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PRÁTICA DE ESTÁGIO: PROJETO DE INTERVENÇÃO AULA 5 Profª Sandra Aparecida Silva dos Santos 2 CONVERSA INICIAL Seja bem-vindo! Nesta aula, abordaremos o estágio supervisionado e a sua importância na formação profissional do assistente social, apresentando os sujeitos/atores envolvidos no processo. TEMA 1 – O ESTÁGIO E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL Segundo Iamamoto (2015, p. 20), em um cenário de agravamento das questões sociais ‒ consequência da concentração de renda, capital e poder em uma perspectiva de crescente consumo ‒, faz-se necessário “requalificar o fazer profissional, identificando suas particularidades e descobrir alternativas de ação". O serviço social, considerado no contexto do trabalho socialmente necessário, atende às necessidades criadas pelas desigualdades do sistema capitalista. Para Iamamoto (2015), ele está em contato direto no seu espaço de atuação com questões que dizem respeito às mais diversas áreas, como saúde, educação, habitação, violência etc. Constituindo-se no objeto de trabalho do assistente social, as questões sociais são, na prática, acompanhadas pelos alunos durante o estágio supervisionado, o que lhes possibilita entender as bases teóricas na prática, em uma relação entre teoria e prática pautada no princípio da indissociabilidade. A reflexão da ação ocorre, segundo Buriolla (2009), no processo de aprendizagem, o que oportuniza o contato com a prática profissional real que se operacionaliza na dinâmica das relações sociais permeadas de contradições. Essas contradições se apresentam também no universo acadêmico e no campo de estágio, nos quais a supervisão, sob a perspectiva de Lewgoy (2010, p. 30), deve ter um caráter de formação, e não apenas de informação. Ela deve desvendar contradições do processo de supervisão que, segundo a autora, devem transpor a imediaticidade na realização de tarefas e formar o aluno “numa dimensão de qualificação humana”, em que há desenvolvimento de condições que impactam na capacidade de trabalho e garantem a efetivação 3 do projeto ético político do serviço social de transformação da sociedade. E esse é o grande desafio, considerando-se a sua complexidade. TEMA 2 – DESAFIOS DOS SUJEITOS ENVOLVIDOS NA SUPERVISÃO O processo de supervisão de estágio impacta na atuação e na formação de todos os sujeitos envolvidos; trata-se de um processo de aprendizagem contínua e de revisão e aprofundamento de concepções e atuações. A respeito dos desafios enfrentados por esses sujeitos, Buriolla (2010) enfatiza que o estagiário, ao iniciar o programa, possui maior competência teórica do que técnica, visto que recebeu informações teóricas das disciplinas do curso de serviço social e não possui nenhuma experiência profissional. Nesse importante momento de formação, Buriolla (2010) aponta questões que devem ser consideradas na supervisão de estágio: o entendimento do supervisor quanto ao período necessário para que o aluno amadureça e os limites do próprio aluno em sua aprendizagem, além de concepções preconcebidas quanto ao serviço social, ao assistente social, ao usuário do serviço, à instituição, à realidade etc. A respeito dos desafios do processo de supervisão, Lewgoy (2010, p. 122) aponta os desafios pedagógicos que se instauram diante de reformas neoliberais, imprimindo tendências assistencialistas “no contraponto da garantia e ampliação dos direitos". Para Lewgoy (2010), os desafios que se apresentam aos sujeitos envolvidos, mais especificamente ao supervisor acadêmico, dizem respeito às horas não computadas de trabalho que são utilizadas na supervisão, na leitura e na análise da documentação do estágio, em visitas aos campos etc. Para o supervisor de campo não há reconhecimento da supervisão como trabalho pela instituição, apesar de a mesma demandar responsabilidade e tempo, o que leva a entraves nos avanços de todo o processo, incluindo problemas de aderência dos profissionais de serviço social à responsabilidade pelos alunos em campo. 4 TEMA 3 – O SUPERVISOR ACADÊMICO/TUTOR DO POLO DE APOIO PRESENCIAL As atribuições do supervisor acadêmico, que na educação a distância da UNINTER (2016) denomina-se "tutor do polo de apoio presencial", incluem auxiliar o aluno no processo de sistematização do conhecimento, tanto orientando produções teóricas quanto contribuindo no processo de análise do trabalho profissional realizado durante o estágio supervisionado. As funções dos atores envolvidos na supervisão de estágio encontram-se detalhadas no Regulamento de estágio supervisionado em serviço social da UNINTER (2016). A respeito da sistematização do conhecimento e da reflexão teórico- metodológica das questões inerentes ao campo de estágio, Iamamoto (2015) destaca como atribuições do supervisor acadêmico o acompanhamento do desempenho do aluno, identificando carências teórico-metodológicas e técnico- operativas e buscando auxiliá-lo na superação de dificuldades. O acompanhamento do supervisor acadêmico busca a reflexão crítica e, para Iamamoto (2015, p. 285), ele deve estimular atitudes investigativas que contribuam para a identificação pelo aluno das “singularidades do trabalho do Serviço Social”. Buscando impactar na qualidade da formação do aluno, o supervisor acadêmico deve estar comprometido na sua atualização quanto aos conhecimentos necessários às suas atividades e também quanto a comportamentos e posturas éticas no desempenho do estágio que necessitem orientação. Além do acompanhamento ao aluno, Iamamoto (2015) pontua a responsabilidade do supervisor acadêmico de realizar reuniões e visitas aos campos de estágio, concretizando uma aproximação entre unidade de ensino e instituição concedente de estágio. TEMA 4 – O SUPERVISOR DE CAMPO Na supervisão de campo, o espaço do estágio oportuniza o aprendizado tanto do supervisor quanto do supervisionado. A relação entre supervisor e aluno é muito próxima, e deve ser permeada de diálogos constantes na busca do entendimento crítico da realidade. A responsabilidade pelo acompanhamento do aluno na instituição concedente do estágio é do supervisor de campo, que deve proporcionar 5 condições para o entendimento da prática, além do amadurecimento do aluno e seu aprofundamento nas questões pertinentes à atuação do assistente social. O supervisor de campo é o responsável por atestar a frequência do aluno em campo, acompanhar a construção do plano de estágio, dos relatórios e dos diários de campo produzidos pelo aluno, assim como pela proposta e pela aplicação do projeto de intervenção, realizando durante o estágio e ao final de cada ciclo uma avaliação do aluno. Segundo o Regulamento de estágio supervisionado em serviço social (UNINTER, 2016), compete ao supervisor de campo avaliar a pertinência e a conformidade do campo de estágio conforme a Lei n. 8.662, de 7 de junho de 1993, responsabilizando-se diretamente pelas ações desenvolvidas pelo serviço social da instituição concedente do estágio. Ao supervisor acadêmico também compete garantir ao estagiário momentos de discussão do processo de formação profissional “e seus desdobramentos, bem como de estratégias pertinentes ao enfrentamento das questões inerentes ao cotidiano profissional” (UNINTER, 2016, p. 13) TEMA 5 – O ESTAGIÁRIO E A AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO O estágio supervisionado é o espaço em que o estagiário recebe a oportunidade de ter contato com a realidade social, além de entendimento prático da teoria apreendida. O estágio constitui-se em um momento de aprendizagem, e deve proporcionar momentos de entendimento crítico da realidade e da atuação do assistente social. O estagiário deve estar ciente da função educativa do programa; deve saber que não se trata de utilizar um aluno como mão de obra de baixo custo. A atuação do aluno em campodeve ter caráter proativo no sentido de contribuir com a qualidade das discussões, além de fazê-lo tomar ciência de suas responsabilidades para com a instituição concedente do estágio e para com a profissão. A realização do estágio, segundo o Regulamento de estágio supervisionado em serviço social (UNINTER, 2016), deve estar pautada no projeto ético-político do profissional, devendo o estagiário zelar durante o processo pelos preceitos ético e legais da profissão. 6 Alguns documentos são exigidos para o estágio supervisionado, e cabe ao aluno apresentá-los à coordenação de estágio ao final do ciclo. Dentre os documentos exigidos para o acompanhamento, encontram-se a ficha de frequência diária das atividades, o relatório semestral/quadrimestral de atividades de estágio, a avaliação semestral/quadrimestral, a avaliação final de estágio e a declaração da realização do estágio (UNINTER, 2016). O plano de estágio deve ser entregue ao supervisor acadêmico/tutor do polo de apoio presencial e ao coordenador de estágio, e deve conter os diários de campo e os resultados de eventuais avaliações. NA PRÁTICA Na educação a distância, o supervisor acadêmico é representado pelo tutor do polo de apoio presencial, que acompanha o estagiário em conjunto com o supervisor de campo. As documentações administrativa e técnica entregues ao tutor do polo de apoio presencial devem ser encaminhadas à coordenação de estágio. FINALIZANDO A realização do estágio constitui-se em um importante momento na formação profissional do assistente social, e o campo de estágio deve ser condizente com uma atuação comprometida por parte do profissional e em conformidade com a legislação de estágio. A entrega dos documentos exigidos ‒ administrativos e técnicos ‒ para a realização do estágio deve ser observada, já que é obrigatória. 7 REFERÊNCIAS BURIOLLA, M. A F. O estágio supervisionado. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2009. _____. Supervisão em serviço social. São Paulo: Cortez, 2010. GUERRA, Y.; BRAGA, M. E. Supervisão em serviço social. In: CFESS; ABEPSS. Serviço social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CEAD/UnB, 2009. Disponível em: <http://cressrn.org.br/files/arquivos/46m757L928C08m9UzW7b.pdf>. Acesso em: 22 jan. 2018. IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 26. ed. São Paulo: Cortez, 2015. LEWGOY, A. M. B. Supervisão de estágio em serviço social: desafios para a formação e o exercício profissional. São Paulo: Cortez, 2010. UNINTER. Regulamento de estágio supervisionado em serviço social. Curitiba, 2016.
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