; • Risco de falência da FAV devido à ocorrência de canulações mal sucedidas. Figura 19. Técnica em escada Exemplo de execução correta da técnica em escada: Arterial (A) e Venosa (V): A1 e V1; A2 e V2; A3 e V3; A4 e V4; A5 e V5 Antes de Canular • Preparar a unidade do doente (ver o Capítulo 8.2) • Preparar o material necessário (ver o Capítulo 8.2) • Considerar os requisitos de higiene (ver o Capítulo 7) • Preparar a pessoa doente (ver o Capítulo 8.2) • Avaliar a FAV (ver o Capítulo 8.2). Técnica • Usar o garrote ou outra técnica para ingurgitamento do vaso (por exemplo, pedir à pessoa doente ou a um membro da equipa para comprimir o braço) • Usar a técnica dos “três pontos” ou em “L” para estabilizar o vaso (ver Figuras 16 e 17); PR IN TIN G P ER MI TT ED B Y M EM BE RS FO R P ER SO NA L US E O NL Y NO T FO R C
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