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Hipertireoidismo Princípios gerais do tratamento Controlar os sintomas e reduzir a produção hormonal. Para redução da produção hormonal: ● tratamento medicamentoso com tionamidas ● radioterapia (iodo radioativo) ● cirurgia (tireoidectomia total ou quase total) Controle dos sintomas Para controlar os sintomas: ● betabloqueadores (propranolol, metoprolol) → Quando não for possível utilizar betabloqueadores: ● bloqueadores de canais de cálcio não diidropiridínicos (verapamil ou diltiazem) → contraindicações aos betabloqueadores: asma grave, IC descompensada, etc. Indicações para o uso de betabloqueadores: quando o paciente apresenta sintomas adrenérgicos (palpitações, hipertensão, ansiedade e tremores). Prescrição: Observações: ● o propranolol geralmente é o medicamento mais utilizado pois possui meia vida menor ● o propranolol também atua inibindo a deiodinase tipo 1, que converte T4 em T3 (forma ativa) Controle da produção hormonal com medicamentos As tionamidas bloqueiam a ação da peroxidase (enzima que medeia a função hormonal tireoideana), o que resulta no bloqueio da formação de novas moléculas de T4 e T3. Principais tionamidas: ● metimazol (MMZ) - primeira escolha ● propiltiouracil (PTU) - utilizado durante a gravidez e em casos de crise tireotóxica PTU é utilizado em casos de crise pois também atua inibindo a conversão de T4 em T3. O MMZ pode causar aplasia cutis congênita no feto, por isso não é indicado durante a gravidez. O PTU não é a primeira escolha pois é mais hepatotóxico, mais caro, tem menor eficácia e posologia mais complicada. → carbimazol não tem no Brasil. Efeitos colaterais: ● pruridos (5 - 10%) → anti-histamínicos ● poliartrite ● vasculite ANCA+ ● hepatopatia colestática (até 5%) → icterícia, náusea, dor abdominal; é dose dependente; trocar por outra tioamida ● agranulocitose (0,2 a 0,5%) → diminuição ou desaparecimento dos leucócitos polimorfonucleares; idiossincrático → quando o paciente apresenta agranulocitose, não adianta mudar por outra tioamida. O paciente sempre vai apresentar agranulocitose. Antes de iniciar o tratamento com MMZ, solicitar leucograma, enzimas hepáticas e canaliculares. Não há indicação de acompanhamento. Observações na receita do paciente: ● caso sinta dor garganta, febre, dor de cabeça ou mal estar, suspenda a Propranolol 20 - 80 mg, 2 a 4x/dia Atenolol 25 - 100 mg, dose única Metoprolol 100 - 200 mg, dose única medicação e procure um PA para investigação de agranulocitose → levar a prescrição ● caso sinta dor abdominal, urina cor de coca-cola e fezes esbranquiçadas, suspenda a medicação e procure um PA para investigação de hepatite tóxica → levar a prescrição Prescrição: → a dose de ataque dura até ser alcançado o eutireoidismo (normalização da função tireoideana). Redução das manifestações clínicas em duas semanas. Seguimento do paciente Duração do tratamento: entre 12 e 24 meses. Medir TSH e T4 livre sempre entre 4 a 6 semanas. Suspender o medicamento quando: TSH, T4 livre e T3 estiverem normais por mais de 12 meses. → 50% de chance de remissão. TRAb e volume tireoidiano são parâmetros para remissão. Se o tratamento não surtir efeito após 24 meses, outro padrão de tratamento deve ser considerado. Controle da redução hormonal com iodo radioativo Dose oral de iodo radioativo (131) que varia entre 10 - 15 mci. O iodo lentamente “destrói” a tireoide. Cuidado para que o paciente não desenvolva hipotireoidismo. Calcular a dose com cautela para que o paciente tenha uma função tireoidiana normal. Observações: ● reduzir a ingesta de iodo 1 semana antes do início do tratamento ● fazer bloqueio beta adrenérgico ● suspender drogas antitireoidianas pelo menos 3 dias antes ● excluir gravidez e lactação ● excluir malignidade (nesse caso, optar por cirurgia) ● excluir oftalmopatia em atividade ● cuidado: tabagismo, bócio e oftalmopatias em atividade → a tireoide possui um colóide rico em hormônio tireoidiano. Quando é destruída pelo iodo radioativo, o hormônio é liberado no organismo e o paciente pode apresentar sintomas adrenérgicos. → a destruição da tireoide causa aumento da exposição dos antígenos tireoidianos. Caso o hipertireoidismo seja por doença de Graves (TRAb presente), a destruição da tireoide resulta no aumento dos níveis de TRAb, que causa lesão oftalmológica. → nos casos do último tópico, fazer corticoide durante o tratamento com iodo radioativo. Efeitos colaterais: ● xerostomia (boca seca) ● xeroftalmia (olho seco) ● piora da oftalmopatia ● hipotireoidismo → xerostomia e xeroftalmia geralmente reversíveis. Seguimento do paciente Após a iodoterapia, o paciente permanece radioativo por alguns dias. Cuidados: ● não passar mais de 2 horas perto de alguém (por pelo menos 5 dias) ● evitar contato com crianças Propiltiouracil Propilracil (cp. 100mg) Dose de ataque (4-8s): 300 - 600 mg/dia, em 3 tomadas Dose de manutenção: 100 - 400 mg/dia, em 2 tomadas Metimazol Tapazol (cp. 5 e 10 mg) Dose de ataque (4-8s): 40 mg/dia, em 1 - 2 tomadas Dose de manutenção: 5 - 20 mg/dia, em 1 tomada ● não trocar fluidos corporais ● usar banheiro único ● evitar contato com grávidas durante 10 dias Controle da redução hormonal com tireoidectomia Pode ser total ou quase total. Principais indicações: ● presença de câncer de tireoide ou nódulo suspeito ● refratariedade ou contraindicação aos tratamentos menos invasivos ● associação com hiperparatireoidismo primário ● bócios muito volumosos (> 80g) ● gestantes refratárias ou com alguma reação grave ao uso das tionamidas ● mulheres que pretendem engravidar no ano seguinte → o iodo radioativo fica presente na circulação por um tempo após o tratamento. É recomendado que a paciente espere pelo menos 1 ano após o tratamento para engravidar. Preparo para a cirurgia: ● alcançar eutireoidismo com tionamidas ● administrar iodeto de potássio ou lugol para reduzir a vascularização Complicações pós-operatórias: ● hipoparatireoidismo transitório (7 - 30%) ● paralisia do nervo laríngeo recorrente ● sangramentos e infecções ● hipotireoidismo → avaliar a necessidade de administrar cálcio no pós operatório para prevenir o hipoparatireoidismo transitório. Iniciar tratamento com hormônio tireoidiano 7 dias após a cirurgia (1,7 mg por kg). O T4 dura em torno de 7 dias no organismo, por isso o tratamento é iniciado 7 dias após a cirurgia. Crise tireotóxica É a exacerbação dos sintomas de tireotoxicose associada a uma disfunção orgânica. Possíveis disfunções orgânicas: ● insuficiência cardíaca de alto débito, com PA divergente, taquicardia acentuada e fibrilação atrial aguda ● confusão mental ● icterícia, náuseas, diarreias e vômitos incoercíveis→ muitos pacientes não possuem o diagnóstico de hipertireoidismo antes de apresentarem uma crise tireotóxica. Podem chegar no PA com sinais de hipermetabolismo sem um diagnóstico prévio de hipertireoidismo. Critérios de Burch Wartofsky: ● pontuam as disfunções apresentadas pelo paciente e calculam as chances de serem causadas pelo hipertireoidismo (crise tireotóxica) ● tabela utilizada no PA Tratamento consiste em: ● bloqueio da produção de hormônios tireoidianos ● bloqueio da conversão de T4 em T3 Tratamento realizado com: ● tionamidas → de preferência PTU ● betabloqueadores → de preferência propranolol ● corticoide → hidrocortisona 300 mg IV + 100 mg IV 8/8h ou dexametasona 8 mg/dia ● iodeto → efeito Wolf Chaikoff
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