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Dor somática profundaDor somática profunda OBJETIVOS FIBROMIALGIA ♡ ♡ DOR SOMÁTICA PROFUNDA ♡ ♡ A síndrome fibromiálgica (SFM) é uma condição dolorosa crônica difusa do sistema musculoesquelético, caracterizada pela presença de dor à palpação em locais predeterminados denominados pontos dolorosos. É geralmente associada à fadiga persistente, rigidez, sono leve não- reparador, estresse emocional e vários outros sintomas. Não há uma patologia de tecido específico, e as queixas incluem dor articular, lesão muscular, inflamação e dor visceral. ↳ Os exames laboratoriais convencionais são normais. Fisiopatologia DefiniçãoDefinir dor profunda. Elucidar a fisiopatologia, quadro clínico, fatores agravantes e atenuantes e semiologia da fibromialgia. Conhecer os possíveis diagnósticos diferentes de fibromialgia. Entender o mecanismo de ação dos seguintes fármacos: infiltração de anéstesicos, antidepressivos tricíclicose AINES no contexto da fibromialgia, incluindo contraindicações e indicações gerais. 1. 2. 3. 4. Nociceptores musculares, fasciais, tendíneos etc. Difusa e imprecisa. ↳Com distúrbios agudos de articulações: dor em agulhada, queimante ou pulsátil; ↳Com distúrbios crônicos das articulações: dor em facada; ↳ Se houver comprometimento ósseo: dor em pontada profunda, caso haja inflamação adquire qualidade pulsátil; ↳Se houver comprometimento muscular: dor surda ou em cãibra. ↳ Inclui dor isquêmica: com isquemia muscular - dor em aperto ou esmagamento; A dor visceral e a dor somática profunda são causadas por estímulos inevitáveis e apresentam respostas adaptativas específicas, geralmente são subagudas e podem vir acompanhadas de respostas autonômicas ou comportamentais específicas (FANTONI e MASTROCINQUE, 2002; HELLEBREKERS, 2002). Evidências mostram que o componente principal da dor na SFM está relacionado à sensibilização central (Bennett, 2004). Entre os achados experimentais, estão: 1) elevados níveis de substância P no líquido cerebrospinal; 2) elevados níveis de dinorfina no líquido cerebrospinal; 3) elevados níveis de fator de crescimento nervoso no líquido cerebrospinal; 4) somação temporal elevada da sensação térmica cutânea; 5) somação temporal elevada da sensação de pressão muscular; 6) potencial somatossensorial elevado em resposta a estímulo cutâneo; 7) resposta elevada da injeção de solução salina intramuscular (Arendt-Nielsen et al., 1997); 8) redução da dor após infusão de cetamina (antagonista do receptor NMDA); 9) elevados níveis plasmáticos de neuropeptídeo Y; 10) déficit do sistema do controle inibitório da nocicepção; 11) atividade elevada das áreas de processamento cerebral da dor com imagem de ressonância magnética funcional decréscimo da atividade talâmica com Scans cerebral funcional. Danielle Aguiar Mód. DOR SP3 1 danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar Os níveis de neurotransimissores estão implicados na percepção da dor pelo indivíduo, facilitando ou dificultando a transmissão do estímulo. Esses transmissores também controlam o sono, humor, memória e atenção, e por isso pacientes com fibromialgia muito frequentemente também apresentam alterações do padrão do sono, humor, da memória e da atenção, como veremos adiante nas manifestações clínicas. Além da sensibilização central, na fibromialgia, há alterações musculares. Foram observadas, por técnicas de imunohistoquímica, atrofia muscular de fibras tipo II, bem como fibras reticulares, maior quantidade de lipídeos e de mitocôndrias. Essas alterações são secundárias à redução da microcirculação local, causando hipóxia e reduzindo a energia disponível. Como, na contração, há maior necessidade de oxigênio, isso acaba causando hipóxias focais cronicamente. Esse processo ativa os receptores adenosina A2, sensibilizando fibras nervosas não-mielinizadas. Além disso, há desregulação vascular, aumento de substância P nos músculos, de interleucina-1 (IL-1) no tecido cutâneo e fragmentação do DNA de fibras musculares. Todos esses processos parecem estar implicados também na fisiopatologia da fibromialgia. ♡Dentre os mais importantes, está a sensibilização central. Portadores de fibromialgia estão em um estado de centralização da dor, o que significa que eles sentem mais dor do que o esperado para certo estímulo nociceptivo. Algumas alterações do sistema nervoso central interpretam esse estímulo como sensações desagradáveis e os traduzem em dor, além de amplificá-los. As fibras da dor (fibras C desmielinizadas) são estimuladas repetida rápida e prolongadamente – em um somatório temporal dos impulsos neurais. Isso amplifica os potenciais de ação nos neurônios do corno posterior da medula. E essa hiperestimulação causa despolarização dos receptores N-metil-D- aspartado (NMDA), gerando alterações da transcrição que afetam o processamento da dor. Além disso, há uma inibição das vias descendentes inibitórias da dor. Essas vias modulam a resposta medular aos estímulos dolorosos e estão prejudicadas em portadores de fibromialgia, o que potencializa a sensibilização central. Muitos pacientes não identificam eventos que possam ter sido a causa dos sintomas; quando o fazem, referem-se a infecções virais, traumatismos ou anormalidades emocionais ou uso de certos medicamentos. Há pesquisas que atribuem a instalação da SFM a alterações sistêmicas, metabólicas e neuroquímicas. Entretanto, ne-nhuma dessas eventualidades parece ser comprovadamente responsável pela SFM (Helfenstein, 1997). MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS SFM 2 danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar ATENÇÃO! A liberação exagerada de noradrenalina reflete desregulação do controle do sistema nervoso neurovegetativo simpático, o que reforça o conceito de que a SFM seja produto de disfunção primária do SNC e do mecanismo do estresse. Na fibromialgia, há também importantes alterações neuro-hormonais e autonômicas. A cronicidade da dor e alterações nos mecanismos nociceptivos no SNC geram uma hipersecreção do hormônio ACTH (adrenocorticotropico). Essa hipersecreção ocasiona uma resposta sustentada ao estresse pelo eixo hipotálamo-hipófise- suprarrenal (HHS). Estudos mostram aumento dos níveis de ACTH em nível basal e em estresse, além de níveis elevados de cortisol – particularmente no fim do dia – e de ciclo cicardiano interrompido. Altos níveis de ACTH aumentam os níveis do hormônio somatostatina, que, por sua vez, inibe o GH. Este hormônio também é produzido na fase IV do sono, fase esta que é interrompida nos pacientes fibromiálgicos. Logo, os níveis de GH nesses indivíduos é reduzido, particularmente durante o sono. Alterações na frequência cardíaca de repouso, diminuição da variabilidade desta ao longo do dia e hipotensão ortostática sugerem uma hiperreatividade persistente do sistema nervoso autônomo (SNA) em pacientes com fibromialgia. Um aumento do tônus simpático durante o sono foi sugerido como possível explicação para a fragmentação do sono, além de pode explicar fadiga, rigidez matinal, distúrbios do sono, ansiedade e irritabilidade nesses pacientes. Com relação às alterações do sono, um aspecto importante do sono desses indivíduos é a presença de sono alfa-delta. Mas o que seria isso? O sono não-REM possui quatro fases. À medida que essas fases progridem e o sono mais profundo é alcançado, a frequência das ondas cerebrais diminui. Na vigília com olhos fechados, as ondas possuem uma frequência entre 8Hz e 13Hz – chamadas de ondas alfa. A fase I é uma transição da vigília e, no eletroencefalograma, se associa a ondas teta (4 a 7Hz); já a fase IV é constituído majoritariamente por ondas delta (<4Hz). É a fase IV, formada pelas ondas delta, a responsável pelo sono reparador e recuperador da energia física. Em pacientes com fibromialgia, há redução da eficiência do sono, com pequenos despertares noturnos frequentes, diminuição da duração de sono de ondas lentas e intrusão de ondas alfa nas fases do sono profundo. Esse padrão é chamado de sono alfa-delta eestá presente em cerca de 90% dos pacientes. No entanto, o sono alfa-delta não é específico da fibromialgia, podendo estar presentes em outras condições e até em indivíduos normais. ♡ QUADRO CLÍNICO SFM 3 Sintomas principais Podem ser vistos como uma tríade que inclui: • Dor difusa crônica (bilateral, acima e abaixo do tronco e no esqueleto axial, com duração maior que 3 meses); • Fadiga (76% a 100% dos pacientes afetados - em geral após exercício físico); • Distúrbios do sono (55% a 80% dos portadores). A dor na fibromialgia é generalizada, de intensidade variável ao longo dos dias e de caráter migratório. Pode começar de forma localizada, tornando-se difusa posteriormente. danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Destacar danie Máquina de escrever * Céls gliais - modulação da dor DIAGNÓSTICO SFM 4 ♡Critérios de classificação Em 1990, a American College of Rheumatology criou critérios para classificação da fibromialgia. No entanto, esses critérios foram criados com o objetivo de facilitar a condução de ensaios clínicos, não para uso na prática clínica. De qualquer forma, acabaram por ser adotados por muitos profissionais para o diagnóstico de fibromialgia. Tais critérios estão descritos abaixo: • dor difusa (bilateral, acima e abaixo do tronco, acometendo esqueleto axial, por no mínimo 3 meses); • detecção de onze pontos dolorosos à palpação (dentre 18), os chamados 9 pares de tender points. Mas, esta classificação não levava em consideração alterações do sono, fadiga e distúrbios cognitivos. Assim, em 2010, a American College of Rheumatology mais uma vez se reuniu e elaborou os critérios de 2010, utilizando o índice de dor generalizada (IDG) e a escala de gravidade dos sintomas (EGS). Classifica-se como fibromialgia se as 3 condições estiverem presentes: • IDG ≥ 7 e EGS ≥ 5, ou IDG 3-6 e EGS ≥ 9; • Sintomas estáveis e presentes por pelo menos 3 meses; • Não haver outra causa que explique os sintomas. FATORES INFLUENTES SFM ♡ Agravantes Inatividade Atividade física excessiva Ansiedade ou estresse Clima frio ou úmido Sono não repousante Fadiga física ou mental ♡ Atenuantes Atividade física moderada Sono repousante Clima quente ou seco Banhos quentes Os critérios de 2010 são apresentados a seguir: SEMIOLOGIA SFM Dor generalizada localizada no hemicorpo direito e esquerdo, acima e abaixo da cintura, além do eixo axial (região cervical, face anterior do tórax, dor-so e região lombar) com duração superior a três meses. ♡História clínica: A fibromialgia possui uma ampla gama de diagnósticos diferenciais, principalmente aqueles que cursam com dor crônica. Dentre os principais, temos: osteoartrite, artrite reumatoide, espondiloartrites, hipotireoidismo, deficiência de vitamina D/osteomalácia, polimialgia reumática, miopatias inflamatórias, distrofias musculares, parkinsonismo, hipopotassemia, uso de certos medicamentos (estatinas, bloqueadores de H2) ou drogas ilícitas (cocaína, cannabis). ♡ Síndrome Dolorosa Miofascial 5 Apesar de a SDM ser uma das causas mais comuns de dor e de incapacidade em doentes que apresentam algias de origem musculoesquelética, muitos profissionais da área da saúde e doentes não a reconhecem, pois o diagnóstico depende exclusivamente da história clínica e dos achados do exame físico. Muitos desses doentes acabam recebendo tratamento para bursite, artrites, tendinites ou doenças vis-cerais, sem haver melhora significativa do quadro clínico. Exame físico: ♡ DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS O paciente geralmente apresenta exame físico normal, à exceção da presença de dor difusa. Esta pode ser identificada tanto pela contagem de pontos dolorosos, como pela palpação digital de várias regiões do corpo. A hipersensibilidade deve ser avaliada para a presença de alodinia ou hiperalgesia. O exame físico também pode auxiliar no diagnóstico diferencial de outras condições, sendo particularmente o exame articular de grande importância nesse contexto. Dor à palpação digital com 4 kg/cm2 em áreas denominadas pontos dolorosos (tender points) em 11 ou mais. O diagnóstico da SDM depende exclusivamente da história e do exame físico. A SDM é uma condição dolorosa muscular regional caracterizada pela ocorrência de bandas musculares tensas palpáveis, nas quais identificam-se pontos intensamente dolorosos, os PGs. Quando estes estão estimulados por palpação digital ou durante a punção localizada com agulha, ocasionam dor localmente ou referida à distância. Os PGs podem ser palpados e geralmente estão associados à presença de banda tensa ou de nódulo muscular. Além disso, os PGs são decorrentes de sobrecargas dinâmicas (traumatismos, excesso de uso) ou estáticas (sobrecargas posturais) ocorridas durante as atividades da vida diária e ocupacionais. A síndrome dolorosa miofascial (SDM) é uma das causas mais comuns de dor musculoesquelética. Acomete músculos, tecido conectivo e fáscias, principalmente a região cervical, a cintura escapular e a lombar. A dor e a incapacidade geradas pelas SDMs podem ser bastante significativas. Várias sinonímias foram utilizadas para essas condições: mialgia, miosite, miofasceíte, miofibrosite, miogelose, fibrosite, reumatismo muscular ou de partes moles e tensão muscular. 6 AINES Ausência de padrão de dor radicular ou neuropática; Reprodução das queixas ou alterações das sensações durante a compressão do ponto miálgico; Ocorrência de reação de contração local (RCL) durante a inserção da agulha ou palpação no sentido transversal do ponto hipersensível da banda muscular; Alívio da dor após o estiramento do músculo ou após a infiltração no ponto sensível; Possível limitação da amplitude de movimento; Encurtamento muscular ao estiramento passivo; Possível redução da força muscular ao teste manual O diagnóstico da SDM, portanto, é clínico e baseia-se na identificação do ponto-gatilho ou doloroso em uma banda de tensão e na reprodução da dor, que são os critérios su- geridos por Simons e Travel para o diagnóstico. O exame físico deve caracterizar o padrão da marcha, de ocorrência de posturas anormais, como cifose ou escoliose, e a evidência de assimetrias que possam sugerir o local da lesão causal ou da sobrecarga. A ADM articular deve ser avaliada com critério; os músculos responsáveis pela limitação dos movimentos devem ser palpados, pois podem apresentar PGs que, inativados, podem contribuir para a melhora da ADM. ♡Mecanismo de ação Dor difusa em um músculo ou grupo de músculos; Dor regional em peso, queimor ou latejamento, surtos de dor e referência de dor à distância; às vezes há queixas de parestesias (sem padrão neuropático); Alguns pontos dolorosos adicionais ou satélites podem ocorrer na área de referência do PG original ou principal. A ocorrência de contração muscular visível e palpável localizada, ou seja, do reflexo contrátil localizado (RCL) ou twitch response, induzido pela palpação ou punção da banda muscular ou do PG, é característica da SDM. Em alguns casos, a tensão e o encurtamento muscular geram inflamação no local da inserção dos feixes musculares, dos tendões ou dos ligamentos nas articulações ou estruturas ósseas, ocasionando entesites ou entesopatias. Os PGs podem ser ativos ou latentes. O PG ativo é um foco de hiperirritabilidade sintomático e muscular situado em bandas musculares tensas (contraturadas ou enduradas no músculo ou na fáscia) em áreas onde há queixa de dor e que, quando pressionado, gera dor referida em áreas padronizadas, reprodutíveis para cada músculo. A dor é espontânea ou surge ao movimento; ela limita a amplitude do movimento (ADM) e pode causar sensação de fraqueza muscular. Os PGs latentes são pontos dolorosos com características similares aos ativos, mas presentes em áreas assintomáticas; não se associam à dor durante as atividades físicas normais. Podem ser menosdolorosos à palpação e produzir menos disfunção que os PGs ativos. Diante de estressores físicos exógenos, endógenos ou emocionais, tornam-se ativos e geram síndromes dolorosas e/ou incapacidade funcional. Assim, as características da SDM são: O mecanismo de ação primário dos AINHs é a inibição da enzima ciclo-oxigenase, impedindo a formação de prostaglandinas e substâncias semelhantes que sensibilizam nervos periféricos e neurônios centrais para o estímulo doloroso. 7 As prostaglandinas são produzidas pela COX- 2, a qual é induzida em resposta aos estímulos inflamatórios nos sítios de lesão tecidual. Os AINHs têm efeitos analgésico, antipirético e anti-inflamatório, e também podem exercer efeito no SNC e na medula espinal. E ainda, AINHs como a Aspirina® e análogos podem prevenir fenômenos tromboembólicos. O papel das COXs tornou-se importante em doenças nas quais há um componente inflamatório na patogênese, como o câncer. A COX -1 pode ser constitutiva ou fisiológica, e é encontrada em tecidos sadios. A COX-2 pode ser patológica ou induzida durante os processos inflamatórios. A eficácia analgésica dos AINHs é resultado da inibição da COX-2; porém, a inibição plaquetária e os efeitos adversos no trato gastrointestinal superior (como ulceração e sangramento) são causados pela inibição não específica da COX-1. Já os inibidores específicos da COX-2, como, por exemplo, o parecoxibe, não afetam a função plaquetária, nem os parâmetros de coagulação. Em razão disso, o parecoxibe, por exemplo, pode ser usado associado ao tratamento da tromboprofilaxia, ao contrário dos AINHs não específicos. Muitos efeitos adversos dos AINHs, como ulceração do trato gastrointestinal, sangramento e disfunção plaquetária, têm sido associados à supressão dos derivados (prostanoides) da COX-1, enquanto a inibição dos derivados prostanoides da COX-2 funciona como um mediador dos efeitos anti-inflamatórios, analgésicos e antipiréticos desses compostos. Três grandes estudos randomizados mostraram melhora no perfil de risco em relação à segurança gastrointestinal dos inibidores de COX-2 em relação aos AINHs não específicos. Esse benefício somente foi evidenciado em um dos estudos, quando incluídas úlceras sintomáticas de trato gastrointestinal superior. Na prevenção de úlceras pépticas em pacientes de alto risco, uma alternativa aos inibidores de COX-2 é utilizar AINHs inespecíficos concomitantemente com inibidores da bomba de próton. Essa associação, entretanto, não fornece proteção contra danos causados por AINHs não específicos no trato gastrointestinal inferior. Ressalta-se que os anti-inflamatórios não produzem dependência física ou psíquica, são metabolizados no fígado e excretados pelos rins e pelas fezes. Podem ser usados isolada ou concomitantemente com os opioides nos três degraus da escada analgésica. ♡ Indicações Indicados nas dores de etiologia inflamatória: • dores musculoesqueléticas; • dores por lesões ósseas, como fraturas e metástases ósseas, e osteoartrite; • dores decorrentes do câncer, como tumores que envolvem a parede torácica, metástases hepáticas, câncer de pancreas, entre outras; • dor de cólica renal aguda; • dor pós-operatória. 8 ANESTÉSICOS LOCAIS ♡ Farmacodinâmica ♡ Efeitos colaterais Anestésicos locais são substâncias capazes de impedir, de modo reversível, a condução de impulsos nas fibras nervosas. As sensações que vêm da periferia para o sistema nervoso central (aferentes) e as mensagens que o sistema nervoso central envia para a periferia (eferentes) deixam de ser conduzidas pelo nervo sob ação do anestésico local, desaparecendo as diversas formas de sensibilidade (tátil, térmica, dolorosa) e a atividade motora da área em que se distribui o nervo ou grupo de nervos bloqueados. Dos efeitos resultantes da ação dessas drogas, o que mais interessa é a abolição da dor, por isso o nome de anestésicos locais. ♡Mecanismo de ação Essa diferença confere vantagem aos anestésicos locais, justificando seu grande uso em medicina e odontologia. O bloqueio da condução nervosa pode ser conseguido por vários meios: trauma mecânico, baixa temperatura, anoxia, concentração muito baixa de sódio na vizinhança da fibra, anestésicos gerais gasosos e voláteis em altas pressões, alcoóis e fenóis, ácidos e bases orgânicas, derivados da guanidina, aminoésteres, aminoamidas e muitos outros compostos químicos. A ação farmacodinâmica mais importante (bloqueio da condução nervosa) resulta da deposição do agente nos compartimentos tissulares em que se encontram os nervos que se quer bloquear. Ao contrário disso, os anestésicos gerais atuam depois de entrar na corrente sanguínea e têm um comportamento farmacodinâmico global, ou seja, todos os órgãos e tecidos sofrem o impacto desses agentes, e várias alterações funcionais são inseparáveis da sua ação. Os efeitos colaterais mais comuns dos AINHs não específicos são: náuseas, vômitos, estomatite, gastrite, sangramento gastrointestinal, úlcera péptica, perfuração intestinal, diarreia, tontura, prurido, erupções cutâneas, leucopenia, agranulocitose, vasculite, alterações de enzimas hepáticas, inibição da agregação plaquetária, alteração da função renal, hipertensão arterial e retenção de sódio. No entanto, inibição da agregação plaquetária, sangramenta gastrointestinal e úlcera não são efeitos colaterais dos inibidores seletivos da COX-2. No entanto, certas propriedades devem ser apresentadas por uma substância para que possa ser utilizada como anestésico local. São requisitos desejáveis: I. Bloqueio reversível do nervo, sem risco de produzir lesão permanente; 2. Irritação mínima para os tecidos em que são injetados; 3. Boa difusibilidade através dos tecidos, para que sejam atingidos os nervos a que são destinados; 4. Baixa toxicidade sistêmica; 5.Eficácia quando administrados por infiltração ou por meios tópicos; 6. Início rápido de ação; 7.Duração do efeito adequada às necessidades cirúrgicas habituais. Os anestésicos locais bloqueiam o início e a propagação dos potenciais de ação por impedirem o aumento de condutância de Na+ voltagem-dependente. Em concentrações pequenas, reduzem a taxa de aumento do potencial de ação, prolongando a sua duração, e aumentam o período refratário, reduzindo a sua taxa de resposta. Em concentrações mais elevadas, impedem o disparo do potencial de ação. Os anestésicos locais atualmente disponíveis, em termos gerais, não se distinguem pela sua ação em diferentes subtipos de canais de sódio, embora a sua potência varie. danie Destacar Além disso, para os anestésicos locais que se dissociam rapidamente do canal, o bloqueio somente ocorre com frequências elevadas de disparo do potencial de ação, quando o tempo para o fármaco separar-se do canal entre os potenciais de ação é muito curto. O canal pode existir em três estados funcionais: em repouso, aberto e inativado. Muitos anestésicos locais ligam-se mais fortemente ao estado inativado do canal. Por isso, em qualquer potencial de membrana, o equilíbrio entre os canais em estado de repouso e inativos poderá, na presença de um anestésico local, ser privilegiado em relação ao estado inativo, e este fator contribui para o efeito de bloqueio geral, reduzindo o número de canais disponíveis para a abertura e prolongando o período refratário após um potencial de ação. A passagem de uma série de potenciais de ação, por exemplo quando um estímulo doloroso é aplicado em um nervo sensorial, provoca um ciclo entre o estado aberto e o estado inativo, tendo ambos maior probabilidade de se ligarem a moléculas de anestésicos locais do que no estado de repouso; assim, ambos os mecanismos contribuem para o efeito dependente do uso do receptor, o que em parte explica o motivo da transmissão da dor ser bloqueada mais eficazmente do que outras experiências sensoriais. 9 Interação de anestésicos locais com canais de sódio. Eles bloqueiam os canais de sódio, fechando fisicamente o poro transmembrana, interagindo com resíduos de vários aminoácidos do domínio helicoidal transmembrana S6 da proteínado canal. A atividade dos anestésicos locais é fortemente dependente do pH, aumentando em pH extracelular alcalino (quando a proporção de moléculas ionizadas é baixa) e reduzindo-se em pH ácido. Isso porque o composto precisa penetrar a bainha nervosa e a membrana do axônio para chegar à extremidade interna do canal de sódio (onde está o local de ligação aos anestésicos locais). Como a forma ionizada não passa pela membrana, a penetração é muito pequena em pH ácido. Uma vez dentro do axônio, é sobretudo a forma ionizada da molécula de anestésico local que se liga ao canal e o bloqueia, sendo que a forma ionizada possui fraca atividade de bloqueio do canal. Essa dependência do pH pode ser clinicamente importante, uma vez que o líquido extracelular dos tecidos inflamados é, muitas vezes, relativamente ácido e tais tecidos são, por isso, de algum modo resistentes aos anestésicos locais. Análises mais profundas da ação dos anestésicos locais demonstram que muitos fármacos exibem a propriedade de bloqueio “dependente do uso” dos canais de sódio, bem como afetam, até certo ponto, a operação dos canais. Dependência do uso significa que, quanto mais frequentemente os canais são abertos, maior se torna o bloqueio. É uma característica proeminente de ação de muitos fármacos antiarrítmicos da classe I e dos antiepilépticos, e ocorre porque a molécula que causa o bloqueio entra no canal muito mais rapidamente quando ele está aberto do que quando está fechado. 10 ♡ Efeitos adversos Os anestésicos locais, como seu nome indica, são usados principalmente para produzir bloqueio nervoso local. Em concentrações baixas, são capazes de suprimir a descarga espontânea do potencial de ação em neurônios sensitivos que ocorre na dor neuropática. Quando utilizados clinicamente como anestésicos locais, os principais efeitos adversos envolvem o sistema nervoso central (SNC) e o sistema cardiovascular. A sua ação no coração também pode ser relevante no tratamento de arritmias cardíacas. Embora os anestésicos locais sejam, geralmente, administrados de maneira a minimizar sua distribuição para outras partes do corpo, eles são, por fim, absorvidos para a circulação sistêmica. Podem também ser injetados nas veias ou arteríolas por acidente. A maioria dos anestésicos locais produz uma mistura de efeitos depressores e estimulantes sobre o SNC. Os efeitos depressores predominam em baixas concentrações plasmáticas, abrindo caminho para a estimulação em concentrações maiores, que resultam em inquietação, tremor e, algumas vezes, convulsões, acompanhadas por efeitos subjetivos, que vão da confusão mental à agitação extrema. Aumentar ainda mais a dose produz profunda depressão do SNC e morte devido à depressão respiratória. O único anestésico local com efeitos acentuadamente diferentes no SNC é a cocaína, que produz euforia em doses bem abaixo daquelas que causam outros efeitos no SNC. Isso se relaciona a seu efeito específico sobre a captura de monoaminas, efeito este não compartilhado por outros anestésicos locais. O local de bloqueio no canal pode ser alcançado através do gate (portão) aberto na superfície interna da membrana pela molécula química carregada BH+ (via hidrofílica) ou diretamente da membrana pela molécula química B não carregada (via hidrofóbica). Os anestésicos locais aminas quaternárias somente funcionam quando atravessam a membrana e os canais devem estar ciclando entre seu estado aberto várias vezes antes que o efeito do bloqueio ocorra. Com as aminas terciárias, o bloqueio pode ocorrer mesmo se os canais não estiverem no estado aberto, e é provável que a molécula bloqueadora (sem carga) alcance o canal tanto diretamente, a partir da fase da membrana, quanto através do gate (portão) aberto. A importância relativa dessas duas vias de bloqueio – a via hidrofóbica da membrana e a via hidrofílica no interior do canal – varia de acordo com a lipossolubilidade do fármaco. Os anestésicos locais exercem vários efeitos em seus canais iônicos, assim como nas proteínas de sinalização intracelular e de membrana. A importância dessas ações na ação anestésica local ainda não foi esclarecida. Em geral, os anestésicos locais bloqueiam a condução mais rapidamente em neurofibras de pequeno diâmetro do que em fibras com diâmetros maiores. Como os impulsos nociceptivos são conduzidos por fibras Aδ e C, a sensação de dor é bloqueada mais rapidamente que outras modalidades sensitivas (tátil, propriocepção etc.). Os axônios motores, tendo diâmetro maior, também são relativamente resistentes. As diferenças de sensibilidade entre diferentes neurofibras, embora facilmente mensuráveis experimentalmente, não são de muita importância prática, e não é possível bloquear a sensibilidade dolorosa sem afetar as outras modalidades sensitivas. danie Destacar danie Destacar 11 ANTIDEPRESSIVOS ♡Mecanismo de ação A procaína é particularmente associada à produção de efeitos centrais adversos, e tem sido suplantada no uso clínico por agentes como a lidocaína e a prilocaína. Estudos com a bupivacaína, anestésico preparado local de ação prolongada, amplamente usado como mistura racêmica de dois isômeros ópticos, sugeriram que seus efeitos sobre o SNC e sobre o coração seriam devidos principalmente ao isômero S(+). O isômero R(–) (levobupivacaína) comprovou ser mais seguro. Isto pode incluir a dor que origina de: artrite, neuropatia do diabético, dor facial, fibromialgia, enxaqueca, esclerose múltipla, dor pélvica, neuropatia periférica, ferimento da medula espinal, radiculopatia, cefaleia tensional A administração com antidepressivos pode frequentemente fornecer o alívio das dores moderado para estas circunstâncias, que podem aumentar a qualidade de vida para o paciente significativamente. Até agora, o mecanismo da acção de medicamentações de antidepressivo no relevo da dor crônica não é bom compreendido. Acredita-se que podem conduzir a um aumento na concentração de neurotransmissor na medula espinal, que pode ajudar a reduzir a sinalização da dor. Contudo, este efeito pode tomar diversas semanas para tornar-se eficaz e não fornece o relevo de dor imediato. Os antidepressivos foram desenvolvidos originalmente com a intenção de melhorar sintomas da depressão, mas algumas destas medicamentações foram reconhecidas para que sua capacidade alivie a dor crônica. Em particular, a dor neuropatica crônica causada por dano aos nervos nos caminhos da dor é responsiva a algumas medicamentações de antidepressivo. Em consequência, transformaram-se uma opção frequente do tratamento para fornecer o alívio das dores moderado da dor crônica, particularmente quando as medicamentações analgésicas de primeira linha tais como o paracetamol, o ibuprofeno ou o aspirin não forneceram o alívio das dores eficaz. Ele a notar que uma elevada percentagem dos pacientes com dor crônica igualmente sofre da depressão, calculada para ser aproximadamente metade de todos os pacientes com dor crônica. Quando a dose de alguns antidepressivos para o alívio das dores for mais baixa do que para a depressão, algumas medicamentações de antidepressivo podem controlar ambas as circunstâncias simultaneamente. ♡ Indicações Os antidepressivos podem ser indicados para aliviar a dor crônica causada por uma variedade de circunstâncias. ♡ Efeitos adversos ♡ Antidepressivos no alívio das dores Os antidepressivos tricíclicos como a amitriptilina, a clomipramina, a desipramina, a doxepina, a imipramina, e a nortriptilina são os antidepressivos os mais comuns usados no tratamento da dor. Há uns vários efeitos adversos associados com o uso das drogas de antidepressivo, que variam de acordo com a droga específica usada. Alguns efeitos secundários comuns podem incluir: náusea, sonolência, insônia, boca seca, visão borrada, ganho aumentado do apetite e de peso. Adicionalmente, os indivíduos que tomam antidepressivos estão em um risco aumentado de suicídio. É obscuro se este é causal ou um fator associado, mas é uma consideração importante na escolha farmacológica para a gestão da dor. danieDestacar danie Destacar Os inibidores da recaptaçãp da serotonina e do norepinefrina, como a venlafaxina e a duloxetina podem igualmente ajudar a aliviar a dor crônica. Porque estas medicamentações são usadas geralmente nas mesmas doses terapêuticas que para a depressão, são uma opção apropriada para os pacientes que sofrem de ambas as circunstâncias. Isto igualmente leva um risco aumentado de efeitos secundários, tais como a sonolência, a insónia e a pressão sanguínea elevado. 12 Estas drogas podem frequentemente fornecer o alívio moderado da dor crônica, embora possa ser associado com os efeitos adversos tais como a sonolência, o ganho de peso e a boca seca. Contudo, a dose exigida para o alívio das dores é tipicamente mais baixa do que aquela usada para a depressão e é associada assim com poucos efeitos secundários.
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