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UNESA - UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE PSICOLOGIA 2020.2 CARTAS PARA JULIETA E O IDOSO COMO INDIVÍDUO SOCIAL Petrópolis Trabalho apresentado à Profª Giselle Wendling Rabelais, no curso de Psicologia, na disciplina de Psi. do Desenvolvimento Humano, pelo aluno: Maria Elysa M. G. Correa, Matrícula 202009333681 2020 Alegre e altruísta, Cartas para Julieta é um filme norte-americano de romance lançado em 2010, sendo este o último dirigido por Gary Winick. Estrelado por Amanda Seyfried, Chris Egan, Vanessa Redgrave, Gael García Bernal e Franco Neto. É uma obra adaptada do livro de Lise Friedman e Ceil Friedman. Lise Friedman é escritora, editora, e autora de Cartas para Julieta. Atualmente mora em Nova Iorque. Ceil Friedman é co-autora da obra junto de sua irmã Lise. Ceil é escritora, tradutora, e produz azeite orgânico. Abandonou Nova Iorque para embarcar em uma aventura romântica com seu próprio Romeu em Verona, Itália. Cartas para Julieta é um filme que passa uma mensagem profunda, bonita, e até psicológica sobre amor e esperança, marcado pelo trecho ““E” e “se”...são duas palavras tão inofensivas quanto as palavras podem ser. Mas coloque-as juntas lado a lado. Elas tem o poder de perseguir você pelo resto da sua vida!”. O filme conta a história de um jovem casal de noivos norte-americanos que viaja para a cidade italiana do amor, Verona, em busca de romance, o que falta no relacionamento. Mas, durante a assim chamada pré lua-de-mel, as coisas não acontecem como o planejado. Victor, o noivo, está mais empolgado em contatar os fornecedores de seu futuro restaurante e ir a leilões de vinho do que passar o tempo em uma atividade realmente romântica com sua noiva Sophie, que se aventura com um grupo de mulheres italianas que se auto proclamam “secretárias de Julieta”. O trabalho delas é responder cartas sobre amor, dor e luto, que vêm de todos os cantos do mundo endereçadas à Julieta. No segundo dia ajudando as secretárias, Sophie esbarra em um pedaço de pedra que cai da parede onde as cartas para Julieta são deixadas. Ao olhar mais de perto, ela vê um pedaço de papel antigo e amarelado com marcas do tempo, e se surpreende ao ver que se trata de uma carta escrita a mais de cinquenta anos por uma senhora chamada Claire Smith, que na época tinha quinze anos. Pessoalmente tocada pela história da senhora Smith, Sophie envia uma resposta para a mesma, não esperando retorno, e se surpreende quando Claire e o neto aparecem em menos de uma semana em Verona. Sua resposta havia inspirado a idosa no auge de seus sessenta e cinco anos a procurar o seu primeiro e verdadeiro amor. Juntos, Sophie, Claire, e o neto Charlie saem em busca do senhor Lorenzo Bartolini, encontrando vários Lorenzos diferentes na área de Siena. Riscando nomes e locais, eles ficam cada vez mais próximos de encontrar o primeiro amor de Claire. O neto teme que a vó acabe com o coração partido por motivo de uma possível morte do Lorenzo, doença grave, ou casamento. Mas a senhora Smith, diferente de Charlie, tem uma visão positiva sobre quase tudo, e disposição de sobra. Ela estava determinada a encontrar Bartolini e lhe dizer que sente muito por ter sido tão covarde. Cinquenta anos antes do momento presente ao filme, Claire saiu de sua casa na Inglaterra para fazer um curso de artes na Toscana, ficando hospedada na casa de uma família nos arredores de Siena. A família tinha um filho chamado Lorenzo, e foi amor a primeira vista. Em um determinando momento, ele deu um anel para ela, e eles queriam se casar, mas Claire tinha de voltar para fazer suas provas na Inglaterra, e seus pais nunca permitiriam essa união. Com medo, ela fugiu, e nunca mais pisou na Itália. Um dos importantes temas da obra é a normalização do ser humano da terceira idade como indivíduo social, mostrando uma mulher idosa e cheia de virtudes fazendo uma viagem longa, se divertindo, e procurando seu verdadeiro amor. Esse papel de destaque da personagem Claire Smith faz qualquer pessoa que assista o filme ficar pensativa, pois não é comum que uma senhora de idade seja vista como um indivíduo com controle da própria vida, tanto no cinema, como na vida real, e isso levanta um questionamento positivo na mente do espectador. No meio de personagens com idades bem inferiores a dela, a personagem Claire Smith se mostra mais sábia e com mais saúde física e mental que os mais novos, quebrando esteriótipos. O aumento da proporção de idosos na população é um fenômeno mundial que recebeu o nome de revolução demográfica. A expectativa de vida aumentou cerca de vinte anos, ou seja, considerando os últimos dois séculos, ela quase dobrou. Esse processo ainda pode estar longe do fim. Mesmo agora no século vinte e um, a maioria das pessoas se choca ao ver um aumento da população idosa e em suas expectativas de vida. No filme, a população da terceira idade é mostrada como indivíduo social, apresentando senhores e senhoras no auge de suas vidas não como anti-sociais e sozinhos, mas como pessoas independentes que ainda interagem com o meio, vão a bares, flertam, dançam, namoram, e se divertem. Isso é observável no próprio grupo de secretárias de Julieta, em sua maioria composto por idosas e em minoria por jovens adultas. Também é observável nas cenas em que Claire procura seu velho amor, encontrando homens no auge dos setenta anos nas mais diversas condições de estado e espírito, contrariando as crenças de que o envelhecimento trás apenas dificuldades cognitivas, quando algumas dessas capacidades são fortalecidas por um mecanismo que procura compensar a menor velocidade de outras funções. Cartas para Julieta também é responsável por promover a teoria da atividade e até mesmo a teoria da continuidade, mostrando uma sociedade de pessoas idosas, ativas e saudáveis. Segundo a teoria psicossocial do desenvolvimento humano de Erik Erikson, a virtude característica dos idosos é a sabedoria. A reflexão sobre o passado é algo inevitável, e se o indivíduo percebe que sua vida foi bem vivida, a integridade será alcançada por meio da satisfação. Essa é a mensagem subliminar passada pela personagem Claire Smith, que faz com que mulheres reais se sintam representadas pela mesma. Quando se trata de amor, nunca é tarde demais. (2010) Cartas para Julieta mostra que idosos são capazes de tudo, assim como os mais jovens, tendo como principal tema o romance, assunto pouco desenvolvido sob esse viés. Todos deveriam assistir ao filme, para desconstruir pré conceitos e se reconstruirem.