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Linguagem Audiovisual: Resumo A Industria Cinematográfica (Aula 1) Muitas das imagens encontradas nas paredes das cavernas de Altamira e outras foram gravadas nos relevos da rocha. O caminhar e a imprecisão (inconstância) da luz dava a impressão de movimento. O cinema surge (enquanto essência/ideia) através da imaginação de certas pessoas. Alegoria da Caverna (Platão): O princípio da alegoria está fundado numa distinção básica entre um conhecimento sensível, enganoso em sua materialidade fantástica, e a visão que nos redime das ilusões cotidianas; ou a cisão entre a representação do mundo sensível no homem. Conhecemos o mundo por simulacros que são ideias das coisas (essência interna que elas representam). Entendemos apenas a essência. Os homens da alegoria, preferiam conhecer o mundo através de simulacros. O fascínio faz com que os prisioneiros prefiram as sombras a se aventurarem para fora da caverna (Risco conhecido) O fenômeno da projeção dos raios luminosos é conhecido desde a Antiguidade. O princípio da câmara escura permaneceu o mesmo até o começo do século XVI. Na Idade Média surge a Lanterna Mágica: Uma Câmara escura dotada de uma lente e luz artificial que emitia clarões coloridos e imagens difusas. O que se via: Placas fixas ricamente adornadas; Placas compostas: parte fixa e parte móvel; Minúsculos animais postos numa lâmina; Fantasmoagoria. Por volta de 1800 multiplicaram-se por todo o mundo as salas de projeção das lanternas mágicas. As tentativas de se obter a máxima perfeição das lâminas desenhadas levaram ao invento da fotografia. A Fotografia O desejo de fixar a imagem e as pesquisas a este respeito já eram conhecidas desde a época de Leonardo. Quando depois de cerca de cinco anos de esforços Niepce e Daguerre alcançaram simultaneamente este resultado. Por conta de dificuldades financeiras para desenvolver o invento, ambos recorreram ao Estado para tentar a patente. Depois de indenizá-los, colocou a invenção no domínio público. Com isso a fotografia pode ser largamente explorada. Porém, sem entender de fato sua utilidade este evento foi inicialmente explorado em feiras. Nicéphore Niépce (1765 –1833) trabalhou mais de 20 anos até conseguir a fotografia: Primeiramente a fotografia se chamou heliografia (escrita do sol); Depois se chamou daguerreotipo; Outros inventores aperfeiçoaram a técnica até ela se chamar fotografia. Em uma chapa de vidro banhada em uma mistura de giz e prata, vaporizada com iodo, foi feita a primeira imagem por exposição (foram 8 horas para consegui-la). Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851) Deu continuidade aos inventos químicos de Niépce (daguerreotipo) Em uma placa de cobre preparada quimicamente ele fez surgir as primeiras imagens (5 a 40 minutos de exposição). Depois de exposta a placa recebia vapor de mercúrio este, aderia na parte oxidada. Os clichês de Daguerre eram placas de prata, iodadas e expostas na câmera obscura; elas precisavam ser manipuladas até que se pudesse reconhecer, sob a luz, uma imagem cinza-pálida. A fotografia foi considerada durante muito tempo como uma ANTITÉCNICA, era tratada como um fetichismo, uma vaidade do homem em fixar sua própria imagem. A vendedora de peixes de New Haven de David Octavius Hill foi uma das primeiras fotografias a reivindicar o título de artística pois, retratava a melancolia da mulher através do olhar. A técnica mais exata pode dar às suas criações um valor mágico que um quadro nunca terá. A nitidez das fisionomias assustava, e tinha-se a impressão de que os pequenos rostos que apareciam na imagem eram capazes de nos ver. Desta perplexidade nasceu uma regra, o modelo não deveria olhar diretamente para a lente do aparelho. A fraca sensibilidade das primeiras chapas exigia longa exposição. Isso obrigava o fotógrafo a colocar o modelo num lugar retirado. Nessa mesma ocasião a pintura ao ar livre estava começando a abrir perspectivas novas aos pintores progressistas que abandonaram seus ateliês. Os fotógrafos posteriores a 1880 se emprenharam na tarefa de criar ilusões através de retoques na fotografia usando diversos artifícios (a fotografia perde sua aura e comunhão com a verdade). Eugene Atget usando sua câmera tentou desmascarar a realidade, com recortes e enquadramentos singulares para a época. Pioneiro, revolucionou a fotografia com seu olhar desviado do ser humano. Fotografava o vazio das ruas parisienses, e objetos inusitados. Eugene Atget foi precursor da fotografia surrealista. Foi o primeiro a revolucionar a atmosfera da fotografia convencional, especialmente em retratos. O Papel da fotografia não pode mais ser reduzido ao de criar uma visão instantânea do mundo, mas, sobretudo, de criar símbolos da vida. O Movimento O passo seguinte a fotografia foi o movimento. Muitas experiências tentaram captar a temporalidade. Taumatrópio: Em 1895, os irmãos Lumière conceberam seu cinematógrafo para projetar cada imagem à velocidade de 1/15 de segundo. Hoje quando vamos ao cinema, 24 imagens fotográficas, impressas na película, são projetadas a cada segundo por um aparelho que efetivamente é a antiga lanterna mágica, à qual foram acrescidos alguns mecanismos. Os primeiros experimentos usavam o desenho para simular o movimento. O fenômeno da persistência da retina foi observado (porém não entendido) por Aristóteles – para ele os órgãos retinham as impressões recebidas como um sonho. A lanterna mágica se apropriou do movimento tão logo este fora compreendido. O cronofotógrafo de filme em celuloide sói foi desenvolvido em 1890 por Alexander Parks Thomas Alva Edison: inventor do cinema, em termos de técnica, espetáculo e indústria. Cria o quinetoscópio de 1888. O quinetoscópio começou a ser explorado comercialmente a partir de 1894: usando película 35 mm. O cinema como negócio Exibições em público exigiam filmes e esforços Estereoscópio Rival das imagens em movimento, creditado ao cientista Charles Wheatstone (1802-1875), permitia ver desenhos geométricos em relevo. Cinema narrativo clássico antes do som sincronizado (Aula 2 e 3) A história do cinema é dividia em dois períodos marcantes: 1894 a 1908: período não narrativo (no qual a linguagem do cinema ainda está em seu primórdio); 1909 a 1915: narratividade (maturação da linguagem e seus recursos). 1894 a 1908: a ausência de linguagem é compensada pela criatividade dos primeiros cineastas; O interesse das plateias era o norte das produções. Os primeiros filmes estavam próximos dos espetáculos de vaudeville: atrações autônomas sem continuidade. Até 1900, aproximadamente, a produção e distribuição era livre de qualquer procedimento ou controle; A autonomia dos exibidores terminou quando as produtoras passaram a ser também distribuidoras e controlar o processo (profissionalização). 1909 a 1915: a evolução técnica dos aparelhos e das películas permitem o uso de novas técnicas de linguagem; A constituição de um mercado espectador contribui com a profissionalização. Os primeiros filmes ainda não dispunham de uma técnica ou linguagem específicos (improviso); Eram apenas mais uma forma de diversão (atração de feiras). Os filmes eram, praticamente, uma continuação dos espetáculos de lanterna mágica; Simplesmente uma representação visual e pictórica; A magia estava no movimento. A experimentação foi a principal característica do primeiro cinema; Enquadramentos muito distantes impede que percebams detalhes; Como a grande atração era a imagem em movimento, o ritmo dos filmes era bastante acelerado. Até 1903 a maioria dos filmes mostrava atualidades; Fatos históricos também estavam em voga - eram apresentados em vários planos sem continuidade (o entendimentoera garantido pelos comentadores). A maioria dos filmes de ficção pertencia ao gênero de comédia; Outros gêneros populares eram os trick films. Outro gênero bastante explorado foi o de perseguição; Sua importância reside na tentativa de estabelecer uma continuidade entre os planos - construindo um espaço contínuo fictício (os eventos nestes filmes estão em sequência). O silêncio foi fundamental para a universalização do cinema - sem a barreira da lingua foi possível desenvolver uma linguagem universal. A experimentação estimulou a curiosidade e criatividade; Boa parte dos efeitos visuais do cinema foram descobertos antes de 1914 (panorâmicas, câmera lenta, velocidade acelerada, slipt-screen, múltipla exposição, stop-action, fusões, fade-in e fade-out, cortes etc). As técnicas narrativas apareceram cedo - flashbacks e flash-fowards, edição paralela, tomadas subjetivas etc - como forma de tornar possível a realização de narrativas. Por razões técnicas os primeiros filmes eram muito curtos, desta forma, a linguagem do cinema se desenvolveu rapidamente para tornar possível narrar histórias em curto espaço de tempo. Os filmes eram pequenas ficções, possuíam uma estrutura narrativa mínima; esta era compensada pela ação. A partir de 1907, aproximadamente, os filmes começaram a utilizar convenções narrativas na tentativa de construir enredos auto explicativos. A ação dá lugar ao enredo; A narrativa transmite ao espectador as intenções e motivações dos personagens e da trama. Nos EUA, O grande roubo do trem (1903 de Edwin Porter) é considerado o primeiro filme americano a possuir uma narrativa. As técnicas de filmagem e edição inovadoras, as tomadas em locação tornaram este filme empolgante e inteligível para a platéia da época. Em o Grande roubo foi a primeira vez que apareceu no cinema movimentos de câmera e montagem paralela; Este filme inaugurou as “regras” do faroeste americano - tiros em demasia e heróis ambiguos. À medida que a tecnologia avançava, os diretores puderam fazer filmes mais longos, por vezes recorrendo à literatura em busca de inspiração. As primeiras adaptações para a tela mostravam apenas as sequências mais empolgantes do romance; Desta forma, a compreensão só seria possível caso a obra fosse amplamente conhecida. Condensar a narrativa longa de um romance em um curta era problemático e, portanto, os melhores filmes que surgiram na época foram escritos especialmente para o cinema. Na impossibilidade de rodar e exibir (por conta da falta de familiaridade da platéia) longas metragens - a solução foi o filme de episódios. Fantômas (1913-1914) de Louis Feuillade foi dividido em cinco partes; Era baseado em personagens da literatura policial francesa; Os filmes duravam quase uma hora e sempre terminavam em suspense. Feuillade foi o primeiro diretor a desenvolver a técnica do suspense criando vários filmes em episódio - todos envolvendo vilões; Judex (1916) e Os vampiros (1915). O Cinema de transição Entre 1907 e 1913: o cinema é organizado de forma industrial; 1909: Produtores americanos passam a controlar a distribuição e venda de filmes e criam a MPPC (Motion Picture Patents Company) - controle na cobrança de ingressos e arrecadação; O modelo estabelecido pela MPPC foi copiado também na Europa. As tecnologias permitem exibir interruptamente 15 minutos de projeção; No entanto, os filmes de longa-metragem (mais de 1 hora) se tornam comuns somente após a 1ªGuerra. As práticas de produção de filmes vão sendo padronizadas em resposta à necessidade de satisfazer a demanda dos exibidores - foco no público. Nacionalização - o uso dos intertítulos no cinema como recurso de fala, passa a restringir a universalização do cinema; Na década de 1910 os intertítulos passam a ser usados, quase que exclusivamente, para representar as falas dos atores ou, situar a plateia com o período retratado no filme (épicos). A atuação menos mecanicista permite que a câmera se aproxime dos atores; O plano geral é substituído gradativamente por planos mais próximos. O filme L’assassinat du duc de Guise usa a câmera baixa para realizar o enquadramento; Conferiu ao filme um efeito de profundidade. Contraplano, foi apresentado pela primeira vez no filme L’assassinat du duc de Guise; Num plano vemos o duque se afastando a câmera e atravessando uma porta, a sequência (corte) vemos o duque ao fundo entrando pela porta que acabara de atravessar (seus assassinos agora estão num primeiro plano). A montagem, a partir de 1906, passa a ser alternada; Antes víamos a mesma sequência duas vezes, porém de diferentes pontos de vista. David Wark Griffith desenvolveu essa técnica aumentando a velocidade da montagem (planos mais curtos); Ele transformou a montagem alternada em um método narrativo; Temos agora a sensação de simultaneidade. Diferença de planos - montagem analítica: planos próximos (ou aproximação da câmera) seguidos de planos abertos; Esta quebra servia para situar o espectador e, aproxima-lo da ação (usado para mostrar o trabalho de atuação de atores). Contiguidade de olhar - foi outro plano desenvolvido na década de 1910; não chega a ser uma câmera subjetiva, mas situa o espectador do ponto de vista do personagem. Três Períodos do Cinema 1º: o período do filme de um único plano: apenas filmagem (um único homogêneo). Corresponde ao cinema de espetáculo, a atração tem maior peso em relação à narrativa. 2º: o período do filme de vários planos não contínuos: filmagem e montagem, mas sem que a primeira seja efetuada, de maneira orgânica em função da segunda. 3º: o período do filme de vários planos contínuos: filmagem em função da montagem. Desenvolvimento da linguagem De modo análogo à comunicação humana, a linguagem cinematográfica implica um simbolismo (sinais de códigos). Montagem paralela: tornou possível a alternância de dois espaços diferentes que vão se sucedendo um depois do outro na tela, de modo a sugerir ações paralelas. Tratava-se, na verdade, de um aperfeiçoamento do gênero de perseguição. A montagem paralelela simplificou o processo de comunicação; Com auxílio da montagem é possível combinar os acontecimentos de modo “linear” (simulando o processo cognitivo) e conferir ação ao filme. De maneira análoga à escrita, a linguagem do cinema se desenvolveu por dois motivos: Força social - inserção da redundância (ser compreendido - universalidade); Força individual - brevidade ou simplificação (velocidade e interesse). David Liewelyn Wark Griffith (1875-1948) dedicou-se ao cinema depois de fracassadas tentativas como diretor de teatro; Foi ator em filmes de Edwin Porter antes de ser diretor; Juntamente com Chaplin, Mary Pickford e Douglas Fairbanks fundou a United Artists - 1919 - para rodar e distribuir filmes independentemente. Griffith - torna consistente o encontro entre a técnica do cinema e a narratividade (nos moldes do folhetim e do melodrama oitocentista). A contribuição decisiva de Griffith foi a de dar sentido pleno à figura do diretor, dar coerência, precisão e funcionalidade ao que antes era feito com certo desajeito. Articulou atores, luz, cenografia e decupagem para que o filme ganhasse expressividade. Ensinou o quando e o como, fez de cada operação técnica uma escolha significativa. Griffith organiza planos, ângulos e movimentos de câmera e a montagem de modo que fiquem a serviço do bom andamento da história, do desenvolvimento da narrativa. Montagem paralela ou alternada + mudança do ponto de vista na apresentação de uma única cena = alavancas básicas para o desenvolvimento da chamada “linguagem cinematográfica”. Griffith: extraiu desse modelo narrativoo seu potencial emotivo, pela exploração do suspense inevitável das situações de perigo e de afastamento físico do salvador. Com Griffith os planos perdem sua autonomia, eles são pensados em razão de uma manipulação consciente do tempo e do espaço. Essa relação impede que os planos possam ser intercambiados numa ordem diferente daquela proposta pelo realizador. Decupagem clássica: produz o ilusionismo e deflagra o mecanismo de identificação O que caracteriza a decupagem clássica é seu caráter de sistema cuidadosamente elaborado, sedimentado na evolução histórica, de modo a resultar em procedimentos para extrair o máximo rendimento dos efeitos de montagem e ao mesmo tempo torna-la invisível. A coerência na evolução dos movimentos em sua dimensão física (se um plano termina no meio de um gesto, o plano seguinte mostra a finalização desse gesto: apresentação contínua da ação). Movimentos de entrada e saída do quadro são regulados de modo que sua lógica propicie ao espectador a construção mental do espaço da representação. O corte praticamente insensível: não cortar de um plano muito aberto para outro fechado ou vice-versa Þ fazer transições suaves, progredindo aos poucos para planos maiores ou menores. O tempo da narrativa encontra-se agora marcado fisicamente, já não pode ser estendido indefinitivamente por meio de mais planos (montagem fechada). Os protagonistas não estão mais em um único plano geral mas, separados por diferentes planos (concatenados). Ações paralelas: decupagem da trama em unidades sequenciais. Maior controle do fluxo narrativo apontando para a existência de um narrador que manipula o tempo e o espaço. O cinema aproxima-se, desta forma, cada vez mais do ideal literário de uma narrativa controlada nos seus mínimos detalhes. A partir de então, é possível trabalhar os afetos do espectador - controle das emoções. As ações paralelas permitem à linguagem do cinema descobrir o fundamental papel da montagem como articuladora de sentido. Enock Arden (1911): o reencontro do marido e da mulher (dois planos) jamais se funde num mesmo quadro (ele a contempla pela janela e entende a separação). Campo/Contracampo: quando os dois espaços paralelos se encontram; A contraposição de dois planos contíguos marca a conquista da continuidade espaço-temporal. “O Campo/Contracampo é a transformação paralela naquela sucessibilidade espaço-temporal tão desejada e tão difícil de ser obtida no primeiro cinema” (Arlindo Machado) A carroça fantasma - de Victor Sjöström 1921- dois planos em oposição: mundo realista vs mundo fantástico (morte); Os dois planos se amarram em torno do personagem principal. Griffith: seu trunfo foi conseguir organizar os fragmentos (planos) conferindo coesão - noção da figura do narrador. O narrador: é aquela entidade invisível que organiza a matéria fílmica e lhe dá uma forma de apresentação ao espectador. Por meio da seleção das durações, dos campos e dos ângulos de visão, este torna possível ao espectador entrar no universo diegético do filme. Os afetos, os processos de identificação, os saberes e as ignorâncias do espectador passam a ser trabalhados pelo narrador; Narrador: produz uma presença dinâmica do espectador na cena. A imagem fílmica deixa de denotar o sentido realista - documental; no entanto a narrativa dotou a imagem de todas as aparências da realidade (montagem). Essa reconstrução se chama decupagem; decupagem é uma operação analítica. A imagem passa a ser uma reconstrução do real - o princípio do cinema é fazer sugerir. Montagem: é uma operação sintética (técnica de acoplamento da decupagem); Decupar: escolher o que se quer narrar e montagem ritmo da narração (dramaticidade). Evolução da Linguagem Audiovisual (Aula 4) O mudo não implicava o silencio. Aliás, raras eram as vezes em que um filme era exibido em silêncio total absoluto. De fato, o cinema nasceu mudo, mas o espetáculo cinematográfico nunca foi silencioso. As imagens na tela não possuíam som, mas havia o acompanhamento do pianista ou da orquestra para cada filme projetado, e frequentemente, havia um comentador, cujo papel foi crucial para a definitiva “narrativização” do cinema. A música que acompanhava a exibição dos filmes era sempre bastante erudita. Por vezes os realizadores recomendavam uma determinada partitura, mas era o pianista (ou orquestra) quem habitualmente escolhia o que interpretar. O desejo e as tentativas de unir o som às imagens em movimento têm, praticamente, a mesma data do início do cinema. Na França, em 1902, Leon Gaumont fazia a primeira demonstração de seu Chronophone, um sistema de exibição que unia o projetor a dois fonógrafos através de cabos que tinham o objetivo de garantir o sincronismo entre os sons e as imagens. Os sons não amplificados não preenchiam um auditório, e a sincronização não se mantinha por longos períodos de exibição. O som e a imagem fundem-se finalmente em 1927. A técnica dos primeiros cineastas permitia já no século XIX construir um filme sonoro, mas os imperativos financeiros atrasaram o processo. Curiosamente foi preciso a Warner Bros. estar à beira da falência para se recuperar o espírito do sonoro. O modelo Vitaphone foi desenhado inicialmente nas fábricas da General Electric e comprado em 1925 pela Warner Brothers. Estreou pela primeira vez com o filme Don Juan, ao permitir a substituição da orquestra de fundo por uma trilha sonora própria ao filme. Fisicamente o projetor era enorme e extremamente desajeitado e sincronizava o filme a um disco de 78 rotações. A sua frequência rondava os 4300 Hz mas os discos gastavam-se rapidamente. Este método tornou-se extremamente popular em Hollywood. No entanto era um sistema que estava longe de ser perfeito. Tinha uma baixa qualidade de amplificação, o disco fazia imenso barulho e havia a iminente possibilidade do disco riscar, cortando assim o sincronismo entre som e imagem. O Vitaphone estreou-se em Nova Iorque com a exibição de Don Juan, mas, tecnicamente, o primeiro filme sonoro seria apenas exibido em 1927. A verdade é que o filme era pontualmente falado, sendo a música o elemento de destaque. Mas só a possibilidade de ouvir Al Jonson criou uma aura de magia à volta do filme. A Warner se recuperou com este lance de sorte. O público rendeu-se ao sonoro e nada mais seria como antes. Curiosamente os primeiros 3 anos de transição foram complexos. O sonoro era a tendência, mas ainda teve de coexistir com o cinema mudo. Algumas razões lógicas levaram a essa situação. A primeira foi a de que a maior parte das pessoas via no sonoro uma moda passageira. O técnico de som tornou-se numa das figuras mais importantes, superiorizando-se por vezes a realizadores que não mostravam ter conhecimentos técnicos suficientes para entender a importância do som. As filmagens passaram a ser diferentes. Era preciso esconder microfones pelo set e o silêncio algo nunca imaginado no tempo do cinema mudo passou a ser a palavra de ordem. Só em 1930 é que 99% das produções cinematográficas era totalmente falado. Esses anos ficariam marcados por terem sido bastante negativos para os amantes de cinema. A perfeição do cinema mudo foi posta de lado. Agora qualquer filme que tivesse som era um sucesso. Foi preciso entrar nos anos 30 para os avanços técnicos trazerem finalmente uma qualidade sonora considerável e, ao mesmo tempo, os estúdios perceberem que estava na altura de voltarem a apostar em cinema de qualidade. A implementação levou ao desemprego alguns profissionais e atores. A sua maioria eram os músicos de orquestras ou os pianistas que coloriam as exibições dos filmes mudos. Em várias cidades havia protestos com cartazes pendurados que apenas diziam “ruined by the talkies!”. Ao mesmo tempo houve grandes atoresque foram deixados de lado pelo simples fato da sua voz não ter condições para singrar no novo mundo. De fato, o fim do mudo significou o final de uma linguagem universal. O cinema tornava-se mais nacional, mais regional. As grandes co-produções tinham os dias contados e os atores tinham mais dificuldades em se afirmarem nos países estrangeiros. O cinema mudo era mais intimista e experimental do que se pode supor. Com o advento do sonoro deu-se o primeiro passo para a afirmação total do cinema de espetáculo. Filmes como King Kong ou Broadway Melody encarnavam esse espírito de uma quase extravagância visual e sonora. Os grandes filmes e os grandes atores passaram a ser aqueles que mais tocavam as multidões. Mesmo durante o complicado período que se seguiu à crise de 1929 as pessoas continuaram a ir regularmente ao cinema. <(Cena de Broadway Malody) O som, ao dar vida à personagens e ao ambiente que as rodeiam, libertam o público da complexidade das cenas dos grandes autores do mudo. As comédias e musicais se tornam grandes armas dos estúdios, e os grandes sucessos de bilheteira da época. Outro gênero que ganhou com o surgimento do sonoro foi o filme dito de gangsters. O som tinha permitido que o som das metralhadoras e de carros se tornassem prática corrente, e juntando isso com diálogos secos e fortes, o filme de gangsters afirmou-se como um dos mais populares. A Música Nos Filmes Desde 1907 que os realizadores pediam a compositores que criassem pautas especiais para os seus filmes, apesar de, na generalidade, caber aos pianistas dos teatros locais, a ideia para a música que iria colorir o filme. Com os anos 30 vieram também as trilhas sonoras, criadas pela primeira vez especialmente para acompanharem o filme, não cena a cena, mas nos momentos em que era realmente importante. Hollywood contratou os maiores compositores da Broadway como Max Steiner e Alfred Newman enquanto que na Europa os grandes compositores eram transpostos para o cinema. A partir de 1933 os estúdios nunca mais descuidaram do aspecto musical da concepção de um filme. Nasceram os gabinetes de música nas grandes companhias que produziam anualmente dezenas de novas trilhas para os filmes que estreavam. Algumas reciclavam temas clássicos, outras inspiravam-se em êxitos dos anos 20 e 30 como aconteceu com a música As Time Goes By que Max Steiner utilizou para reforçar o romance entre Ingrid Bergman e Humphrey Bogart em Casablanca. Até o final da década de 60 seria este o modelo a vigorar não só em Hollywood como em qualquer lado que se fizesse cinema. Somente com The Graduate é que começou uma nova etapa das composições sonoras para o cinema como o uso de músicas pop, um modelo que hoje é cada vez mais popular. A Produção de Linguagem na TV (Aula 5) A IDEOLOGIA deixa de ser compreendida como um reflexo e assume um papel ativo na produção social. ENCODING / DECODING: A audiência é ao mesmo tempo o receptor e a fonte da mensagem, pois os esquemas de produção – momento de codificação – respondem às imagens que a instituição faz da audiência e dos códigos sociais. Questão de Interesse Pessoal Gêneros Populares Comunicação Política Falso processo de emissão: não muda nada quanto à unilateralidade da comunicação. Imperialismo Cultural: troca desigual dos diversos produtos culturais. A comunicação assume a função de estruturar a sociedade. A transformação das inovações tecnológicas em mercadorias. O mundo social é interpretado em função de categorias e construções do senso comum. Os desdobramentos da TV não estão produzindo inovação, mas apenas cumprindo funções que cabiam antes a formas de expressão mais antigas (cinema e fotografia). A telenovela é o produto que melhor representa a linguagem televisiva. De início predominavam aquelas cujo tema principal era o de capa e espada, retratando melodramas e histórias fantásticas. Como: A moreninha - 1965 O Sheik de Agadir – 1966 (As cenas do Deserto do Saara da novela foram feitas nas dunas da Restinga da Marambaia, no litoral do Rio de Janeiro) A mudança de estilo ocorreu em 1969, com Véu de noiva e Verão vermelho, que passaram a explorar temáticas brasileiras e atuais. Nos anos 70, com a consolidação da telenovela como produto comercial, a emissora instituiu horários fixos, após a avaliação do público. 18h - histórias leves e românticas e muitas tramas de época; 19h - para comédias; 20h - para enredos mais densos; 22h - propostas inovadoras e tramas mais sofisticadas. A partir de 1982, com a exibição de Lampião e Maria Bonita, as minisséries passam a ocupar o horário das 23h e se tornam o produto ideal para experimentação. Com um ritmo de trabalho mais lento que o de uma novela, as minisséries conquistaram o público apresentando um trabalho meticuloso de texto e imagem. A telenovela evoluiu muito pouco, a linguagem permaneceu a mesma apenas os núcleos de trama se modificaram. As primeiras possuíam poucos núcleos atualmente se trabalha com tramas paralelas. A teledramaturgia manteve inabalável uma de suas principais características - a de ser uma grande agregadora social. As tramas geram adesão e são discutidas com paixão pelas pessoas pois, em certa medida, revelam a identidade nacional (por vezes dando voz à minorias e temas sociais complexos). A teledramaturgia se dá através do diálogo com a sociedade. Assim, muitos dos temas discutidos (racismo, emancipação feminina, corrupção, ética, homossexualidade, drogas, etc) acompanham as mudanças sociais. Desde a novela O espigão (1974), que debateu ecologia e planejamento urbano, os temas socioeducativos passaram a fazer parte das tramas. A Linguagem Televisiva (Aula 6) A TV herdou algumas características do cinema, no entanto sua praticidade em conseguir penetrar nos lares, possibilitaram transformar este meio numa importante ferramenta de transmissão de informações. O conceito de TV que empregamos hoje é muito mais amplo do que aquele que imperava em meados dos anos 20, quando as primeiras imagens de TV foram difundidas. A TV era então entendida como um tipo especial de rádio, um rádio que ganhou imagem sincronizada, da mesma forma que o cinema mudo ganhou o som sincronizado. Juntamente com a RCA outras empresas do setor de rádio intensificaram seus esforços para colocar no ar uma programação de entretenimentos radiovisíveis. Em abril de 1939, a NBC (National Broadcasting Company) conseguiu colocar em exibição na Feira Mundial de NY o primeiro protótipo comercial da televisão. Toda a estrutura operacional da televisão deriva da indústria do rádio e encontra no sistema de emissões radiofônicas o seu modelo. A TV e o rádio pressupõem formas de vida centradas na casa e na família, formas de vidas privadas. O aparelho receptor forma um misto de mobília e eletrodoméstico que se adapta às circunstâncias domésticas. Nesse mundo de indivíduos isolados e enclausurados, o sistema de transmissão torna-se um meio de integração trazendo para os lares as novidades do “mundo exterior”. A TV possibilitou a pasteurização de mensagens audiovisuais. A simultaneidade da recepção é fundamental para gerar um clima de pertencimento e consumo. TV no Brasil No dia 10 de setembro foi transmitido um filme no qual Getúlio Vargas falava sobre seu retorno à vida política. Em 18 de setembro a TV Tupi de SP, PRF-3 TV, canal 3, foi inaugurada. Era a concretização do sonho de um pioneiro da comunicação no Brasil: Francisco de Assis Chateaubriand Chateaubriand havia encomendado à RCA equipamento para duas emissoras de televisão. A antena foi instalada no edifício do Banco do Estado de SP. Logo na estreia a TV Brasileira teve de mostrar seu poder de improviso. Eram apenas duas câmeras e horas antes do começo da transmissãouma pifou. Os técnicos americanos aconselharam que fosse adiada, mas o diretor Cassiano Gabus Mendes decidiu ir ao ar mesmo só com uma câmera. Em 1951 é produzida: "Sua vida me pertence", a primeira telenovela brasileira. Escrita por Walter Foster e estrelada pelo próprio Foster, Lia de Aguiar, Vida Alves, José Parisi e Dionísio de Azevedo. Eram dois capítulos por semana transmitidos pela Tupi. “A televisão vem aí ... Não basta ter apenas voz. São necessários outros predicados!” A linguagem da televisão fora concebida como um Rádio com imagens. Com poucas horas diárias de permanência no ar (em geral, das 18 às 22h), a programação era bastante diferenciada. Veiculava-se dramaturgia, musical, humorismo, jornalismo, programas infantis, esportes e variedades. Desde o início da TV, um gênero de programa encarado com extremo cuidado de realização foi o teleteatro. Importantes obras nacionais e estrangeiras foram exibidas com excelente adaptação e interpretação, apesar de os cenários serem mais criativos que ricos e os figurinos serem trazidos de casa pelos próprios atores. O musical, gênero muito utilizado nessa época, foi produzido desde as mais simples cópias de programas radiofônicos até pretensiosas superproduções. Havia, também, importantes programas de música clássica. O humor era feito através de quadros ou pequenas histórias, utilizando-se, quando possível, a presença de auditório. Programas de circo eram transpostos para o estúdio exatamente como se apresentavam no picadeiro. Para o público infantil havia sessões de desenhos animados, gincanas e competições. O humor era feito através de quadros ou pequenas histórias, utilizando-se, quando possível, a presença de auditório. Programas de circo eram transpostos para o estúdio exatamente como se apresentavam no picadeiro. Para o público infantil havia sessões de desenhos animados, gincanas e competições. Os telejornais foram constantes na programação, sendo que os mais famosos, emitidos no horário nobre, tiveram longa duração. As reportagens eram feitas em condições precárias, mais lidas que ilustradas e utilizando como fonte de informação notícias recortadas dos jornais locais. Era o que se conhecia humoristicamente como gilete-press. As poucas matérias externas eram realizadas com câmeras de cinema, pois os equipamentos de televisão, muito grandes e pesados, não permitiam a agilidade de coberturas diárias que um telejornal necessita. Utilizavam-se os equipamentos de TV em reportagens externas apenas para a transmissão de esportes. Outros programas jornalísticos, como entrevistas ou debates, tinham esquemas mais livres. Eles eram emitidos, em geral, no final da noite e tinham a duração quase que estabelecida pelo interesse despertado quanto ao assunto. Havia a participação dos telespectadores, por meio de ligações telefônicas às emissoras. Nessa época de televisão ao vivo, uma característica interessante foi a do intervalo comercial. Além de veicular a publicidade, os intervalos serviam para socorrer eventuais problemas da programação. Com a iniciante força de comunicação da televisão, as agências publicitárias intensificaram as pesquisas de opinião para conhecer os hábitos de consumo do telespectador e qual seria o melhor horário para veicular seus produtos. Criado em 1954, o IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinião e Pesquisa - fornecia a audiência. Acelerava-se o fator que viria a se transformar na força dominante da TV: a publicidade. TV e PUBLICIDADE Ao longo dos primeiros anos, a linguagem desse novo veículo foi sendo inventada ao vivo. O desafio era saber como se comunicar com o público por trás da tela. Como eram os comerciais: Ao vivo; Slides projetados em cartolinas; 16 mm. O improviso garantiu a publicidade uma aura de autenticidade – não se podia editar - o produto era o que de fato se via. Hoje: testemunhal (credibilidade). A falta de uma programação regular (e recursos financeiros) abriu espaço para o avanço da publicidade na televisão. O vídeo tape iria iniciar a fase de industrialização do programa de televisão e propiciar a inauguração de mais 27 emissoras pelo país. Sedimentava-se o eixo SP-RJ como centro produtor. Eram enviadas 80% de suas atrações: shows, humorismo, dramaturgia ou reportagens jornalísticas, em video, à outras emissoras. Para garantir a boa apresentação do produto e fugir das “gafes” ao vivo os comerciais tiveram que ser editados. O Comercial de TV é um filme de curta duração, bastante persuasivo, que é exibido aos telespectadores durante o espaço de tempo que há entre um programa e outro, ou durante os intervalos comerciais dos programas. Tipos de comercial: VOLTADO PARA VENDAS - foco encontra-se nos atributos específicos do produto ou serviço. Seu objetivo é estimular a preferência pelo produto ou o desejo de adquiri-lo. VOLTADO PARA CONSTRUÇÃO DE IMAGEM - foco é a criação de uma aura ou imagem para o produto, serviço ou empresa anunciante. Também é considerado uma espécie de propaganda que vende uma ideia.seu objetivo é deixar no consumidor associações positivas em relação à empresa, produto ou serviço, o que eventualmente redundará em vendas. UTILIDADE PÚBLICA - informa ou sensibiliza o público sobre algo que seja de seu próprio interesse. Seu objetivo não é comercial. Todos os comerciais são criados com a intenção de informar, persuadir e por fim motivar seu público à ação. Um comercial é apenas uma parte do plano de comunicação que, na maioria dos casos, utiliza também outras formas de propaganda. São 5 os componentes básicos de todos os tipos de comerciais, quer sejam veiculação nacional, regional ou local. 1. Público-alvo: grupo de pessoas que o anunciante definiu como os consumidores primários de seu produto ou serviço (determina a tônica da linguagem a ser utilizada); 2. Mensagem: o que se quer comunicar; 3. Conceito: é aquilo que faz a ligação entre a mensagem central, aquela que o anunciante deseja comunicar, e o tipo de propaganda que irá atrair a atenção do público-alvo - o que deve ficar na mente do expectador; 4. Tema: abordagem adotada pela criação, pode ser considerado o estilo do comercial; 5. Linguagem: Tradução das quatro etapas anteriores em linguagem audiovisual (ângulo, plano, profundidade de campo, iluminação cores, etc.). A linguagem radiofônica (Aula 7) Oficialmente a radiodifusão no Brasil começou em 7 de setembro de 1922, através da estação Westinghouse no RJ. O aparecimento do rádio foi uma grande novidade, porque até então não havia outro meio comparável ao novo invento, do qual o rádio pudesse vir a ser o sucessor aperfeiçoado. Os receptores de rádio eram equipamentos relativamente simples, podendo ser montados aqui mesmo no Brasil e nos fundos de quintais. O gramofone, entretanto, com seu sistema de corda, precisava ser importado da Suíça. Rádio no Brasil A indecisão sobre como integrá-lo à vida social e cultural fez com que sua difusão na sociedade demorasse alguns anos. Num primeiro momento, o rádio foi destinado a fins exclusivamente educacionais e de formação, pensou-se em transmitir conferências e palestras através do rádio, além de músicas eruditas “de alto valor educativo” A atividade radiofusora ocupou-se de difundir uma programação nacionalista, educadora, nobre e elevada, dentro dos princípios científicos da época. Mário de Andrade imaginava poder usar a radiofonia para educar musicalmente as massas brasileiras. Não era por acaso que se chamavam “Clubes” ou “Educadoras” - eram mantidas pela contribuição mensal de seus sócios. Apesar dos esforços de uma elite cultural e artística, esse rádio concebido como “agência sistemática de educação” foi aos poucos, sendo eclipsado pelo rádio publicitário. A preocupação com a educação populardeslocou-se para um plano secundário. O rádio publicitário era amparado pelo uso de novas tecnologias (que aumentavam o poder de penetração das novas estações com transmissores mais potentes) e a interesses ligados à vida econômica, a rádio publicitária era patrocinada por empresas. O produto principal difundido pela rádio publicitária eram os programas recreativos e principalmente os musicais. Em relação à música, a nova concepção de rádio abriu espaço para a expressão popular. As rádios, bem como as gravadoras de discos, num primeiro instante, passaram a buscar nas ruas artistas para comporem o elenco de sua programação. A pouca exigência quando feita era apenas aos atores do rádio (anunciantes ou apresentadores patrocinados por uma empresa) que deveriam saber ler e interpretar os textos publicitários Enquanto para o cantor, principalmente para o intérprete de música popular esta exigência era dispensável. Esta licença atraiu muitos músicos que buscaram a popularidade no disco, porém sem muito sucesso. O rádio passou exercer fascínio entre as pessoas, devido a possibilidade de ascensão. Qualquer músico conseguia atenção para suas composições, tamanha a ausência de uma programação definida. Nesse período de transformações tecnológicas muitos cantores (que faziam sucesso no disco) sucumbiram, ou por acaso, ou por pura inadequação com o novo meio. A linguagem do rádio Repórter Esso: Primeiro noticiário com matérias redigidas especialmente para o rádio; Fazia parte da política da boa vizinhança; Estreou em 1941. O improviso garantiu a publicidade uma aura de autenticidade – não se podia editar. Para garantir a boa apresentação do produto e fugir das “gafes” ao vivo os anúncios começaram ser editados. Por não poder mostrar o produto, rádio deveria criar uma aura de magia em torno deste. As histórias do jingle e dos comerciais de rádio estão intrinsecamente ligadas. Antes da popularização do rádio, os produtos eram vendidos um a um (na loja, ou por um caixeiro viajante). As propagandas eram muito diretas e descreviam os benefícios de um produto sobre o da concorrência. Os publicitários tinham que convencer o público da superioridade de um produto. Para esse propósito, os jingles eram ideais Agradáveis e fáceis de serem lembrados. Nos anos 50, os jingles atingiram o clímax comercial e artístico. Famosos compositores criavam slogans. Os jingles são feitos para serem fáceis de lembrar como as rimas infantis: quanto mais curtos, mais repetitivos e mais rimas, melhor. Os jingles são feitos para se infiltrarem na sua memória e não saírem por anos, às vezes até surgindo do nada. A música que possui uma forte conexão emocional com o ouvinte é difícil de ser esquecida. Foi essa descoberta que levou os negociantes a licenciarem músicas populares para a publicidade em vez de pagarem por jingles originais. Algumas músicas populares contêm melodias agradáveis e fáceis de lembrar que possuem atributos de típico jingle. Por isso são usadas como base. Quanto mais curta e mais simples for a melodia, é mais provável que ela fique gravada na cabeça. Earworms: são aqueles pequenos trechos musicais de 15 a 30 segundos que você não consegue tirar da cabeça, não importa o quanto tente (o fenômeno é chamado também de Síndrome da Música Repetitiva). Imagens se misturam no cérebro – músicas e sons não tem essa mesma facilidade. O cérebro tem facilidade de criar imagens (junção de fatos visuais). Os jingles são o sonho dos publicitários pela mesma razão com que o público pode passar a odiá-los: não se consegue tirá-los da cabeça.E por que não são mais tão usados? Algumas pessoas os julgam ultrapassados; Por não falarem diretamente do produto parecem falaciosos; O mercado está impregnado de produtos indistinguíveis; As pessoas são mais suscetíveis a emoções visuais. As empresas tentam representar um estilo de vida ou uma identidade. Apelar para a experiência emocional e cultural se tornou o jeito mais eficaz de vender produtos. Apesar de ser cada vez menos utilizado o jingle ainda tem força. A maioria das pessoas possui uma profunda conexão emocional com a música. Surge a música e efeitos sonoros no anúncio dos produtos Apelo sedutor A Indústria Fonográfica (Aula 8) No panorama musical brasileiro do final do século XIX e começo do XX , circulavam muitos gêneros: a modinha, a valsa, a seresta, o choro, o frevo e a polca. Tais gêneros classificados como pertencentes ao rol da música popular, eram aceitos pela elite branca e católica, por terem se aclimatado ao piano e ao castiço modo de dançar dos salões. De todos os gêneros musicais o que mais se destacou foi o samba. Os ritmos populares (responsáveis pela formação do samba), cultivados principalmente nas esferas urbanas, começaram a despontar e a se avolumar por volta de 1870. Por esta época a população urbana do Rio de Janeiro já contava com um número expressivo de habitantes. A rua era o palco para a difusão de novas composições. Por ela circulavam desde músicas até procissões, isso quando, por qualquer motivo, uma dessas pequenas veias de circulação da cidade se entupia e explodia em festa. Foi durante a gestão do presidente Rodrigues Alves, empossado em 1902, que se iniciaram as reformas urbanísticas na cidade do Rio de Janeiro, que puseram fim a uma forma de convivência harmoniosa, forçando a população urbana a encontrar outros meios de pôr em trânsito os ritmos musicais e a cultura brasileira. A remodelação do espaço urbano carioca expulsou grande parte da pobreza, da miséria, das manifestações populares (regionais) e das atividades tradicionais que eram visíveis nas ruas e nas casas modestas da cidade. O progresso atropelou os espaços de convívio coletivo. Os novos espaços públicos eram reservados apenas aqueles que soubessem e compactuassem com as novas regras de conduta da nova sociedade, um torto simulacro da capital francesa. A música, assim como a população expulsa do centro, também se isolou em pequenos guetos. O antigo espaço de convívio que eram as ruas foi redimensionado para os terreiros e para as rodas de música. O desmembramento da cidade em bairros, transformou o centro em um ponto de encontro. Principalmente para a música, os encontros geralmente aconteciam nas lojas musicais, editoras de partituras e principalmente nas recentes e improvisadas gravadoras de disco. Os primeiros fonógrafos apareceram no RJ em 1897. Nesse mesmo ano começava a era das gravações de cilindro para venda, feitas por Figner. Os cilindros deste tempo eram de cera e podiam ser raspados e polidos para novas gravações. As primeiras gravações em cilindro eram revestidas de um clima de magia. As pessoas se surpreendiam com os sons que saíam daqueles aparelhos misteriosos. O cilindro permaneceu presente por toda a primeira década do século XX. A atividade de gravação de cilindro, no RJ, foi intensa, mas não podia ter, ainda, expressão comercial por causa da limitação imposta pelo cilindro de cera que não possibilitava cópia. O gramofone chegou ao Brasil em 1900. No dia 17 de julho de 1901 a Zonophone em Berlim ofereceu a Figner a grande oportunidade comercial de sua vida: deter um terço dos direitos da patente do disco duplo para o Brasil. Em 29 de janeiro de 1902 foram feitas as primeiras gravações no Brasil. As gravações eram feitas aqui no Brasil em moldes de cera eram posteriormente enviados por navio à Alemanha para se transformarem em moldes de latão, que prensariam as chapas (uma mistura de goma laca, negro de fumo e flocos de algodão). Este sistema rudimentar foi mais tarde, com a chegada das válvulas e amplificadores, foi chamado de gravação mecânica. A gravação era feita por um aparelho muito similar a um gramofone, porém, de funcionamento contrário. Ou invés de reproduzirsons a corneta (chamada de “autophone”) captava a vibração sonora através de um diafragma de borracha dotado de uma agulha e que por sua vez transferia (grafava) mecanicamente (através de sulcos) o som para a cera do disco. O sistema de gravação com suas limitações passou a restringir músicas e ritmos suaves. O rudimentar mecanismo de gravação não permitia reconhecer o timbre de cada voz, como comprovam as gravações da época nelas as vozes parecem quase iguais a distinção por vezes só é possível devido a maneira peculiar de cantar dos artistas que se preocupavam em tentar deixar nos registros uma marca pessoal A necessidade de novos repertórios fez com que o disco também buscasse inspiração nos morros, abrindo espaço para músicas que até então eram renegadas, inclusive pela partitura, e foi por volta de fins da década de 1910 começaram a aparecer os primeiros sambas gravados O disco, privilegiava músicas que seriam sucesso de vendas, iam para a cera somente músicas que já circulavam pela cidade ou eram velhas conhecidas e também aquelas que podiam ser reproduzidas pelo rudimentar aparato de gravação. Apesar de precária e pouco profissional, a gravadora de disco representou o retorno das populações isoladas no morro para a cidade. Um retorno simbólico, mas novamente sua música foi ouvida na cidade. O disco apresentou-se como um meio atraente para os músicos da época uma garantia de voltar a ver suas composições circulando pela cidade, mesmo com as limitações e imposições da nascente tecnologia Toda a originalidade de sons e ritmos das músicas tocadas pelas ruas e em festas foram adaptados em notas musicais. O improviso, tão comum na música popular, teve de ser abandonado, uma vez que o disco se mostrou limitado na tarefa de traduzir o espírito festivo da música brasileira. O disco abriu uma brecha para os ritmos cuja execução e adaptação para o piano eram praticamente impossíveis. A introdução de válvulas eletrônicas e microfone no aparato de gravação dos discos trouxe um ganho de liberdade para o intérprete. O novo sistema era mais sensível e, portanto, capaz de gravar com perfeição vozes mais brandas. O aparecimento do rádio representou outra possibilidade aos cantores populares. Foi também uma grande novidade, porque até então não havia outro meio comparável ao novo invento, do qual o rádio pudesse vir a ser o sucessor aperfeiçoado. Rádio O produto principal difundido pela rádio publicitária eram os programas recreativos e principalmente os musicais. Em relação à música, a nova concepção de rádio abriu espaço para a expressão popular. O microfone deste sistema de gravação era muito sensível, obrigando os músicos e cantores a tomarem certas precauções como a de manter uma certa distância, principalmente aqueles cantores de voz forte e imponente O disco “eléctrico” e o rádio abriram espaço, inclusive, para disputas de artistas. Não existe uma cultura pronta. Toda nova etapa da cultura, dentro de qualquer meio de comunicação, exige experimentação. Aquilo que num primeiro momento parece experimental se revela em seguida um fato cultural. A Indústria Fonográfica deu novo ânimo à música popular que passou a ser considerada produto. Produto Demanda
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