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ÍNDICE LÍNGUA PORTUGUESA apreensão do significado global dos textos; estabelecimento de relações intratextuais e intertextuais; .................................................................................................................................................... 1 reconhecimento da função desempenhada por diferentes recursos gramaticais no texto, nos níveis fonológico, morfológico, sintático, semântico e textual/discursivo; ........................................... 12 apreensão dos efeitos de sentido decorrentes do uso de recursos verbais e não verbais em textos de diferentes gêneros: tiras, quadrinhos, charges, gráficos, infográficos etc.;..................................... 22 identificação das ideias expressas no texto, bem como de sua hierarquia (principal ou secundária) e das relações entre elas (oposição, restrição, causa/consequência, exemplificação etc.);................ 23 análise da organização argumentativa do texto: identificação do ponto de vista (tese) do autor, reconhecimento e avaliação dos argumentos usados para fundamentá-lo; .......................................... 25 dedução de ideias e pontos de vista implícitos no texto; ..................................................................... 29 reconhecimento das diferentes “vozes” dentro de um texto, bem como dos recursos linguísticos empregados para demarcá-las; ................................................................................................................... 31 reconhecimento da posição do autor frente às informações apresentadas no texto (fato ou opinião; sério ou ridículo; concordância ou discordância etc.), bem como dos recursos linguísticos indicadores dessas avaliações; ................................................................................................................... 33 identificação do significado de palavras, expressões ou estruturas frasais em determinados contextos; ....................................................................................................................................................... 33 identificação dos recursos coesivos do texto (expressões, formas pronominais, relatores) e das relações de sentido que estabelecem; ........................................................................................................ 35 domínio da variedade padrão escrita: normas de concordância, regência, ortografia, pontuação etc. ................................................................................................................................................................... 37 reconhecimento de relações estruturais e semânticas entre frases ou expressões; ....................... 50 identificação, em textos de diferentes gêneros, das marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais ou de registro......................................................................... 55 ANOTAÇÕES .................................................................................................................................................. 71 RACIOCÍNIO MATEMÁTICO 1. Resolução de problemas numéricos, porcentagem, conjuntos e contagem. ....................................... 1 2. Sistemas, equações e regra de três simples. ......................................................................................... 12 3. Área, volume e capacidade. ..................................................................................................................... 17 4. Cálculo da média, leitura e interpretação de dados representados em tabelas e gráficos............... 18 ANOTAÇÕES .................................................................................................................................................. 30 INFORMÁTICA 1. Noções de Informática: conceitos básicos de operação com arquivos nos sistemas operacionais Windows 10 e Linux (Ubuntu versão 14 ou superior). ................................................................................. 1 2. Noções consistentes de uso de Internet para a informação (Mozila Firefox e Google Chrome) e correio eletrônico nos sistemas operacionais Windows 10 e Linux (Ubuntu versão 14 ou superior). .. 7 3. Noções de trabalho com computadores em rede interna, nos sistemas operacionais Windows 10 e Linux (Ubuntu versão 14 ou superior). ........................................................................................................ 22 4. Noções de escrita e editoração de texto utilizando LibreOffice-Writer (versão 5.0.6 ou superior). . 32 5. Noções de cálculo e organização de dados em planilhas eletrônicas utilizando o LibreOffice-Calc (versão 5.0.6 ou superior). ............................................................................................................................ 53 6. Noções, como usuário, do funcionamento de computadores e de periféricos (impressoras e digitalizadoras). ............................................................................................................................................. 79 7. Noções, como usuário, dos sistemas operacionais Windows 10 e Linux (Ubuntu versão 14 ou superior). ........................................................................................................................................................ 94 ANOTAÇÕES ............................................................................................................................................... 103 HISTÓRIA 1. Brasil Colônia. .............................................................................................................................................. 1 1.1. Sistema colonial: sociedade do açúcar e da mineração. ..................................................................... 1 1.2. Paraná: movimentos de ocupação do território. ................................................................................... 4 1.3. A Família Real no Brasil (1808-1822). ..................................................................................................... 7 2. Brasil Império. .............................................................................................................................................. 9 2.1. Paraná: a dinâmica do tropeirismo....................................................................................................... 10 2.2. Café: escravidão e trabalho livre. ......................................................................................................... 11 2.3. A emancipação política do Paraná. ...................................................................................................... 13 2.4. O ciclo da erva-mate. ............................................................................................................................. 14 2.5. A queda da monarquia. .......................................................................................................................... 16 3. Brasil República. ........................................................................................................................................ 19 3.1. Implantação do regime republicano e conflitos sociais. .................................................................... 20 3.2. A Guerra do Contestado. ....................................................................................................................... 20 3.3. Política oligárquica e coronelismo. ...................................................................................................... 21 3.4. A era Vargas: Estado, Trabalho e Cultura. .......................................................................................... 21 3.5. O Golpe Civil-Militar de 1964. ................................................................................................................ 26 3.6. Movimentos de resistênciaà ditadura. ................................................................................................ 28 3.7. A abertura política. ................................................................................................................................. 32 3.8. A Nova República e as características do Estado Democrático de Direito estabelecidas pela Constituição de 1988. 3.8.1. Cidadania e movimentos sociais. 3.8.2. A questão da desigualdade e da inclusão social. 3.8.3. A Democracia e o papel das instituições de segurança pública. ....................... 33 ANOTAÇÕES ................................................................................................................................................. 37 GEOGRAFIA 1. População e estruturação socioespacial em múltiplas escalas (Paraná, Brasil, Mundo). 1.1. Teorias e conceitos básicos em demografia e políticas demográficas. ................................................................. 1 1.2. Estrutura demográfica, distribuição da população e novos arranjos familiares. Movimentos, redes de migração e impactos econômicos, culturais e sociais dos deslocamentos populacionais. População, meio ambiente e riscos ambientais. .......................................................................................... 2 1.3. Transformação das relações de trabalho e economia informal. ....................................................... 26 1.4. Diversidade étnica e cultural da população. ....................................................................................... 27 1.5. Geografias das diferenças: questões de gênero, sexualidade e étnico-raciais. ............................. 29 1.6. Espacialidades e identidades territoriais. ............................................................................................ 39 2. Estrutura produtiva, economia e regionalização do espaço em múltiplas escalas (Paraná, Brasil, Mundo). 2.1. O espaço geográfico na formação econômica capitalista. ................................................. 46 2.2. Exploração e uso de recursos naturais. .............................................................................................. 48 2.3. Estrutura e dinâmica agrárias ............................................................................................................... 49 2.4. Industrialização, complexos industriais, concentração e desconcentração das atividades industriais. 2.4. Industrialização, complexos industriais, concentração e desconcentração das atividades industriais. 2.5. Espacialidade do setor terciário: comércio, sistema financeiro. 2.6. Redes de transporte, energia e telecomunicações. .............................................................................................. 50 2.7. Processos de urbanização, produção, planejamento e estruturação do espaço urbano e metropolitano. ................................................................................................................................................ 54 2.8. As relações rurais-urbanas, novas ruralidades e problemáticas socioambientais no campo e na cidade.............................................................................................................................................................. 55 2.9. Evolução da estrutura fundiária, estrangeirização de terras, reforma agrária e movimentos sociais no campo. .......................................................................................................................................... 57 2.10. Agronegócio: dinâmica produtiva, econômica e regional. .............................................................. 58 2.11. Povos e comunidades tradicionais e conflitos por terra e território no Brasil. ............................. 58 2.12. Produção e comercialização de alimentos, segurança, soberania alimentar e agroecologia. .... 60 3. Formação, estrutura e organização política do Brasil e do mundo contemporâneo. 3.1. Produção histórica e contemporânea do território no Brasil. .................................................................................... 65 3.2. Federalismo, federação e divisão territorial no Brasil........................................................................ 66 3.3. Formação e problemática contemporânea das fronteiras. ................................................................ 68 3.4. Conflitos geopolíticos emergentes: ambientais, sociais, religiosos e econômicos. ...................... 68 3.5. Ordem mundial e territórios supranacionais: blocos e fluxos econômicos e políticos, alianças militares e movimentos sociais internacionais. ......................................................................................... 70 3.6. Regionalização e a organização do novo sistema mundial. .............................................................. 73 3.7. Globalização: características, impactos negativos e positivos. ....................................................... 75 4. A representação do espaço terrestre. 4.1. A evolução das representações cartográficas e a introdução das novas tecnologias para o mapeamento, através do sensoriamento remoto (fotografias aéreas e imagens de satélite) e dos Sistemas de Posicionamento Terrestre (GPS). ....... 77 4.2. As formas básicas de representação do espaço terrestre e das distribuições dos fenômenos geográficos (mapas, cartas, plantas e cartogramas). ............................................................................... 82 4.3. Escalas, reconhecimento e cálculo. ..................................................................................................... 85 4.4. Sistema de coordenadas geográficas e a orientação no espaço terrestre. ..................................... 86 4.5. Projeções cartográficas. ........................................................................................................................ 88 4.6. Identificação dos principais elementos de uma representação cartográfica, leitura e interpretação de tabelas, gráficos, perfis, plantas, cartas, mapas e cartogramas. ................................ 89 ANOTAÇÕES .................................................................................................................................................. 99 LEGISLAÇÃO 1. Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e suas alterações. 1.1.Parte geral: Título I – Das Disposições Preliminares. Título II – Dos Direitos Fundamentais: Capítulos I (Do Direito à Vida e à Saúde), II (Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade), III (Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária), IV (Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer) e V (Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho. Título III – Da Prevenção: Capítulo II, Seção I (Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos), Seção II (Dos Produtos e Serviços) e Seção III (Da Autorização para Viajar). .......................................................................................................... 1 1.2.Parte Especial: Título III – Da Prática de Ato Infracional: Capítulos I (Disposições Gerais), II (Dos Direitos Individuais) e III (Das garantias processuais) e IV (Das Medidas Socioeducativas). Título IV – Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável. Título V – Do Conselho Tutelar: Capítulos I (Disposições Gerais) e II (Das Atribuições do Conselho). ........................................................................ 16 ANOTAÇÕES .................................................................................................................................................. 21 REDAÇÃO WWW.APOSTILASATENTO.COM.BR 1 LÍNGUA PORTUGUESA apreensão do significado global dos textos; estabelecimento de relações intratextuais e intertextuais; O primeiro objetivode uma interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam- se as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, que levam ao esclarecimento das questões apresentadas na prova. Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: 1. Identificar: é reconhecer os elementos fundamentais de uma argumentação, de um processo, de uma época (neste caso, procuram- se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo). 2. Comparar: é descobrir as relações de semelhança ou de diferenças entre as situações do texto. 3. Comentar: é relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade, opinando a respeito. 4. Resumir: é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias em um só parágrafo. 5. Parafrasear: é reescrever o texto com outras palavras. Erros de Interpretação É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpretação. Os mais frequentes são: a) Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do contexto, acrescentando-se ideias que não estão no texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação. b) Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema desenvolvido. c) Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, consequentemente, errando a questão. Observação: Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso qualquer, o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada mais. Roteiro de Interpretação Na hora de interpretar um texto, alguns cuidados são necessários: a) ler atentamente todo o texto, procurando focalizar sua ideia central; b) interpretar as palavras desconhecidas através do contexto; c) reconhecer os argumentos que dão sustentação a ideia central; d) identificar as objeções à ideia central; e) sublinhar os exemplos que foram empregados como ilustração da ideia central; f) antes de responder as questões, ler mais de uma vez todo o texto, fazendo o mesmo com as questões e as alternativas; g) a cada questão, voltar ao texto, não responder “de cabeça”; h) se preferir, faça anotações à margem ou esquematize o texto; i) se o enunciado pedir a ideia principal, ou tema, estará situada na introdução, na conclusão, ou no título; j) se o enunciado pedir argumentação, esta estará localizada, normalmente, no corpo do texto. Dicas para Interpretação de Textos - Leia o texto mais de uma vez, minuciosamente, para encontrar a resposta correta. - Na terceira ou quarta leitura do texto, pode-se destacar as palavras e expressões-chave. - É necessário limitar-se às informações contidas no texto. - Tente compreender o texto, fragmentando-o em parágrafos ou mesmo, em períodos; fica mais fácil interpretar. - Sempre restam duas alternativas consideradas possíveis. Nesse caso, é necessária uma nova leitura. As mensagens que uma comunicação pretende transmitir nem sempre estão contidas somente na linguagem verbal (texto) ou na linguagem não verbal (fotografias, gráficos, tabelas, desenhos, esquemas). O conjunto dessas linguagens é que estabelece, em sintonia, a comunicação WWW.APOSTILASATENTO.COM.BR 2 LÍNGUA PORTUGUESA entre quem a emite e seu destinatário. É o linguístico e o imagético presentificando um só fato. A linguagem verbal é o instrumento mais eficaz na comunicação que estabelecemos um com o outro e com nós mesmos. Ela organiza nosso pensamento, faz com que possamos explicitá-los e nos acompanha em inúmeras atividades que desenvolvemos ao longo de nossas vidas. A humanidade tem veiculado, por intermédio da palavra, de geração a geração, um volume enorme de conhecimentos, comportamentos e valores que constituem a cultura das várias comunidades existentes. A linguagem verbal apresenta uma estrutura bastante complexa: além de representar todos os objetos, permite a sua análise, caracterização e interligação com outros conceitos, num sistema amplo de relações. Linguagem não verbal - na comunicação diária, utilizamo-nos de meios que dispensam o uso da palavra. Nossos gestos e olhares são prova disso. A maneira como nos vestimos e até como os portamos nos vários ambientes que frequentamos também comunica, a quem nos observa, preferências e modos de vida. A mímica, a pintura, a música e a dança são artes que, em sua expressão, prescindem da palavra. Hoje convivemos com frequência cada vez maior e mais intensamente com a linguagem visual. O cinema, a televisão, os computadores, a fotografia, os veículos publicitários (outdoors, revistas) têm encontrado, nesse tipo de linguagem, um instrumento de comunicação extremamente eficaz, devido sobretudo à velocidade com que transmite as mensagens. Apesar disso, a palavra continua sendo um meio poderoso, capaz de traduzir, analisar e criticar qualquer outro tipo de linguagem. Como pudemos ver, a interpretação de textos é de fundamental importância para o candidato. Você já se perguntou por quê? Há alguns anos, as provas de Português, nos principais concursos do país, traziam uma frase, e dela faziam-se as questões. Eram enunciados soltos, sem conexão, tão ridículos que lembravam muito aquelas frases das antigas cartilhas: "Ivo viu a uva". Os tempos são outros, e, dentro das modernas tendências do ensino de línguas, fica cada vez mais claro que o objetivo de ensinar as regras da gramática normativa é simplesmente o texto. Aprendem-se as regras do português culto, erudito, a fim de melhorar a qualidade do texto, seja oral, seja escrito. Nesse sentido, todas as questões são extraídas de textos, escolhidos criteriosamente pelas bancas, em função da mensagem/conteúdo, em função da estrutura gramatical. Ocorrem casos de provas contextualizadas, em que todos os textos abordam o mesmo assunto, ou seja, provas monotemáticas. Dessa maneira, fica clara a importância do texto como objetivo último do aprendizado de língua. Quais são os textos escolhidos? Textos retirados de revistas e de jornais de circulação nacional têm a preferência. Portanto, o romance, a poesia e o conto são quase que exclusividade das provas de Literatura (que também trabalham interpretação, por evidente). Assim, seria interessante observar as características fundamentais desses produtos da imprensa. Os Artigos São os preferidos das bancas. Esses textos autorais trazem identificado o autor. Essas opiniões são de expressa responsabilidade de quem as escreveu - chamado aqui de articulista - e tratam de assunto da realidade objetiva, pautada pela imprensa. Vejamos um exemplo: um dado conflito eclode em algum ponto do planeta (a todo o instante surge algum), e o professor Décio Freitas, historiador, abordará, em seu artigo em ZH, os aspectos históricos do embate. Portanto, os temas são, quase sempre, bem atuais. Trata-se, em verdade, de texto argumentativo, no qual o autor/emissor terá como objetivo convencer o leitor/receptor. Nessa medida, é idêntico à redação escolar, tendo a mesma estrutura: introdução, desenvolvimento e conclusão. Exemplo de Artigo “Os nomes de quase todas as cidades que chegam ao fim deste milênio como centros culturais importantes seriam familiares às pessoas que viveram durante o final do século passado. O peso relativo de cada uma delas pode ter variado, mas as metrópoles que contam ainda são basicamente as mesmas: Paris, Nova Iorque, Berlim, Roma, Madri, São Petesburgo.” (Nelson Archer - caderno Cidades, Folha de S. Paulo,02/05/99) Os Editoriais Novamente, são opinativos, argumentativos e possuem aquela mesma estrutura. Todos os jornais e revistas têm esses editoriais. Os principais diários do país produzem três textos desse gênero. Geralmente um deles tratará de política; outro, de economia; um outro, de temas internacionais. A diferença em relação ao artigo é que o autor, o editorialista, não expressa sua opinião, apenas serve de intermediário para revelar o ponto de vista da instituição, da empresa, do órgão de comunicação. Muitas vezes, esses editoriais são produzidos por mais de um profissional. O editorialista é, quase sempre, antigo na casa e, obviamente, da confiança do dono da empresa de comunicação. Os temas, por evidente, são a pauta do momento, os assuntos da semana. As Notícias Aqui temos outro gênero, bem diverso. As notícias são autorais, isto é, produzidas por um jornalista claramente identificado na matéria. Possuem uma estrutura bem fechada, na qual, no primeiro parágrafo (também chamado de lide), o autor deve responder às cinco perguntinhas básicas do jornalismo: Quem? Quando? Onde? Como? E por quê? Essa maneira de fazer texto atende a uma regra WWW.APOSTILASATENTO.COM.BR 3 LÍNGUA PORTUGUESA do jornalismo moderno: facilitar a leitura. Se o leitor/receptor desejar mais informações sobre a notícia, que vá adiante no texto. Fato é que, lendo apenas o parágrafo inicial, terá as informações básicas do assunto. A grande diferença em relação ao artigo e ao editorial está no objetivo. O autor quer apenas "passar" a informação, quer dizer, não busca convencer o leitor/receptor de nada. É aquele texto que os jornalistas chamam de objetivo ou isento, despido de subjetividade e de intencionalidade. Exemplo de Notícia “O juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto, ex- presidente do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, negou-se a responder ontem à CPI do judiciário todas as perguntas sobre sua evolução patrimonial. Ele invocou a Constituição para permanecer calado sempre que era questionado sobre seus bens ou sobre contas no exterior.” (Folha de S. Paulo, 05/05/99). As Crônicas Estamos diante da Literatura. Os cronistas não possuem compromisso com a realidade objetiva. Eles retratam a realidade subjetiva. Dessa maneira, Rubem Braga, cronista, jornalista, produziu, por exemplo, um texto abordando a flor que nasceu no seu jardim. Não importa o mundo com suas tragédias constantes, mas sim o universo interior do cronista, que nada mais é do que um fotógrafo de sua cidade. É interessante verificar que essas características fundamentais da crônica vão desaparecendo com o tempo. Não há, por exemplo, um cronista de Porto Alegre (talvez o último deles tenha sido Sérgio da Costa Franco). Se observarmos o jornal Folha de S. Paulo, teremos, junto aos editoriais e a dois artigos sobre política ou economia, uma crônica de Carlos Heitor Cony, descolada da realidade, se assim lhe aprouver (Cony, muitas vezes, produz artigos, discutindo algo da realidade objetiva). O jornal busca, dessa maneira, arejar essa página tão sisuda. A crônica é isso: uma janela aberta ao mar. Vale lembrar que o jornalismo, ao seu início, era confundido com Literatura. Um texto sobre um assassinato, por exemplo, poderia começar assim:" Chovia muito, e raios luminosos atiravam-se à terra. Num desses clarões, uma faca surge das trevas..." Dá-se o nome de nariz de cera a essas matérias empoladas, muito comuns nos tempos heroicos do jornalismo. Sobre a crônica, há alguns dados interessantes. Considerada por muito tempo como gênero menor da Literatura, nunca teve status ou maiores reconhecimentos por parte da crítica. Muitos autores famosos, romancistas, contistas ou poetas, produziram excelentes crônicas, mas não são conhecidos por isso. Carlos Drummond de Andrade é um belo exemplo. Pela grandeza de sua poesia, o grande cronista do cotidiano do Rio de Janeiro foi abafado. O mesmo pode- se falar de Olavo Bilac, que, no início do século passado, passou a produzir crônicas num jornal carioca, em substituição a outro grande escritor, Machado de Assis. Essa divisão dos textos da imprensa é didática e objetiva esclarecer um pouco mais o vestibulando. No entanto, é importante assinalar que os autores modernos fundem essa divisão, fazendo um trabalho misto. É o caso de Luis Fernando Veríssimo, que ora trabalha uma crônica, com os personagens conversando em um bar, terminando por um artigo, no qual faz críticas ao poder central, por exemplo. Martha Medeiros, por seu turno, produz, muitas vezes, um artigo, revelando a alma feminina. Em outros momentos, faz uma crônica sobre o quotidiano. Exemplo de Crônica “Quando Rubem Braga não tinha assunto, ele abria a janela e encontrava um. Quando não encontrava, dava no mesmo, ele abria a janela, olhava o mundo e comunicava que não havia assunto. Fazia isso com tanto engenho e arte que também dava no mesmo: a crônica estava feita. Não tenho nem o engenho nem a arte de Rubem, mas tenho a varanda aberta sobre a Lagoa - posso não ver melhor, mas vejo mais. Otto Maria Carpeaux não gostava do gênero "crônica", nem adiantava argumentar contra, dizer, por exemplo, que os cronistas, uns pelos outros, escreviam bem. Carpeaux lembrava então que escrever é verbo transitivo, pede objeto direto: escrever o quê? Maldade do Carpeaux. (...) Nelson Rodrigues não tinha problemas. Quando não havia assunto, ele inventava. Uma tarde, estacionei ilegalmente o Sinca-Chambord na calçada do jornal. Ele estava com o papel na máquina e provisoriamente sem assunto. Inventou que eu descia de um reluzente Rolls Royce com uma loura suspeita, mas equivalente à suntuosidade do carro. Um guarda nos deteve, eu tentei subornar a autoridade com dinheiro, o guarda não aceitou o dinheiro, preferiu a loura. Eu fiquei sem a multa e sem a mulher. Nelson não ficou sem assunto.” (Carlos Heitor Cony, Folha de S. Paulo, 02/01/98) Nota-se que a variação é constitutiva das línguas humanas, ocorrendo em todos os níveis. A variação sempre existirá, no Brasil há apenas uma língua nacional, e assim mesmo existe diferenças de pronúncias, no emprego de palavras e outros aspectos da língua. Hoje, ninguém escreve como fala, e nas sociedades letradas, aquelas que usam intensamente a escrita, estas pessoas tomam as regras estabelecidas para o sistema de escrita como padrões de correção de todas as formas linguísticas. No meio dessas letras que o homem espalha por todos os lugares, há algo em comum. Existem dois tipos de textos: o informativo e o ficcional. Informativo: quando se escreve sobre coisas que acontecem, como nas notícias que aparecem em jornais, revistas e na Internet, bem como nas leis e bulas. Ficcional: quando se escreve histórias inventadas, como nos livros e gibis. http://www.canalkids.com.br/tecnologia/meios/internet.htm WWW.APOSTILASATENTO.COM.BR 4 LÍNGUA PORTUGUESA Observe os dois casos práticos abaixo. 1. Você escreve um recado para o amigo que senta ao seu lado na escola, inventando uma história: "Estou namorando a Julieta". Que tipo de texto é esse? Ficcional. Tem gente que chama isso de mentira. 2. Por outro lado, vamos supor que o bilhete é verdadeiro. Isto é, você pediu a Julieta em namoro e ela respondeu "sim, Romeu!". E agora você está louco para contar vantagem para o amigo da carteira do lado. Se o bilhete diz "Estou namorando a Julieta", neste caso é verdade, isso acontece mesmo. Então, esse bilhete é um texto informativo. Isto quer dizer então que a história inventada é mentira? Digamos que é "de mentirinha". Alguém já disse que a literatura é "a mentira que encanta". As histórias inventadas saem da cabeça do escritor. O Sítio do Pica-pau Amarelo, que Monteiro Lobato inventou, nunca existiu em lugar nenhum que nossos olhos pudessem ver. O Sítio foi criado pela imaginação de Lobato e existe na imaginação de quem lê a história. Ou seja, o Sítio existe em outro mundo, que a gente não vê: é o mundo da imaginação. “Texto é um tecido verbal estruturado de tal modo que as ideias formam um todo coeso, uno, coerente. Todas as partes devem estar interligadas e manifestar um direcionamento único. Assim, um fragmento que trata de diversos assuntos não pode ser considerado texto. Da mesma forma, se lhe falta coerência, se as ideias são contraditorias, também não se constitui texto. Se os ele-mentos da frase que possibilitam a transição de uma ideia para outra não estabelecem coesão entre as partes expostas, o fragmento não se configura um texto. Essas três qualidades - unidade, coerência e coesão - são essenciais par a existência de um texto”. Veja-se um exemplo apresentado por João Bosco Medeiros, em “Português Instrumental”.: “O carnaval carioca é uma beleza, mas mascara, com o seu luxo, a miséria social, o caos político, o desequilíbrio que se estabelece entre o morro e a Sapucaí. Embora todos possam reconhecer os méritos de artistas plásticos que ali trabalham, o povo samba na avenida como herói de uma grande jornada. E acrescente-se: há manifestação em prol de processos judiciais contra costumes que ofendem a moral e agridem a religiosidade popular. O carnaval carioca, porque se afasta de sua tradição, está tornando- se desgracioso, disforme, feio.” O trecho anterior é um fragmento que não se constitui texto. Falta-lhe coerência entre a afirmativa inicial e a final. A oração subordinada que se inicia com embora não apresenta coesão em relação à oração principal; não é possível entender o que o autor quis dizer com aquelas palavras. Como o texto senta várias informações, várias direções: moral, política, social, religiosa, estática, acaba por não constituir um todo. Não há completude, inteireza, unidade. Os elementos estruturais do texto são: o saber partilhado, a informação nova, as provas, a conclusão, o tema, a referência. Por saber partilhado entende-se a informação antiga, do conhecimento da comunidade. De modo geral, o saber partilhado aparece na introdução, um local privilegiado para a negociação com o leitor. Não é difícil admitir que a informação que vai de “não é fácil escrever sobre seu próprio pai” até “sentimental” pertence ao saber partilhado. O emissor-negocia com o leitor, coloca-se num nível de entendimento, estabelece um do, para, em seguida, expor informações novas. A informação nova caracteriza-se como uma necessidade para a existência do texto. Sem ela, não há razão para o emissor escrever nada. Um texto só se configura texto quando veicula uma informação que não era do conhecimento do leitor, ou que não o era da forma como será exposta, o que implica, naturalmente, matizes novos e, consequentemente, uma nova maneira de ver os A informação nova não significa originalidade total, absoluta. É análoga ao contrato que o leitor faz com o ficcionista. Ninguém, ao ler “Dom Casmurro”, estará interessado em saber se os acontecimentos relatados são reais, se houve tempo e naquele espaço uma pessoa que se identificava com a personagem -do livro. O leitor entra em acordo com o narrador, admitindo como verossímeis os acontecimentos relatados. Da mesma forma, o leitor de “Memórias de Brás Cubas” não contesta a possibilidade de um defunto ser narrador. Aceita o fato e dá prosseguimento à leitura”. É sabido que, conforme a perspectiva teórica que se adote, o mesmo objeto pode ser concebido de maneiras diversas. O conceito de texto não foge a regra. Antes de discutirmos sua estrutura é preciso saber o que é um texto. Segundo Ingidore Koch, o conceito de texto depende das concepções que se tenha de língua e de sujeito. Na concepção de língua como representação do pensamento e de sujeito como senhor absoluto de suas ações e de seu dizer, o texto é visto como um produto - lógico - do pensamento (representação mental) do autor, nada mais cabendo ao leitor/ouvinte senão captar essa representação mental, juntamente com as intenções (psicológicas) do produtor, exercendo, pois, um papel essencialmente passivo. Na concepção de língua como código - portanto, como mero instrumento de comunicação - e de sujeito como (pré)determinado pelo sistema, o texto é visto como simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, bastando a este, para tanto, o conhecimento do código, já que o texto, uma vez codificado, é totalmente explícito. Já na concepção interacional (dialógica) da língua, afirma Koch, na qual os sujeitos são vistos como atores/construtores sociais, o texto passa a ser considerado o próprio lugar da interação e os interlocutores, como sujeitos ativos que - dialogicamente - nele se constroem e são construídos. Desta forma, há lugar, no texto para toda gama de implícitos, dos mais variados tipos, somente detectáveis quando se tem, como pano de fundo, o contexto sociocognitivo dos participantes da interação. Ingidore adota ainda uma última concepção na qual a compreensão deixa de ser entendida como simples “captação” de uma representação mental ou como a decodificação de mensagem resultante de uma codificação de um emissor. Ela é uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza, evidentemente, com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas que requer a http://www.canalkids.com.br/arte/galeria/lobato2.htm http://www.canalkids.com.br/arte/galeria/lobato2.htm http://www.canalkids.com.br/arte/galeria/lobato.htm WWW.APOSTILASATENTO.COM.BR 5 LÍNGUA PORTUGUESA mobilização de um vasto conjunto de saberes (enciclopédia) e sua reconstrução deste no interior do evento comunicativo. O sentido de um texto é construído na interação texto-sujeitos e não algo que preexista a essa interação. Resumindo, texto é uma unidade linguística concreta, percebida pela audição (na fala) ou pela visão (na escrita), que tem unidade de sentido e intencionalidade comunicativa. Entretanto é possível notar que os enunciados (falas) não são o único elemento responsável pelo sentido da interação linguística. Além do texto, há na situação comunicativa, outros elementos que também auxiliam na construção do sentido, como os papéis sociais que os interlocutores desempenham, a intenção do locutor, o conhecimento de mundo do interlocutor, as circunstâncias históricas ou sociais em que se dá a comunicação, etc. Um texto pode ser formado apenas pela linguagem verbal (por exemplo, um poema, um romance), apenas pela linguagem visual (um desenho, uma pintura), como também pelas linguagens verbal e visual (uma história em quadrinhos, um filme). Quando há o emprego dos dois tipos de linguagens, o sentido global do texto só se faz com o cruzamento das duas linguagens. Podemos classificar os textos, quanto a sua estrutura, em narrativo, descritivo e dissertativo. Vejamos aqui as características de um texto dissertativo e seu conceito. • O texto dissertativo, ou seja, a dissertação é uma explanação lógica de ideias. É um texto que analisa e interpreta dados da realidade por meio de conceitos abstratos. • O texto narrativo envolve uma dinamicidade que determina uma transformação nos fatos e nas personagens. Chamamos isto de progressão narrativa. Para que a progressão narrativa aconteça é preciso que se entabule um conflito entre as personagens. Narração é a exposição escrita ou falada de um fato. É um relato de acontecimentos em determinada sequência, tendo como elementos integrantes: a) As personagens, b) Os fatos, c) O tempo, d) O espaçoe e) O foco narrativo. • O texto descritivo é a exposição minuciosa de um fato; a representação das características de uma pessoa, de uma cena, de um objeto ou de um processo. Para fazer-se uma boa descrição, dois recursos são necessários: a particularização do espaço, apresentando-se detalhadamente as características do ser ou objeto e a sensibilização dos sentidos, mobilizando as sensações olfativas, táteis, visuais, gustativas e auditivas. De acordo com sua finalidade, podemos falar em dois tipos de descrição: a) técnica ou b) literária. O Conteúdo Literário de um Texto Tem-se um conteúdo informativo quando se escreve sobre coisas que acontecem, como nas notícias que aparecem em jornais, revistas e na Internet, bem como nas leis e bulas. Informações Literais e Inferências Literal é literalmente, textualmente, palavra por palavra. É a informação que consta na literatura. Já a inferência é a afirmação (conclusão ou indução) de algo já conhecido como verdadeiro. É confirmar algo como correto. É alguém que corrobora com o que já foi dito. Designa-se por inferência a operação mental pela qual obtemos de uma ou mais proposições outra ou outras que nela(s) estava(m) já implicitamente contida(s). As inferências podem ser divididas em dois tipos: imediatas e mediatas. A inferência imediata consiste em extrair de uma só proposição outra proposição, à qual se atribui o valor de verdade ou falsidade. A inferência imediata pode ser obtida por oposição ou conversão. A inferência mediata consiste numa conclusão obtida a partir de duas ou mais proposições. Este tipo de inferência pode ser de três tipos: analógicas, indutivas e dedutivas. O termo inferência usa- se por vezes como sinônimo de raciocínio. Embora tal associação não seja incorreta, a verdade é que inferência possui um sentido mais abrangente que raciocínio. O termo raciocínio será reservado aplicado apenas a um tipo de inferências, as mediatas. Significação Contextual de Palavras e Expressões Em sentido largo, pode-se entender semântica como um ramo dos estudos linguísticos que se ocupa dos significados produzidos pelas diversas formas de uma língua. Dentro dessa definição ampla, pertence ao domínio da semântica tanto a preocupação com determinar o significado dos elementos constituintes das palavras (prefixo, radical, sufixo) como o das palavras no seu todo e ainda o de frases inteiras. Diz-se, por exemplo, que o verbo haver é sinônimo de existir numa frase como “Há flores sem perfume.” Isso quer dizer que seus significados se equivalem. Pode-se também dizer que uma frase passiva como “A praça foi ocupada pelos peregrinos.” é semanticamente equivalente à sua correspondente na voz ativa “Peregrinos ocuparam a praça.” Dentre os conceitos de semântica indispensáveis para qualquer vestibular, relacionam-se os seguintes: WWW.APOSTILASATENTO.COM.BR 6 LÍNGUA PORTUGUESA Sinônimos: formas linguísticas que apresentam o mesmo significado (coragem / destemor; rápido / ligeiro / lépido). Antônimos: formas linguísticas de significado oposto (progredir x regredir; bom x mau). Polissemia: propriedade que a mesma palavra tem de assumir significados diferentes. Luísa bate a porta. (fechar) Antônio bate o carro no poste. (trombar) O sino bate três vezes. (soar) O coração bate rápido. (pulsar) Obs.: o significado específico assumido pela palavra dentro do contexto linguístico em que ela aparece é denominado significação contextual. Ambiguidade: possibilidade de interpretar de maneiras diferentes a mesma palavra ou frase. Ministro falará da crise no Canal 17. Nessa frase, usada em questão do vestibular da FGV/SP, não é possível saber se a expressão “no Canal 17” se refere a “falará” (“falará no Canal 17”, sobre uma crise que a frase não especifica) ou a “crise” (“crise no Canal 17”, sobre a qual o ministro falará num lugar não mencionado pela frase). Para resolver a ambiguidade, optando pela primeira interpretação, basta mudar a ordem dos termos na frase: No Canal 17, ministro falará da crise. Optando pela segunda interpretação, a melhor solução é deixar clara a relação entre os termos, lançando mão de outro recurso diferente da mudança de posição das palavras, como, por exemplo: Ministro falará da crise que atinge o Canal 17. Denotação: conceito ou significado que uma palavra evoca. Os dicionários trazem dominantemente o significado denotativo das palavras (descrevem conceitos associados a elas). Conotação: conjunto de valores, impressões ou reações psíquicas que se superpõem a uma palavra. Palavras com praticamente a mesma denotação possuem conotações nitidamente diversas. É o caso de amante, amásia, companheira, amigada, concubina. As impressões que cada um desses termos provoca são francamente diferentes, embora a denotação (o conceito a que o termo se refere) não varie. É nesse sentido que se diz que não existem sinônimos perfeitos, pois se o são no nível da denotação, raramente ocorre o mesmo no nível da conotação. Sentido literal: significado usual de uma palavra; sentido próprio. Ex.: Abelhas produzem mel. Sentido figurado: significado não usual de uma palavra, decorrente de associações com outros significados. Ex.: “Iracema, a virgem dos lábios de mel.” Ponto de Vista do Autor O ponto de vista do autor geralmente interfere na produção do texto. Existe o ponto de vista físico e o ponto de vista mental. O Ponto de Vista Físico: consiste na posição física do autor. Ou seja, a perspectiva que este tem do objeto pode determinar a ordem na enumeração dos pormenores. O Ponto de Vista Mental: consiste numa impressão pessoal e interpretação do objeto. A simpatia ou antipatia do observador pode resultar em imagens bastante diferenciadas do mesmo objeto. Ideia Global Como se forma o sentido de um texto? De que recursos dispõe quem escreve para conferir ao texto os sentidos que quer expressar? E quem lê, a que elementos deve prestar atenção para “descobrir” os sentidos do texto? Ou seja, que elementos e que recursos são mobilizados no processamento de textos, tanto na recepção quanto na produção? Afinal, escrever um texto implica deixar nele as marcas necessárias para que seja “lido” de acordo com os sentidos que lhe quis dar quem o escreveu. E ler um texto implica percorrer o caminho inverso: decifrar as marcas e sinais deixados pelo autor para decifrar-lhe o sentido, ou os sentidos. Enfim, que recursos, marcas, sinais, elementos compõem os textos? Sabe-se que o sentido de um texto não se forma exclusivamente pela decifração das marcas e sinais deixados nele pelo autor, já que o leitor não é um decifrador passivo de signos. O leitor é um construtor de sentido (KOCH, 2006, p. 13). Interferem, nessa formação de sentido, o conhecimento de mundo do leitor, suas crenças, seu passado, suas leituras anteriores, além do contexto e de muitos outros fatores. E recorremos ainda a vários tipos de conhecimento: linguístico, enciclopédico, interacional, comunicacional, meta comunicativo, superestrutural (conhecimento da estrutura WWW.APOSTILASATENTO.COM.BR 7 LÍNGUA PORTUGUESA dos gêneros dos textos), etc. Percebe-se, então, que tanto a produção quanto a recepção de textos são atividades complexas. Segundo Maingueneau (2002, p. 20) “compreender um enunciado não é somente referir-se a uma gramática e a um dicionário, é mobilizar saberes muito diversos, fazer hipóteses, raciocinar, construindo um contexto que não é um dado preestabelecido e estável.” Já Kress et al. (1997, p. 270, apud BALOCCO, 2005, p. 65) acrescentam que “a linguagem sozinha não é mais suficiente como foco de atenção para aquelesinteressados na construção e reconstrução social do significado.” Esses dois autores já sinalizam o caminho que pretendo percorrer neste artigo. A intenção é abordar o texto em sentido amplo, incluindo e destacando elementos pouco considerados. Recomendam as estratégias de leitura que, antes de avançar na leitura do texto, seja observado o entorno dele, seus contextualizadores, a distribuição do material no suporte, a ocupação da página pela mancha gráfica, o tratamento dado ao material linguístico e não linguístico, a presença (ou não) de elementos extralinguísticos, etc. Qual o sentido dessa recomendação? Certamente, a justificativa está no fato de que ler um texto, em sentido pleno, não se limita, reforçando, a decifrar os parágrafos do primeiro ao último, levando em consideração somente o material linguístico. Da mesma forma como compor um texto não deve se limitar a cuidar da estruturação e ordenação de frases e parágrafos. O modo como esse material é tratado interfere na formação do texto e, portanto, na constituição de seu sentido, da mesma forma como interferem outros, variados, recursos ativados no processamento dos textos, tais como o contexto de enunciação, as vivências e saberes do leitor. E interferem, ainda, recursos materiais não linguísticos. Creio que não se estará falseando a intenção de Maingueneau (2002, p. 12) se estendermos a todos os textos o que o autor afirma sobre o texto publicitário, quando diz que “[...] um texto publicitário, em particular, é fundamentalmente imagem e palavra; nele, até o verbal se faz imagem” (p. 12). Em outro momento, o autor reforça a ideia do texto visto como imagem: “Um enunciado que não é oral constitui, assim, uma realidade que não é mais puramente verbal. Em um nível superior, todo texto constitui em si uma imagem, uma superfície exposta ao olhar.” (p. 81 – grifos do autor). Também para Kress et al. (1997, apud BALOCCO, p. 65), “é preciso analisar a forma como a linguagem e elementos visuais articulam-se num texto, funcionando como ancoragens para leituras ideologicamente marcadas.” Koch (2006, p. 19) igualmente, a par de destacar a importância de levar em consideração os conhecimentos do leitor, ressalta que “necessário se faz considerar a materialidade linguística do texto, elemento sobre o qual e a partir do qual se constitui a interação.” Não é intenção repassar aqui a bibliografia que aborda a complexidade de fatores que intervêm para o processamento dos textos, que aqui apenas tangenciamos. O objetivo dessa abordagem inicial foi somente contextualizar o assunto. O espectro que forma esse conjunto de fatores é vasto. Que trata do material linguístico, até já existe razoável literatura. Por isso, a intenção, aqui, é trazer à consideração elementos pouco e esparsamente abordados na análise de textos. A intenção é incluir o material visual do texto, sem excluir os demais componentes. O tema que vai nos ocupar será o da formação do sentido dos textos, mas adotando uma metodologia um pouco diferente. Vamos começar introduzindo a noção de texto global. Em seguida, será feita análise de parte dos componentes do texto global. O Texto Global Antes de abordar o texto global, uma ressalva. Sabe-se que classificar, dividir é sempre uma operação complicada. E segregar os constituintes dos textos em grupos estanques não corresponde à realidade de funcionamento da língua, já que é imprecisa e instável a fronteira entre eles. O objetivo dessa segregação é didático, ou seja, auxiliar no processo de análise, que se operacionaliza observando-se parte por parte. Mas, no final, volta-se à síntese. E aqui, a síntese é o texto. É no texto que a língua funciona plenamente, na conjugação e confluência de todas as partes. Mesmo sabendo-se das imperfeições implicadas nas operações de dividir e classificar, está sendo proposta uma classificação, com o objetivo, como se disse, de auxiliar a análise das partes dessa complexa realidade que são os textos. O texto global, na concepção aqui visualizada, como mostra a Fig. 1, compõe-se de elementos e marcas. O grupo dos elementos subdivide-se em três subgrupos: os elementos contextualizadores, linguístico-discursivos e extralinguísticos. Os elementos linguístico-discursivos e os extralinguísticos serão abordados sucintamente. Já os contextualizadores e as marcas paralinguísticas merecerão abordagem mais extensiva. Será sobre esses dois componentes dos textos que estará voltado o foco deste trabalho. A razão de destacar esses dois grupos de constituintes textuais deve- se, especialmente, à carência de abordagens que contemplem seu estudo. São raras e esparsas as referências às marcas paralinguísticas. Já aos contextualizadores são feitas seguidas referências, porém carece analisa-los extensivamente. Em compensação, os elementos linguísticos, discursivos e gramaticais são contemplados amplamente pela bibliografia do ramo. Por seu turno, os elementos extralinguísticos, embora sua constante presença e inegável contribuição para a formação do sentido do texto global, tem seu lócus deslocado mais para a semiótica, a comunicação não verbal, e, abordá-los, demandaria deslocar também o foco da nossa atenção, o que desvirtuaria o nosso objetivo. Passemos, então, a rápida abordagem dos elementos linguístico-discursivos e extra linguísticos. Os elementos linguístico-discursivos abordam, como indica o nome, o material da língua e o do discurso utilizados na composição dos textos. São normalmente (e tradicionalmente) os mais lembrados no estudo de textos, e recobrem uma área extensa no domínio da composição textual. Veja-se, por exemplo, a extensão do tópico elementos coesivos. Inúmeros manuais tratam exclusivamente de coesão. O mesmo acontece com os elementos morfossintáticos, com a situação de enunciação, etc. que perfazem esse conjunto amplo de elementos linguísticos e enunciativos. Fica ressaltada a WWW.APOSTILASATENTO.COM.BR 8 LÍNGUA PORTUGUESA importância deles e ressalvada a impossibilidade de abordá-los em neste exíguo espaço. Os elementos extralinguísticos constituintes do texto global também acompanham o texto, porém constituem-se de material icônico, iconográfico (fotografias, desenhos, mapas, etc.), extrapolando, portanto, o material linguístico, mas contribuindo para a formação do sentido global do texto. Maingueneau (2002, p. 81) faz significativa referência ao paratexto e ressalta a importância da espacialidade: “A espacialidade do escrito e do impresso permite também que lhes associemos elementos icônicos variados (esquemas, desenhos, gravuras, fotos etc.)” (grifo do autor). São inúmeros os gêneros de textos que vêm acompanhados de fotografias que ilustram um evento relatado ou que “mostram” o autor do texto; de paisagens ilustrativas; de imagens diversas que complementam a informação global do texto. Imaginemos os textos publicitários, as imagens televisivas, a sucessão de quadros de um filme. Trata-se de “textos” em que o normal é haver um forte entrelaçamento de recursos linguísticos e não-linguísticos. Deles também fica ressaltada a importância a impossibilidade de abordá-los, aqui, mais exaustivamente. A Fig. 1 visualiza o conjunto de elementos e marcas que constituem o texto global. Componentes do Texto Global Marcas Paralinguísticas Elementos Extralinguísticos Elementos Linguísticos Discursivos Elementos Contextualizadores aspas, asterisco, balão (das histórias em quadrinhos, tiras), caixa- alta/caixa-baixa, colunas, cor/cores da fonte, entrelinhas, espaços, itálico, maiúsculas/ minúsculas, negrito, paralelismos não- linguísticos (simetrias), sinais de pontuação, sublinhas, tipo de fonte, translineação, etc. cores (de fundo, sombreamentos, etc.), canal, contexto físico (virtual),desenhos, fotografias, ilustrações, imagens, linhas, mancha gráfica, marcadores, recursos icônicos, símbolos, suporte, traços, etc. coesão, contexto enunciativo (situação enunciativa, situação de comunicação), construção frasal, conteúdo, co-texto, elementos pragmáticos, enunciadores, paralelismos linguísticos, nível (registro), ortografia, paragrafação, pontuação, seleção lexical, etc. arroba, assinatura, assunto, autor, cores (de fundo, de contorno, etc.), data, destinatário, elementos de contato (telefone, e-mail, site, fax, blog), elementos gráfico icônicos, epígrafe, frase de fechamento, fórmulas de fechamento, fórmulas de cortesia, início dos textos (primeira frase), localizadores (rua, bairro, cidade, país, CEP), linha de atenção (at.), logomarca, meio de circulação, nome (empresa, repartição), paratexto (textos anexos, links), post scriptum (P. S.), remetente, subtítulos, suporte físico, timbre, título, tópicos, vocativo, etc. WWW.APOSTILASATENTO.COM.BR 9 LÍNGUA PORTUGUESA Os Contextualizadores Os elementos contextualizadores têm a função de situar o texto no mundo e no universo sóciocognitivo do leitor. Marcuschi (1983, p. 17) diz que os contextualizadores “contribuem para avançar expectativas a respeito do texto, situando-o num universo contextual de interação”, e cita como exemplos: assinatura, localização, data, elementos gráficos, título, início, autor. Van Dijk (1977, apud KOCH, 2006, p. 73) refere-se a contexto definindo-o como “conjunto de todas as propriedades da situação social que são sistematicamente relevantes para a produção, compreensão ou funcionamento do discurso e de suas estruturas.” O autor se refere a “situação social”, não sendo fácil saber qual a abrangência dessa situação social. Mas parece referir-se mais a contexto externo, extralinguístico. A abrangência que se pretende dar, aqui, a elementos contextualizadores é ampla, incluindo variados componentes que exercem a função de contextualizar o texto. São elementos quer pré-textuais, quer pós-textuais, e, às vezes, até intratextuais. Situam-se dentro do (que denomino metaforicamente de) quadrilátero que emoldura o texto global. Visualizemos, para exemplificar, uma carta comercial. Dentro do quadrilátero que, imaginariamente, emoldura a carta, situam-se o timbre (nome da empresa, localizadores, elementos de contato), local e data, endereçamento, vocativo, assinatura, etc.). São exemplos de contextualizadores pré- textuais e pós-textuais. De qualquer forma, o quadrilátero permanece uma denominação metafórica, pois se sobe que nem todos os textos estão contidos dentro de quatro linhas “imaginárias”. Sabe-se que os textos podem se apresentar em formas e disposições as mais variadas. Outros elementos, além dos citados na Fig. 1, poderiam ser incluídos entre os contextualizadores. Em sentido amplo, os elementos extralingüísticos no geral podem ser considerados contextualizadores. E até os lingüístico- discursivos. Todos eles contribuem para localizar o texto no contexto e no co-texto. Citemos como exemplo a logomarca de uma empresa constituída por uma imagem. É um elemento extralingüístico, mas exerce, sem dúvida, a função de situar o texto, contribuindo com inúmeras informações: a empresa, o produto, a época (empresa e produto antigos, atuais), o mundo (antigo, ou globalizado), etc. Ocorrem, portanto, sobreposições, complementações. Cabe notar, ainda, que a contextualização de um texto também se realiza pela apreensão do conteúdo do próprio texto, não somente pela presença dos elementos materiais. Porém, a preocupação não é com o rigor da listagem exaustiva. O essencial consiste em perceber que existem elementos constitutivos do texto global cuja função é situar o texto, e que o importante é incluí-los nos roteiros de trabalhos que visam tanto à recepção quanto à produção de textos. Essas referências teóricas aos contextualizadores serão complementadas adiante, quando será feita a análise exemplificativa de um texto. Parágrafo: Tópico de Parágrafo e Desenvolvimento O parágrafo é uma estrutura superior à frase, que desenvolve, eficazmente, uma única idéia-núcleo. Apesar disso, o parágrafo não deve ser uma camisa-de-força do texto. Com um pouco de sensibilidade, todos nós somos capazes de perceber o momento em que devemos fazer a transição entre um parágrafo e outro. As informações deste texto devem ser consideradas, portanto, apenas balizas de orientação e não receitas a serem seguidas ao pé da letra. Início de Parágrafo Garcia, com base naquilo que chama parágrafo-padrão, propõe uma série de inícios de parágrafo, que denomina de tópicos frasais. Neste trabalho, vou utilizar a expressão tópico de parágrafo, uma vez que existem termos colocados em início de sentenças, como uma espécie de “quadro de referência”, que se chamam tópicos de frase ou tópicos frasais. É o caso de seqüências como: O carro, você viu que ele está sem gasolina? em que o termo O carro funciona como tópico de frase. Vamos, portanto, aos tópicos de parágrafo. O mais comum deles é a declaração inicial. Geralmente, esse tipo de tópico ocorre no mundo comentado. Como o próprio nome indica, trata-se de iniciar o parágrafo fazendo uma declaração, como no exemplo a seguir: O hábito de correr, benéfico para o coração, os pulmões e a manutenção da forma física, também origina sérios problemas, principalmente ortopédicos. Um outro tópico e a alusão histórica. Trata-se de iniciar um parágrafo fazendo alusão a um fato acontecido, real ou fictício. Temos, agora, a presença do mundo narrado. Vamos a um exemplo: Em algum dia perdido na noite dos tempos, há cerca de seis mil anos, o homem lançou seu primeiro barco na água, e, flutuando, movimentou-se pela primeira vez fora de terra firme. É claro que, na alusão histórica, também estamos, de certa maneira, fazendo uma declaração. O que importa, no entanto, é estarmos narrando alguma coisa. Um terceiro tipo de tópico é a interrogação. A idéia-núcleo do parágrafo é colocada por intermédio de uma pergunta. Seu desenvolvimento é feito por intermédio da confecção de uma resposta à pergunta: De que maneira uma nação pode conciliar seu desenvolvimento com uma pesada dívida externa? Um quarto tipo, muito pouco utilizado, é o da omissão de dados identificadores. Esse tópico visa criar um certo suspense no leitor, por intermédio da ocultação de elementos que somente vão aparecer no desenvolvimento do parágrafo. Vejamos um exemplo: De uns tempos para cá, tem surgido um elemento novo no cenário político nacional. Extremamente movediço, ele sempre aparece onde não se espera. Se o espreitamos, ele se esconde, em hibernação cautelosa. Desenvolvimento do Parágrafo: O desenvolvimento do parágrafo dependerá, obviamente, da macroestrutura do texto. Há certos tipos de desenvolvimento mais adequados ao texto argumentativo. Outros, ao discurso narrativo. Vou, entretanto, exemplificar algumas possibilidades de desenvolvimento do parágrafo, a partir de um único tópico, o seguinte: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. WWW.APOSTILASATENTO.COM.BR 10 LÍNGUA PORTUGUESA Desenvolvimento por Detalhes: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. O tráfego intenso, o ruído do tráfego, as preocupações geradas pela pressa, o almoço corrido, o horário de entrar no trabalho, tudo isso abala as pessoas, produzindo o “stress” que ataca o coração. Desenvolvimento por Definição: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. Vida agitada é aquela em que o indivíduo não tem tempo para cuidar de si próprio, mercê dos compromissos assumidos e do tempo exíguo para cumpri-los. Entre asdoenças do coração, a mais comum é a que ataca as artérias coronárias, assim chamadas porque envolvem o coração, como uma coroa, para irrigá-lo em toda a sua topologia. Desenvolvimento por Exemplo Específico: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. Imaginemos um chefe de família que deixa sua casa, às 6h30 da manhã. Logo de início, tem de enfrentar a fila da condução. A angústia da demora; será que vem ou não vem o ônibus? Finalmente, vem. Superlotado. Sobe ele, aos trancos, e logo enfrenta a roleta. - Troco? - Não tem troco pra cem. - Espera um pouco para passar na roleta. - Agora tem, pode passar. Finalmente o ponto de descida. O relógio de ponto. Em cima da hora. Nesse momento, o relógio do coração do nosso amigo já passou do ponto. Suas coronárias sofrem sob o impacto do “stress” e entram em débito de fluxo sanguíneo. Desenvolvimento por Fundamentação da Proposição: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. Somente na última década, segundo informações da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, o paulistano se infartou vinte vezes mais do que no decênio anterior. O “stress” causado pela vida intensa acelera os batimentos cardíacos, por intermédio da injeção exagerada de adrenalina, e apressa o surgimento dos problemas do coração. Desenvolvimento por Comparação: A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. Imagine o leitor, por exemplo, um automóvel dirigido suavemente, com trocas de marcha em tempo exato, sem freadas bruscas ou curvas violentas. A vida útil desse veículo tende a prolongar-se bastante. Imagine agora o contrário: um automóvel cujo proprietário se compraz em arrancadas de “cantar pneus”, curvas no limite de aderência, marchas esticadas e freadas violentas. A vida útil deste último tende a decair miseravelmente. Podemos fazer isso com nosso coração, conduzindo-o com doçura, em ritmo de alegria e de festa, ou podemos tratá-lo agressivamente, exigindo-o fora de seu ritmo e de seu tempo de recuperação. Síntese do Conteúdo Global Pensemos em um livro. Vamos supor que ele seja escrito em linguagem conceitual. Esse livro tem vários capítulos e apresenta-se com clareza e boa organização. Como o autor conseguiu isso? Com certeza ele tem bom domínio do conteúdo e estruturou suas ideias em uma sequência que garante a clareza. O livro é dividido em capítulos e cada um deles se organiza em parágrafos. Estes, por sua vez, são compostos por períodos, nos quais se alojam as ideias. É possível, então, reconhecer vários níveis de organização das ideias. Não importa a extensão do conteúdo. O autor deverá ter sempre a capacidade de estruturar suas ideias. Sem isso, sua obra não será compreensível. Ou seja, não é suficiente que se tenha bom domínio do conteúdo e conhecimento das estruturas de organização do texto. É preciso ter uma boa estrutura de ideias. E para isso é necessário planejar bem o texto. Ideia e Estrutura Ideia refere-se a conteúdo. Uma sequência de ideias está relacionada com a estrutura. É o conhecimento do assunto que indicará o que é essencial ou principal em um texto ou em uma obra. A sequência de ideias começa a ser definida quando optamos pela estrutura do ensaio e se completa na organização dos parágrafos. Conteúdo e Estrutura O planejamento de um texto é a maior garantia para se obter uma boa estrutura de ideias. Do mesmo modo que um escritor planeja um livro prevendo partes, capítulos e subtítulos, é possível planejar um texto menor prevendo seus parágrafos. Mesmo em um texto pequeno, as ideias principais podem ser reunidas em um resumo, numa síntese ou em uma sequência de itens. Se a síntese do conteúdo for feita com a previsão dos trechos do texto, provavelmente estarão sendo definidas as ideias centrais dos parágrafos. Parágrafo e Estrutura Ao definir as ideias centrais do parágrafo, começa a ficar claro para quem escreve, e para o futuro leitor, a relação entre conteúdo e estrutura do texto. Quando considerados elementos que relacionam conteúdo e estrutura de ideias, os parágrafos não são aleatórios. Portanto, os parágrafos não são resultado apenas de regras preestabelecidas sobre sua construção. Eles são decorrência natural da necessidade de distribuir bem o conteúdo no texto e também uma forma de valorizar as ideias principais desse conteúdo. Ideias Secundárias Um texto contém muito mais ideias secundárias do que WWW.APOSTILASATENTO.COM.BR 11 LÍNGUA PORTUGUESA ideias principais. Os conteúdos das ideias secundárias não são os mais importantes, mas sem eles o texto não flui - torna-se pesado. Na verdade, não é possível escrever um texto sem as ideias secundárias. Para lembrar: As ideias secundárias funcionam como atores coadjuvantes. Cumprem um papel secundário, mas imprescindível. Redigir bem depende muito do domínio que o autor tem dessas ideias. Colocadas em excesso, as ideias secundárias dificultam a compreensão do essencial. Mas quando há ideias de menos, o texto fica sintético demais, telegráfico. As ideias secundárias são dispensáveis somente quando queremos fazer uma síntese ou um resumo do conteúdo. No texto seguinte, as ideias principais compõem todo o primeiro parágrafo. O segundo e o terceiro parágrafos desenvolvem ideias principais e secundárias ou complementares. Esta primeira conferência será dedicada à oposição leveza-peso e argumentarei a favor da leveza. Não quer dizer que considero menos válido o argumento do peso, mas apenas que penso ter mais coisas a dizer sobre a leveza. Ideias Principais Depois de haver escrito ficção por quarenta anos, de haver explorado vários caminhos e realizado experimentos diversos, chegou o momento de buscar uma Definição global de meu trabalho. Ideia Principal Gostaria de propor o seguinte: no mais das vezes, minha intervenção se traduziu por uma subtração do peso; esforcei-me por retirar peso, ora às figuras humanas, ora aos corpos celestes, ora às cidades; esforcei-me sobretudo por retirar peso à estrutura da narrativa e à linguagem. Nesta conferência, buscarei explicar - tanto para mim quanto para os ouvintes - a razão por que fui levado a considerar a leveza antes um valor que defeito; Ideia Principal direi quais são, entre as obras do passado, aquelas em que reconheço o meu ideal de leveza; indicarei o lugar que reservo a esse valor no presente e como o projeto no futuro. Intertextualidade x intratextualidade Inter = Entre dois conjuntos, Intra = Dentro de um conjunto No exemplo abaixo, Manuel Bandeiras fez uso das obras de Drummond, para compor uma poesia em homenagem ao amigo. Ele fez uso da intertextualidade. Carlos Drummond de Andrade Louvo o Padre, louvo o Filho, O Espírito Santo louvo. Isto feito, louvo aquele Que ora chega aos sessent'anos E no meio de seus pares Prima pela qualidade: O poeta lúcido e límpido Que é Carlos Drummond de Andrade. Prima em Alguma Poesia [1930] Prima no Brejo das Almas [1934] Prima em Rosa do Povo, [1945] No Sentimento do Mundo. [1940] (Lírico ou participante, Sempre é poeta de verdade Esse homem lépido e limpo Que é Carlos Drummond de Andrade). Como é o fazendeiro do ar, [1954] O obscuro enigma dos astros Intui, capta em claro enigma. [1951] Claro, alto e raro. De resto Ponteia em viola de bolso [1952] Inteiramente à vontade O poeta diverso e múltiplo Que é Carlos Drummond de Andrade. Louvo o Padre, o Filho, o Espírito Santo, e após outra Trindade Louvo: o homem, o poeta, o amigo Que é Carlos Drummond de Andrade. Já em Antologia, o autor buscou em suas próprias obras materiais para compô-la. Elepraticou então a intratextualidade. Antologia A vida Não vale a pena e a dor de ser vivida [Soneto Inglês, 15º verso] Os corpos se entendem mas as almas não. [Arte de Amar 8º verso] A única coisa a fazer é tocar um tango argentino. [Pneumotórax 3º verso, 3º estrofe] Vou-me embora pra Pasárgada! [Vou-me embora pra Pasárgada 1º verso] Aqui eu não sou feliz. [Vou-me embora pra Pasárgada 7º verso, 1º estrofe] Quero esquecer tudo: [Cantiga, 1º verso, 3º estrofe] - A dor de ser homem… Este anseio infinito e vão [Resposta a Vinícius, 10º verso] De possuir o que me possui. [Resposta a Vinícius, 11º verso] WWW.APOSTILASATENTO.COM.BR 12 LÍNGUA PORTUGUESA Quero descansar [Cantiga, 4º verso, 3º estrofe] Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei…[Poema só para Jaime Ovalle 9º] Na vida inteira que podia ter sido e que não foi. [Pneumotórax, 2ºverso] Quero descansar. [Cantiga, 4º verso, 3º estrofe] Morrer [A Morte Absoluta, 1º verso] Morrer de corpo e de alma. [A Morte Absoluta, 2º verso] Completamente. [A Morte Absoluta, 3º verso] (Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir.) [ Lua Nova, 1º verso, 3º estrofe] Quando a Indesejada das gentes chegar [Consoada, 1º verso] Encontrará lavrado o campo, a casa limpa, [Consoada, 8º verso] A mesa posta, [Consoada, 9º verso] Com cada coisa em seu lugar. [Consoada, 10º verso] reconhecimento da função desempenhada por diferentes recursos gramaticais no texto, nos níveis fonológico, morfológico, sintático, semântico e textual/discursivo; A construção de um texto escrito depende da capacidade de construir formas e levá-las a sucessivas transformações que são de natureza fonológica, morfológica, sintática e semântica. Veja, a seguir, os recursos que devem ser considerados quando da construção de um texto: Recursos Fonológicos Referem-se à sonoridade das palavras. São os seguintes, os recursos fonológicos: Aliteração: Repetição de sons consonantais iguais ou parecidos em um contexto. Em geral, a aliteração reforça alguma idéia expressa por meio vocabular. Exemplo: “Leves véus velam, nuvens vãs, a lua.” Fernando Pessoa Assonância: Repetição de sons vocálicos iguais em sílabas tônicas de palavras próximas em um contexto. Exemplo: “E no dia lindo vi que vinhas vindo, minha vida.” Guilherme de Almeida Paronomásia: Jogo de palavras que consiste na aproximação (ou substituição) de palavras ou expressões que possuem semelhança fonética e / ou ortográfica. Exemplo: “Ei-lo sentado num banco de pedra Pálido e polido” Oswald de Andrade Onomatopéia: Escolha de vocábulos ou de expressões (interjeições) que procura imitar o som do ser nomeado. Exemplo: “Dez horas da noite, o relógio farto batia dão! dão! dão! dão! dão! dão! dão! dão! dão! dão!” Oswald de Andrade Recursos Morfológicos Os recursos morfológicos são aqueles que se referem à formação das palavras. Conhece-los, significa conhecer as classes de palavras e suas estrutura, formação e flexão. As palavras estão em constante processo de evolução, tornando a língua um fenômeno vivo que acompanha o homem. Alguns vocábulos caem em desuso (arcaísmos), outros nascem (neologismos) e muitos mudam de significado com o passar do tempo. Em Língua Portuguesa, em função da estruturação e origem das palavras, pode-se chegar à seguinte divisão: Palavras Primitivas: não derivam de outras (casa, flor) Palavras Derivadas: derivam de outras (casebre, florzinha) Palavras Simples: só possuem um radical (couve, flor) Palavras Compostas: possuem mais de um radical (couve-flor, aguardente) Para a formação das palavras portuguesas, é necessário o conhecimento dos seguintes processos de formação: Composição: junção de radicais. São dois tipos de composição, em função de ter havido ou não alteração fonetica. Justaposição: sem alteração fonética (girassol, sexta-feira) Aglutinação: alteração fonética, com perda de elementos (planalto, pernalta). Gera perda da delimitação vocabular e a existência de um único acento fônico Derivação: palavra primitiva (1 radical) acrescida, geralmente, de afixos. São cinco tipos de derivação. Prefixal: acréscimo de prefixo à palavra primitiva (in-feliz, des-leal) Sufixal: acréscimo de sufixo à palavra primitiva (feliz-mente, leal-dade) Parassintética ou Parassíntese: acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo, ao mesmo tempo, à palavra primitiva (en+surdo+ecer / a+benção +ado / en+forca+ar). Por esse processo se forma WWW.APOSTILASATENTO.COM.BR 13 LÍNGUA PORTUGUESA essencialmente verbos, de base substantiva ou adjetiva; mas há parassintéticos de outras classes (subterrâneo, desnaturado) Observação: Se com a retirada do prefixo ou do sufixo não existir aquela palavra na língua, houve parassíntese (infeliz existe e felizmente existe, logo houve prefixação e sufixação em infelizmente; ensurde não existe e surdecer também não existe, logo ensurdecer foi formada por parassíntese) Regressiva ou Deverbal: redução da palavra primitiva (frangão > frango gajão > gajo, rosmaninho > rosmano, sarampão > sarampo, delegado >delega, flagrante > flagra, comunista>comuna). Cria substantivos, que denotam ação, derivados de verbos, daí ser chamado também derivação deverbal (amparo, choro, vôo, corte, destaque, conserva, fala, pesca, visita, denúncia etc.). Observação: Para determinar se a palavra primitiva é o verbo ou o substantivo cognato, usa-se o seguinte critério: substantivo denotando ação constitui-se em palavra derivada do verbo, mas se o substantivo denotar objeto ou substância será primitivo (ajudar > ajuda, estudar > estudo ‘“ planta > plantar, âncora > ancorar) Imprópria ou Conversão: alteração da classe gramatical da palavra primitiva (“o jantar” - de verbo para substantivo, “é um judas” - de substantivo próprio a comum, damasco por Damasco) Hibridismo: são palavras compostas, ou derivadas, constituídas por elementos originários de línguas diferentes (automóvel e monóculo- gr e lat / sociologia, bígamo, bicicleta - lat e gr / alca- lóide, alcoômetro - ár. e gr. / caiporismo - tupi e gr. / bananal - afric e lat. / sambódromo - afric e gr / burocracia - fran e gr) Onomatopéia reprodução imitativa de sons (pin- gue-pingue, zunzum, miau, zinzizular) Abreviação Vocabular: redução da palavra até o limite de sua compreensão (metrô, moto, pneu, extra) Siglonimização - formação de siglas, utilizando as letras iniciais de uma seqüência de palavras (Academia Brasileira de Letras - ABL). A partir de siglas, formam-se outras palavras também (aidético, petista, uergiano) Cabe lembrar, também os neologismos que veremos a seguir: Neologismo: Neologismo pode ser conceituado como o elemento resultante da criação lexical (neologia) caracterizado por uma nova palavra acrescentada à língua. Os principais mecanismos para a ampliação do léxico (neologismos) são a derivação e a composição, mas há, também, influência de outros povos e culturas (é o caso do estrangeirismo). Segundo IEDA MARIA ALVES , os neologismos podem ser fonológicos, sintáticos e semânticos, idéia que adotaremos também no presente trabalho. 1. Neologismos Fonológicos: Os neologismos fonológicos supõem a criação de um item léxico cujo significante seja totalmente inédito e, por isso mesmo, é considerado raro em todas as línguas, tanto pela resistência na incorporação do que é tido como novo, quanto pela decodificação pelo receptor, que nem sempre é obtida. Quanto às criações onomatopaicas, costuma-se dizer que está calcada, também, em significantes inéditos. Contudo, não há uma arbitrariedade absoluta, já que a palavra criada se baseia numa relação com certos ruídos ou gritos que procuram reproduzir os sons de animais ou coisas. A neologia fonológica é, segundo
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