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Prova Teoria e Gestão de Organizações Públicas

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Avaliação - Teoria e Gestão de Organizações Públicas
1. Discuta a importância do ambiente e do contexto considerando as mudanças recentes na
gestão pública e seus efeitos nas organizações públicas.
Paulo Jannuzzi diz que “(...) política pública pode ser entendida como o conjunto de
decisões tomadas pelas instituições de Estado em busca da solução de um problema ou da
promoção de um objetivo comum desejado pela sociedade” (JANNUZZI, 2016, 14). E estes
problemas não são aleatórios: surgem em determinados contextos; partem de territórios com todas
as suas particularidades e demandas. Enquanto organização diretamente responsável por etapas
das políticas públicas, a Administração Pública, deve, pois, levar em conta este fator quando da
definição de agenda, formulação, implementação, avaliação e monitoramento das políticas
públicas.
Das mudanças recentes na referida Administração, a gestão social trouxe alguns exemplos
de programas que incorporaram a importância do ambiente, como o Programa Territórios da
Cidadania (TC) de 2008 e o plano Brasil Sem Miséria (BSM) de 2011 apresentados por Gabriela
Lotta e Arilson Favareto. Retomando a bibliografia a respeito, os autores apontam três dimensões
importantes a serem consideradas nesta análise: (i) intermunicipalidade; (ii) perspectiva
intersetorial e (iii) permeabilidade à participação social. O balanço permitiu identificar avanços e
falhas nos três, levando-os a conclusão de que “Os territórios não são meros repositórios de
investimentos, mas estrutura sociais que precisam ser consideradas e mobilizadas na
implementação de políticas a fim de garantir sua efetividade” (LOTTA E FAVARETO, 2016, 64).
Deste modo, torna-se necessário considerar as territorialidades e medidas como o
orçamento participativo são essenciais para que esse objetivo seja alcançado.
2. Discuta o dilema e como as mudanças recentes na gestão pública buscaram
solucioná-lo: formalização versus flexibilização.
Conforme aponta João Abreu de Faria Bilhim, a formalização, enquanto componente
da estrutura organizacional, diz respeito à padronização das funções, “(...) ou seja, como,
quando e por quem as tarefas deverão ser efetuadas” (BILHIM, 2013, 127). O que
determinará, em última instância, se uma organização será mais ou menos formalizada será a
confiança na capacidade de decisão dos funcionários por parte de seus responsáveis. O autor
aponta como um exemplo de maior formalização rotinas administrativas, com funções bem
delimitadas; e universidades com menor grau deste elemento, na medida em que os docentes
têm mais autonomia para lidar com suas atribuições em função de seu conhecimento
especializado.
A formalização pode apresentar-se em quatro vieses diferentes conforme a
classificação de Mintzberg (apud Bilhim): do trabalho - descrição de sua natureza e tarefas;
da organização do trabalho - relativo à escala organizacional; das regras - enquanto normas
não passíveis de transgressão; e da estrutura - no que concerne a canais de comunicação. Seus
benefícios ou malefícios são variáveis, e esta discussão pode ser sintetizada na seguinte frase:
“a formalização até certo ponto é benéfica, mas pode tornar-se prejudicial para além de
determinada dose” (BILHIM, 2013, 130) sendo este determinado ponto influenciado por
pontos como a natureza da atividade realizada.
A flexibilização apresenta-se, portanto, como o oposto do sistema estritamente
formalizado, concentrando ações que se voltam para maior autonomia e liberdade dos
empregados. A flexibilidade encontra-se mais comumente em organizações que lidam com
problemas dinâmicos e situações que exigem novas e criativas respostas em seu cotidiano.
Em ambos os casos, a organização, enquanto ente administrativo, exige funcionários que
reconheçam a importância e dinâmica de suas tarefas para melhor desempenhá-las. Ademais,
cabe também uma citação direta de João Bilhim relativa à essa temática: “à medida que o
nível de profissionalização aumenta, o nível de formalização diminui” (BILHIM, 2013, 131),
expondo como a práxis do excesso de determinações pode afetar a qualificação de algumas
organizações que não a exigem de fato.
No Brasil, a dualidade entre flexibilização e formalização dentro da administração
pública se mostrou entre o modelo gerencialista e o societal. No artigo “Administração
Pública brasileira entre o gerencialismo e a gestão social”, Ana Paula Paes de Paula apresenta
os dois projetos. Em suma, o gerencialista tem inspiração internacional estadunidense e
inglesa em um movimento iniciado na década de 1980 e o societal advém de movimentos
sociais de base do próprio território nacional, que nasceram na década de 1960.
O primeiro apresentou um projeto voltado para um alto nível de formalização, como
pode-se extrair da seguinte citação da autora: “Em relação à organização administrativa do
aparelho do Estado, verificamos que a vertente gerencial tem objetivos claros, realizando uma
concentração da formulação e avaliação das políticas públicas no núcleo estratégico do
Estado.” (PAULA, 2005, 42). Em contrapartida, a gestão social abriu margens para gestões
alternativas e participação popular em instâncias decisórias, de modo que pode-se considerar,
em alguma medida, maior flexibilização da gestão organizacional.
Referências:
● Paula, A. P. P. de. (2005). Administração pública brasileira entre o gerencialismo
e a gestão social. Revista de Administração de Empresas, 45(1): 36-49;
● Bilhim, J. A. F. (2013). Teoria organizacional: Estrutura e pessoas. 7ª ed. Lisboa:
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Cap. 4.
● Lotta, G. & Favareto, A. (2016). Desafios da integração nos novos arranjos
institucionais de políticas públicas no Brasil. Revista de Sociologia e Política, 24
(57), 49-65.
● Jannuzzi, Paulo de Martino. (2016) Monitoramento e Avaliação de Programas
Sociais. Editora Alínea.

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