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Propriedades das proteínas PROPRIEDADE DAS PROTEÍNAS Cada proteína do seu corpo tem uma forma normal chamada sua conformação nativa. Este arranjo é requerido para a proteína realizar sua função biológica. A desorganização da estrutura protéica, ou a destruição da conformação nativa, é chamada desnaturação. A desnaturação geralmente envolve a quebra de ligações não covalentes fracas que mantêm a estrutura das cadeias polipeptídicas. Na desnaturação, embora as ligações peptídicas não sejam quebradas, as estruturas secundária, terciária e quaternárias são perdidas. As proteínas desnaturadas frequentemente se aglomeram (coagulam) e precipitam (tornam-se insolúveis). As proteínas podem ser desnaturadas pelos seguintes fatores: Calor: Aumentando a temperatura, você aumenta o movimento dos átomos da proteína, fazendo com que as fracas ligações que mantêm a estrutura terciária se rompam. O calor é usado para desnaturar proteínas bacterianas no processo de esterilização numa autoclave. Álcoois e outros solventes orgânicos. Solventes que se dissolvem na água desnaturam proteínas porque provocam mudanças no meio aquoso normal. Numa concentração de 50% a 60%, o álcool etílico ou o isopropílico são desinfetantes eficientes. Eles destroem bactérias desnaturando suas moléculas protéicas. Ácidos e bases. Causam desnaturação por alterarem a distribuição de cargas positivas e negativas na proteína. O efeito da mudança de pH varia com o tipo de molécula protéica. Poucas podem suportar exposição a condições fortemente ácidas (abaixo de pH 2) ou fortemente básicas (acima de pH 12). íons metálicos. íons de mercúrio, prata e chumbo podem se ligar fortemente a certos grupos nas proteínas, rompendo as fracas ligações normais presentes. "Sais" insolúveis da proteína podem se formar, resultando em precipitação. Agentes oxidantes e redutores. Estes agentes usualmente desnaturam proteínas afetando os grupos sulfidrila do aminoácido cisteína. Este efeito é a base da "ondulação permanente”, onde a proteína do cabelo (queratina), contém uma grande quantidade de cisteína. Desnaturação pode ser produzida pela agitação violenta, como quando se batem claras, produz desnaturação e, neste caso, um merengue. Merengue: A clara de ovo contém uma proteína chamada albumina. Quando batemos a clara de ovo original, criamos um filme superficial de albumina desnaturada que "endurece" a clara. Este segundo processo é a base para a preparação de merengue. Quando a proteína perde sua forma regular, ela também perde suas propriedades características Embora a desnaturação produza mudanças importantes na estrutura de uma proteína, ela não é necessariamente permanente. Em muitos casos, após a desnaturação, se as condições voltam lentamente ao "normal", a proteína volta à sua conformação nativa. Este processo é conhecido como renaturação. A renaturação demonstra que a sequência de aminoácido (estrutura primária) gera a conformação tridimensional (estrutura terciária) de uma proteína. HIDRÓLISE DAS PROTEÍNAS A reação química mais fundamental sofrida pelas proteínas é a hidrólise, a quebra das ligações peptídicas pela adição de moléculas de água. A hidrólise completa de uma proteína produz aminoácidos livres. A hidrólise de um dipeptídio é mostrada na seguinte equação: Note que esta reação é exatamente o inverso da formação de uma ligação peptídica. A hidrólise ocorre quando você digere proteínas no intestino delgado. Os aminoácidos são então utilizados pelo seu corpo para sintetizar suas próprias proteínas. Os aminoácidos podem também ser uma fonte de energia, aproximadamente a mesma quantidade daquela oriunda dos carboidratos, 4 kcal/g (17 kJ/g). Além disto, eles constituem a principal fonte de nitrogênio do nosso corpo. Funções das proteínas TIPOS DE PROTEÍNAS: SEU EFEITO OU SEU PAPEL NO ORGANISMO Podemos também classificar a proteína de outra maneira, com base na sua função (seu efeito ou seu papel no organismo): Enzimas (catalisadores biológicos) são proteínas essenciais que permitem que todas as reações químicas dentro de você ocorram numa velocidade adequada. Proteínas estruturais incluem o colágeno, a principal proteína do tecido conjuntivo e dos ossos. Esta categoria contém também outras proteínas fibrosas como as queratinas e as proteínas estruturais de membranas, que estão entre as mais abundantes na célula. Proteínas de transporte, como a hemoglobina, transportam pequenas moléculas através da corrente sangüínea. Um segundo exemplo é a soroalbumina, que leva ácidos graxos do tecido adiposo para vários órgãos. Outras proteínas transportam lipídios e ferro. Hormônios podem consistir de moléculas de proteínas e peptídeos. Eles são secretados em pequenas quantidades pelas glândulas endócrinas para regular processos químicos no organismo. A insulina, que controla a utilização de glicose, é um exemplo. Proteínas de armazenamento agem como reservatórios de substâncias químicas essenciais. Por exemplo, a ferritina armazena ferro, que é necessário para fabricar hemoglobina no baço. Proteínas de defesa incluem os anticorpos como as gama- globulinas. Estas proteína inativam proteínas estranhas, chamadas antígenos. Os interferons são glicoproteínas que ajudam a proteger o organismo contra vírus. Toxinas são proteínas prejudiciais ao organismo, tais como a toxina do Clostridium botufinum. Esta proteína causa um tipo de envenenamento alimentar bacteriano. Outros exemplos são a toxina diftérica (causadora de sinais e sintomas de difteria) e várias toxinas de peçonhas ofídicas. TIPOS DE PROTEÍNAS: FIBROSAS E GLOBULARES Um conjunto de categorias baseia-se em sua forma, solubilidade em água e composição. Ao considerar esse nível de estrutura, é útil classificar as proteínas em dois grupos principais: As proteínas fibrosas, possuindo cadeias polipeptídicas arranjadas em fitas ou folhas, e usualmente consistem principalmente de um único tipo de estrutura secundária. As proteínas globulares, possuindo cadeias polipeptídicas enoveladas em uma forma esférica ou globular, e freqüentemente contêm vários tipos de estrutura secundária. PROTEÍNAS FIBROSAS As proteínas fibrosas estão adaptadas para a função estrutural e são resistentes à digestão. São as estruturas que fornecem apoio, forma e proteção externa aos vertebrados. Todas as proteínas fibrosas são insolúveis em água, uma propriedade conferida pela alta concentração de resíduos de aminoácidos hidrofóbicos tanto no interior da proteína quanto na sua superfície. Essas superfícies hidrofóbicas são largamente encobertas por muitas cadeias polipeptídicas semelhantes que empacotadas juntas formam complexos supramoleculares elaborados. TABELA - Estruturas secundárias e propriedades das proteínas fibrosas Estrutura Características Exemplos de ocorrência -Hélice, unidas por pontes dissulfeto cruzadas Estruturas protetoras insolúveis, resistentes, de dureza e flexibilidade variáveis -Queratina do cabelo, penas e unhas Conformação Filamentos flexíveis, moles Fibroína da seda Hélice tríplice do colágeno Alta forca de tensão, sem esticamento colágeno dos tendões, da matriz dos ossos Proteína Fibrosa: Colágeno O colágeno é a proteína mais abundante do seu corpo, compondo cerca de 30% da proteína total. É o principal componente do nosso tecido de sustentação e conjuntivo — a pele e a parte orgânica dos ossos e dentes. A composição desta proteína é incomum porque enormes quantidades de três aminoácidos estão presentes: glicina (33%). prolina (e seu derivado hidroxiprolina, 21%) e alanina (11%). A unidade básica, chamada tropocolágeno, é também incomum — uma tripla hélice com peso molecular ao redor de 300000. A tropocolágeno não é igual à da alfa-hélice. Ela é formada pelo entrelaçamento de três cadeias polipeptídicas, mantidas unidas por ligações de hidrogênio. Os "cabos" resultantes são muito longos e finos, masrígidos. Eles se orientam no sentido longitudinal para formar fibras. Ligações cruzadas dão à combinação resultante uma força extra. Proteína Fibrosa: Colágeno (b) Figura: Colágeno. (a) Esta proteína é uma tripla hélice formada por três cadeias estendidas orientadas em paralelo. Muitas moléculas de colágeno filiformes são cruzadas para formar fibras resistentes. (b) Fibras de colágeno vistas através de um microscópio eletrônico. Proteína Fibrosa: Queratina Queratinas são proteínas fibrosas que fornecem proteção à sua camada externa de pele, pêlos e unhas. Elas compõem a lã, as penas, garras, cálamos das penas, escamas, chifres, e cascos dos animais. A forma alfa, que é baseada na alfa-hélice, tem grande força física, é insolúvel em água, e pode esticar-se. O cabelo, que contém queratina, pode ser esticado até duas vezes seu comprimento com calor úmido. Nas -queratinas as ligações cruzadas que estabilizam a estrutura quaternária são ligações de dissulfeto. A forma beta da queratina, encontrada na seda e nas teias de aranha, contém folhas pregueada. Ela é flexível, mas não se estica. Estrutura do cabelo. (a) A -queratina do cabelo é uma -hélice com elementos algo mais espessos próximos aos terminais amino e carboxila. Pares dessas hélices são entrelaçados para formar duas cadeias de espirais. Essas então se combinam em estruturas de ordem superior, chamadas de protofilamentos e protofibrilas. Cerca de quatro protofibrilas - 32 fitas de -queratina juntas - combinam-se para formar um filamento intermediário. As duas cadeias individuais de espirais nas várias subestruturas também parecem ser entrelaçadas, mas o sentido do entrelaçamento e os detalhes estruturais são desconhecidos. PROTEÍNAS GLOBULARES As proteínas globulares consistem de polipeptídios firmemente dobrados na forma de uma "bola" e solúveis em água. Cada proteína globular tem uma estrutura terciária própria que lhe permite realizar sua função biológica única. As proteínas globulares incluem enzimas, proteínas de transporte, proteínas motoras, proteínas reguladoras, imunoglobulinas e proteínas com muitas outras funções. PROTEÍNAS GLOBULARES: Hemoglobina É o transportador de oxigênio das hemácias. A hemoglobina consiste de quatro cadeias polipeptídicas separadas (designadas 1, 2, 1, 2), cada uma consistindo de cerca de 150 aminoácidos. Além disto, cada cadeia forma uma "bolsa" contendo um heterociclo nitrogenado chamado heme. Um íon ferroso, Fe+, no centro do grupo heme, pode fixar uma molécula de oxigênio, transportando-a dos pulmões aos tecidos. Note que esta proteína está compactamente dobrada. Suas cadeias, algumas das quais contêm regiões de alfa-hélice, são mantidas unidas por ligações de hidrogênio, ligações salinas e hidrofóbicas. A estrutura quaternária da hemoglobina, a relação entre as subunidades, está estreitamente ligada à capacidade desta proteína tanto em fixar como em liberar o oxigênio molecular. Hemoglobina: proteína transportadora de oxigênio no sangue, é constituída de 2 cadeias de um tipo (denominado ) e duas de outro tipo (denominado ). Grupo heme: Esse grupo está presente na mioglobina, hemoglobina, citocromos e muitas outras proteínas. (a) O heme consiste de uma estrutura orgânica complexa em anel, a protoporfirina, à qual é ligado um átomo de ferro no seu estado ferroso (Fe2+). O átomo de ferro apresenta seis ligações de coordenação, quatro no plano, e ligadas à molécula achatada da porfirina, e duas perpendiculares a ela. (b) Na mioglobina e na hemoglobina, uma das ligações de coordenação é ligada ao átomo de nitrogênio de um resíduo de His. A outra é "aberta" e funciona como sítio de ligação para uma molécula de O2. (a) (b) PROTEÍNAS CONJUGADAS As proteínas podem também apresentar moléculas orgânicas não-protéicas, ligadas à cadeia peptídica. Estes componentes são designados grupos prostéticos, e as proteínas, neste caso, são chamadas proteínas conjugadas. O grupo prostético é de natureza variável, podendo ligar-se à cadeia peptídica covalente ou não covalentemente. Ex: Na hemoglobina, o grupo prostético heme liga-se não covalentemente a proteína. O grupo prostético pode ser um carboidrato ou um lipídeo, covalentemente ligados, e a proteína conjugada chama-se glicoproteína e lipoproteína, respectivamente.