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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA __ VARA CRIMINAL DA JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ______ Autos nº MARCOS PAULO, já qualificado nos autos acima descrito, por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 403 §3º do Código de Processo Penal, apresentar MEMORIAIS Pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidos: I – DOS FATOS Marcos P., casado, com 77 anos, solicitou ao INSS a concessão do benefício de aposentadoria. Seu pedido foi deferido e ele passou a receber, mensalmente, o referido benefício. Todavia, a autarquia descobriu a prática de fraude no requerimento de Marcos P., consistente na falsificação de documentos para completar o tempo de contribuição devido para a concessão do benefício, razão pela qual cancelou o seu pagamento. Em vista disso, Marcos P. foi denunciado pelo cometimento do delito do art. 171, §3º. Ao ser interrogado pelo Juiz, Marcos P. disse que realmente formulou o requerimento de concessão de aposentadoria, mas que não sabia que praticava uma fraude ao fazê-lo, pois foi um procurador especializado na obtenção de benefícios sociais que organizou os documentos que deveria levar à autarquia. Disse, ainda, que pagou o procurador com as três primeiras parcelas do benefício recebido do INSS. Finda a instrução, o Ministério Público pediu a sua condenação, ressaltando que a justificativa apresentada não deveria ( 2 ) ser aceita, pois o crime de estelionato previdenciário deve ser combatido com rigor. II – DO DIREITO a) Erro de tipo Inicialmente cumpre demonstrar a existência da atipicidade de sua conduta por erro de tipo. Nos termos do art. 20 do CP, “o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei”. Em outras palavras, a ocorrência de erro de tipo afasta o dolo e torna a conduta subjetivamente atípica se não houver previsão de forma culposa para o crime. No presente caso, Marcos P. agiu acreditando que pedia um benefício que realmente lhe seria devido, não tendo conhecimento de que os documentos apresentados à autarquia estavam falsificados, como forma de fraude destinada a induzir a autarquia em erro, para que autorizasse o pagamento da aposentadoria em questão. Assim sendo, resta claro que o réu incorreu em erro de tipo, de modo que, não havendo previsão de estelionato na forma culposa, o caso é de atipicidade subjetiva, devendo ser absolvido sumariamente, com fulcro no art. 386, inc. III, do CPP. III – DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer a absolvição do réu, com fulcro no art. 386, inc. III, do CPP. Caso esse não seja o entendimento de Vossa Excelência,, requer-se a fixação da pena base no mínimo legal (art. 59 do CP), reconhecendo-se a atenuante do art. 65, inc. I, do CP, com a fixação do regime inicial aberto (art. 33, § 2.º, c, do CP) e substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos (art. 44 do CP) ou a suspensão condicional da pena (art. 77 do CP). Ainda, requer-se seja arbitrado no patamar mínimo o valor a ser pago a titulo de reparação dos danos, nos termos do art. 387, inc. IV, do CPP. Por fim, pleiteia-se a concessão do direito de recorrer em liberdade, com fundamento no art. 387, § 1.º, do CPP. Termos em que, Pede deferimento. Cidade , de de ADVOGADO OAB