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1ª QUESTÃO: Adamastor ingressou com ação indenizatória em face de determinada operadora de telefonia fixa,argumentando ausência de relação contratual e inscrição indevida de seu nome no cadastro de proteção ao crédito. Em sua Inicial, o autor manifestou interesse na audiência de mediação/conciliação. Regularmente citada, a empresa ré peticiona ao Juízo informando seu desinteresse na audiência de conciliação. Designada a audiência de conciliação, a empresa ré não comparece, Em contestação, a ré apresentou o contrato firmado entre as partes dezoito meses antes e comprovou a falta de pagamento das faturas dos últimos três meses. Em réplica, Adamastor alegou que fez o pedido da linha,mas que seu irmão teria feito uso do serviço, restando indevida a inscrição do seu nome no cadastro de devedores.Concluída a fase probatória, considerando apenas o aspecto processual, o magistrado pronuncia uma sentença extinguindo processo sem resolução do mérito, por restarem ausentes as condições da ação no que tange ao interesse processual, caracterizado pelo binômio necessidade-possibilidade além da ilegitimidade da parte autora. Diante de todo o exposto, pergunta-se: (a) Decidiu corretamente o magistrado? Resposta justificada. (Valor: 1,0) Não, a decisão correta seria com resolução do mérito, julgando-se improcedente o pedido, já que a parte ré apontou fato impeditivo do direito do autor por ter prestado os serviços adequadamente, comprovando a relação contratual válida existente e a inadimplência (b) Mesmo diante da manifestação da emprese ré de não ter interesse na audiência de conciliação, agiu corretamente o magistrado ao designar tal audiência? Resposta justificada. (Valor: 0,5) Agiu corretamente o magistrado, ao analisarmos o Art. 334, § 4° do CPC, veremos que a audiência de conciliação ou mediação somente não ocorrerá se tanto o autor como o réu manifestarem expressamente o desinteresse em sua realização. Se apenas uma das partes se manifestar em sentido contrário à realização, ainda assim o procedimento ocorrerá. E analisando também o Art. 334, §§ 4° e 8°, veremos que deveria ter sido cobrada multa de 2% do valor da causa em favor do Estado da parte ré, por faltar a audiência de conciliação. (c) A audiência de mediação/conciliação é obrigatória ou facultativa? Explique o entendimento. (Valor: 0,5) Universidade Estácio de Sá – Campus Nova Iguaçu Curso Direito Disciplina Direito Processual Civil II Cód. DPU 0295 Turma Data da prova 09/10/20 Professor (a) Marcio Egypto Prova AV-1 Semestre 2020.2 A ser preenchido pelo (a) Aluno (a) Nome do Aluno (a) Thais da Silva Barros Nº da matrícula 201703072235 -- O Código de Processo Civil de 2015 tornou obrigatória a realização de audiência de tentativa de conciliação e mediação. O art. 319, VII, impõe como requisito da petição inicial, sob pena de seu indeferimento (art. 321, parágrafo único), o autor optar pela realização ou não da audiência de tentativa de mediação ou conciliação, ao passo em que o art. 334 e §§s estabelecem que referida audiência não se realizará (i) quando a petição inicial não preencher seus requisitos ou não for a hipótese de julgamento liminar de improcedência do pedido, (ii) nas causas em que a autocomposição não for admissível e, (iii) desde que tanto o autor, quanto o réu se manifestem contrariamente nos autos a realização da aludida audiência. A conciliação e mediação nos fez superar a cultura do litígio e substituí-la pela cultura do diálogo e da negociação, são instrumentos efetivos de pacificação social e de solução de prevenção de litígios, cuja implantação tem reduzido a excessiva judicialização dos conflitos e a quantidade de recursos e processos em execução. 2ª QUESTÃO:Pedro ingressou com uma ação indenizatória em face do Estado de Belo Horizonte pleiteando indenização no valor de R$200.000,00, por ter sido incluído, de forma fraudulenta, no quadro societário do Frigorífico Boi Bom. A referida fraude foi realizada na Junta Comercial do referido Estado e causou inúmeros transtornos ao autor. O juiz da 05ª Vara Fazendária, ao receber a inicial, constatou que existem vários julgados do STJ contrários aos interesses do autor e julgou improcedente liminarmente o pedido, antes mesmo de citar o réu. José, advogado de Pedro, diante da decisão procurou dois especialistas em Direito Processual Civil para obter um parecer sobre o caso. O primeiro especialista apresentou parecer favorável a interposição de recurso, pois a improcedência liminar viola o princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional (art. 5º, XXXV, da CF/88), inviabilizando o amplo acesso à justiça. O segundo especialista apresentou parecer no sentido de que embora haja a garantia constitucional da inafastabilidade da tutela jurisdicional, admite-se a limitação dessa garantia em algumas hipóteses definidas em lei sem que haja violação do texto constitucional. Pergunta-se: a) Considerando a divergência entre os especialistas, qual é o parecer mais adequado de acordo com a jurisprudência e a doutrina? ( Valor: 1,0) Em relação à divergência apresentada, o segundo especialista foi quem apresentou o parecer mais adequado. A lei pode sim limitar o princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional sem que haja violação ao disposto na nossa Lei Maior, uma vez que não existe princípio constitucional absoluto. E os artigos 330 e 332 do Código de Processo Civil trazem a possibilidade da ocorrência da do “indeferimento inicial da petição” e da “improcedência liminar do pedido”, respectivamente. Não havendo divergência na doutrina e na jurisprudência quanto à possibilidade de aplicação desses dispositivos legais. Trata-se de hipóteses excepcionais, nas quais - caso não haja correção dos vícios da petição inicial previstos no artigo 330 do CPC ou a causa dispense a fase instrutória e o pedido e que se enquadre nas hipóteses previstas no artigo 332 do mesmo diploma legal - admite-se a prolação de sentença sem resolução do mérito. b) Existe diferença entre Improcedência Liminar do Pedido e Indeferimento da Petição Inicial?( Valor: 0,5) Sim. Conforme já exposto, a improcedência liminar do pedido ocorre nas causas que dispensem a fase instrutória e o pedido se enquadre nas hipóteses previstas no artigo 332 do CPC, acarretando a extinção do processo sem a resolução do mérito. Já o indeferimento da petição inicial acontece quando a exordial incorre nas disposições previstas no artigo 330 do CPC, no entanto, só se extinguirá o processo sem resolução do mérito quando houver possibilidade de correção do vício, em observância ao princípio da resolução do mérito. 3ª QUESTÃO:Júlia ingressou com ação de indenização por danos morais e materiais em face da Gráfica Manual, bem como do Ateliê Pano Velho, sob a alegação de que o seu casamento não pôde ser realizado tendo em vista que a Gráfica escreveu o endereço errado do local da cerimônia em todos os convites confeccionados, e o Ateliê, por sua vez, não entregou o vestido de noiva no dia do casamento. Tendo sido ambos os réus regularmente citados, o Ateliê Pano Velho apresentou contestação tempestiva, em que afirmou se isentar de responsabilidade, uma vez que o vestido de noiva já estava praticamente pronto, quando, na véspera da cerimônia, a noiva subitamente decidiu solicitar inúmeras alterações no modelo da roupa, o que inviabilizou a sua tempestiva entrega. A GráficaManual, por seu turno, não se manifestou nos autos. A respeito da situação descrita, e especificamente quanto a Contestação, pergunta-se: As respostas devem estar fundamentadamente justificadas. (a) a contestação apresentada pelo Ateliê Pano Velho aproveita à Gráfica Manual, em razão do litisconsórcio formado entre os réus, não se operando o efeito material da revelia contra este réu? (Valor: 0,5) Não aproveita à Gráfica Manual, operando-se o efeito material da revelia contra este réu. Indo pela lógica contida na questão, não houve litisconsorte passivo unitário e sim o simples, sendo distintas as suas relações entre o cliente, com isso a decisão que for proferida pelo juiz não valerá para ambos os litisconsorte, e diante disso, decretará a revelia da Gráfica. Art. 48, CC: Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos; os atos e as omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros. (b) o que se entende pelo princípio da eventualidade? A que outro princípio ele está ligado? (Valor: 1,0) O princípio da eventualidade consiste basicamente na orientação de que toda a defesa deve ser feita no momento oportuno, isto é, na contestação, sob pena de preclusão da matéria não impugnada, ou seja, perda do direito de agir sobre aquela matéria não contestada. Além do princípio da eventualidade, o réu deverá observar também o princípio da impugnação específica (art. 341), que estabelece que o réu deve se manifestar precisamente sobre todas as alegações do autor, sob pena de ser presumidas como verdadeiras as alegações não impugnadas. Ambos os princípios são primordiais para se fazer uma contestação. 4ª QUESTÃO: A Instituição Financeira Crédito Fácil demandou judicialmente em face de Mevio, ação de cobrança pelo procedimento comum, sob o fundamento de que o réu não efetuou o pagamento do valor de R$ 20.000,00 referentes a um contrato de empréstimo celebrado entre as partes. Designada e realizada audiência de conciliação, a mesma restou infrutífera, iniciando-se o prazo para Mevio apresentar resposta. Mevio pretende, através de seu advogado, alegar em sua defesa que: a) não reconhece a dívida cobrada, vez que o referido empréstimo já foi quitado; b) a restituição em dobro do valor pago indevidamente a Instituição Financeira, vez que esta cobrou número de parcelas superior ao que fora contratado e c) a incompetência territorial do juízo. Você, na qualidade de advogado, foi contratado por Mevio para a defesa de seus interesses. Diante da situação acima indaga-se: (as respostas devem estar fundamentadamente justificadas) (a) Quais as modalidades de resposta do réu devem ser utilizadas por você, como advogado do réu e sob quais fundamentos? (Valor: 1,0) Por não reconhecer o valor da causa, no caso a divida cobrada, poderia ser utilizada na contestação a Incorreção do valor da causa. O réu deverá, sob pena de preclusão, impugnar o valor atribuído à causa, de forma adequada e fundamentada, em preliminar de contestação e o juiz apreciará a preliminar rejeitando-a ou acolhendo-a. Se acolher a impugnação, determinará a complementação das custas judiciais. Pelo valor pago indevidamente ao autor a causa, poderá ser usada a reconvocação. O réu pode, além de se defender, demandar em face do autor utilizando a mesma relação processual. Trata-se de um verdadeiro contra-ataque do réu contra o autor no mesmo processo. A reconvenção tem como fundamento primeiro a economia processual. Assim, nos casos em que a pretensão do réu tiver conexão com a ação principal ou com os fundamentos da defesa, este poderá veicular sua demanda no bojo da contestação, ou em peça autônoma, em face do autor. Na hipótese em que o réu alega a incompetência relativa do juízo, ao oferecer a contestação, e se esta defesa for acolhida, o juiz declinará de sua competência para o juízo competente. Nesse caso, o processo não será extinto, mas encaminhado para o juízo competente. Poderia ser utilizada caso a ação que deveria ser distribuída no domicílio do réu, por se tratar de direito pessoal (art. 46 do CPC), fosse ajuizada erroneamente no domicílio do autor. (b) Na hipótese de o réu pretender, ad argumentandum tantum, alegar sua ilegitimidade passiva para a causa, como deverá proceder? (Valor: 0,5) Deverá ser erguido em preliminar de contestação, a sua ilegitimidade ou a sua irresponsabilidade pelo prejuízo descrito na petição inicial pelo autor, ou seja, que não é parte legítima para a causa ou que não foi o causador do prejuízo alegado. Há então dois caminhos que podem ser seguidos pelo réu, ou ele indica o verdadeiro sujeito passivo (art. 339). Nessa hipótese, o autor poderá aceitar a indicação, no prazo de 15 dias, e requisitar a substituição no polo passivo. Poderá também o autor, em vez de requerer a substituição, optar pela inclusão do indicado como litisconsorte passivo do réu originário. O código impõe ao réu que alegar a ilegitimidade o dever de indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida em juízo, sob pena de arcar com as custas do processo e ainda indenizar o autor pelos danos decorrentes da falta de indicação. Nas situações em que o réu não sabe, de fato, quem é o verdadeiro réu. Para não sofrer as consequências processuais, deverá o réu afirmar expressamente seu desconhecimento, ocasião em que o juiz facultará ao autor substituir o polo passivo, no prazo de 15 dias. Caso seja realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas pagas pelo réu excluído e os honorários de seu advogado. 5ª QUESTÃO: João Pedro promoveu contra Luiza ação indenizatória. Luiza contestou o feito e, além de defender-se, apresentou reconvenção. A contestação c/c a reconvenção foram apresentadas no prazo legal. Na contestação, a ré alegou, em preliminar de contestação, irregularidade na representação do autor, pugnando pela extinção do processo sem análise do mérito, por ausência de pressuposto processual. Intimado, na pessoa de seu procurador, a contestar a reconvenção, João Pedro não apresentou contestação, limitando-se a manifestar-se sobre a contestação apresentada por Luiza. O Magistrado acolheu a preliminar suscitada e decidiu pela extinção do processo sem análise do mérito. Pergunta-se: (a) agiu corretamente o magistrado? Resposta Justificada. (Valor: 1,0) Não. A desistência ou a extinção da ação principal não impede o prosseguimento da reconvenção, Art. 343, §2º CPP, são duas demandas que tramitam no mesmo processo. Sendo assim, a causa principal poderia ser extinta, porém a reconvenção prosseguiria, e o Jõao seria declarado revel, o efeito material da revelia corresponde à presunção de veracidade dos fatos articulados pelo autor na petição inicial, ou seja, a revelia tornará tal alegação presumida verdadeira. (b) caso o Juízo não houvesse acolhido a preliminar, dando seguimento ao feito, poderia o reconvindo-autor ser declarado revel? Resposta justificada. (Valor: 0,5) Sim. Seria declarado revel na reconvenção, e não na contestação da causa principal, já que mesmo que contestação e reconvenção conforme dispõe o art. 343, possam ser oferecidas pelo réu na mesma petição, não tira a autonomia da reconvenção, como reforça o Art. 343, §2º CPP ao dispor que a desistência ou a extinção da ação principal não impede o prosseguimento da reconvenção. São duas demandas que tramitam no mesmo processo.
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