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Indaial – 2021 CirCuitos ElétriCos ii Prof.ª Júlia Grasiela Busarello Wolff Prof. Léo Roberto Seidel Prof. Rubens Bernardes de Carvalho 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof.ª Júlia Grasiela Busarello Wolff Prof. Léo Roberto Seidel Prof. Rubens Bernardes de Carvalho Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: W855c Wolff, Júlia Grasiela Busarello Circuitos elétricos II. / Júlia Grasiela Busarello Wolff; Léo Roberto Seidel; Rubens Bernardes de Carvalho. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 205 p.; il. ISBN 978-65-5663-402-9 ISBN Digital 978-65-5663-403-6 1. Circuitos elétricos. - Brasil. I. Wolff, Júlia Grasiela Busarello. II. Seidel, Léo Roberto. III. Carvalho, Rubens Bernardes de. IV. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 621.3192 AprEsEntAção Prezado acadêmico, seja bem-vindo ao livro didático de Circuitos Elétricos II, que foi desenvolvido para abordar alguns dos principais conteúdos de circuitos elétricos em corrente alternada (CA). Nesse contexto, é importante que você já tenha cursado a disciplina de Circuitos Elétricos I, na qual são abordadas muitas das teorias e métodos de resolução de circuitos aplicados neste conteúdo. A fim de que o curso tenha um cunho aplicado à engenharia elétrica, foram utilizados, no desenvolvimento deste material, uma vasta gama de exercícios direcionados às dificuldades comumente encontradas nesse estudo. Com o intuito de facilitar seus estudos, este livro foi dividido em três unidades, cada qual com outros três tópicos. A Unidade 1 é dedicada à análise de circuitos em regime senoidal. É apresentado o software de simulação LTspice®, de domínio público, que será utilizado no decorrer dos experimentos e das simulações. Será realizada uma revisão dos números complexos direcionada ao uso em circuitos de corrente alternada, assim como a abordagem de fasores e métodos para a resolução de circuitos no domínio da frequência. Na Unidade 2, serão abordadas as questões relativas à potência de circuitos senoidais, às definições de potência instantânea, média e reativa, bem como os cálculos que envolvem a potência complexa e o fator de potência. Em seguida, veremos o teorema da máxima transferência de potência. Por fim, a Unidade 3 apresenta a representação dos circuitos trifásicos equilibrados, as relações das grandezas no contexto de fonte/carga, os tipos de ligação (Y e Δ), os diagramas fasoriais e o cálculo de potências em circuitos dessa natureza. Ao final dos tópicos, há autoatividades dos temas apresentados. Ressalta-se que, embora possuam a resolução no Gabarito, elas devem ser realizadas antes da consulta às respostas, a fim de fortalecerem a fixação dos conteúdos. Em função da extensão do conteúdo da disciplina de Circuitos Elétricos de Corrente Alternada (CA), o conhecimento da análise de correntes contínuas (CC) é de fundamental importância, uma vez que os conceitos serão adequados para a análise CA. São propostas listas de exercícios, tanto de resolução numérica quanto de simulação/prática, para explanar os conceitos propostos, bem como o comportamento físico dos componentes. Os exercícios com resolução numérica apresentam seu desenvolvimento – alguns em detalhes, outros de forma mais direta –, conforme o andamento da disciplina, a fim de incentivar o desenvolvimento pessoal no entendimento das resoluções. Os exercícios de simulação/práticos apresentam uma resolução proposta, que pode ser adaptada pelo seu professor, de acordo com as observações necessárias para um melhor aproveitamento do exercício. É importante observar que o empenho individual no entendimento dos conteúdos, nos cálculos das grandezas e nas simulações propostas é um requisito importantíssimo para a evolução desta disciplina. Este material foi estruturado de forma concisa e faz-se de grande valia o uso de material bibliográfico diverso, comumente encontrado em livros técnicos e especializados no assunto, para posterior consulta e aprofundamento de conteúdo. Nosso objetivo é que você tenha um conteúdo prático e dinâmico, capaz de tornar clara a sua evolução no conhecimento da disciplina ao longo do semestre, tanto em termos matemáticos quanto em termos dos fenômenos que envolvem a disciplina de Circuitos Elétricos CA. Esperamos que este material sirva como ponto de partida para o seu autodesenvolvimento profissional. Bons estudos! Prof.ª Júlia Grasiela Busarello Wolff Prof. Léo Roberto Seidel Prof. Rubens Bernardes de Carvalho Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) ............................................................................................... 1 TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS .............................. 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 SOFTWARE PARA SIMULAÇÃO .................................................................................................... 3 2.1 TUTORIAL DO LTSPICE® ............................................................................................................ 4 2.2 INSTALAÇÃO DO LTSPICE® ....................................................................................................... 5 3 ROTEIRO GENÉRICO PARA SIMULAÇÃO DE CIRCUITOS ELÉTRICOS EM LABORATÓRIO DIGITAL ................................................................................................................ 5 3.1 OBJETO DE ESTUDO – CIRCUITO ............................................................................................. 5 3.1.1 Análise teórica do funcionamento ....................................................................................... 5 3.1.2 Teste e/ou simulação .............................................................................................................5 3.1.3 Análise e conclusão................................................................................................................ 6 3.2 EXEMPLO DE AULA PRÁTICA UTILIZANDO O LTSPICE® PARA SIMULAÇÃO DE CIRCUITOS ELÉTRICOS ........................................................................................................ 6 3.2.1 Exemplo de aplicação – circuito resistivo .......................................................................... 6 3.2.1.1 Etapa 1: realizar o cálculo do circuito ..................................................................... 7 3.2.1.2 Representação gráfica das grandezas calculadas .................................................. 7 3.2.1.3 Etapa 2: realizar a simulação do circuito ................................................................ 9 4 NÚMEROS COMPLEXOS ............................................................................................................... 20 4.1 CONJUNTO DOS NÚMEROS COMPLEXOS .......................................................................... 20 4.2 NOTAÇÃO RETANGULAR ....................................................................................................... 20 4.3 NOTAÇÃO NA FORMA POLAR .............................................................................................. 21 4.4 NOTAÇÃO NA FORMA EXPONENCIAL ............................................................................... 22 4.5 CONVERSÃO DE NÚMEROS COMPLEXOS .......................................................................... 23 4.5.1 Cálculos com números complexos .................................................................................... 23 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 25 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 26 TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA .................................................... 31 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 31 2 FONTE SENOIDAL E SUA REPRESENTAÇÃO ........................................................................ 31 2.1 REPRESENTAÇÃO MATEMÁTICA GENÉRICA DE UMA ONDA SENOIDAL .............. 32 2.1.1 Amplitude ............................................................................................................................. 33 2.1.2 Frequência (f [Hz]) ............................................................................................................... 34 2.1.3 Período (T [S]) ...................................................................................................................... 34 2.1.4 Uso de fasores ...................................................................................................................... 35 3 REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA ..... 41 3.1 RESISTOR....................................................................................................................................... 41 3.1.1 No domínio do tempo ......................................................................................................... 41 3.1.2 Em termos fasoriais ............................................................................................................. 42 3.1.3 No domínio da frequência .................................................................................................. 43 3.2 INDUTOR ...................................................................................................................................... 44 3.2.1 Em termos fasoriais ............................................................................................................. 45 3.2.2 No domínio da frequência .................................................................................................. 46 3.3 CAPACITOR .................................................................................................................................. 49 3.3.1 Em termos fasoriais ............................................................................................................. 50 3.3.2 No domínio da frequência .................................................................................................. 51 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 54 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 56 TÓPICO 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA .......................... 57 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 57 2 RESPOSTA NATURAL DE UM CIRCUITO RC ......................................................................... 61 2.1 EXEMPLO DE RESOLUÇÃO DE CIRCUITO NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA POR LAPLACE .............................................................................................................................. 63 2.1.1 Determinação de I, V1 e V2 como funções racionais de s ................................................ 64 2.1.2 Determinação das expressões no domínio do tempo para i, v1 e v2 ............................. 65 2.2 EXEMPLO DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA UTILIZANDO A ANÁLISE DE MALHAS .............................................................................................................. 65 2.2.1 Determinação da expressão para I e V no domínio da frequência ............................... 65 2.2.2 Determinação da expressão de i(t) e v(t) no domínio do tempo quando t > 0 ............ 66 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 68 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 75 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 76 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 77 UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS ....................................................... 79 TÓPICO 1 — CONCEITOS DE POTÊNCIAS INSTANTÂNEA, MÉDIA E REATIVA ............81 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 81 2 POTÊNCIA INSTANTÂNEA .......................................................................................................... 84 2.1 EXEMPLO PRÁTICO ................................................................................................................... 86 3 POTÊNCIA MÉDIA .......................................................................................................................... 86 3.1 EXEMPLO PRÁTICO 1 ................................................................................................................ 88 3.2 EXEMPLO PRÁTICO 2 ................................................................................................................ 89 4 POTÊNCIA EFICAZ OU POTÊNCIA RMS ................................................................................. 90 4.1 EXEMPLO PRÁTICO 1 ................................................................................................................ 91 4.2 EXEMPLO PRÁTICO 2 ................................................................................................................ 92 5 POTÊNCIA ATIVA, REATIVA E APARENTE..............................................................................95 6 POTÊNCIA COMPLEXA.................................................................................................................. 96 6.1 EXEMPLO PRÁTICO 1 ................................................................................................................ 99 6.2 EXEMPLO PRÁTICO 2 .............................................................................................................. 100 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 104 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 105 TÓPICO 2 — TEOREMA DA MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA ...................... 107 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 107 2 TEOREMA DA MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA ............................................ 107 2.1 EXEMPLO PRÁTICO ................................................................................................................. 110 3 CONSERVAÇÃO DE POTÊNCIA CA ......................................................................................... 111 3.1 EXEMPLO PRÁTICO ................................................................................................................. 113 4 INSTRUMENTOS E MÉTODOS PARA MEDIÇÃO DE POTÊNCIA .................................. 115 4.1 EXEMPLO PRÁTICO ................................................................................................................. 117 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 118 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 119 TÓPICO 3 — FATOR DE POTÊNCIA E SUA CORREÇÃO ...................................................... 123 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 123 2 FATOR DE POTÊNCIA .................................................................................................................. 124 2.1 EXEMPLO PRÁTICO 1 .............................................................................................................. 125 2.2 EXEMPLO PRÁTICO 2 .............................................................................................................. 126 3 CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA .................................................................................. 127 3.1 EXEMPLO PRÁTICO ................................................................................................................ 129 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 131 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 133 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 134 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 137 UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS ........................................................ 139 TÓPICO 1 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS ..................................................... 141 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 141 2 TENSÕES TRIFÁSICAS EQUILIBRADAS ................................................................................ 142 3 FONTES DE TENSÃO TRIFÁSICAS .......................................................................................... 145 3.1 FONTE TRIFÁSICA EM Y ......................................................................................................... 146 3.1.1 Análise de um sistema Y-Y ............................................................................................... 149 3.1.2 Análise pelo circuito monofásico equivalente ............................................................... 151 3.1.3 Análise de um sistema Y-Δ ............................................................................................... 152 3.2 FONTE CONECTADA EM Δ .................................................................................................... 157 4 SISTEMAS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS ..................................................................... 158 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 159 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 160 TÓPICO 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS TRIFÁSICOS ........................................................ 163 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 163 2 ANÁLISE DAS POTÊNCIAS NUM CIRCUITO TRIFÁSICO ............................................... 163 2.1 DETERMINAÇÃO DA POTÊNCIA REATIVA E DA POTÊNCIA COMPLEXA ............ 166 3 WATTÍMETROS E LEITURA DE POTÊNCIA .......................................................................... 172 3.1 LIGAÇÃO DE UM WATTÍMETRO AO CIRCUITO ELÉTRICO ......................................... 174 3.2 MEDIÇÃO DE ENERGIA TRIFÁSICA.................................................................................... 176 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 183 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 184 TÓPICO 3 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS ............................................. 185 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 185 2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS PARA SISTEMAS DESEQUILIBRADOS........................... 185 3 ANÁLISE DE SISTEMAS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS ........................................... 190 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 198 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 201 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 202 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 205 1 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • utilizar um software de simulação para circuitos elétricos; • realizar operações com números complexos; • entender e aplicar cálculos com fasores; • realizar cálculos no domínio da frequência. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS TÓPICO 2 – FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA TÓPICO 3 – ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE1 SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS 1 INTRODUÇÃO Este tópico tem como objetivo apresentar os fundamentos básicos do software para a simulação de circuitos elétricos, tornando possível a realização de simulações do funcionamento dos circuitos propostos, bem como a comparação dos resultados simulados com os cálculos realizados. Outro ponto interessante é a revisão de números complexos, a qual visa a destacar as operações e os cálculos que são utilizados em análise de circuitos, bem como qual a melhor notação a ser usada em determinada operação e a aplicação do uso de matrizes na resolução de sistemas lineares. Na resolução de sistemas lineares, embora existam diversos métodos de resolução, abordaremos o método de Cramer e o método da resolução da expressão A · X = B, os quais utilizam a forma matricial para a estruturação e a resolução do problema. 2 SOFTWARE PARA SIMULAÇÃO Existem diversos softwares para a simulação de circuitos elétricos/ eletrônicos: alguns disponíveis gratuitamente, outros pagos, alguns podem ser acessados on-line, enquanto outros precisam ser instalados. De cunho profissional ou estudantil, esses softwares têm um comportamento similar, no qual é necessária a inclusão dos componentes e realização da ligação dos componentes entre si. Isso pode ser feito, normalmente, de duas formas: utilizando o ambiente gráfico para a inserção de cada um dos componentes e, posteriormente, realizando a ligação entre eles; ou pela montagem de um arquivo com sequências de linhas, que apresentam, ao mesmo tempo, a descrição do componente e os pontos em que são ligados. Essa “montagem” precisa ser feita antes da simulação propriamente dita. Com o intuito de desenvolvermos a habilidade para o uso de algum programa de simulação para as atividades laboratoriais, sugerimos o uso do LTspice®. Disponibilizado pela Analog Devices, uma das empresas de maior crescimento dentro do setor de tecnologia, conforme a revenda MOUSE Electronics. Reconhecida em todo o setor como líder mundial em tecnologia de conversão de dados e de condicionamento de sinais, a Analog Devices atende a mais de 100.000 clientes, representando praticamente todos UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) 4 os tipos de equipamentos eletrônicos. [...] fabricante líder global de circuitos integrados de alto desempenho utilizados em aplicações de processamento de sinais analógicos e digitais, a Analog Devices está sediada em Norwood, Massachusetts, EUA, e com instalações de projeto e manufatura em todo o mundo (ANALOG DEVICES, c2021). Segundo o portal Vida de Silício, “[...] é um software produzido pela Linear Tehcnology e que agora é parte da Analog Devices, cuja finalidade é a simulação e a análise do comportamento de circuitos elétricos contendo os mais variados componentes [...]” (MILHAGEM UFMG, 2019. s. p.). Um software de simulação é comumente usado para estimar os valores das grandezas elétricas, quando ligados em configurações específicas, com componentes como resistores, indutores, capacitores, diodos, amplificadores operacionais, conversores AD/DA e uma vasta gama de componentes e/ou associação de componentes estruturados na forma de modelos de funcionamento, caracterizando, muitas vezes, um outro tipo de componente. Conhecer o comportamento das associações e/ou configurações de ligação, ou seja, analisar o comportamento dos circuitos elétricos quando ligados a outros componentes ou circuitos elétricos, antes da eventual montagem física, reduz consideravelmente o tempo de desenvolvimento e de projeto. 2.1 TUTORIAL DO LTSPICE® O LTspice® é um software de simulação SPICE de alto desempenho, captura esquemática e visualizador de formas de onda com aprimoramentos e modelos para facilitar a simulação de circuitos analógicos. No download do LTspice®, estão incluídos os macromodelos para a maioria dos reguladores de comutação da Analog Devices, amplificadores e uma biblioteca de dispositivos para simulação geral de circuitos (LTSPICE, 2021). Como vantagens apresentadas, o LTspice® reduz o tempo de teste para se chegar ao produto final mais rapidamente, simplifica os cálculos de circuitos em engenharia e possibilita o uso de produtos líderes da indústria para criar um melhor design (LTSPICE, 2021). Para realizar uma simulação no LTspice®, podemos inserir as informações de entrada de duas formas: por uma sequência de linhas de descrição ou por sua interface gráfica, que possibilita desenhar o circuito e selecionar a representação desejada dos resultados. Neste material, focaremos na segunda maneira, ou seja, utilizando a interface gráfica que possibilita selecionar os componentes desejados e realizar as conexões entre os componentes, criando o desenho esquemático necessário. Essa forma é mais didática, uma vez que o usuário percebe como e de que forma os componentes se inter-relacionam e atuam uns sobre os outros. TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS 5 2.2 INSTALAÇÃO DO LTSPICE® A instalação do software pode ser feita diretamente do site da Analog Device (LTSPICE, 2021). Para acompanhar melhor o desenrolar da instalação, há um passo a passo no portal Vida de Silício, que também traz exemplos de utilização do LTspice® (MILHAGEM UFMG, 2019). 3 ROTEIRO GENÉRICO PARA SIMULAÇÃO DE CIRCUITOS ELÉTRICOS EM LABORATÓRIO DIGITAL A fim de que as aulas de laboratório possam ser realmente aproveitadas para instigar um maior entendimento dos fenômenos elétricos no comportamento das grandezas elétricas, sugerem-se alguns procedimentos para a realização das aulas de práticas de circuitos elétricos. 3.1 OBJETO DE ESTUDO – CIRCUITO Em todos os experimentos, é fornecido circuito que deve ser estudado e entendido, além de ser montado em protoboard e/ou simulado no software de preferência. Nesse momento, optamos por utilizar o LTspice® para realizar as medições solicitadas. 3.1.1 Análise teórica do funcionamento Sempre que solicitado, o circuito sob estudo deve ser calculado com base nas equações de circuitos elétricos e nas leis que regem o comportamento físico dos diferentes componentes existentes no circuito. Essa análise tem como premissa a compreensão teórica do comportamento físico do circuito, a fim de se ter uma ideia de como o circuito funcionará na prática. 3.1.2 Teste e/ou simulação Para os experimentos realizados em laboratório físico, deve-se: • separar os componentes, bancadas, instrumentos de medição e protoboard; • realizar as conexões solicitadas; • revisar as ligações; • chamar o professor para uma verificação. UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) 6 Somente após a realização desses passos, deve-se energizar o circuito e realizar as ações solicitadas. Para os experimentos realizados no simulador, é necessário: • desenhar o circuito conforme esquema apresentado; • ajustar as grandezas dos componentes e simular de acordo com as solicitações de parametrização; • obter os valores medidos em termos de amplitudes de sinal e/ou forma de onda solicitada. 3.1.3 Análise e conclusão Se solicitado, deve-se comparar os resultados obtidos nos desenvolvimentos teóricos com os resultados em laboratórios, práticos ou simulados, verificando as possíveis disparidades (se houverem), assim como a aproximação dos valores das grandezas medidas. A conclusão do experimento aponta para uma indicação acerca do que foi realizado e se os objetivos propostos foram atingidos. 3.2 EXEMPLO DE AULA PRÁTICA UTILIZANDO O LTSPICE® PARA SIMULAÇÃO DE CIRCUITOS ELÉTRICOS Como modelo para o desenvolvimento das atividades propostas, será apresentado um circuito de exemplo, bem como serão realizados todos os passos, tanto em termos de cálculo quanto em termos de simulação e análise. Esse modelo pode ser adaptado livremente pelo professor para realçar algum tópico considerado importante e pertinente às questões envolvidas em aula. 3.2.1 Exemplo de aplicação – circuitoresistivo Um circuito composto por uma fonte de tensão v1, ligada a uma carga resistiva, composta por dois resistores, R1 e R2, ligados em série. 1. Faça um esboço da aparência da forma de onda de tensão e da corrente nos terminais da carga. As grandezas estão defasadas? Se sim, em quantos graus? 2. Quais os valores das amplitudes de tensão e corrente na carga? 3. Quais os valores das amplitudes de tensão e corrente em R1 e em R2? 4. Desenhe as formas de onda de corrente e tensão para R1 e R2. Dados: v1 = 10.sin (2π) R1 = 3Ω; R2 = 2Ω TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS 7 Circuito (Figura 1). FIGURA 1 – CIRCUITO FONTE: O autor Etapas de resolução: • Etapa 1: realizar o cálculo do circuito. • Etapa 2: realizar a simulação do circuito. 3.2.1.1 Etapa 1: realizar o cálculo do circuito 3.2.1.2 Representação gráfica das grandezas calculadas • Amplitude da tensão: 10 V; amplitude da corrente: 2 A. UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) 8 FIGURA 2 – TENSÃO E CORRENTE DO CIRCUITO FONTE: O autor • Amplitude da tensão em R1: 6 V; amplitude da corrente em R1: 2 A. FIGURA 3 – TENSÃO E CORRENTE EM R1 FONTE: O autor TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS 9 • Amplitude da tensão em R2: 4 V; amplitude da corrente em R2: 2 A. FIGURA 4 – TENSÃO E CORRENTE EM R2 FONTE: O autor 3.2.1.3 Etapa 2: realizar a simulação do circuito Resolução utilizando o programa de simulação LTspice®. A seguir, veremos um passo a passo de como realizar a simulação do circuito proposto. Após abrir o LTspice® (Figura 5), na barra de comandos (Figura 6), deve- se clicar no primeiro ícone, ou utilizar o atalho CTRL + N, para abrir uma nova plataforma para a construção do circuito esquemático (Figura 7). FIGURA 5 – ABERTURA DO SOFTWARE LTSPICE® FONTE: O autor UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) 10 FIGURA 6 – BARRA DE COMANDOS FONTE: O autor FIGURA 7 – ABRINDO NOVA PLATAFORMA FONTE: O autor É aberta uma área para desenhar o circuito esquemático desejado. No caso do exercício, são dois resistores (R1 = 3Ω; R2 = 2Ω) ligados em série, com uma fonte de corrente alternada. Uma onda de corrente alternada tem a forma genérica dada por: v(t) = Vm . sin(ω . t + φ) Em que: Vm é a amplitude da onda; ω é a frequência angular da onda [radianos]; φ é a fase da onda (radianos). Sabendo-se que: ω = 2 * π * f Em que f é a frequência da onda (Hz). TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS 11 FIGURA 8 – SÍMBOLO DO RESISTOR NA BARRA DE MENU FONTE: O autor Depois de clicar na área de trabalho, será inserida a imagem do resistor R1 e, clicando mais uma vez, a do resistor R2 (Figura 9). FIGURA 9 – IMAGEM DOS RESISTORES R1 E R2 FONTE: O autor Para sair do modo de inserção, deve-se clicar em “Esc” no teclado. Se for necessário apagar alguma informação da área de trabalho, basta clicar em “Delete” no teclado e, depois, no objeto que se quer excluir. ATENCAO Um clique no componente com o botão direito do mouse permite editar o valor da resistência (Figura 10). A onda solicitada é v1 = 10.sin(2π), portanto tem frequência de 1 Hz. Para o desenho do circuito esquemático, clica-se no símbolo do resistor na barra de menu (Figura 8). UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) 12 FIGURA 10 – EDITANDO O VALOR DA RESISTÊNCIA FONTE: O autor Em seguida, deve-se preencher com os valores desejados e clicar em OK (Figura 11). FIGURA 11 – PREENCHIMENTO DOS VALORES FONTE: O autor Para inserir a fonte de tensão, pressiona-se a tecla F2, para que apareça o menu indicado (Figura 12). TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS 13 FIGURA 12 – INSERINDO A FONTE DE TENSÃO FONTE: O autor Depois, em “Voltage”, posicione a fonte no local desejado, dê um clique e depois “ESC”. Edite o valor da fonte de tensão com o botão direito do mouse (Figura 13). FIGURA 13 – DEFININDO O VALOR DA FONTE DE TENSÃO FONTE: O autor UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) 14 Para mudar o tipo de fonte, deve-se clicar em “Advanced”, depois selecionar a fonte senoidal (SINE) e a amplitude de 10 V com a frequência de 1 Hz. FIGURA 14 – ESCOLHENDO A FONTE E A AMPLITUDE FONTE: O autor Em seguida, para ligar os componentes, basta utilizar o lápis no menu (Figura 15). FIGURA 15 – CONECTANDO OS COMPONENTES FONTE: O autor TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS 15 Para toda simulação de circuitos, é necessário um ponto de referência de aterramento, o ponto de terra. Para a medição dos sinais, posteriormente, o programa utiliza esse ponto como base de referência para a medição dos sinais. Com a ponteira de prova, o programa faz a medição das grandezas que utilizam dois pontos de contato: um dos pontos é o local onde se quer medir e o outro o ponto de terra. Portanto, foi usado o ponto comum apresentado na Figura 16. FIGURA 16 – PONTO DE TERRA FONTE: O autor O próximo passo é a simulação do circuito. É necessário ajustar o tempo de simulação. Ao clicar no ícone apresentado (Figura 17), o sistema abre uma janela para a inserção do tempo de simulação (Figura 18). FIGURA 17 – INSERÇÃO DO TEMPO DE SIMULAÇÃO FONTE: O autor UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) 16 FIGURA 18 – SOFTWARE LTSPICE® FONTE: O autor Como estamos utilizando um sinal na frequência de 1 Hz, a simulação poderia ser realizada durante 1 segundo, porém, a fim de se ter uma visão do comportamento dos sinais, usaremos o tempo de 5 segundos para a simulação. O ajuste do tempo é realizado na janela a seguir (Figura 19). FIGURA 19 – AJUSTE DE TEMPO DA SIMULAÇÃO FONTE: O autor TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS 17 Após determinar o tempo, o sistema abre um painel para a representação dos sinais desejados (Figura 20). FIGURA 20 – PAINEL DE REPRESENTAÇÃO DOS SINAIS FONTE: O autor Nesse momento, o circuito já foi simulado e as informações estão disponíveis para acesso. Assim, verificaremos a tensão fornecida pela fonte. Aproximar o cursor do terminal positivo da fonte, o ponteiro do mouse se transforma em uma ponteira e, ao clicar no terminal, é mostrada a forma de onda de tensão da fonte (Figura 21). FIGURA 21 – ONDA DE TENSÃO DA FONTE FONTE: O autor UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) 18 Em detalhe, pode-se observar que o sinal tem as características desejadas – amplitude de 10 V e frequência de 1 Hz. Isso pode ser verificado pela representação de uma oscilação completa no tempo de 1 segundo, lembrando que o período (T) da onda pode ser calculado por T = 1/f. Ainda é possível verificar que o sinal é representado pela variável V(n001), ou seja, a tensão no ponto 001 em relação ao terra (referência). FIGURA 22 – SIMULAÇÃO DA ONDA DE TENSÃO DA FONTE FONTE: O autor A representação da tensão da fonte e da corrente circulante no circuito (Figura 23) demonstra que, por ser um circuito resistivo, a tensão e corrente estão em fase. A amplitude da corrente é representada pelo eixo adjacente que está à direita do gráfico. Conforme calculada a corrente do circuito, apresenta variação somente em módulo, mantendo as mesmas características do sinal fornecido pela fonte. FIGURA 23 – REPRESENTAÇÃO DA TENSÃO DA FONTE E DA CORRENTE CIRCULANTE NO CIRCUITO FONTE: O autor TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS 19 O programa faz um ajuste automático dos eixos para representar as grandezas, porém, se quisermos realizar o ajuste manual, basta clicar com o botão direito do mouse no eixo das escalas a serem alteradas. FIGURA 24 – AJUSTE DOS EIXOS FONTE: O autor Agora, vamos praticar no exercício proposto a seguir, baseado nas formas de onda desejadas. AUTOATIVIDADE Dado um circuito composto por uma fonte de tensão v1 ligada à uma carga resistiva, composta por dois resistores, R1 e R2 ligados em série: a)Faça um esboço da aparência da forma de onda de tensão e da corrente nos terminais da carga. As grandezas estão defasadas? Se sim, em quantos graus? b) Quais os valores das amplitudes de tensão e corrente na carga? c) Quais os valores das amplitudes de tensão e corrente em R1 e em R2? d) Desenhe as formas de onda de corrente e tensão para R1 e R2. Dados: v1 = 10.sin (2π); R1 = 3Ω; R2 = 2Ω. UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) 20 Nesse momento, veremos os aspectos relevantes do cálculo com números complexos, que são necessários para a resolução dos circuitos elétricos que envolvem corrente alternada. Abordaremos as notações de representação dos números na forma retangular, polar e exponencial. Em função da similaridade e da praticidade das representações, será utilizada a notação exponencial no lugar da comumente notação polar. Os exercícios de fixação e as autoatividades propostas visam a explorar aspectos dos cálculos que são comumente utilizados, como a multiplicação de grandezas elétricas (lei de Ohm), as ligações série e paralela de impedâncias, as transformações de rede (Y – ∆), a representação gráfica e as operações com fasores, entre outros. Nesse contexto, foram elaborados diversos exercícios para que seja possível desenvolver a habilidade de trabalhar o cálculo com fasores, resolvendo as expressões e, posteriormente, representando-os nos diagramas fasoriais. 4.1 CONJUNTO DOS NÚMEROS COMPLEXOS O conjunto dos números complexos engloba todo o conjunto dos números naturais, o que permite representar todo o conjunto de números, desde os positivos, os negativos, os inteiros e os fracionários. 4.2 NOTAÇÃO RETANGULAR Tomando como exemplo um determinado número complexo Z, expressa- se esse número complexo na notação retangular como: Z = a ± jb ou Z = a ± ib Lê-se Z é igual a a mais ou menos jota b, em que: Z = número complexo na forma retangular; a = parte real do número complexo; b = parte imaginária do número complexo; i ou j = operador . Os números na forma retangular possuem uma parte real e uma parte imaginária, que é associada ao operador i2 = –1. Graficamente, os números podem ser apresentados também no plano complexo. Dados quatro números Z1, Z2, Z3 e Z4, que são representados no plano complexo Re x Im (Figura 25), observa-se que os quadrantes do gráfico são numerados da mesma forma que os quadrantes do plano real, comumente conhecidos. Z1 = a1 + ib1; Z2 = a1 – ib1; Z3 = –a1 – ib1; Z4= –a1 + ib1 4 NÚMEROS COMPLEXOS TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS 21 FIGURA 25 – PLANO COMPLEXO NA NOTAÇÃO RETANGULAR FONTE: O autor 4.3 NOTAÇÃO NA FORMA POLAR Tomando como exemplo um determinado número complexo Z, este é expressado na notação polar como: Z = ρ ∟ ± θ Lê-se Z é igual a rô ângulo mais/menos teta, em que: Z = número complexo na forma polar; ρ = módulo do número complexo; θ = ângulo que o módulo faz com a parte real do plano complexo; ∟ = operador que identifica a forma polar. Os números, na forma polar, possuem um módulo e um ângulo. Esse ângulo normalmente é referenciado em relação ao eixo real do plano complexo Re x Im. O sentido de giro do ângulo θ é o mesmo do círculo trigonométrico, ou seja, no sentido anti-horário. Quando o ângulo for negativo, isso significa que a orientação de referência passa a ser o sentido horário. Graficamente, os números podem ser apresentados também no plano complexo. Dados os números Z1 e Z2, que são representados no plano complexo Re x Im (Figura 26), observa-se que os quadrantes do gráfico são numerados da mesma forma que os quadrantes do plano real, comumente conhecidos. UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) 22 FIGURA 26 – PLANO COMPLEXO NA FORMA POLAR FONTE: O autor 4.4 NOTAÇÃO NA FORMA EXPONENCIAL Tomando como exemplo um determinado número complexo Z, expressa- se esse número complexo na notação na forma exponencial como: Z = ρ e ±θi Lê-se Z é igual a rô e mais/menos teta i, em que: Z = número complexo na forma polar; ρ = módulo do número complexo; θ = ângulo que o módulo faz com a parte real do plano complexo; e = número de Euler 2,71828182846. Os números na forma exponencial possuem um módulo e um ângulo. Esse ângulo normalmente é referenciado em relação ao eixo real do plano complexo Re x Im. O sentido de giro do ângulo θ é o mesmo do círculo trigonométrico, ou seja, no sentido anti-horário. Quando o ângulo for negativo, a orientação de referência passa a ser o sentido horário. Graficamente, os números podem ser apresentados também no plano complexo. Dados os números Z1 e Z2, que são representados no plano complexo Re x Im (Figura 27), observa-se que os quadrantes do gráfico são numerados da mesma forma que os quadrantes do plano real, comumente conhecidos. Z1 = ρ1 eθ1i Z2 = ρ2 e–θ2i Sua representação é semelhante à aplicada na notação polar mostrada na Figura 27. TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS 23 IGURA 27 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA NOTAÇÃO RETANGULAR E POLAR FONTE: O autor 4.5 CONVERSÃO DE NÚMEROS COMPLEXOS Dados dois valores: Z1 = a + bi Z2 = ρ1 eθ1i Convertendo-se de retangular para polar/exponencial: Convertendo-se de polar/exponencial para retangular: a = ρ.cos(θ) b = ρ.sen(θ) Z1= a + i.b = ρ.cos(θ) + ρ.sen(θ).i 4.5.1 Cálculos com números complexos Embora possam ser utilizadas todas as notações para fazer os cálculos com números complexos, usaremos, a fim de facilitar o estudo e a aplicabilidade dos conceitos, as notações com as operações equivalentes conforme demonstrado na Tabela 1. UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) 24 TABELA 1 – NOTAÇÕES PARA CÁLCULOS COM NÚMEROS COMPLEXOS FONTE: O autor Operação Notação Exemplo Adição/subtração Retangular Z1 = a1 + i b1; Z2 = a2 + i b2 Ztotal = Z1 ± Z2 = (a1 ± a2 ) + i(b1 ± b2) Observação: atenção com os sinais quando houver números negativos, por exemplo: Z3 = –a3 + i b3; Z4 = a4 – i b2 Ztotal = Z3 – Z4 = (a3 – a4 ) + i(b3 ± b4) Multiplicação/divisão Polar ou exponencial Za = ρa eθai); Zb = ρb eθbi Ztotal = Za.Zb = ρa.(ρb)±1 e(θa ± θb)i 25 Neste tópico, você aprendeu que: • Inserir componentes, realizar as ligações, simular e analisar o comportamento de componentes elétricos utilizando um software de simulação de circuitos elétricos. • As notações de números complexos: retangular, polar e exponencial. • Para converter uma notação em outra, como retangular para polar/ exponencial: , e de polar/exponencial para retangular: a = ρ.cos(θ); b = ρ.sen(θ); Z1 = a + i.b = ρ.cos(θ) + ρ.sen(θ).i. • A fazer de uma forma mais conveniente as operações com complexos: adição/subtração realizar em retangular; multiplicação/divisão realizar em polar ou exponencial. RESUMO DO TÓPICO 1 26 AUTOATIVIDADE 1 Dados os números complexos, faça as operações solicitadas: a) b) c) d) e) f) g) h) i) j) k) l) m) n) o) p) 27 2 Trabalhando com expressões: a) b) c) d) e) f) g) h) i) j) 28 k) l) m) n) o) p) q) r) s) t) 29 3 Resolva os sistemas lineares utilizando a regra de Cramer e a equação A . X = B: Dados: a) b) c) 0 75 14 30 31 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, serão apresentados os elementos passivos e as fontes de alimentação que são utilizadas nos cálculos com corrente alternada, representados no domínio da frequência, bem como a aplicação da notação dos números complexos para a resolução de circuitos elétricos em corrente alternada. 2 FONTE SENOIDAL E SUA REPRESENTAÇÃO As fontes senoidais, por variarem de amplitude ao longo do tempo, apresentam algumas características especiais. Trabalhar no domínio do tempo pode ser complicado quando existem elementos reativos no circuito, como indutores e capacitores,nos quais as grandezas com tensão e corrente são afetadas pelos componentes. Também fazem parte das fontes senoidais os conceitos de período e frequência. Embora sejam relevantes para o estudo das variações temporais, o comportamento dos circuitos elétricos pode ser analisado de uma forma simplificada, pela utilização dos fasores. Dada uma forma de onda genérica, que pode ser expressa matematicamente como: x(t) = Xm.sin(ωt + φ) Em que: x(t) = representa uma grandeza senoidal genérica, como a corrente, a tensão ou a potência em um componente ou sistema; Xm = é o valor máximo da amplitude que a onda pode chegar; ω = frequência angular da onda dada em radianos; e φ = ângulo de fase da onda. Essa onda genérica, representada por x(t), pode ser uma fonte, uma tensão, uma corrente ou uma potência aplicada em um componente ou uma rede. Nesse contexto, Xm é a amplitude máxima da grandeza x(t). 32 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) Para um melhor entendimento das formas de onda senoidais, vamos tomar como exemplo duas ondas x1(t) e x2(t) representadas por: x1(t) = Xm1.sin(ωt + φ) x2(t) = Xm2.sin(ωt + θ) Essas formas de ondas são representadas na Figura 28. Pode-se observar que, se φ = θ, diz-se que as ondas x1(t) e x2(t) estão em fase, caso contrário, as ondas são consideradas defasadas. FIGURA 28 – ÂNGULO DE DEFASAGEM ENTRE ONDAS SENOIDAIS FONTE: O autor 2.1 REPRESENTAÇÃO MATEMÁTICA GENÉRICA DE UMA ONDA SENOIDAL Uma onda senoidal pode ser representada, de forma genérica, pela expressão matemática: v(t) = Vm.sen (ωt + φ); sendo ω = 2πf Em que: v(t) = fonte de tensão alternada (V); Vm = amplitude máxima da tensão alternada (V); ω = frequência angular da fonte (rad); φ = ângulo de defasagem; f = frequência do sinal (Hz). TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA 33 2.1.1 Amplitude A amplitude representa o valor instantâneo máximo que a onda pode assumir, em dado instante de tempo, e a grandeza que representa o sinal da fonte. Por exemplo: dado o sinal senoidal, a seguir, verifique o valor da grandeza desejada: v1(t) = 120 * sin(ωt + φ) v2(t) = 60 * sin(ωt – 90o) Enquanto v1(t) inicia em zero, o que significa que não existe desfasamento nessa forma de onda, o sinal v2(t) está defasado em 90°, ou seja, houve um deslocamento temporal no sinal da onda v2(t) em relação à onda v1(t). t 0 0,25 0,5 0,75 1,0 v1(t) 0 120 0 -120 0 v2(t) -60 0 60 0 -60 FIGURA 29 – FORMA DE ONDA DAS TENSÕES V 1 (T) E V 2 (T) FONTE: O autor 34 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) O ângulo de fase representa a relação angular de deslocamento da forma de onda. Uma onda senoidal com início em um instante 0 é apresentada na figura a seguir, denominada como v1(t). Quando se deseja representar um deslocamento angular acima de 45°, a forma de onda permanece a mesma, porém não inicia mais em 0, pois teve seu valor recolocado 45° antes, conforme apresentado pelo sinal v2(t) na figura. ÂNGULO DE DEFASAGEM FONTE: O autor IMPORTANT E 2.1.2 Frequência (f [Hz]) Determina a quantidade de repetições de uma onda no intervalo de tempo de um segundo. Por exemplo, uma onda de tensão senoidal com frequência de 1 Hertz corresponde ao fato de que a onda faz uma oscilação completa em 1 segundo; já uma onda de 2 Hertz executa duas oscilações em 1 segundo – em outras palavras, a onda executou duas oscilações por segundo. 2.1.3 Período (T [S]) É definido como o tempo necessário para que o sinal execute um ciclo completo, ou seja, até que o ciclo comece a se repetir. Como exemplo temos uma onda que possui um período de 0,25 s, isto significa a dizer que a onda precisa de 0,25 segundos para realizar uma oscilação completa. TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA 35 Período e frequência são grandezas inversas e se relacionam pela expressão: T = 1/f. Por exemplo, em uma onda senoidal com frequência de 5 Hz, qual é o período dessa onda? Dessa forma, a onda executa cinco repetições de seu sinal em 1 segundo e cada repetição precisa de 0,2 segundo para transcorrer. FORMA DE ONDA DE TENSÃO DE 5 HZ FONTE: O autor IMPORTANT E 2.1.4 Uso de fasores Os fasores são usados para simplificar os cálculos de circuitos elétricos em corrente alternada. Ao utilizar a representação fasorial, desconecta-se a grandeza do domínio do tempo. É como se as grandezas fossem representadas em um determinado instante de tempo. Assim todas as outras grandezas são representadas nesse instante e é possível analisar o comportamento dessas grandezas entre si. Se houver necessidade de expressar os valores calculados no domínio do tempo, reescreve-se a grandeza utilizando esse domínio. 36 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) Na forma fasorial, a notação utilizada é a notação polar ou exponencial. Uma vez que as grandezas são representadas assim, a análise do seu comportamento pode ser feita utilizando praticamente toda a teoria de circuitos elétricos de corrente contíua e, dependendo do que se quer analisar, ainda é possível usar o diagrama fasorial. Com base na equação de Euler, que correlaciona a função exponencial com as funções trigonométricas de seno e cosseno na forma: exi = cosx + i.sinx Em que: i2 = –1. Por meio dessa relação, uma grandeza complexa, dada por C, pode ser representada como: C = M.exi = M.(cosx + i.sinx) = M.cosx + i.M.sinx = CRe + i.CIm Supondo que uma tensão CA, dada por: va(t) = Vm.sin(ωt + φ), como já visto anteriormente, no domínio do tempo tem um comportamento oscilatório de amplitude: Vm; frequência: f = ω/2π e fase: φ. A forma polar dessa onda senoidal é dada por: is(t) = Im.cos(ωt + φ) → Is = Im.eφi → Is = Im ∟φ Observa-se que, na forma fasorial, a grandeza não depende do tempo, mas da amplitude e do ângulo de fase do sinal original. Dessa forma, o sinal: is(t) = 2.cos(ωt + 0o) Representado pela imagem na Figura 30. FIGURA 30 – FORMA DE ONDA FONTE: O autor TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA 37 Passa a ser representado da forma fasorial como: Is = 2.e0 ◦i → Is = 2 Conforme representado pela Figura 31. FIGURA 31 – REPRESENTAÇÃO FASORIAL FONTE: O autor Da mesma forma, quando existe alguma defasagem, esta é representada no fasor por: Is(t) = 2.cos(ωt + 45o) A Figura 32 mostra a representação gráfica da onda senoidal: FIGURA 32 – FORMA DE ONDA DE CORRENTE SENOIDAL FONTE: O autor 38 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) Já a representação gráfica fasorial pode ser vista na Figura 33: FIGURA 33 – REPRESENTAÇÃO DE CORRENTE FASORIAL FONTE: O autor Para sistemas trifásicos, que serão estudados posteriormente, há três tensões CA defasadas de 120°; matematicamente, para um sistema de sequência negativa, temos: vR(t) = 220.sin(377t + 0o) vS(t) = 220.sin(377t + 120o) vT(t) = 220.sin(377t – 120o) A representação das grandezas de tensões trifásicas, no domínio do tempo, pode ser vista na Figura 34 – observa-se que o período dos sinais trifásicos é de 16,6667 ms. TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA 39 FIGURA 34 – TENSÕES TRIFÁSICAS FONTE: O autor A utilização de fasores facilita o entendimento dos fenômenos físicos e os cálculos que envolvem as grandezas relativas aos circuitos analisados. FIGURA 35 – REPRESENTAÇÃO NA FORMA POLAR DAS TENSÕES TRIFÁSICAS FONTE: O autor Nesse sentido, quando a tensão trifásica apresentar uma defasagem na tensão de referência, todas as tensões também são defasadas. Por exemplo, se a tensão vr(t) tiver um ângulo de 45°, em vez de 0°, o diagrama senoidal e o diagrama fasorial das tensões trifásicas têm o comportamento apresentado nas Figuras 36 e 37, respectivamente. 40 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) FIGURA36 – TENSÕES SENOIDAIS A 45° FONTE: O autor No diagrama dos fasores das tensões trifásicas, observa-se que a defasagem entre os fasores ainda é de 120°, sendo que Vr está em 45° em relação à referência, eixo real do plano complexo, Vs em 165°, ou seja, 120° em relação à Vr, e Vt em -75°, o que representa uma defasagem de 120° em relação à Vr. FIGURA 37 – TENSÕES FASORIAIS A 45° FONTE: O autor TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA 41 3 REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA Nesse momento, veremos o comportamento dos elementos resistor, indutor e capacitor, mediante à alimentação senoidal, o correspondente fasor associado e o comportamento desses componentes quando analisados no domínio da frequência. Como já foi estudado o comportamento das grandezas de tensão e corrente nos resistores, indutores e capacitores, também conhecidos como componentes passivos, apresentaremos as equações de interesse para cada componente. 3.1 RESISTOR Componentes passivos entre os mais utilizados em circuitos elétricos, a tensão e a corrente no resistor têm um comportamento linear. FIGURA 38 – CIRCUITO RESISTIVO SÉRIE FONTE: O autor 3.1.1 No domínio do tempo Dado um circuito resistivo série alimentado com a corrente i(t) = Im.sin(ωt), conforme apresentado na Figura 39, matematicamente os sinais podem ser representados por: vR(t) = i(t).R ⇒ vR(t) = Im.R.sin(ωt) Observa-se, na Figura 39, que a corrente está em fase com a tensão no resistor. 42 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) FIGURA 39 – CORRENTE E TENSÃO NO RESISTOR PARA A FREQUÊNCIA DE 1 HZ FONTE: O autor 3.1.2 Em termos fasoriais A corrente apresentada no domínio do tempo pode ser descrita na notação fasorial como IR = Im.e0 ◦.i. A tensão pode ser calculada usando a equação da lei de Ohm: VR = R.IR ⇒ VR = R.Im.e0 ◦.i A representação gráfica da Figura 40 mostra a disposição dos fasores no plano complexo Re x Im. FIGURA 40 – REPRESENTAÇÃO DE I E V NO RESISTOR FONTE: O autor TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA 43 3.1.3 No domínio da frequência Dada a equação da lei de Ohm que descreve o comportamento linear de tensão e corrente no resistor no domínio do tempo, cuja representação pode ser observada na Figura 41, tem-se: vR(t) = R.iR(t) ⇒ vR = R.iR Aplicando a transformada de Laplace na expressão da tensão no resistor, observa-se que, pelo fato de envolver grandezas constantes, tem-se: L{vR} = L{R} . L{iR} Logo, a transformada de valores constantes não altera o valor da resistência e a equação pode ser descrita como: VR = R.IR Dessa forma, a Figura 41 apresenta o modelo da resistência no domínio da frequência. FIGURA 41 – RESISTÊNCIA NO DOMÍNIO DO TEMPO FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 522) Na representação matemática: v(t) = R.i(t) 44 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) FIGURA 42 – RESISTÊNCIA NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 522) Na representação matemática: V = R.I 3.2 INDUTOR Diferentemente do resistor, o indutor tem um comportamento entre tensão e corrente, que é função da taxa de variação (d/dt). FIGURA 43 – CIRCUITO INDUTIVO PURO FONTE: O autor Dado o circuito indutivo puro, alimentado com a corrente i(t) = Im.sin(ωt), conforme apresentado na Figura 43, a tensão no indutor é dada por: TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA 45 FIGURA 44 – COMPORTAMENTO DA CORRENTE E TENSÃO E NO INDUTOR FONTE: O autor 3.2.1 Em termos fasoriais Com: Vm = ω.L.Im A tensão no indutor também pode ser tida como: vL(t) = Vm.sin(ωt + φ + 90o) Essa expressão representa que a tensão (vL(t)) está adiantada em 90° (π/2) em relação à corrente (iL(t)) no indutor (Figura 44) ou, ainda, pode-se dizer que a corrente no indutor está atrasada em 90° (π/2) em relação à tensão no indutor. A notação fasorial corresponde à representação complexa das grandezas dadas no domínio do tempo. É como se fizéssemos uma tomada instantânea das grandezas temporais e analisássemos as correlações entre elas nesse instante. Dessa forma, é possível entender seu comportamento em um instante e, consequentemente, compreender o comportamento do conjunto no domínio do tempo. Em termos matemáticos, a notação fasorial simplifica, em muito, os cálculos das grandezas elétricas, permitindo, ainda, uma representação gráfica desse comportamento no diagrama fasorial (Figura 45). 46 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) Da corrente no indutor, dada por iL(t) = Im.sin(ωt + φ), tem-se IL = Im.eφi. A tensão sobre o indutor, dada por vL(t) = Vm cos(ωt + φ + 90o), é representada fasorialmente por VL = Vm.e(φ+90) ◦i. Esses fasores são representados no plano complexo Re x Im como mostra a Figura 45. FIGURA 45 – DIAGRAMA FASORIAL DAS GRANDEZAS TENSÃO E CORRENTE EM UM INDUTOR PURO FONTE: O autor 3.2.2 No domínio da frequência A tensão nos terminais de um indutor é função da taxa de variação da corrente que circula por esse indutor em um determinado intervalo de tempo. A representação matemática dessa correlação é dada por: A transformada de Laplace da tensão nos terminais do indutor é dada por: TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA 47 A equação de VL(s) pode ser representada de duas formas, duas configurações diferentes, sendo uma na qual uma impedância de sL está ligada em série com uma fonte independente de tensão LI0, conforme mostrado na Figura 46; e a outra a de uma impedância sL em paralelo com uma fonte de corrente dada por I0/s, conforme apresentado na Figura 47, modelo que pode ser obtido explicitando a corrente na equação da tensão, como sendo: FIGURA 46 – MODELO DO INDUTOR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA UTILIZANDO UMA FONTE INDEPENDENTE DE TENSÃO FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 523) Cuja representação matemática é: V = sL.I – L.I0 FIGURA 47 – MODELO DO INDUTOR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA UTILIZANDO UMA FONTE DE CORRENTE FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 523) 48 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) Cuja representação matemática é: A Figura 48 apresenta o indutor no domínio do tempo e a equação matemática que o caracteriza. Cabe observar que, se o indutor não tiver energia armazenada I0 = 0, o circuito equivalente, no domínio da frequência, passa a ser exclusivamente a impedância sIL(s), conforme apresentado na Figura 49. FIGURA 48 – INDUTOR NO DOMÍNIO DO TEMPO FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 522) Cuja representação matemática é: FIGURA 49 – INDUTOR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA COM CONDIÇÕES INICIAIS NULAS FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 523) Cuja representação matemática é: V = sL.I TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA 49 3.3 CAPACITOR O capacitor, assim como o indutor, também tem um comportamento que é proporcional à taxa de variação entre tensão e corrente. FIGURA 50 – CIRCUITO CAPACITIVO PURO FONTE: O autor Ao alimentar o circuito da Figura 50 com uma corrente senoidal, representada por i(t) = Im.sin(ωt + φ), a tensão do capacitor é dada isolando a tensão na equação: Com: Nesse caso, a tensão no indutor pode ser descrita como: vc(t) = Vm.sin(ωt + φ – 90o) Essa expressão representa que a tensão (vC(t)) está atrasada em 90° (π/2) em relação à corrente (iC(t)) no capacitor (1) ou, ainda, pode-se dizer que a corrente no capacitor está adiantada em 90° (π/2) em relação à tensão no capacitor. 50 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) FIGURA 51 – COMPORTAMENTO DA CORRENTE E TENSÃO NO CAPACITOR FONTE: O autor 3.3.1 Em termos fasoriais A representação fasorial de corrente e tensão no capacitor, representadas graficamente no diagrama fasorial da FX, é expressa matematicamentenos seguintes termos: dada uma corrente que circula em um capacitor como: iC(t) = Im.sin(ωt + φ) na forma fasorial IC = Im.eφi, a tensão nesse capacitor pode ser obtida por vC(t) = Vm.sin(ωt + φ – 90o), que, representado fasorialmente, tem-se VC = Vm.e(φ–90 ◦)i. FIGURA 52 – DIAGRAMA FASORIAL DAS GRANDEZAS TENSÃO E CORRENTE EM UM CAPACITOR PURO FONTE: O autor TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA 51 3.3.2 No domínio da frequência A corrente no capacitor é função da taxa de variação da tensão aplicada nesse capacitor, sendo dada por: A transformada de Laplace da tensão nos terminais do indutor é dada por: Essa equação indica que a corrente no capacitor pode ser representada pela soma de duas outras correntes, conforme apresentado na Figura 53, na qual em um ramo tem-se uma admitância sC (Siemens) ligada em um ramo em paralelo com uma fonte independente de corrente CV0 (ampères-segundos). Outra configuração é obtida quando, na equação da corrente no capacitor, se evidencia a tensão no capacitor VC: Em cuja tensão do capacitor pode ser representada por uma impedância 1/sC, ligada em série com uma fonte de tensão dada por V0/s, conforme apresentado na Figura 54. FIGURA 53 – MODELO DO CAPACITOR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA UTILIZANDO UMA FONTE INDEPENDENTE DE CORRENTE FONTE: O autor 52 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) Cuja representação matemática é: I = sCV – CV0 FIGURA 54 – MODELO DO CAPACITOR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA UTILIZANDO UMA FONTE INDEPENDENTE DE TENSÃO FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 524) Cuja representação matemática é: O modelo do capacitor no domínio do tempo é apresentado na Figura 55, assim como seu modelo matemático. No domínio da frequência, quando se utiliza um capacitor descarregado, em que V0 = 0, observa-se que as fontes dos modelos apresentados perdem a sua função, ou seja, tanto o modelo com a fonte de corrente (Figura 53) quanto o modelo com a fonte de tensão (Figura 54) originam o modelo resultante apresentado na Figura 56. FIGURA 55 – CAPACITOR NO DOMÍNIO DO TEMPO FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 523) TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA 53 Cuja representação matemática é: FIGURA 56 – CAPACITOR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA COM CONDIÇÕES INICIAIS NULAS FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 524) Cuja representação matemática é: Conhecendo-se o comportamento individual de cada elemento passivo, pode-se iniciar o procedimento da análise do comportamento dos componentes no domínio da frequência. 54 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Uma fonte senoidal pode ser representada genericamente por: x(t) = Xm.sin(ωt + φ), em que Xm é o valor máximo da amplitude que a onda pode chegar, ω é a frequência angular da onda dada em radianos e φ é o ângulo de fase da onda. • Frequência (f [Hz]) é a quantidade de repetições de uma onda no intervalo de tempo de um segundo. • Período (T [S]) é o tempo necessário para que o sinal execute um ciclo completo. • Período e frequência são grandezas inversamente proporcionais: T = 1\f. • A forma fasorial de uma onda senoidal é dada por: xs(t) = Xm.cos(ωt + φ) → Xs = Xm.eφi • Representações e notações que podem ser utilizadas: Senoidal: is(t) = 2.cos(ωt + 45o) Fasorial: Is = 2.e45◦i 55 • Comportamento dos elementos passivos no domínio da frequência: COMPORTAMENTO DOS ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA FONTE: O autor Domínio do tempo Domínio da frequência v(t) = R.i(t) V = R.I V = sL.I – L.I0 I = sCV – CV0 56 1 Considere uma tensão senoidal caracterizada pelo sinal dado e apresente: v(t) = 80.sen(31,41.t + 72o) a) A amplitude do sinal. b) A frequência e o período do sinal. c) O ângulo de defasagem. d) O fasor desse sinal. e) O valor da corrente quando essa tensão é aplicada a uma impedância de 15 – j25Ω. 2 Considere o circuito, a seguir, e calcule a corrente que circula por cada componente considerando: i(t) = 5.cos(ωt + 28°) A; R = 250 Ω; XL = j450 Ω; XC = –j135 Ω FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 496) AUTOATIVIDADE Icc t = 0 R L C + v(t) – 57 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA 1 INTRODUÇÃO Os indutores e os capacitores, quando não possuem energia armazenada, seja na forma de campos magnéticos (I0) ou campos elétricos (V0), têm sua representação no domínio da frequência como uma impedância indutiva sL ou capacitiva 1\sC. Dessa forma, as relações entre as grandezas tensão, corrente e impedância no componente podem ser calculadas pela lei de Ohm: V = Z.I Na qual Z representa a impedância do elemento no domínio da frequência, conforme apresentado na Figura 41 para o resistor, na Figura 48 para o indutor e na Figura 55 para o capacitor. A representação da admitância (Siemens) como sendo o inverso da impedância (Ohm) também é verdadeira, valendo todas as regras da associação e as simplificações série e paralela, assim como as transformações estrela/triângulo podem ser aplicadas às impedâncias e admitâncias no domínio da frequência. Relembrando o caso geral da correlação de impedância e admitância, tem-se: Em que: Z = impedância (Ω); R = resistência (Ω); X: reatância (Ω); Y: admitância (S ou Ω-1); G = Condutância (S ou Ω-1); B = susceptância (S ou Ω-1). Da mesma forma que os métodos conhecidos da corrente das malhas e tensões nos nós, as Leis de Kirchhoff e as técnicas utilizadas para calcular os equivalentes Thévenin e Norton podem ser aplicadas na análise de problemas no domínio da frequência. ATENCAO 58 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) Neste tópico, serão aplicados os conceitos de transformada de Laplace e da transformada Inversa de Laplace, que são apresentados e aprofundados em disciplinas de cálculo, análise de sinais e sistemas, teoria de controle, dentre outras. Como nosso interesse é a aplicação (além da do método em si), pode-se fazer uso das tabelas de transformada de Laplace que correlacionam a função no domínio do tempo f(t) com a função no domínio da frequência F(s). A transformada de Laplace unilateral pode ser obtida pela resolução da expressão: A transformada de Laplace unilateral analisa os eventos para t > 0, o que acontece no tempo t < 0 é representado pelas condições iniciais. A transformada inversa de Laplace pode ser encontrada pela resolução de: Para t > 0. Contudo, ressaltam-se algumas das propriedades da transformada de Laplace e pares de transformada. A transformada de Laplace do produto de um escalar por uma função é igual ao produto do escalar pela transformada da função. F(k.f(t)) = k.F(f(t)) Transformada de Laplace da soma de funções é igual à soma das transformadas de cada função. F(f1(t) + f2(t) + f3 (t)) = F(f1(t)) + F(f2(t)) + F(f3(t)) A transformada da derivada e da integral é dada por: Alguns pares de transformada de Laplace podem ser encontrados na Tabela 2. TÓPICO 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA 59 TABELA 2 – PARES DE TRANSFORMADAS DE LAPLACE 60 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) FONTE: Ogata (2010, p. 781-782) TÓPICO 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA 61 2 RESPOSTA NATURAL DE UM CIRCUITO RC Para exemplificar a abordagem no domínio da frequência, utilizaremos um circuito RC, também conhecido como circuito de descarga do capacitor (Figura 57). FIGURA 57 – CIRCUITO DE DESCARGA DE CAPACITOR FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 526) A corrente que circula no circuito é dada, segundo a lei de Ohm, como: A tensão em um circuito RC leva em consideração a tensão de pré-carga do capacitor (V0), sendo obtida por: Pela abordagem clássica, tem-se que: Pela abordagem no domínio da frequência, pode-se ajustar o modelo de acordo com as necessidades; nesse caso, como o interesse é na corrente da malha, podemos utilizar o modelo equivalente, queevidencia a corrente do circuito, conforme apresentado na Figura 58. FIGURA 58 – CIRCUITO DE DESCARGA DE CAPACITOR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA (CORRENTE) FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 526) 62 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) Aplica-se a Lei das tensões de Kirchhoff ou lei das malhas, que correlaciona o somatório das tensões em uma malha, obtendo-se: Ao se explicitar a corrente na equação, tem-se: Para encontrar a expressão da corrente no domínio do tempo, aplica-se a transformada inversa de Laplace, para encontrar a expressão: A tensão é obtida pela lei de Ohm, sendo dada por: Observa-se que as expressões para a corrente e a tensão encontradas são idênticas às obtidas pelo método clássico. Recalcula-se o circuito utilizando o modelo para o capacitor apresentado na Figura 59. FIGURA 59 – CIRCUITO DE DESCARGA DE CAPACITOR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA (TENSÃO) FONTE: Nilsson e Riedel (2015 p. 527) O objetivo é o cálculo da tensão aplicada na carga R; logo, a lei das correntes de Kirchhoff ou lei dos nós pode ser descrita como: TÓPICO 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA 63 Após obter a determinação da tensão no domínio da frequência, aplica-se a transformada inversa de Laplace para obter a expressão da tensão no domínio do tempo: A corrente do circuito é obtida pela lei de Ohm, sendo dada por: 2.1 EXEMPLO DE RESOLUÇÃO DE CIRCUITO NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA POR LAPLACE Segundo Nilsson e Riedel (2015), a chave no circuito (Figura 60) esteve na posição a por um longo tempo. Em t=0, ela passa repentinamente para a posição b. FIGURA 60 – CIRCUITO PARA O EXEMPLO DE RESOLUÇÃO NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA FONTE: Nilsson e Riedel (2015 p. 527) a b 100 V +– 5 kΩi 10 kΩ t = 0 + v1– + v2– 0,2 𝜇F 0,8 𝜇F 64 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) 2.1.1 Determinação de I, V 1 e V 2 como funções racionais de s Após um longo tempo, os capacitores estarão carregados e a tensão aplicada no resistor é de 100 V. Tomando a associação dos capacitores (Ceq), pode-se utilizar a equação que representa a corrente nesse circuito: Assim, tem-se: A corrente do circuito é dada por: As tensões nos capacitores podem ser calculadas por divisor de tensão; para isso, calcula-se a tensão no resistor de 5 kΩ: Já as tensões nos capacitores são dadas por: TÓPICO 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA 65 2.1.2 Determinação das expressões no domínio do tempo para i, v 1 e v 2 No domínio do tempo, tem-se que: i(t) = L{I(s)} = 20.e–1250.t.u(t)mA vc1(t) = L{Vc1(s)} = 80.e –1250.t.u(t)V vc2(t) = L{Vc2(s)} = 20.e –1250.t.u(t)V 2.2 EXEMPLO DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA UTILIZANDO A ANÁLISE DE MALHAS Para o circuito da Figura 61, considera-se que, no instante em que a chave é fechada, não existe pré-carga dos componentes, ou seja, não existe energia armazenada. FIGURA 61 – CIRCUITO PARA A ANÁLISE DE MALHAS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA FONTE: Nilsson e Riedel (2015 p. 529) 2.2.1 Determinação da expressão para I e V no domínio da frequência Para o cálculo da corrente na malha: Para o cálculo da tensão no indutor: 160 V 4,8 Ω 4 H 0,25 Fi t = 0 + v – 66 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) No caso das funções de corrente e tensão no domínio do tempo, para encontrar as raízes do polinômio do denominador da equação em s da corrente, tem-se que: Aplicando frações parciais para polos complexos, tem-se: Calculando os coeficientes K1 e K2: Calculando os coeficientes na forma polar: Consultando as tabelas de transformada de Laplace, encontramos a seguinte correlação L–1{F(s)} → L{f(t)}: 2.2.2 Determinação da expressão de i(t) e v(t) no domínio do tempo quando t > 0 TÓPICO 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA 67 Logo: Ou, ainda, i(t) = 50.e–j0,6.sen(0,8t).u(t). Seguindo um procedimento semelhante para calcular a tensão no domínio do tempo, tem-se: Calculando os coeficientes K1 e K2 : Calculando os coeficientes na forma polar: Consultando as tabelas de transformada de Laplace, encontramos a seguinte correlação L–1{F(s)} → L{f(t)}. Logo: VL(s) = 2.|100s|, e–0,6t.cos(0,8t + 90°) vL(t) = 200s . e–j0,6. cos(0,8t + 90°). u(t) ou vL(t) = 200s .e–j0,6.sen(0,8t).u(t) 68 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) LEITURA COMPLEMENTAR CORRENTE CONTÍNUA VS CORRENTE ALTERNADA Denis A energia elétrica é um bem de extrema importância para nossas vidas cotidianas. Utilizamos ela nos mais diversos aparelhos e equipamentos. Primordialmente, o princípio básico da energia elétrica é simples: a diferença de potencial elétrico entre dois pontos permite o estabelecimento de uma corrente elétrica entre ambos. Tipos de corrente Uma corrente elétrica é simplesmente o fluxo de elétrons através de um condutor. Assim esse fluxo pode ocorrer de duas formas: Na Corrente Contínua (DC), o fluxo de elétrons ocorre sempre no mesmo sentido. Esse é o caso, por exemplo, de circuitos abastecidos por pilhas e baterias. Em geral, os circuitos que aparecem nos vestibulares são circuitos de corrente contínua. Na Corrente Alternada (AC), o fluxo de elétrons alterna de sentido, fazendo um movimento de “vai e vem”. É esse tipo de corrente que abastece as nossas casas. A frequência da corrente que recebemos da companhia elétrica vale 60 Hz, ou seja, essa corrente completa 60 ciclos por segundo! A corrente alternada parece mais complexa, né? Então por que usamos ela para a maioria das coisas? Senta que lá vem história! A batalha das correntes Até o final do século XIX, os poucos lugares que possuíam equipamentos elétricos eram abastecidos por corrente contínua, vendida e defendida pelo inventor Thomas Edison. No entanto, a corrente contínua possuía um problema grave: grande parte de sua potência elétrica era perdida em cabos de transmissão. Logo, até então, era inviável a transmissão de eletricidade a longas distâncias. Dessa forma, para expandir o uso de energia elétrica, seria necessária a construção de uma usina elétrica próxima de cada centro urbano. TÓPICO 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA 69 Em seguida, tendo consciência desse problema, Nikola Tesla, ex- funcionário de Edison, surgiu com a solução: a corrente alternada. Ou seja, com o uso de certos equipamentos, a corrente alternada poderia ser transportada a longas distâncias sem muita perda de potência! Consequentemente, ambos passaram a disputar pelo direito de eletrificar diversas cidades americanas. Foi assim que a Batalha das Correntes começou: Edison vs Tesla Visto que não tinha chances contra seu concorrente, Edison optou por uma estratégia mais ousada. Por isso, iniciou uma campanha de desinformação, tentando fazer a população acreditar que a corrente alternada de Tesla era extremamente perigosa. Mas nada disso adiantou e, no fim, Tesla ganhou a batalha e o direito de eletrificar cidades. Para tal, geradores hidrelétricos foram construídos nas Cataratas do Niágara. O processo de geração de corrente alternada é um pouco complexo, mas não se preocupe, temos um blog post inteirinho dedicado a isso: Energia Elétrica, Geradores e a Indução Eletromagnética: <https://blog.biologiatotal.com. br/geracao-de-energia-eletrica/>. 70 UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL) Estátua de Nikola Tesla em frente às Cataratas do Niágara Gostou da história? Então, agora senta que lá vem Física! Potência e resistência Como vimos, o que deu a vitória a Tesla, foi a capacidade da corrente alternada de ser transmitida com menor perda de potência. Tá, mas como isso é possível? Antes de mais nada, para entender esse fenômeno, precisamos aprender sobre duas grandezas físicas: potência e resistência elétrica. Potência elétrica A potência elétrica é formalmente definida como a rapidez com que um trabalho é realizado. Da mesma forma, podemos defini-la também como a quantidade
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