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Ética e Lei Orgânica da Magistratura

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[ética e estatuto da magistratura]
	1 de janeiro de 2021
aula 1
ética: conceitos e trajetória
existência ética
	Do ponto de vista da Filosofia, vivemos em uma existência ética, em um mundo ético. Existem conceitos centrais que orientam essa existência ética. 
	Como a gente se sente diante de determinados fatos que acontecem na sociedade, ex. violência contra criança, tragédias ambientais etc.? Muito comumente esses sentimentos geram ações externas, mobilização (ex. campanha para arrecadação de alimento), que compõem o chamado senso moral. É a forma como a gente avalia e reage a determinadas situações que acontecem conosco e com nossos semelhantes a partir da nossa avaliação sobre o que é certo e o que é errado, justo e injusto etc. Avalia-se o fato a partir das próprias ideias e dos próprios valores.
	Às vezes nos deparamos com dilemas que nos levam a flexibilizar/ponderar nosso senso sobre o certo e o errado. Ex. Eu acho que furtar é errado, mas, se vejo alguém furtando 1kg de feijão, entendo que não devo denunciar a pessoa, porque ela está com fome. Trata-se de um dilema ético que põe à prova o senso moral. A consciência moral nos permite fazer uma relativização do senso moral, avaliando quais atitudes devem ser tomadas em um determinado dilema ético. É uma justificativa que damos a nós mesmos sobre uma decisão que tomamos. Na atividade do Judiciário, existem vários dilemas envolvendo nosso senso moral e nossa consciência moral (ex. aborto de feto anencéfalo, eutanásia). A consciência moral compõe as razões que justificam a decisão que a gente tomou. Essas razões são subjetivas e devem ser tomadas sem nenhuma interferência externa, porque aquele que decide assume as consequências de sua decisão. A Filosofia fala que todos os valores, sentimentos, ideias que nos norteiam tem como objetivo o “desejo de felicidade” a partir do exercício da liberdade. 
Senso moral e consciência moral constroem aquilo que a Filosofia chama de existência intersubjetiva. A existência intersubjetiva fala sobre as nossas relações, interna e externamente compreendidas, com os “sujeitos morais”.
Ao falarmos em juízos de valor (componentes do senso moral), precisamos distinguir juízo de fato e juízo de valor. Juízo de fato é o que uma coisa/um fato é. Juízo de valor é o que você pensa sobre determinada coisa/fato, é uma avaliação das coisas, das pessoas, das ações, das experiências, de acontecimentos etc. O juízo de valor pode se diferenciar de uma cultura para outra. São juízos morais que nos dizem sobre sentimentos, atos e comportamentos que nós deveríamos ter e que esperamos que os outros tenham para alcançar o bem e a felicidade comum. Os juízos de valor enunciam atos e comportamentos que são condenáveis ou corretos do ponto de vista moral.
moral x ética
	Moral advém do latim moris, que significa hábitos de conduta ou comportamentos instituídos por uma sociedade em condições históricas determinadas. Isso significa, então, que a moral pode variar na história de uma sociedade (ex. divórcio, união homoafetiva). 
	Ética pode ser olhada a partir de duas acepções: éthos – está vinculado ao caráter de alguém – e êthos – que é o conjunto de costumes instituído por uma sociedade para formar, regular e controlar a conduta de seus membros. 
	A doutrina diverge se moral e ética seriam palavras sinônimas. No dia a dia, são frequentemente utilizadas como se fossem a mesma coisa. Para uma existência ética, uma primeira ação é, para alcançar a tal felicidade, definir que algumas condutas são consideradas como violentas, atentatórias à moral, à ética e, portanto, devem ser afastadas da sociedade. Alguns parâmetros/limites devem ser respeitados por todos os membros da sociedade. 
A moral, do ponto de vista prático, traz regras que definem o que é proibido e o que é permitido em determinada sociedade, mas têm um caráter mais interno, intersubjetivo (ainda que compartilhado por várias pessoas de uma mesma sociedade). Quando falamos de ética, ela se expressa de uma forma mais normativa. Ela determina, a partir de normas, quais são essas permissões e proibições na sociedade (ex. códigos legislativos). Ela exterioriza a moral. 
O sujeito moral age com uma conduta ética. Uma conduta será considerada ética a depender de alguns pressupostos. O agente tem que ser consciente, ou seja, o sujeito moral conhece as diferenças entre bem/mal, certo/errado, permitido/proibido etc. Ele tem uma consciência moral que não só é capaz de fazer essa distinção como também de julgar o valor dos atos e condutas e agir conforme este valor em liberdade. Como ele age de maneira livre, será responsável pelas suas ações e sentimentos. A ideia de consciência e responsabilidade são condições indispensáveis para uma vida ética.
Vontade. É o que a filosofia chama de poder deliberativo do agente moral. A consciência moral pressupõe a liberdade, a capacidade de o agente decidir entre alternativas possíveis a partir de seus valores éticos. Quando a filosofia fala desse poder, ela fala que para esse poder ser exercido é preciso que a vontade seja livre. A vontade livre é aquela que não é submetida a um terceiro e a nenhum tipo de instinto ou paixão (ou seja, que não é feita de maneira impulsiva). A capacidade deliberativa pode ser, portanto, contaminada por influências externas ou internas.
Todos esses elementos compõem o campo ético:
· Sujeito moral (agente livre);
· Virtudes (valores e obrigações que formam o conteúdo das condutas morais). 
Do ponto de vista dos valores, a ética expressa a forma como uma cultura, uma sociedade define para si mesma o que ela julga ser mau e vicioso x o que ela julga ser bom e virtuoso. Ela tem uma relação com o tempo, com a história etc. A EC 45/04 trouxe vários aspectos relacionados à ética da magistratura. Algumas regras de conduta que ela traz procuram expressar o que a sociedade espera do Judiciário (ex. celeridade processual, presteza, operacionalidade) etc. 
Há uma discussão também de que a ética seria sempre considerada de uma maneira universal. Embora saibamos que possa haver regras éticas universais, frequentemente ela pode se opor a certos valores individuais. Os direitos humanos possuem um mínimo ético universal que é a ideia da dignidade humana, ou seja, ela deve ser usada como referência para aplicação dos direitos humanos. Contudo, alguns questionam tal “mínimo ético”, na medida em que ele intrinsecamente está ligado a determinada cultura e determinados valores.
A ética ou filosofia moral nasce quando passamos a indagar: O que são? De onde vem? Qual é o valor dos costumes em determinada sociedade?. Toda cultura institui uma moral. Em algumas sociedades, podem existir várias morais (ex. Índia). A existência moral, contudo, não necessariamente explicita uma ética. Isto porque algumas regras morais são tomadas como naturais, são internalizadas sem muito questionamento. Para haver ética aplicada, é necessário um questionamento/uma reflexão/uma problematização sobre o significado desses valores morais (ética como filosofia moral/disciplina ética/ética aplicada). Questionam-se determinados costumes ou o caráter de alguém. Sócrates tenta encontrar o ponto de partida dos valores de uma sociedade para poder compreender como ela se comporta.
objetivo
A ética tem como escopo:
· Elucidar no que consiste a moral;
· Tentar fundamentar a moral;
· Busca aplicação de princípios éticos na vida cotidiana.
A ética se ocupa das condutas humanas e sua valoração, tendo como foco na conduta do homem perante si mesmo e o mundo que o rodeia. Envolve, portanto, hábitos, costumes, comportamentos, atitudes e os limites da ação humana, abarcando, ainda, regras do procedimento social.
moral absoluta
	Pergunta-se: É possível que tenhamos preceitos morais absolutos?Validos para todas as pessoas? De todas as diferentes culturas?
origem histórica
	A origem histórica da ética (inserida nos estudos da filosofia) é na Grécia antiga.
Podemos adotar como referência Aristóteles para quem o “ethos” regula o princípio e o fim da conduta humana.Ética relaciona-se como agir “de tal maneira”. Para ele, ética é a conduta guiada pela razão. A ética de Aristóteles engloba, ainda, os conceitos de “felicidade” e virtude.
O conceito de ética da virtude trazido por Aristóteles consiste em:
· A excelência moral, revelada pela prática da virtude, seria antes de tudo uma disposição de caráter;
· Virtude é prática;
· Para “praticar” seria, para ele, indispensável conhecer, julgar, ponderar discernir, calcular, deliberar sobre as condutas.
filosofia cristã
	São Tomás de Aquino desenvolveu um sistema baseado na revelação e na bem aventurança.
Bem-aventurança, do ponto de vista ético relaciona-se a perspectiva de que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus e é, portanto um ser perfeito em qualidades e virtudes. Portanto, práticas de amor e justiça aproximam o homem do criador.
Revelação, por sua vez, consiste em demonstração de fé com argumentos extrínsecos de credibilidade (profecias, milagres)
Nessa relação espiritual; o homem exercita suas condutas éticas e finda a encontrar a bem-aventurança que lhe garante a resistência aos males e outras intempéries de cunho moral ao qual ser humano está suscetível.
estrutura legalista
Immanuel Kant trouxe uma nova conceituação de ética, baseada em uma estrutura legalista de deveres e obrigações que o aproximam da metafísica.
Metafísica (não como sistema utópico aludido por antigos filósofos antigos) – e sim como “um estudo das leis que regulam a conduta humana sobre o ponto de vista meramente racional, embasando-se prioritariamente na exatidão e precisão fornecidas pela razão para tal fim”.
Daí emerge a lei moral forma que emerge do sistema de imperativos (regras impostas que expressam essa conduta ética).
ética utilitarista
	Esse conceito surge no contexto moderno. A deontologia, segundo Bentham (filósofo anglo-saxão) consistem em: 
“deontologia é a ciência do que é justo e conveniente que o home faça, dos valores que decorrem do dever ou da norma que dirige o comportamento humano”
É o conjunto de princípios e regras de conduta prática que um imerso no campo jurídico deve atentar praticando, desta forma, ações escorreitas e que se pautem pelo agir correto.
A deontologia busca traçar quais os comportamentos e ações ideais de um magistrado no exercício da função jurisdicional, ensejando uma reflexão filosófica sobre a conduta dos juízes.
referencial normativo
	A ética tem como referencial normativo os seguintes diplomas:
· Constituição Federal (arts. 92 e 93) – o art. 93 da CF estabelece que lei complementar de iniciativa do STF disporá sobre o Estatuto da Magistratura, devendo observar alguns princípios. Ocorre que o referido Estatuto ainda não foi editado. O que há somente em termos de legislação infraconstitucional é a LOMAN, anterior à CF/88. 
· Lei Orgânica da Magistratura (Lei Complementar no 35 de 1979);
· Código de Ética da Magistratura (agosto 2008).
código de ética da magistratura
Pergunta-se: Qual a importância de se confeccionar um Código de Ética para a Magistratura?
Parte de questionamentos éticos que colocam em análise a atividade jurisdicional do magistrado, tais como deve ser o comportamento ético do juiz na sua atuação funcional 
As qualidades e virtudes os membros da magistratura devem ter ?
O Código de Ética da Magistratura foi instituído pelo CNJ, em 18 de agosto de 2008, trazendo:
a) os deveres gerais (arts. 1º, 2º e 3º): a conduta do magistrado deve ser compatível com o Código, primando pelo respeito à Constituição e aos valores democráticos; e
b) os princípios éticos da magistratura (art. 4º e ss.).
princípios éticos da magistrura previstos no código de ética
	Independência (arts. 4º ao 7º) – este princípio está relacionado a não interferência na atividade judicial, ex. interferência de outro juiz (independência “interna”, em relação aos pares); não submissão a influências externas e estranhas (ex. políticas, econômicas) (independência “externa”). Ele traz também a ideia de uma independência ativa, devendo o juiz denunciar as interferências que limitem sua atuação, e uma independência passiva, sendo vedado ao juiz praticar atividade político-partidária (art. 7º do CEM e art. 93 da CF) (é diferente do que ocorre nos países da common law, posto que lá os juízes são escolhidos conforme sua bagagem profissional e podem expressar suas ideias políticas).
Imparcialidade (arts. 8º e 9º) – trata-se de condição primordial para a atuação do juiz que deve manter uma equidistância das partes, proporcionando assim tratamento igualitário entre elas (regra processual), segurança jurídica e vedação de tratamento discriminatório.
Transparência (arts. 10 ao 14) – é uma consequência da imparcialidade. Busca obrigar o magistrado a não praticar nenhum ato que seja obscuro e que, por isso, possa prejudicar as partes. Tem estrita relação com a publicidade dos atos processuais. O juiz deve ainda prestar informações aos interessados no processo, de forma clara, de forma que possam entender. Esse princípio regula ainda o comportamento do magistrado em relação aos meios de comunicação social. O magistrado não pode emitir opiniões sobre processos pendentes de julgamento nem emitir juízos depreciativos sobre decisões de outros órgãos judiciais. Deve o magistrado ainda evitar a autopromoção e colaborar com os órgãos de controle e aferição de seu desempenho.
Integridade Pessoal e Profissional (arts. 15 ao 19) – fala sobre a conduta do magistrado fora do âmbito da atividade profissional, ou seja, na sua vida privada, na medida em que esta conduta interfere na credibilidade que o cidadão tem no Judiciário. É proibido ainda ao magistrado utilizar para fins privados bens públicos. Deve o magistrado ter cuidado para que não surjam dúvidas sobre o crescimento de seu patrimônio.
Diligencia e Dedicação (arts. 20 e 21) – afirma que o magistrado deve cumprir os atos com pontualidade e em um prazo razoável e dar primazia à atividade jurisdicional, em detrimento de outras atividades que possa realizar, permitidas constitucionalmente, tal qual o magistério.
Cortesia (arts. 22 a 23) – o magistrado deve receber com cortesia todos aqueles envolvidos no processo e na administração da justiça e utilizar linguagem polida, respeitosa. 
Princípio da Prudência (arts. 24 a 26) – a decisão deve ser justificada racionalmente, ou seja, foi pensada, avaliada de forma cautelosa, atentando-se para suas consequências. Deve ainda saber receber as críticas que são feitas de forma cortês. 
Princípio do Sigilo Profissional (arts. 27 e 28) – o magistrado não deve expor os dados pessoais que conheceu em razão do ofício e nem as decisões que ainda não foram proferidas, mas que já tem conhecimento.
Conhecimento e capacitação (arts. 29 a 36) – traz a necessidade de atualização permanente dos magistrados. O art. 32 destaca a necessidade de que esse aperfeiçoamento inclua a máxima proteção dos direitos humanos e valores constitucionais.
Princípio da Dignidade da Honra e do Decoro (arts. 37 ao 39) – são princípios muito abertos, sendo vedado qualquer procedimento incompatível com dignidade, honra e decoro de suas funções ou que implique discriminação injusta. Não pode o magistrado exercer atividade empresarial, salvo se acionista/cotista não gerente. 
Bem vistas as coisas, tal Código faz referencia à LOMAM visto que essa lei prevê as penalidades para o descumprimento dos preceitos defendidos.
estrutura do poder judiciário
composição
	Os órgãos do Poder Judiciário estão previstos no art. 92 da CF.
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - o Superior Tribunal de Justiça;
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
	O Poder Judiciário tem ainda órgãos de controle interno que serão vistos posteriormente.
aula 2
regime jurídico da magistratura
ingressoO ingresso na carreira de magistratura na 1ª instância requer, além da aprovação em concurso público de provas e títulos, 3 anos de atividade jurídica comprovada (inserida após EC 45/04) (art. 93, I c/c artigo 59 e 90, da Resolução 75/2009 c/c art. 70, LOMAN) (maior maturidade profissional), os quais devem respeitar os seguintes requisitos:
· Exercida exclusivamente pelo bacharel de direito – o STF não mais entende assim. Pode ser qualquer atividade que exija a preponderante utilização de conhecimentos jurídicos.
· Advocacia (inclusive voluntária) com participação em 5 atos privativos do advogado em questões distintas por ano;
· Cargos, funções (inclusive magistério) que exija preponderante conhecimento jurídico;
· Exercício da função de conciliador juntos aos tribunais (16 hs mensais e durante 1 ano).
· Exercício de atividades de mediação e arbitragem
Admitem-se ainda as atividades não privativas de bacharel em direito mediante certidão circunstanciada (art. 59, p. 2º)
Além das previsões constitucionais:
· Prevê submissão dos candidatos relativos aos aspectos moral e social e à exame de sanidade física e mental, conforme normatização superveniente;
· Resolução 75/2009 do CNJ (118/2010) – investigação social e da vida pregressa tornou-se exigência do concurso.
Além dessas exigências, para o ingresso, a LOMAN, em seu art. 79, exige que o juiz apresente declaração pública de seus bens (de forma a aferir a evolução de seu patrimônio) e preste compromisso de desempenhar com retidão (disposição de cunho ético) as funções do cargo, cumprindo a CF e as leis.
movimentação na carreira
	Os valores do merecimento e da antiguidade são vistos, por alguns autores, como pilares da democracia e, portanto, é importante que a magistratura se estruture a partir desses requisitos para estabelecer como se dará a ascensão profissional. Esses valores é que determinarão as condições e requisitos para a ascensão. 
	Há duas formas de movimentação na carreira do magistrado:
	A remoção acontece quando o magistrado pede para mudar para uma vara ou uma comarca da mesma entrância (do mesmo nível). Trata-se apenas de um deslocamento e não de uma ascensão profissional. Para essa remoção acontecer, exige-se que o magistrado esteja pelo menos há 2 anos naquela vara ou comarca. Está prevista no art. 80 e ss. da LOMAN. Até aqui estamos falando da remoção espontânea. Contudo, também pode haver a remoção compulsória, regulada no art. 42 da LOMAN, que em regra se trata de uma penalidade disciplinar (pode ser até mesmo em razão de uma atitude antiética que teve). 
	Atenção: Abrindo uma vaga, analisam-se primeiro os pedidos de remoção para depois analisar os provimentos iniciais e as promoções por merecimento (art. 81, caput, da LOMAN).
	A promoção segue dois critérios fundamentais: antiguidade e merecimento. A antiguidade é denominada de promoção obrigatória. A promoção por merecimento, além de estar prevista no art. 80 e ss. da LOMAN, tem também previsão no art. 93, II, da CF. 
	O critério da antiguidade é um critério puro, pois segue apenas a ordem cronológica. O art. 93, II, d, da CF, dispõe que, se por acaso houver recusa da promoção por antiguidade, a EC 45 inseriu neste artigo uma previsão de direito de defesa do magistrado que teve sua promoção recusada. Já o critério do merecimento articula dois outros subcritérios: o merecimento (cujos pressupostos estão na Resolução 106 do CNJ) (art. 93, II, c), mas também certo critério cronológico, visto que exige que o magistrado esteja 2 anos de exercício na respectiva entrância e que ocupe a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta (art. 93, II, b e c), salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago. A promoção por merecimento em regra está diretamente ligada à produtividade.
	Embora se tratem de critérios, também consubstanciam valores éticos, princípios éticos da magistratura, contidos na CF. 
princípios éticos e deveres dos magistrados
constituição federal
a) Celeridade/produtividade (art. 5º, LXXVIII c/c art. 93, II, e, da CF): veda a promoção caso o juiz retenha em seu poder autos além do prazo legal.
b) Merecimento/antiguidade: como já visto, tem relação com a promoção.
c) Dever de residência: o juiz titular deve residir na comarca em que se encontra lotado, salvo autorização do tribunal (art. 93, VII, da CF) (art. 35, V, da LOMAN). Para regulamentar tal previsão, o CNJ editou a Resolução 37. Ela traz algumas exceções a tal dever. O juiz pode residir fora da comarca, desde que isso não prejudique a efetiva prestação jurisdicional. Cada Tribunal pode editar suas resoluções regulamentando tal questão. 
d) Dever de publicizar e de fundamentar os atos judiciais (art. 93, IX, da CF)
e) Presteza;
f) Frequência e aproveitamento em cursos de reconhecimento e aperfeiçoamento.
loman (art. 35)
a) Deveres funcionais (inc. I c/c art. 20 e 21 do CEM – dever de diligência e dedicação)
b) Observância dos prazos (inc. II, III, VI)
c) Dever de urbanidade (inc. IV) – a LOMAN determine que o juiz trate com urbanidade as partes, MP, advogados etc. recebendo-as a qualquer momento. Relaciona-se com o dever de cortesia do CEM.
d) Dever de residência (inc. V) – pode ser mitigado nas hipóteses da Resolução 37 do CNJ e por deliberação do Tribunal.
A LOMAN fala ainda em algumas vedações em seu art. 36.
direitos da magistratura nacional
· Subsídio integral e pago em parcela única (art. 37, IX c/c 39, §4º, CF);
· Direito de aposentadoria (art. 93, VI, e 40, da CF) – pode se dar por invalidez permanente, compulsoriamente (70 anos) e voluntariamente.
· Direito a licenças (art. 69, LOMAN), concessões e afastamentos (art. 73, LOMAN).
· Vantagens pecuniárias (art. 65, LOMAN);
· Vitaliciedade (art. 95, I, da CF) – no primeiro grau, só será adquirida após 2 anos de exercício. No segundo grau, com a posse. Ela não se aplica aos magistrados escolhidos pelo quinto. O juiz vitalício é o juiz que só perderá seu cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado, assegurados a ampla defesa e o contraditório.
· Inamovibilidade (art. 95, II, da CF) – não serão removidos compulsoriamente de sua comarca, salvo por razões de interesse público e por decisão de maioria absoluta do Tribunal ou do CNJ (art. 93, VIII, da CF). 
· Irredutibilidade de subsídios (art. 95, III, da CF) – tem algumas exceções.
· Ser ouvido como testemunha em horário, dia e local previamente ajustados (art. 33, I, da LOMAN).
· Prisão especial (art. 33, III, da LOMAN).
· Possibilidade de porte de arma (art. 33, V, da LOMAN).
· Designação privativa (art. 34).
Obs. Vitaliciedade (inc. I): na 1ª instância, só será adquirida após 02 anos de exercício. O juiz vitalício é o juiz que só perderá seu cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado, assegurados a ampla defesa e o contraditório. 
	Estabilidade
	Vitaliciedade
	Todos os titulares de cargo efetivo (servidores estatutários)
	Magistrado; membros do MP; membros do TC; militares
	03 anos
	02 anos
	Estágio probatório
	Estágio profissional/confirmatório
	Perde o cargo por decisão administrativa ou judicial
	Perde o cargo somente por decisão judicial (exceção: art. 52, II, p.ú – Senado decreta perda de cargo de Min. do STF)
	
aula 3
infrações éticas e sanções disciplinares
	O descumprimento aos deveres da magistratura enseja a ocorrência de infrações éticas. Considerando que o Código de Ética da Magistratura não é positivado do ponto de vista formal, sua inobservância não gera responsabilidade, a não ser que o dever infringido corresponda a um dever também previsto na CF ou na LOMAN.
	As infrações éticas estão previstas nos arts. 40 ao 48 da LOMAN. Existem seis tipos de sanções disciplinares:
a) Advertência (art. 42, I): é a punição mais branda. É aplicada reservadamente, por escrito, para os casos de negligência no cumprimento dos deveres do cargo (art. 43). Só é aplicada aos juízes de primeira instância (art. 42, p.ú). 
b) Censura (art. 42, II): é aplicada por escrito no caso de reiterada negligência (quando o juiz já tenha sofrido penalidade de advertência)ou quando o juiz adote procedimento incorreto (art. 44), se a infração não justificar punição mais grave. Só é aplicada aos juízes de primeira instância (art. 42, p.ú). Para a doutrina, considera-se procedimento incorreto o procedimento inadequado, descabido ou condenável. O Juiz, quando punido pela censura, não poderá figurar na promoção por merecimento pelo prazo de um ano (art. 44, p.ú).
c) Remoção compulsória (art. 42, III): é a possibilidade de o juiz ser retirado da sua comarca contra sua vontade. É considerada uma sanção de grau intermediário, ou seja, para condutas mais graves do que as punidas com advertência e com censura, mas para condutas menos graves do que as que se sujeitam às demais penas (art. 45). Para haver a remoção, tem que haver uma votação.
d) Disponibilidade com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço (art. 42, IV): é uma pena aplicada para infração considerada grave. Consiste em tornar o magistrado não adstrito a uma determinada localidade, podendo ser convocado pelo tribunal ao qual está vinculado para atuar segundo a sua discricionariedade. Enquanto não for convocado, recebe os vencimentos de maneira proporcional. Tal ato deve ser votado pela maioria absoluta do respectivo Tribunal ou do CNJ, assegurada a ampla defesa (art. 93, VIII, da CF). STJ, MS 4132.
e) Aposentadoria compulsória com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço (art. 42, V): será aplicada em situações de maior gravidade e o magistrado será afastado do cargo. Assim como a disponibilidade, é pena aplicada pelo Tribunal ou Órgão Especial, por motivos de interesse público, em sessão secreta e com o quórum previsto no art. 93, VIII, da CF, assegurada a ampla defesa.
f) Demissão (art. 42, VI): para juízes condenados em ação penal por crime comum ou de responsabilidade ou em procedimento administrativo para perda do cargo nos casos previstos no art. 47 da LOMAN (c/c art. 26, I e II).
sistema de controle interno do poder judiciário
	Há necessidade de uma resposta à sociedade em razão desses comportamentos da magistratura. O que se observa é que, depois da CF, o Judiciário adquiriu um prestígio no cenário nacional, ganhando um lugar que vai além do poder técnico, de uma mera aplicação da lei, assumindo uma postura mais política (ex. exigir do Poder Executivo a realização de políticas públicas). Apesar disso, preserva algumas características próprias do Poder Judiciário, tal qual a de que seus membros não são eleitos. 
	Antes da EC 45/04, o Judiciário sempre foi visto como um poder distante do povo, com muitas práticas de nepotismo e casos de corrupção que colocavam em cheque a credibilidade do Judiciário. Houve um momento, anterior à EC 45, em que muitas dessas condutas estavam sendo denunciadas pela imprensa. A população passou a cobrar a criação de algum sistema capaz de controlar a atuação do Poder Judiciário. A criação desse sistema teria duas missões: organizar a gestão e controlar desvios funcionais e administrativos de seus integrantes. Os valores éticos embutidos são o do planejamento e transparência. 
	A ideia não era interferir nos atos jurisdicionais, pois em relação a estes já existia um sistema de recursos, mas sim a criação de um sistema de controle que pudesse aplicar regras disciplinares aos juízes. Com a EC 45, criou-se o Conselho Nacional de Justiça. Inicialmente, não era compreendido como órgão do Poder Judiciário e sua composição era híbrida (composto não apenas por pessoas integrantes do Judiciário). Surgiram duas críticas: a) violação do princípio da separação dos Poderes; b) violação do princípio da independência judicial. Por outro lado, outros defendiam, com base na teoria liberal da ciência política, que a separação/independência não afasta a possibilidade do controle entre os Poderes, na medida em que ele garante que as funções típicas daquele Poder sejam realizadas de maneira satisfatória. 
	O STF, na ADI 3367, considerou constitucional a criação do CNJ. Não há violação ao princípio da separação dos poderes, porque o CNJ integra o próprio Poder Judiciário (art. 92 da CF). Não há violação ao princípio da independência, na medida em que a maioria absoluta dos membros do CNJ são membros do Poder Judiciário (não é um conselho externo); na medida em que suas decisões não são dadas em última instância, podendo ser impugnadas perante o STF, na forma do art. 102, I, r, da CF; as decisões do CNJ dão força à cúpula do Judiciário para realizar um controle administrativo, financeiro, disciplinar etc.; o CNJ não ostenta nenhuma função jurisdicional.
Comentários do texto “Ser, dever ser e parecer. Notas sobre a deontologia dos juízes: da disciplina ao aparecimento de códigos de conduta”. Os juízes da common law, que são eleitos por conta de seus padrões éticos e suas ideias, já se sabe o que esperar. Por outro lado, nos países da civil law, em que os juízes devem passar por concurso público, é necessário um Código de Ética muito mais detalhado, tendo em vista que não se sabe o que esperar de seus padrões comportamentais.
O CNJ se relaciona com essas formas anteriores de disciplina e controle do Poder Judiciário. Esses mecanismos antigos são as Corregedorias e as Ouvidorias.
a) Corregedorias: são órgãos internos do Poder Judiciário, incumbidas da fiscalização, disciplina e orientação da sua administração. São ocupadas por integrantes do próprio Tribunal, em geral, com mandato de 2 anos. Ela pode ser dividida em algumas Corregedorias: a Corregedoria Nacional de Justiça, no âmbito do CNJ; a Corregedoria da Justiça do Trabalho, vinculada ao TST; as Corregedorias Regionais do Trabalho, vinculadas ao TRT; e as Corregedorias dos Tribunais Estaduais. 
b) Ouvidorias: as Ouvidorias têm uma discussão muito própria em relação à sua criação principalmente quanto aos chamados “conselhos de direitos”. Canais de participação popular são formas de a sociedade civil incidir sobre as políticas públicas. Com o poder político que o Poder Judiciário ganhou a partir da EC 45, foi trazida a necessidade de participação popular no âmbito do Judiciário: a) o CNJ pode ser composto por integrantes da sociedade civil; b) a Ouvidoria seria um órgão de apoio à Presidência, mas sem poder de apuração das denúncias que são realizadas (obs. atualmente, na Ouvidoria da DP de SP, é possível que seja ocupada por membro que não integre os quadros da DP). A Ouvidoria é um espaço de contato direto do Poder Judiciário com a sociedade.
Ouvidoria e Corregedoria não se confundem, pois não possuem as mesmas atribuições, em especial a atribuição de apurar denúncias, que só cabe à Corregedoria. 
A CF, no seu art. 103-B, §7º, da CF dispõe que a Ouvidoria pode servir como espaço ao encaminhamento de denúncias ao CNJ. 
A Corregedoria Nacional de Justiça integra a estrutura funcional do CNJ. É dirigida pelo Presidente do STF. Possui algumas funções: (a) receber e processar reclamações e denúncias de qualquer interessado, relativas aos magistrados e também aos serviços auxiliares, serventias, órgãos notarias e de registro que atuem por delegação do Poder Público; (b) nortear o papel das Corregedorias regionais com elas mantendo diálogo. O STF, na ADI 4638, procurou regrar a competência disciplinar do CNJ x princípio da autonomia dos Tribunais. A ideia é que a Corregedoria Nacional de Justiça apure a chamada reclamação disciplinar e aplique às situações de descumprimento do dever funcional ou a qualquer outra prática tida como irregular as sanções disciplinares dos arts. 40 a 48 da LOMAN.
responsabilidade civil, penal e administrativa da magistratura
	Pergunta: Em que medida os magistrados podem ser responsabilizados? Em regra, aquele que perpetrou uma violação ao direito, tem a obrigação de reparar o dano que causou para restabelecer o status quo ante. O juiz pode ser responsabilizado nas três instâncias: cível, penal e administrativa.
	Quanto à responsabilidade civil, o magistrado pode ser responsabilizado como servidor público. Logo, a responsabilidade civil dos agentes públicos, na sua acepção mais ampla, será aplicada aos magistrados,tal como ocorre no art. 37, §6, da CF. Não há uma responsabilização direta dos magistrados. O Estado é quem se responsabilizará pela conduta. Permanece a regra de irresponsabilidade pessoal dos agentes administrativos, que só podem ser cobrados via ação de regresso movida pelo Estado. A LOMAN (art. 49) e o CPC (art. 133) trazem algumas regras complementares e estabelecem exceções à regra geral de irresponsabilidade pessoal dos magistrados. Um dos motivos que pode ser utilizado pelo juiz para ser excluída a sua responsabilidade pessoal pode ser, por exemplo, o acúmulo de serviço.
	Quanto à responsabilidade penal, deve se levar em conta a diferenciação entre faltas criminais e faltas éticas/disciplinares (elas podem se cumular, mas nem sempre). É preciso apurar se essa responsabilidade penal advém de um crime comum ou de um crime que só pode ser praticado por funcionário público. Os juízes têm alguns privilégios processuais penais assegurados, tais quais foro por prerrogativa de função, prisão especial etc.
	Quanto à responsabilidade administrativa, ela está diretamente ligada às infrações éticas. Depois de apuradas, serão aplicadas as penas previstas no art. 42 da LOMAN.

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