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Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Distribuição dos solutos nos compartimentos Extracelular: fora sempre terá mais Sódio, Cloreto e Cálcio. Intracelular: Potássio, Proteínas e Ânions inorgânicos. O potássio fora da célula tem que estar entre 4 a 4,4 miliequivalentes para o restante estar tudo dentro da célula/adequado e o organismo precisa manter isso com essas proporções para garantir a tonicidade das nossas células. → As células expostas a um ambiente isotônico (distribuição de forma adequada), não tem um tamanho também adequado. → Quando tonicidade aumenta ou diminui, irá interferir no movimento de água por osmose (sai de onde tem mais água para onde tem menos). Em um ambiente HIPOtônico, a célula incha porque irá receber água e pode até danificar por explosão. Em ambiente HIPERtônico (onde tem mais água dentro da célula do que fora), essa célula se desidrata, (o que não é interessante) porque queremos manter a tonicidade adequada. Potenciais das membranas ao longo do corpo Uma célula do nosso corpo minimamente possui 2 tipos de canais: Canal para potássio (se este fosse o único presente na célula), já que o potássio está mais dentro do que fora, ele iria fazer esse potássio sair da minha célula a ponto dele se equilibrar (segundo a equação de Nernst ) chegando numa voltagem intracelular em torno de -95; Porém sabemos que a célula do coração tem um potencial menos negativo que isso: -90 e os neurônios são menos negativos ainda: -70 mV). Canal para sódio - quando tem mais sódio fora do que dentro, esse sódio tende a entrar e deixa essa célula (se fosse só permeável ao sódio +70, ou seja, mais positiva). Só que com o tempo, se tivesse só esses canais na membrana, teríamos o potássio querendo sair por conta do gradiente de concentração favorável a essa saída e o sódio ia estar querendo entrar por concentração e porque a célula numa situação de repouso é negativa então ele também tem um gradiente elétrico para entrar. Alterações de solutos e consequências Se tiver um desequilíbrio desses solutos, alteram aquela concentração que deveria ser mantida. → Hipernatremia: aumento de sódio na corrente sanguínea. Se tem mais sódio fora, tem uma força para trazer mais sódio dentro da célula. Assim, esse aumento de sódio para dentro da célula leva a uma despolarização (o sódio rapidamente atinge e aumenta ainda mais de +20 a despolarização, porque aumenta a chance de abertura do canal de ativação do sódio dependente de voltagem) então a comporta abre. A comporta também deve fechar, pois esse mesmo canal tem uma comporta que é inativa com a despolarização (é uma comporta de inativação). Quando a concentração de sódio sobe muito e despolariza muito, acaba fechando essa comporta (sódio para de entrar), porém a despolarização continua muito alta para que canais de cálcio sensível a voltagem se abra. → Hipercalcemia- Aqui nesse potencial cardíaco por exemplo, temos que lembrar que tanto para coração quanto para o músculo esquelético, a entrada do cálcio para dentro da célula( já que o cálcio está mais fora do que dentro) vai levar um acoplamento da actina com a miosina, vendo o coração então com uma contração mais rígida e o músculo esquelético mais contraído/rígido. Em uma situação onde aumenta a concentração de cálcio no sangue, aumenta a força de contração, deixa esses músculos ainda mais rígidos e o coração mais rígido também. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano → Hipercalemia: o potássio é uma carga positiva, se ele estive muito aumentado fora, não tenho aquela força para que ele saia de dentro para fora porque está diminuindo essa diferença de concentração. Como o potássio é positivo, essa célula mantendo a carga positiva, ela vai ficar menos negativa que o repouso (fica um pouco mais despolarizada). Prejuízo disso: as comportas de inativação do sódio com despolarização já vai estar parcialmente fechada, porque as células já vêm parcialmente despolarizada, tendo um potencial de ação menor, um menor acoplamento excitação-contração, uma menor duração dessa contração e observa-se os músculos cardíaco e esquelético mais flácidos numa hipercalemia. Essa alteração de soluto também tem uma consequência sobre a filtração ou a tonicidade que temos por causa das FORÇAS DE STARLING. Ao pegar uma célula de um capilar sanguíneo, temos que pensar nele como uma “mangueira cheia de furos/poros” . → Se tiver um aumento do volume de líquido circulante (volemia aumentada) temos uma pressão do próprio sangue exercendo nesse capilar para ser filtrado em direção ao interstício. → A presença de sangue (já que o plasma é rico em albumina, que é uma proteína), gera uma pressão coloidosmótica (que é uma pressão contrária à filtração) para manter a volemia/manter esse sangue dentro do vaso. Porém, no meio intersticial, também tem a questão da volemia. → Pressão que o líquido intersticial exerce a partir do momento que ele saiu do espaço intersticial e ele tende a retornar para o capilar → Pressões das próprias proteínas que extravasaram para o líquido intersticial querendo manter esse volume no líquido intersticial. Falamos de filtração e saída de sangue, quando a pressão capilar for maior e quando a pressão que existe no líquido intersticial coloidosmótica estiver aumentada. Nessa situação que tem mais filtração (acúmulo de líquido filtrado no espaço intersticial), uma consequência que observaremos neste indivíduo é o edema. → O edema só é observado quando tem alteração do bombeamento cardíaco, porque quando o coração está funcionando como bomba, todo o líquido das câmaras cardíacas tem que estar em constante circulação e os vasos de baixa pressão e alta complacência que são as veias, são os locais onde acumula mais sangue. Coração normal – não terá esse acúmulo e o retorno venoso volta para o coração e continua bombeando. Coração com alteração no bombeamento – o sangue que está nas veias entra em estase (fica parado) , o que aumenta a pressão capilar (ou hidrostática), extravasando líquido e causando edema. Pressões nos capilares: pressão hidrostática capilar ou pressão capilar (Pc) e pressão coloidosmótica plasmática capilar (IIp). Pressões no interstício: pressão do líquido intersticial (PIi) e pressão coloidosmótica do líquido intersticial (IiIi). Pc>IIp e Pli<IIIi Para não ter estase, meu coração tem que estar funcionando como bomba, ou seja, mantendo uma função adequada de estar recebendo todo o volume e mandando esse volume para frente. Para o lado direito leva esse volume para o pulmão e no lado esquerdo leva o volume para a grande circulação. Qual a grandeza que traduz o quanto o coração está funcionando como bomba? O Débito Cardíaco- quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (ml/min). → Pela fórmula, DC = FC x débito sistólico. Se aumenta a FC e o débito sistólico, aumenta o DC. Este sempre estará funcionando para atender as necessidades teciduais do organismo. Em repouso: se o FC:72 bat/min e débito sistólico de 70 ml/bat temos um DC de 5.000 ml/min ou 5 litros/min. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Homeostase cardiocirculatória ou relação de Frank- Starling ou lei do coração Aumento do volume diastólico final > aumento do débito sistólico. → Tudo que vim da pressão arterial e o átrio é enchido pelo retorno venoso (o que está vindo pelas veias cavas) do lado direito. → Já do lado esquerdo o que está voltando pelas veias pulmonares. → Tudo que encheu o átrio, se o coração estiver fisiologicamente adequado, ele consegue aumentar o débito ventricular (aumentar a força de contração e ejeção para não deixar a congestão venosa/acúmulode sangue e ter edema). E isso tem um limite fisiológico. Qual o nome da força que diz o quanto o coração é capaz de bombear em resposta ao aumento do sangue venoso ou em função do aumento da pressão diastólica? PRÉ-CARGA Quanto mais tiver o aumento do enchimento do ventrículo, (ou seja, de uma pressão diastólica) porque estou tendo maior retorno venoso, mais trabalho o ventrículo terá para conseguir ejetar uma maior quantidade em cada sístole e não ter congestão). → Se aumenta a quantidade de sangue ejetado, aumenta o débito sistólico e se aumenta a pré carga está aumentando o débito cardíaco. E isso faz até um limite fisiológico. Então até o momento que a pressão estiver em torno de 160 a 180. → Depois disso, se a pressão aumentar muito, aumenta muito o quanto o ventrículo terá que trabalhar para superar uma resistência muito aumentada na aorta e nas artérias pulmonares. O que começa a aumentar muito que prejudicará o débito em função do aumento da pressão arterial? A PÓS CARGA. Ou seja, se elevar a PA a mais do limite fisiológico dela, tem um ventrículo que tem que trabalhar muito, aumentando muito a pressão dele, só que como a pressão (por conta da PA alta da aorta e da artéria pulmonar) está muito elevada, a quantidade de débito sistólico que terá em cada ejeção será pouca. Com isso, o DC em uma PA elevada, ele diminui porque o DC é FC por Débito sistólico. Pensando em um indivíduo com PA elevada e o DC se mantém ainda elevado por um determinado tempo ou normal (não reduz) e ele continua vivo. Qual órgão pode estar ajudando o coração a manter esse débito cardíaco? O RIM O rim tem uma função fina de controlar balanço hidroeletrolítico. → Se aumentou o volume de líquido circulante, portanto (tem uma pressão elevada arterial), o rim aumenta os mecanismos para excretar sódio (natriurese) e excretar água (diurese) porque a partir do momento que ele faz isso, acaba voltando a um volume de líquido adequado. → Se o indivíduo estiver desidratado, com uma pressão baixa, tem que reduzir a natriurese e diurese para a partir daí aumentar o volume. Essa ação renal que ajuda até no controle a longo prazo da PA: Falamos de diurese ou natriurese por pressão então significa que a elevação da pressão arterial aumenta o débito urinário. Esse paciente consegue então por ter aumento da taxa de filtração em decorrência do aumento da PA, manter a volemia adequada e aí como a volemia está adequada, o coração continua mantendo a ação de Frank-Starling para funcionar como uma bomba adequada e não ter congestão. Por que o rim consegue fazer isso? Ele funciona como um sensor, sendo capaz de receber em torno de 25% do DC, o que corresponde a 180 litros por dia. Mas não temos esse valor circulante por dia, significando que por conta dele está recebendo o débito, ele consegue várias vezes ao longo do dia, filtrar todo aquele sangue que foi bombeado, assim consegue rigorosamente saber a quantidade de água e eletrólitos (sais e íons) para manter então uma condição de vida. → A partir daí, o rim recebendo esse volume, 80% do volume que chega na sua arteríola aferente dele já vai estar retornando pelos capilares peritubulares em direção ao plasma ( não vai ser nem filtrado). → Já os 20% que foram filtrados chamado de fração de filtração (é o quanto dos glomérulos consegue trazer para dentro do túbulo). Desses 20% a maior parte será reabsorvida (seta verde – retirar o que está dentro do túbulo e levar em direção ao capilar peritibular que desembocará na veia renal e voltar para a circulação sistêmica). Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Apenas 1% ou até menos será excretado. Ou seja, a maior parte será reabsorvida e em algumas partes do néfron tem a excreção (coisas que estavam no capilar peritubular indo para o túbulo). O que será excretado como produto final: Pega tudo que foi filtrado soma com tudo que foi secretado e tira o que foi reabsorvido. FILTRAÇÃO + SECREÇÃO – REABSORÇÃO. Isso é imprescindível para regular balanço hidroeletrolítico e ácido-base. → Filtração (do sangue para o lúmen dos túbulos renais – néfrons – formando a urina), → Reabsorção (maior parte do líquido que chega nos túbulos renais voltam para a circulação sanguínea), → Secreção (transferência de moléculas do líquido extracelular/sangue para o lúmen dos túbulos dos néfrons) → Excreção (produção de urina, sendo o resultado final dos processos renais que será eliminando do organismo na forma de urina). Como o rim consegue ter força para realizar a contração? Aquelas forças de Starling dos capilares e vasos, também acontecem em capilares glomerulares. → Na arteríola aferente (que está recebendo volume de sangue circulante), ao passar pelos capilares glomerulares, promove uma pressão hidrostática glomerular (que é a pressão que esse fluxo sanguíneo exerce para sair desse capilar em direção aos túbulos dos nefrons para formar a urina que é a filtração). → No entanto, o glomérulo tem barreiras para ser impermeável a passagem de proteínas Então a medida que vai passando os líquidos pelos glomérulos (e tem uma maior concentração de proteínas), impede a passagem de líquido, porque gera a pressão coloidosmótica glomerular (que é a pressão que as proteínas exercem no glomérulo contra a filtração). → E à medida que tem filtração, também tem líquido na cápsula de Bowman que envolve os glomérulos e tende a voltar. O resultante de pressão aqui favorece ainda a filtração mesmo com as forças contrárias. Mas para falar em força de pressão de filtração e conseguir filtrar, é obrigatório ter uma pressão arterial e, portanto, uma pressão sanguínea normal. → Se nessa pressão estiver ausente ou muito baixa, não terá fluxo suficiente de sangue para exercer a pressão hidrostática. Então a taxa de filtração pode até zerar. → Se tiver uma pressão em torno de 80 a 180 posso pensar que ao receber muito fluxo, também aumento muito a taxa de filtração. Faço isso mantendo a TFG constante para aqueles 180 litros de sangues filtrados por dia. O que faz esse aumento da pressão nessa faixa fisiológica não elevar a TFG? À medida que a PA está elevada, tem uma pressão que distende a pressão da arteríola aferente e a parede inteira da arteríola aferente tem mecanorreceptor. → Quando a pressão vem e distende, abre canais de cálcio (que são sensíveis aos mecanorreceptores e o cálcio) , ao entrar faz acoplamento das moléculas contráteis percebendo uma contração reflexa chamado de CONTROLE MIOGÊNICO que o rim exerce para que aquela elevação da PA não cause lesão para os capilares glomerulares( que são finos), se não eles estouram. → Toda vez que faz a constrição reflexa por conta do aumento da PA na arteríola aferente, diminui a quantidade de TFG que pode estar fazendo nos capilares glomerulares por estar diminuindo a pressão hidrostática já que estou regulando o tanto de pressão que passa pelo glomérulo e ao mesmo tempo que reduz o fluxo sanguíneo que está sendo direcionado para esse tecido. Para que ocorra o TFG é necessário haver o DC adequado: Fluxo glomerular – renal Se essa PA continuar elevando, começa a ter uma situação onde não consegue só fazer essa constrição reversa, tendo uma TFG que será sim elevada à medida da PA e irá refletir na diurese e natriurese osmótica, porque aumenta muito mais a pressão hidrostática para que de fato consiga eliminar o excesso de volume. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Outro mecanismo de autorregulação de fluxo em decorrência de PA é o aparelho justaglomerular No túbulo distal, temos a presença da mácula densa (célula especializada em contato íntimo com a arteríola aferente e eferente)e esta monitora quanto de cloreto de sódio e volume está chegando na porção final do néfron (que faz esse controle fino do volume de água e eletrólitos que pode ou não eliminar). Se tem taxas de eletrólitos chegando é porque nas porções anteriores ele foi muito reabsorvido, e ele só é muito reabsorvido quando o organismo está com baixa de volume e precisa desses íons e água para manter a volemia e a PA. Ao perceber essa célula com baixa de sódio, ela → Manda um sinal de ativação para a célula da arteríola aferente para promover uma vasodilatação (para aumentar o fluxo e impedir a filtração). → E também manda um comando para a célula justaglomerular que está envolvida na arteríola aferente para secretar renina, assim ativa o SRAA. → SRAA - A renina é uma enzima que pega o angiotensinogênio do fígado e converter em angiotensina I e a ECA (enzima conversora de angiotensina) quando o sangue passa pelo pulmão, ela forma angiotensina II. → A AGII tem função de induzir sede e ingestão de água por um efeito central, promove vasoconstricção para elevar PA e no córtex da adrenal ela ajuda a secretar aldosterona e nas células do ducto coletor (aumenta a reabsorção de água e sódio). A angiotensina II também aumenta a constrição da arteríola eferente nos rins. → Como a AGII impede a saída e ocasiona um represamento de sangue nos glomérulos, para ele aumentar a TFG.Mas como o sangue está represado, acaba diminuindo a quantidade de fluxo que chegou até esse local. Consequência: como o fluxo estará muito reduzido, acaba tendo nos capilares peritubulares próximo aos néfrons, uma baixa da pressão hidrostática, impedindo a saída/filtração, com isso, vai acumulando proteínas que não estão entrando e que ficam no capilar peritubular, aumenta a pressão coloidosmótica e favorece com que todos os outros pontos do néfron tem de aumentar a reabsorção passiva dos solutos. A partir do momento que aumenta a reabsorção dos solutos e aumenta a taxa para manter o rim permeável, faz com que a angiotensina II seja o hormônio final para desempenhar ações do SRAA que é aumentar volemia e consequentemente aumentar PA. Ações da angiotensina II A angiotensina II interage com seus receptores capilares e via a sua ação alfa adrenérgica promovendo uma constrição e influxo de cálcio fazendo constrição desses vasos. → No hipotálamo ela acaba ativando centros da lâmina do órgão subfornical e do órgão vasculoso da lâmina terminal (que são áreas desprovidas de barreira hematoencefálica )que ativa o núcleo do trato solitário e uma porção específica desse núcleo que é o bulbo ventrolateral rostral que é uma forma de ativar simpático além de ativar a própria ativação ganglionar simpática. Assim, com o simpático aumentado, ele age nas células cardíacas no receptor beta e aumentar a força de contração cardíaca, portanto o débito cardíaco. → Ela também estimula a sede para aumentar volemia e ela também estimula a liberação de vasopressina que via aquaporina 2 nos túbulos renais nas porções finais aumentará reabsorção de água, aumentando a volemia. → Também tem função de ir na adrenal no córtex e estimular a secreção de aldosterona, aumentando a reabsorção de sódio, consequentemente de água, aumentando volume. → E além disso, tem uma função específica no coração que é promover uma hipertrofia desse músculo, principalmente ventrículo esquerdo. Se o músculo ficar hipertrofiado tem uma redução da câmara cardíaca, assim ao longo prazo tem comprometimento do ventrículo, mas a princípio aumenta a força de contração e a sístole. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Formação de urina pelos rins Cada porção do néfron é especializada para conseguir fazer essa formação da urina acontecer de forma equilibrada para ele fazer seus efeitos de regulação hidroeletrolítico e ácido-base. só urinamos porque tem filtração. O glomérulo – para realizar a filtração ,tem 3 barreiras glomerulares que impedem a passagem de moléculas grandes (ex: hemácia) e de proteínas. → O endotélio glomerular, a membrana basal do glomérulo e os podócitos tem uma trama de organização que impede por conta de tamanho a passagem de moléculas grandes → a membrana basal glomerular é uma membrana carregada negativamente, como a proteína também é negativa, assim que a proteína chega nessa membrana, ela é repelida, impedindo sua filtração e retornando para a circulação. Já no túbulo contorcido proximal do néfron tem uma reabsorção isosmótica (em mesma quantidade entre soluto e água) de basicamente de todos os eletrólitos, mais glicose e aminoácidos. Basicamente aquilo que foi passado pelo glomérulo, tenho a chance de voltar para o capilar peritubular sem ele virar urina. Para formar essa urina .... → tem o transporta ativo dos solutos, por exemplo, o sódio será reabsorvido por energia de transporte ativo primário pelo cotransporte sódio- potássio-ATPase (a própria bomba faz a reabsorção do soluto). → A partir do momento que ele vai sendo reabsorvido e a membrana basolateral que vai em direção ao capilar peritubular, vai ficando positiva, eu crio um gradiente elétrico para que ânions (íons carregados negativamente) sejam transportados. → Também tem um transporte ativo secundário, como por exemplo o da glicose, ela é cotransportada no túbulo proximal com o sódio e ela usa para puxar ela, a bomba de sódio-potássio ATPase. A água passa por osmose pela via paracelular e ela pode ser arrastada por gradiente de concentração, então na parte do capilar peritubular tem aumento da reabsorção de água. Solutos permeáveis (atravessam a membrana) como o potássio, cloreto, cálcio e ureia, tem uma modulação importante a partir da concentração deles dentro do túbulo. Uma baixa de líquido/volume neste túbulo, esses íons permeantes aumentam de concentração e por difusão passam do local onde está mais concentrado (túbulo) para o menos concentrado (líquido extracelular). Com isso, tem uma reabsorção dos íons permeáveis por conta de uma difusão facilitada pelo fluxo sanguíneo que está passando nesses túbulos. Na porção fina descendente da Alça de Henle: apenas permeável a água. → À medida que caminha em direção a medula, tem perda de água e esse conteúdo tubular se concentra em direção à medula. → Nos ramos ascendentes, o fino que é um transporte passivo de cloreto de sódio e o grosso que é um transporte ativo pela presença do cotransportador sódiopotássio e 2 cloretos na membrana luminal, ele acaba reabsorvendo esses solutos, aumentando a quantidade de solutos que está indo nos vasos retos que faz movimento contrário a direção do fluxo e com isso, dilui a quantidade de soluto do túbulo e aumentando a tonicidade, criando uma hipertonicidade na medula. Por que é importante esse gradiente de hipertonicidade na medula? Porque nas porções distais tem gradiente osmótico para puxar água, então essa tonicidade criada pelo trocador na alça ascendente espessa de Henle é fundamental para fazer regulação fina de ajuste de água e eletrólitos no final. O túbulo distal inicial: tem reabsorção de sódio e cloreto passiva, sendo o local de alvo dos tiazídicos e tem a presença de 2 tipos celulares: → Células principais: onde age a aldosterona e esta insere canais de sódio na membrana luminal para reabsorver sódio e ativa a bomba sódio-potássio para mandar o sódio em direção ao capilar peritubular e aí para a corrente sanguínea (reabsorção) e ela aumenta a sensibilidade de canais de potássio na membrana luminal para excretar potássio. → Células intercalares (tipo alfa): realiza o ajuste final, se o potássio vai ser reabsorvido ou secretado. A alfa geralmente é a mais ativa, porque no nosso corpo em geral produzimos maisácido do que base, então como tem muito ácido, preciso eliminá-lo. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Na membrana luminal da célula intercalar alfa tem um contra-transportador ativo que na troca dessa reabsorção de sódio, promove a excreção de hidrogênio e a reabsorção de potássio. → Isso muda principalmente quando se tem potássio elevado (hipercalemia), neste caso não pode mais reabsorver potássio porque em excesso leva a uma flacidez que inclusive leva a parada cardíaca. Nessa situação, essa bomba para, deixando de reabsorver potássio e secreta-o. Mas a partir do momento que ele é secretado, começa a reabsorver H+, levando acidose para esse indivíduo. Ao longo do néfron cada porção tem uma função totalmente diferente e transportes muito específicos. Passa 25% do débito por um processo de filtrado e os glomérulos impedem que proteínas e hemácias ou qualquer coisa grande seja filtrada. → No túbulo proximal tem transporte para evitar perda de glicose, aminoácido, cloreto, sódio e potássio. → Ao longo da alça de henle cria uma hipertonicidade da medula por causa dessa permeabilidade alterada para água e solutos que tem em cada ramo. → Nas porções distais, aquilo que permanece no capilar peritubular e que precisa ser excretado, será secretado para dentro do túbulo para ser eliminado como urina. → Nas porções mais distais desse néfron controla uma regulação fina de água e eletrólitos. Em resumo: → Glicose, proteína e aminoácido em geral junto com o bicarbonato são reabsorvidos quando o rim funciona normalmente. → A ureia e creatinina é secretado → A concentração de sódio, potássio e cloreto podem tanto ser reabsorvida dependendo muito do reajuste final do coletor (se precisa aumentar ou não a volemia, se precisa excretar ou não o potássio). ) L.L.G., 68 anos, sexo feminina, procura consulta no ambulatório de nefrologia, apresentando em 24 horas um volume urinário de 200 ml. Os resultados laboratoriais revelam: creatina sérica em torno de 1,7 mg/dL, ureia sérica = 120 mg/dL além da presença de proteína na urina. Dado estes achados, foi diagnosticada com insuficiência renal aguda intrarrenal e solicitado internação. Passado 30 dias, apresentou piora do quadro clínico, evoluindo para uma síndrome urêmica (dados séricos: creatinina = 4 mg/dL, ureia = 250 mg/dL), na qual apresentou importantes alterações neurológicas (cefaleia e confusão mental) e distúrbios eletrolíticos, tais como: hipercalemia, hipocalcemia e hiponatremia. A gasometria arterial notou-se desequilíbrio ácido- básico acompanhando o desequilíbrio de eletrólitos. Além disso, a paciente demonstrou fraqueza muscular progressiva. Frente a esse caso responda: a) Qual a interpretação pode ser feita referente ao dado de proteinúria? Correlaciona à porção do néfron provavelmente comprometida nesta paciente A proteinúria indica que a área comprometida do néfron seja o glomérulo, pois é o local onde ocorre a filtração das proteínas. b) Qual distúrbio ácido-básico provavelmente este paciente apresentou? Explique esse fenômeno associando tal achado com as alterações eletrolíticas apresentadas pela paciente. Provavelmente o paciente apresentou acidose metabólica, devido ao excesso de potássio no sangue (hipercalemia). Como a paciente está em oligúria (tem baixa de volume circulante), o organismo libere aldosterona, que vai ativar as células principais e vai reabsorver sódio e começar a excretar potássio. Ao mesmo tempo as células do tipo alfa vão realizar o reajuste final (se o potássio deve ser liberado ou excretado). Nessa situação de hipercalemia, não pode mais reabsorver potássio porque em excesso leva a uma flacidez que inclusive leva a parada cardíaca. Assim, essa bomba para, deixando de reabsorver potássio e secreta-o. E a partir do momento que ele é secretado, começa a reabsorver H+, levando acidose para esse indivíduo. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano c) Qual relação pode ser estabelecida entre a elevação da ureia no sangue e o fluxo urinário desta paciente? Para íons permeáveis, se tem concentração elevada da ureia que é o que acontece quando tem pouco fluxo de sangue, ela passa por difusão, ficando mais concentrada, sendo reabsorvida no sangue. Outra resposta... E como a paciente tem baixa de fluxo sanguíneo renal, o capilar peritubular não está com muito líquido porque quase não tem fluxo, assim tem uma pressão coloidosmótica maior que pressão capilar. É um paciente então que favorece todas reabsorções passivas que existem ao longo do túbulo. Ou seja, ao longo do túbulo tem uma força que puxa ureia e íons permeáveis para irem em direção a corrente sanguínea e aumentar a reabsorção. d) Como pode ser explicado as alterações neurológicas (cefaleia e confusão mental) apresentadas pela paciente em associação com seus achados laboratoriais? R: Ocorre uma cefalopatia urêmica decorrente da Síndrome urêmica porque tem aumento das escórias nitrogenadas, já que a ureia é tóxica para o SNC. Além disso, a hiponatremia acaba causando a entrada maciça de água, assim o cérebro incha entrando em edema cerebral e esse edema se não for corrigido, começará a ter pressão contra o forame magno na base do crânio, podendo ser fatal pela compressão das regiões responsáveis pelos centros cardiovasculares e respiratórios. e) Como pode ser explicado a fraqueza muscular progressiva apresentada por esta paciente? Esta será flácida ou rígida? Responda associando as alterações de potássio e cálcio nesta paciente. R: A fraqueza muscular será flácida, a fraqueza ocorre devido à hipercalemia ( a qual leva a alteração da junção neuromuscular) e a flacidez devido a hipocalemia (que vai impedir o acoplamento excitação e contração) (a partir de 5,5 podemos ver indivíduo que pode evoluir para assistolia – coração para de bater por tamanha flacidez), hiponatremia e hipocalcemia. 2) A.L.P., 63 anos, sexo masculino, hipertenso há 15 anos. Procurou uma clínica de cardiologia, pois tem acordado no meio da noite com falta de ar. Relata ainda que não tem conseguido caminhar até a casa dos seus companheiros de baralho, nem seguras seus netos no colo. Ao exame, nota-se PA=160x90 mmHg, FC=98 bpm, ritmo regular filiformes e simétricos. Turgência da jugular e edema nos MMII. Após diagnóstico de insuficiência cardíaca foi introduzido medicamentos como digitálicos e furosemida e solicitado exames para avaliação da função renal. Frente a este caso, responda: a) Como as manifestações clínicas (sinais e sintomas) apresentadas por este paciente estão associadas à IC? Responda explicando os conceitos da pré-carga e pós-carga alterados neste caso, além dos mecanismos que explicam como estaria o débito cardíaco e o edema (relacionado com as forças de Starling). R: A pós-carga estará aumentada, uma vez que como a PA está alta, essa força que o coração faz para bombear o sangue tem que estar maior resultando numa hipertrofia. Como o débito cardíaco estará diminuído após pós- carga elevada (por não conseguir ejetar) ,consequente ocorre aumento da pré-carga (porque o retorno venoso que chega para encher o átrio estará prejudicado ) e também teria congestão (este gera edema; Se for do lado direito vê o edema mais istematicamente e se for do lado esquerdo tem a congestão pulmonar). Como o paciente tem dispneia e alterações sistêmicas, percebemos que o bombeamento está falho nos 2 lados. As forças de Starling dele não funciona, tem tanto pré carga quanto pós carga elevadas. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano b) Por que deve ser solicitados exames de função renal para este paciente? Explique qual a relaçãoque pode ser estabelecida entre a insuficiência cardíaca e a insuficiência renal. R: Esse paciente apresenta insuficiência cardíaca, com sinais de congestão e baixo débito cardíaco, devido ao aumento da pré e pós carga. Com a congestão, temos um baixo fluxo de sangue indo para os rins e devido ao baixo DC, a taxa de filtração glomerular também diminui. Diante disso, as células renais sofrem hipóxia e anoxia, passando a secretar o que antes era absorvido. Ex: potássio é sempre excretado, neste paciente haveria reabsorção de potássio levando a um desequilíbrio eletrolítico total (tendo hipercalemia, ureia e creatinina sendo reabsorvidas) e grande parte se explica pela baixa de perfusão encontrada no rim, paciente fica com hipervolemia e a précarga fica aumentada ainda mais. Assim, aumenta PA capilar, edema e dando mais sintomas de congestão neste caso. c) Como a furosemida, um diurético de alça, ajudaria no tratamento deste paciente? Explique o mecanismo pelo qual esse medicamento contribuiria para aliviar os sinais e sintomas apresentados. R: A furosemida (diurético potente) tem como ação básica o aumento da excreção de cloreto de sódio pelos rins e não absorver água, mas manda também muito potássio embora. No ramo espesso ascendente na membrana luminal, a furosemida bloqueia o trocador de sódio-potássio- 2cloretos, ao bloquear esse cotransportador, não reabsorve tais íons , permanecendo então no túbulo e deixa a água também no túbulo, aumentando a diurese. Ao não reabsorve esses íons para a medula, a tonicidade da medula será perdida (não tem hipertonicidade da medula), a reabsorção de água não acontece assim sua diurese aumenta e diminui a volemia e a congestão. d) Por que inibidores da ECA diminuir a mortalidade dos pacientes com IC? R: A IECA impede a hipertrofia do ventrículo, porque ao inibir ECA não produz angiotensina II, não deixando ter hipertrofia, com isso ajuda a aumentar a força sem reduzir o tamanho do ventrículo (porque isso pode levar futuramente a tamanha pós-carga que será fatal). E os IECA reduz a pós carga também por conta de conseguir fazer uma contração melhor e mais fisiológica no sentido da eficiência dela porque o remodelamento não aconteceu.