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Aula 07 - Intoxicação e animais peçonhentos

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INTOXICAÇÃO EXÓGENA 
 
“Todas as substâncias são venenos, não existe nada que não seja veneno. Somente a dose 
correta diferencia o veneno do remédio.” Paracelsus, 1493-1541 
O Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) divulgou que, no ano 2005, 
foram registrados 477 óbitos do total de 84.456 casos de intoxicação humana, revelando um 
aumento de 18% em relação aos óbitos do ano anterior. Das 477 mortes registradas, 159 foram 
provocadas por uso inadequado de agrotóxicos, 84 por intoxicações medicamentosas e os 
demais óbitos foram atribuídos a agentes como raticidas, acidentes com animais peçonhentos 
e outras substâncias tóxicas. Das mais de 84 mil intoxicações, 28% tiveram como principal 
responsável os animais peçonhentos, seguidos pelos medicamentos (26%) e em terceiro lugar 
as intoxicações causadas por produtos de limpeza (8%). Os agrotóxicos de uso agrícola foram 
responsáveis por 7% das intoxicações (no entanto, lideraram o número de óbitos). 
Definição: Ocorrem quando o agente agressor vem de fora do organismo. Pode ser provocada 
por ingestão ou inalação de substâncias prejudiciais ao organismo, administração excessiva de 
medicamentos ou drogas, absorção de substâncias pelo tecido epitelial ou picada de animais 
peçonhentos. 
Venenos ou tóxicos são substâncias químicas que podem causar danos ao organismo. As 
intoxicações podem ser classificadas em três categorias: acidentais, ocupacionais e intencionais. 
A maioria dos envenenamentos é acidental, mas também pode resultar de tentativas de suicídio 
e, mais raramente, até de homicídio. 
Não existem muitos antídotos (antagonistas específicos dos venenos) eficazes, sendo muito 
importante tentar identificar a substância responsável pelo envenenamento o mais breve 
possível. Caso isso não seja conseguido de imediato, posteriormente devem ser feitas tentativas 
de obter informações (e/ou amostras) da substância e das circunstâncias em que ocorreu o 
envenenamento. 
Uma substância tóxica pode penetrar no organismo por diversos meios ou vias de 
administração. 
 Ingerida: medicamentos, derivados de petróleo, agrotóxicos, raticidas, plantas, 
alimentos contaminados etc. 
 Inalada: gases tóxicos. Ex: monóxido de carbono, amônia, agrotóxicos, cola à base de 
tolueno (cola de sapateiro), acetona, benzina, éter, gás de cozinha, fluido de isqueiro e 
outras substâncias voláteis, gases liberados durante a queima de diversos materiais 
(plásticos, tintas) etc. 
 Absorvida: inseticidas, agrotóxicos e outras substâncias químicas que penetrem no 
organismo pela pele ou mucosas. 
 Injetada: toxinas de diversas fontes, como cobras, aranhas, escorpiões ou drogas 
injetadas com seringa e agulha. 
Os sinais e sintomas variam conforme o tipo de substância ingerida. 
 Neurológicas: distúrbio mentais, delírio, alucinação, convulsão, miose, midríase, etc. 
 Cardiorespiratório: dispnéia, respiração superficial, bradpnéia, taquipnéia, apnéia, 
extra-sístole, bradicardia, taquicardia, hipertensão, hipotensão, etc. 
 Gastrointestinais: náuseas, vômitos, diarreia, sialorréia, oligúria, anúria, etc. 
Local: prurido, eritema, edema, necrose. 
Abordagem e primeiro atendimento à vítima de envenenamento 
Verifique se o local está seguro, procure identificar a via de administração e o veneno em 
questão. Aborde a vítima como de costume, identifique-se e faça o exame primário; esteja 
preparado para intervir com manobras para liberação das vias aéreas e de RCP, caso seja 
necessário. Proceda ao exame secundário e remova a vítima do local. Há situações em que a 
vítima deve ser removida imediatamente para diminuir a exposição ao veneno e preservar a 
segurança da equipe. 
De acordo com as últimas diretrizes para o tratamento de intoxicações e envenenamento, 
propostas pela American Heart Association e a Cruz Vermelha Americana, a vítima intoxicada 
não deve beber nada (nem mesmo água ou leite). Os socorristas não devem oferecer carvão 
ativado ou xarope de ipeca para a vítima, a não ser que seja recomendado pelo Centro de 
Controle de Intoxicação. 
Não induzir o vômito se a vítima ingeriu derivados de petróleo (como querosene e gasolina) ou 
substâncias corrosivas e cáusticas (ácido ou base). Também não provocar o vômito se a vítima 
estiver com alterações de consciência. 
Guarde as embalagens de produtos, restos de substâncias ou conteúdos vomitados, para 
facilitar a identificação do veneno e tratamento adequado. 
Em caso de contato com a pele e/ou olhos, lave a região atingida com bastante água corrente e 
limpa. O melhor a ser feito é remover a vítima para o hospital o mais rápido possível. O 
envenenamento é um dos casos em que o socorrista poderá remover a vítima rapidamente para 
o hospital sem aguardar o Suporte Avançado de Vida (SAV). 
DESCONTAMINAÇÃO GASTROINTESTINAL 
 XAROPE DE IPECA: Contêm substâncias que induzem ao vômito, porém somente é útil 
na remoção de toxinas gástricas. Recomendado somente quando não é possível acesso a 
um centro de saúde. 
 CARVÃO ATIVADO: Aglutina-se bem à maioria das drogas e substâncias químicas, 
prevenindo a absorção através do sistema gastrointestinal para a circulação sistêmica. O 
carvão ativado é indicado às vítimas que se apresentam em poucas horas após a ingestão 
tóxica. Não é recomendado em ingestões de metais, álcoois e substâncias cáusticas. 
 LAVAGEM GÁSTRICA: É feita através da inserção de uma sonda até o interior do 
estômago. É inserido e drenado soro pela sonda com o objetivo de retirada das toxinas 
gástricas. A lavagem gástrica é indicada às vítimas que ingeriram substâncias que 
provocam risco de morte e possam ainda estar presente em nível gástrico. 
 IRRIGAÇÃO INTESTINAL: É administrado por via oral uma solução não absorvível, a qual 
reduz o tempo de trânsito gastrointestinal, sendo assim as toxinas possuem menos tempo 
para serem absorvidas e são excretadas pelas fezes. É indicada para vítimas que ingeriram 
substâncias que não se aglutinam ao carvão ativado, com armazenamento 
gastrointestinal de substâncias ilícitas e aquelas que ingeriram preparados de 
revestimento entérico. 
 
ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS 
 
Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam com 
dentes ocos, ou ferrões, por onde o veneno passa ativamente. Portanto, peçonhentos são os 
animais que injetam veneno com facilidade e de maneira ativa. Ex.: Serpentes, Aranhas, 
Escorpiões, Lacraias, Abelhas, Vespas, Marimbondos e Arraias. 
Já os animais venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não possuem um aparelho 
inoculador (dentes, ferrões), provocando envenenamento passivo por contato (taturana), por 
compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu). 
Os acidentes com animais peçonhentos são comuns, mesmo nas áreas metropolitanas. 
Muitos casos são subnotificados devido os tratamentos caseiros ou “simpatias”. 
Sempre que estivermos diante de um possível caso de envenenamento causado por animal 
peçonhento, devemos tentar capturá-lo para identificação, sem correr maiores riscos ou perder 
tempo com esse procedimento. A identificação correta permitirá a administração do soro 
antiveneno específico. 
Tipos de acidentes com animais peçonhentos: Ofidismo: Cobras; Araneísmo: Aranhas; 
Escorpionídeos: Escorpiões; Abelhas 
 
Ofidismo 
Mordidas de cobras não peçonhentas não são consideradas sérias e geralmente são tratadas 
como ferimentos leves; apenas as mordidas de cobras peçonhentas são consideradas urgências 
médicas. Os sinais e sintomas aparecem de forma imediata em somente um terço dos casos de 
mordidas de cobras peçonhentas e a maioria das pessoas não apresenta sintomas, normalmente 
porque o veneno não foi injetado. É muito importante saber identificar se o acidente foi causado 
por uma serpente peçonhenta ou não. Para isso, observam-se características do local da 
mordida, assim como as características da serpente que causou o acidente. 
Segundo as últimas diretrizes de Primeiros Socorrosda American Heart Association e Cruz 
Vermelha Americana, em 2005 passou-se a recomendar a aplicação de uma bandagem elástica 
enrolada com firmeza ao redor de toda a extremidade (braço ou perna) mordida por serpente, 
esse procedimento já demonstrou que pode reduzir a incorporação de veneno proveniente de 
um acidente ofídico. O tratamento específico consiste na administração do soro específico, via 
endovenosa. 
MEDIDAS A SEREM TOMADAS EM CASO DE ACIDENTES COM COBRAS 
1. Considere todas as mordidas de cobras como sendo de cobras venosas. 
2. Manter a vítima calma e deitada. 
3. Localizar a marca da mordedura e limpar o local com água e sabão. 
4. Cobrir com um pano limpo. 
5. Remover anéis, pulseiras e outros objetos que possam garrotear, em caso de inchaço do 
membro afetado. 
6. Evitar que a vítima se movimente para não favorecer a absorção do veneno. 
7. Tentar manter a área afetada no mesmo nível do coração ou, se possível, acima dele. 
8. Levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo, para receber o soro 
antiofídico (substância que neutraliza o veneno). 
9. Se possível, levar o animal para que seja identificado e para que a vítima receba o soro 
específico. Não se arrisque ou perca tempo caçando o animal. 
NÃO amarrar ou fazer torniquetes, o que impede a circulação do sangue, podendo produzir 
necrose ou gangrena. 
NÃO colocar nenhuma substância, folhas ou qualquer produto na picada. 
NÃO cortar ou chupar o local da picada. 
NÃO dar bebida alcoólica ao acidentado. 
 
Aranhas 
Normalmente, a picada será tratada como qualquer ferimento. O auxílio médico só é necessário 
se o prurido ou dor durarem mais de 2 dias, houver sinais de infecção no local, desenvolvimento 
de reação alérgica ou se o aracnídeo pertencer a um dos três gêneros de aranhas peçonhentas 
e de importância médica que existem no Brasil: Phoneutria spp (aranha armadeira, várias 
espécies), Loxosceles (aranha marrom, várias espécies) e Latrodectus (viúva-negra, 3 espécies 
ocorrendo no Brasil, sendo a Latrodectus curacaviensis a mais comum). A caranguejeira, embora 
tenha aspecto assustador, não possui peçonha, mas sua picada causa dor. 
Aranha-marrom: São aranhas de pequeno tamanho, não são agressivas e picam apenas quando 
espremidas. Encontram-se no interior das residências, dentro de sapatos e roupas. É geralmente 
no ato de se vestir que a vítima é picada. 
Não produz dor imediata e o local da picada é quase sempre imperceptível. No entanto, 
posteriormente, evolui com uma ferida de difícil cicatrização, necessitando, muitas vezes, de 
correção cirúrgica (enxerto). O acidente loxoscélico representa a forma mais grave de araneísmo 
no Brasil, ocorrendo particularmente no Paraná e Santa Catarina. 
Reações: A evolução mais frequente é a forma “cutânea” (87 a 98% dos casos): a manifestação 
local se acentua nas primeiras 24 – 72 horas, podendo ocorrer edema, calor e rubor, com ou 
sem dor em queimação, inchaço duro e aparecimento de bolha com conteúdo seroso; aparece 
um ponto de necrose central (escuro); surgem outros sinais e sintomas como febre, mal -estar 
geral e ulceração local. 
Na forma “cutâneo-visceral” (mais grave), além do quadro descrito acima, entre 12 e 24 horas 
após a picada podem surgir manifestações clínicas de hemólise intravascular (anemia, icterícia 
e hemoglobinúria), cefaléia, náuseas, vômitos, urina escura (cor de coca-cola), volume urinário 
diminuído significativamente e insuficiência renal aguda (principal causa de óbito no 
loxoscelismo). 
Tratamento: Limpeza local para evitar infecção, com uso de anti -sépticos periodicamente na 
ferida, curativo local, uso de compressas frias, corticóides e antibióticos. 
Sempre encaminhe a vítima ao atendimento médico. 
Administração de soroterapia específica (soro antiloxoscélico) conforme a necessidade do caso. 
 
Escorpiões 
Os acidentes com escorpiões são menos frequentes do que com aranhas, pois eles são pouco 
agressivos (picam para se defender) e têm hábitos noturnos. A visão é pouco desenvolvida, 
orientam-se pela vibração do ar e do solo e localizam suas presas pelo tato. São facilmente 
encontrados em pilhas de madeira, sob cascas de árvores, pedras, troncos, tijolos, cupinzeiros, 
entulhos, dentro das residências, no interior de sapatos e botas 
Os acidentes podem ser classificados como leves, moderados e graves. O tratamento inclui 
medidas gerais de suporte e administração da soroterapia específica (soro antiescorpiônico) ou 
soro antiaracnídico. 
 
Abelhas 
Ao picarem, as abelhas, perdem o ferrão e parte do abdome, o que ocasiona sua morte. Sua 
picada causa forte dor local, desaparecendo após alguns minutos. 
Os efeitos imediatos que surgem após a picada variam. Em geral, o indivíduo apresenta dor local 
intensa, seguida de inchaço e coceira; pode haver asfixia mecânica (pelo inchaço), angústia, 
vertigem, urticária gigante, vômitos, dispnéia, taquicardia, e às vezes, crise convulsiva. 
Tratamento 
Deve ser feita a remoção rápida do ferrão, pois, permanecendo no local, ele vai se aprofundando 
e injetando o restante do veneno. Nunca deve ser removido com os dedos ou pinças, que 
pressionam a bolsa de veneno e colaboram na injeção deste; 
Retira-se o ferrão com uma lâmina de barbear, ou de bisturi , ou faca, rente à pele, ou com 
material pontiagudo, de baixo para cima. Lavar e desinfetar o local. Levar a vítima ao hospital. 
 
Como prevenir acidentes com cobras 
1. Nunca andar descalço. 
2. Olhar sempre com atenção os caminhos a percorrer. 
3. Usar luvas de couro nas atividades rurais e de jardinagem. Nunca colocar as mãos em tocas 
ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de lenha 
ou entre pedras. 
4. Não utilizar diretamente as mãos ao tocar em sapé, capim, mato baixo, montes de folhas 
secas; usar sempre antes um pedaço de pau, enxada ou foice, se for o caso. 
5. Não depositar ou acumular material inútil junto à habitação rural, como lixo, entulhos e 
materiais de construção. Manter sempre uma calçada limpa ao redor da casa. 
6. Evitar trepadeiras muito encostadas a casa, folhagens entrando pelo telhado ou mesmo pelo 
forro. 
7. Não montar acampamento junto a plantações, pastos ou matos denominados “sujos”, regiões 
onde há normalmente roedores e maior número de serpentes. 
8. Não fazer piquenique às margens dos rios ou lagoas, deles mantendo distância segura, e não 
encostar em barrancos durante a pescaria. 
9. Nas matas ou nas beiradas das entradas, em acampamentos ou piqueniques, nunca deixar as 
portas do carro abertas, principalmente ao anoitecer. Mesmo durante a troca de pneu, ter essa 
precaução. 
10. No período noturno, nos sítios ou nas fazendas, chácaras ou acampamentos, deve ser 
evitada a vegetação muito próxima ao chão, gramados ou até mesmo jardins. 
11. Animais domésticos como galinhas e gansos, em geral, afastam as serpentes das áreas mais 
próximas as habitações. 
 
Como prevenir acidentes com aranhas e escorpiões 
1. Usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem. 
2. Examinar e sacudir calçados e roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las. 
3. Afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários. 
4. Não acumular lixo orgânico, entulhos e materiais de construção. 
5. Limpar regularmente atrás de móveis, cortinas, quadros, cantos de parede. 
6. Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés. Utilizar telas e vedantes em 
portas, janelas e ralos. 
7. Manter limpos os locais próximos das residências, jardins, quintais, paióis e celeiros. Evitar 
plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto as casas e manter a grama sempre cortada. 
8. Combater a proliferação de insetos, principalmente baratas e cupins, pois são alimentos para 
aranhas e escorpiões. 
9. Preservar os predadores naturais de aranhas e escorpiões como seriemas, corujas, sapos, 
lagartixas e galinhas. 
10. Limpar terrenos baldios pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas. 
11. Não colocarmãos ou pés em buracos, cupinzeiros, monte de pedra ou lenha, troncos podres, 
etc.

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