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31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 1/38 A COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL: ASPECTOS HISTÓRICOS, CONCEITUAIS E TÉCNICOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Identi�car as modi�cações históricas, econômicas e sociais que recon�guram os públicos e sua relação com a comunicação. Conhecer a dinâmica dos processos comunicacionais e sua inserção na vida social. Diferenciar tecnicamente as linguagens visuais e sonoras nas produções audiovisuais. Apresentar base teórica, assim como preceitos éticos acerca dos usos da linguagem e técnicas no audiovisual. A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 2/38 Analisar os processos comunicacionais nos âmbitos social e pro�ssional. Articular a linguagem audiovisual e suas competências estéticas e técnicas para criar, orientar e julgar materiais de comunicação pertinentes a suas atividades. 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Podemos observar o papel central que a comunicação exerce em todos os setores da sociedade na atualidade, desde a vida social à individual. O termo “comunicação” e as noções ao redor dele atravessam inclusive o imaginário de pessoas mais leigas, o que produz o “senso comum,” ou seja, uma ideia a partir de impressões partilhadas entre indivíduos, no entanto, em grande proporção, sem uma apropriação mais aprofundada e esvaziada de criticidade. Por outra via, a qual estamos voltados na universidade, os processos comunicacionais também estão cada vez mais sendo estudados, debatidos e exigindo um grau maior de conhecimento para o exercício da ciência e pro�ssionais da comunicação. A professora e pesquisadora Lucia Santaella (2001, p. 1) re�ete que “a comunicação como área de conhecimento está tomando o lugar de uma ciência piloto para cujas questões acabam convergindo muitas outras ciências”. Santaella (2001) reitera, assim, a comunicação como uma área de conhecimento interdisciplinar e, como disciplina, interage e dialoga com outros campos do saber. Uma área que tem exercido um papel de grande in�uência nas ciências e na vida em sociedade, seja na vida acadêmica, pro�ssional e/ou social. Frente a essa realidade, também se inserem os desa�os de como exercermos nossos papéis de estudantes, pesquisadores e pro�ssionais da comunicação. Nesse sentido, buscaremos, juntos, esses enfrentamentos, por meio de conhecimento e práticas. Sem dúvida, nosso interesse e engajamento serão guias que re�etirão no êxito de nossos resultados. Nosso foco na disciplina Comunicação em audiovisual é a comunicação contemporânea e sua relação com as tecnologias do audiovisual. No entanto, para entendermos os processos comunicacionais neste século XXI e os acontecimentos em torno deles, faz-se necessário acessar a(s) memória(s) inscrita(s) na história dos meios de comunicação, ou melhor, Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 3/38 da comunicação social, o campo de saber desta disciplina. Para tanto, nos próximos momentos, faremos uma breve incursão memorialística até os dias atuais. É com esse �m que chamamos este capítulo de “panorama histórico da comunicação com ênfase no audiovisual”. 2 PANORAMA HISTÓRICO DA COMUNICAÇÃO COM ÊNFASE NO AUDIOVISUAL Muito provável que a maioria de nós, em algum momento da nossa vida de estudante, tenha tomado conhecimento de que desde o período pré- histórico, há pelo menos 30 mil anos atrás, na Era Paleolítica, algumas civilizações já utilizavam recursos grá�cos e visuais, a exemplo das pinturas e desenhos rupestres, para se comunicarem. Nesse período, as ferramentas comunicativas, apesar de rudimentares, davam início aos processos comunicacionais com o uso de técnicas por meio dos objetos do seu tempo, que “foram transformados em instrumentos diferenciados, evoluindo em complexidade juntamente com o processo de construção das sociedades humanas” (VERASZTO, 2009, p. 3). A partir desse contexto, pensamos na comunicação em sua dimensão processual, de transformações no tempo e com a visão de continuidade. Para Pierre Lévy, uma importante ruptura na história da comunicação aconteceu no período neolítico com “a grande mutação técnica, social, cultural e demográ�ca cristalizada na invenção da agricultura, da cidade, do Estado e da escrita” (LÉVY, 1998, p. 2). A chamada “revolução neolítica” abrangeu o Oriente (Mesopotâmia e Egito), China e as civilizações pré-colombianas do México e dos Andes (LÉVY, 1998). Os processos comunicacionais mobilizaram transformações sociais, econômicas e políticas na história. O surgimento das tecnologias de informação e comunicação, da imprensa à eletricidade, envolveu grandes invenções, como o telégrafo, o rádio, o cinema, a televisão, até chegar à internet. Foi um processo coletivo, que envolveu cientistas, inventores, artistas, entre outros trabalhadores, e atravessou a linha evolutiva do tempo até os dias atuais. Como nos situa o professor e pesquisador André Lemos, “as novas tecnologias da informação e comunicação são resultado de convergências tecnológicas que transformam as antigas através de revisões, invenções e ou junções” (LEMOS, 2004, p. 79). Dando um salto cronológico na história, para nos situar no contexto ocidental, apresentamos algumas passagens de época, que contribuíram para as transformações e rupturas no âmbito da comunicação. Temos Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 4/38 registros dos primeiros experimentos com eletricidade desde a Grécia antiga (700 a.C.), com Tales de Mileto. No entanto, as potências da energia elétrica só serão exploradas a partir do século XVII. “Em 1873, James Clerk Maxwell publica o tratado sobre eletricidade e magnetismo que constituiu um importante avanço e abriu espaço para muitos equipamentos de comunicação e informação” (CURY; CAPOBIANCO, 2011, p. 6). Outra importante invenção, a câmara escura, impactou diretamente o campo dos nossos estudos, já que serviu como princípio básico para o desenvolvimento das tecnologias audiovisuais como conhecemos nos dias de hoje. A câmara escura é um aparato técnico de fundamental importância para o desenvolvimento da fotogra�a e cinema. O primeiro registro desse fenômeno foi do �lósofo chinês Mo-Ti, em 500 a.C. O princípio da câmara escura já era entendido na Grécia antiga pelo �lósofo Aristóteles (384-322 a.C.). Porém, o primeiro registro detalhado sobre o processo de aparecimento de uma imagem invertida em uma câmara escura foi feito por Leonardo da Vinci (1452-1519). A câmara escura é uma caixa fechada, com um pequeno orifício coberto por uma lente. Por meio dele, penetram e se cruzam os raios re�etidos pelos objetos exteriores. A imagem, invertida, inscreve-se na face do fundo, no interior da caixa. FIGURA 1 – A CÂMERA ESCURA (500 a.C.) FONTE: <https://bit.ly/3G20DCm>. Acesso em: 2 maio 2021. Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 5/38 No campo da comunicação escrita, no século XV, a invenção da prensa para impressão tipográ�ca pelo alemão Johannes Gutenberg (1400- 1468) é considerada uma das mais importantes tecnologias da informação e comunicação para a difusão do conhecimento na história das comunicações. A chamada revolução gutenberguiana proporcionou a reprodutibilidade técnica com o processo de produção em cadeia de livros e jornais. Por seu invento, Gutenberg também �cou conhecido como o criador da imprensa tipográ�ca. Já na segunda metade do século XVIII, a Revolução Industrial, iniciadana Inglaterra, foi um acontecimento que causou mais uma ruptura na história, a qual impactou diretamente os processos comunicacionais a partir da aceleração no desenvolvimento das tecnologias, adentrando o século XX até chegar ao século XXI, na contemporaneidade. A professora e pesquisadora Lucia Santaella descreve essas transformações: De fato, desde a revolução eletromecânica, com suas máquinas capazes de produzir e reproduzir linguagens – especialmente as máquinas de impressão, a fotogra�a e o cinema – a complexidade do campo da comunicação começou a crescer exponencialmente. Tal exponenciação �ca visível quando se comparam as máquinas eletromecânicas com as máquinas-aparelhos da revolução eletrônica, rádio e televisão, estas capazes de uma potência de difusão que as anteriores não podiam sonhar alcançar. Na passagem, que estamos vivenciando, da revolução eletrônica para a revolução digital com suas máquinas dispositivos computacionais aliadas às telecomunicações em dimensão planetária, a exponenciação da complexidade do campo da comunicação começa a atingir proporções gigantescas. (SANTAELLA, 2001, p. 1) 3 AUDIOVISUAL: ELEMENTOS VISUAIS E SONOROS DA LINGUAGEM Na introdução deste capítulo, realizamos algumas breves incursões pela historiogra�a da comunicação, a qual está em processo de transformações contínuas, mediadas pelas tecnologias como instrumentos dinamizadores e em evolução. A partir do entendimento dessa dimensão processual e embasamento histórico, nosso estudo sobre comunicação volta-se para o campo conceitual da linguagem audiovisual e suas con�gurações sonoras e imagéticas. Nesse nosso percurso que abrange a comunicação em audiovisual, é importante uma compreensão da noção que abordaremos mais diretamente do termo “audiovisual”. Tão disseminado atualmente, o “audiovisual” também foi o principal meio para a comunicação Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 6/38 Da invenção do cinema ao audiovisual interpessoal nas sociedades acústicas, antes mesmo do uso de qualquer utensílio externo ao próprio corpo humano, há milhões de anos atrás. Naquele período, utilizava-se a emissão de sons orais, de gestos e movimentos corporais, ou seja, a junção da audição e visão como estratégias de comunicação internamente, em grupo. Chegando aos dias de hoje, ainda que os avanços tecnológicos tenham transformado os sistemas comunicacionais contemporâneos, nossa comunicação verbal e/ou gestual como seres humanos permanece sendo os códigos comunicativos de maior difusão (CLOUTIER, 1975). Enquanto narrativas mediadas pelas tecnologias, foco dos nossos estudos, a base da linguagem audiovisual está no cinema e no vídeo. Se, atualmente, as de�nições de cinema, vídeo e/ou audiovisual chegam a se confundir, essas transformações se deram de maneira continuada. Desde o processo fotomecânico das imagens em movimento (análogicas) à imagem e sons digitais, essas transformações causaram impactos nas suas expressões técnicas, estéticas e conceituais. A professora e pesquisadora Ivana Bentes, em seu artigo Vídeo e cinema: rupturas, reações e hibridismo, retrata a relação con�ituosa no processo de transição do analógico para o audiovisual. Ela explica como, na década de 1990, foi comum uma hierarquização a partir dos seus suportes, o que se entendia por cinema e vídeo como as “transformações, virtualização e desterritorialização das imagens que culminaram na constituição de um novo campo: o audiovisual” (BENTES, 2003, p. 113). Em seguida, vieram as especi�cidades quanto noções, suporte e dispositivos do cinema e vídeo para melhor entendermos o audiovisual, termo cuja noção é comumente vinculada à sua conversão de imagem e som em um mesmo suporte. Porém, alguns fatores, revelam-nos outros aspectos dessa “simples” noção. Os fenômenos óticos e o advento da fotogra�a foram os responsáveis pelo aprimoramento das lentes, base do desenvolvimento das câmeras cinematográ�cas e das primeiras projeções de registros fílmicos. Contexto esse que in�uenciou diretamente a invenção do cinetoscópio pelos estadunidenses Thomas Edison, em parceria com seu assistente William Kennedy Dickson, entre 1889 e 1892. Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 7/38 Edison e sua equipe também foram responsáveis pelo aperfeiçoamento do �lme perfurado, que mais à frente originou a película do cinema, assim como do fonógrafo, aparelho que reproduzia o som gravado e precursor dos aparelhos de som contemporâneos. Apesar de patenteado e batizado pelo francês Charles Cross em 1877, será Thomas Edison que aprimorará o fonógrafo. Jacques Aumont (2012) relata que Edison tentou sincronizar o som à câmera de cinema, no caso do cinetoscópio, mas não conseguiu resolver os problemas técnicos nessa junção de imagem e som. No caso do cinetoscópio, os pequenos �lmes eram projetados no seu interior e registrados no estúdio de Thomas Edison, Black Maria. O que diferencia essa experiência com a relação à vivenciada de maneira coletiva no cinema a partir do cinematógrafo é que as imagens, na invenção de Edison, só podiam ser vistas por um espectador de cada vez. Essas, entre outras experiências com as imagens em movimento, foram chamadas de pré-cinemas (MACHADO, 2014). FIGURA 2 – CINETOSCÓPIO Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 8/38 FONTE: <https://bit.ly/2Z9MPW3>. Acesso em: 29 mar. 2021. FIGURA 3 – CINESTOCÓPIO Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 9/38 FONTE: <https://bit.ly/2XBTkjy>. Acesso em: 29 mar. 2021. FIGURA 4 – “FONÓGRAFO” FONTE: <https://bit.ly/3jouBH5>. Acesso em: 29 mar. 2021. A câmera cinematógrafo, invenção patenteada pelos industriais irmãos Lumiére, já foi idealizada a partir do cinetoscópio de Edison e Dickson. O aparelho é um ancestral das �lmadoras, movido à manivela, portátil e desprovido do som sincronizado, que tem a capacidade de realizar os registros fílmicos e de projetá-los na grande tela com a inversão da sua lente. Os irmãos Lumiére, com o seu cinematógrafo, foram os Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 10/38 O cinema consolida-se como linguagem: algumas notas responsáveis pelo registro da primeira projeção pública de �lmes, em Paris, na França, em 1895. Foram os Lumiére que difundiram a invenção do cinema no mundo ocidental assim como o conhecemos atualmente (MACHADO, 2014). A saída dos operários das usinas Lumière e A chegada do trem na estação são alguns dos registros fílmicos exibidos. As produções são rudimentares, em geral documentários – os chamados naturais, na época – curtos sobre a vida cotidiana, com cerca de dois minutos de registro e �lmados sem movimento de câmera, em um só plano e ao ar livre. FIGURA 5 – CINEMATÓGRAFO FONTE: <https://bit.ly/2XBTkjy>. Acesso em: 29 mar. 2021. Pequenos documentários e �cções são os primeiros gêneros do cinema. A linguagem cinematográ�ca passa a se desenvolver, dando início às estruturas narrativas, inicialmente com in�uências mais diretas da pintura, fotogra�a e teatro. De maneira gradativa, o cinema estabelece sua própria linguagem, tendo uma “gramática” com especi�cidades inscritas nos modos de contar por meio do encadeamento das imagens em movimento e, algum tempo depois, acompanhadas pelo som sincronizado às imagens. Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 11/38Desde os enquadramentos aos movimentos de câmera, passando pelos modos de captação sonora e seus processos de montagem e, posteriormente, edição, vemos que essas referências pioneiras passaram a ser adequadas aos veículos de comunicação audiovisual, como a televisão, o vídeo e até mesmo os conteúdos audiovisuais desenvolvidos para internet atualmente. FIGURA 6 – FOTOGRAMA: VIAGEM À LUA, DE GEORGES MÉLIÈS (1902) FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=a6f80XxlCZk>. Acesso em: 5 abr. 2021. FIGURA 7 – FOTOGRAMA: AS CONSEQUÊNCIAS DO FEMINISMO (ALICE BLACHÉ, 1906) Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 12/38 FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=nWrxSHnaUVU>. Acesso em: 5 abr. 2021. FIGURA 8 – FOTOGRAMA O GAROTO (CHARLES CHAPLIN, 1921) Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 13/38 FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=8Fc5fwLWHYc>. Acesso em: 5 abr. 2021. No livro Cinema, vídeo e Godard (2004), um dos mais importantes teóricos da imagem tecnológica na atualidade, Phillipe de Dubois, descreve o cinema com um “dispositivo modelo”, que é constituído pela sala escura, o silêncio dos espectadores e até as imagens em movimento, os quais se organizam para contemplá-las projetadas em uma grande tela. Nesse caso, Dubois se refere à técnica em que as imagens estão dispostas e in�uenciarão os modos de recepção e fruição delas. Desde a passagem do cinema silencioso para o sonoro (1927), do preto e branco para o uso da cor (a partir dos anos 1950), assim como da digitalização de imagens e sons, são apresentados os possíveis diálogos entre o cinema, o vídeo, a televisão e a internet, seja por meio da computação e/ou dos dispositivos móveis. Esse processo mostra a mudança do formato analógico, comum às formas materiais desses aparatos, para o digital, comum ao imaterial, virtual. Essas transições e transformações também geraram resistência e polêmicas entre artistas, realizadores, produtores e empresários. Apesar de não ser nossa proposta um aprofundamento maior nesses quesitos, entre outros aqui dispostos, esses temas podem ser pesquisados na web, assim como nossas referências bibliográ�cas estão na sua maior proporção disponíveis em arquivos PDF. Como podemos constatar, os primeiros experimentos em torno das imagens em movimento estão vinculados às suas características físicas, desde o �lme perfurado, que deu origem à película do cinema, até o aprimoramento das lentes e câmeras �lmadoras, assim como a representação sonora, cujo aprimoramento possibilitou que o som fosse sincronizado à imagem pouco mais de trinta anos após as primeiras exibições, em 1928. Os avanços técnicos do cinema e a sua linguagem foram de fundamental importância para o que reconhecemos como linguagem audiovisual atualmente, com suas estratégias narrativas capazes de produzir acontecimentos nas imagens e no mundo. As formas de representação no cinema acompanharam as transformações sociais da sociedade de sua época, assim como seus enquadramentos e movimentos de câmera serviram de base e passaram a ser adequados para a linguagem da televisão, do vídeo e da publicidade. Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 14/38 Nos dias atuais, uma linha muito tênue delimita o cinema do audiovisual, os quais estão cada vez mais próximos como linguagem. No entanto, é necessária a compreensão das especi�cidades dos seus suportes em diferentes épocas e como linguagem para diferentes �ns, ou seja, para a publicidade, jornalismo, cinema, artes visuais, moda, entre outros. Deve-se entender que não há um purismo entre as linguagens audiovisuais, pois elas se in�uenciam. Assim, são híbridas e heterogêneas. O diálogo com o vídeo foi um momento decisivo, de embate, “crise”, reação e deriva no campo do cinema. Transformações, virtualização e desterritorialização das imagens que culminaram na constituição de um novo campo: o do audiovisual. De um lado, o cinema sonhou o vídeo e “antecipou” alguns de seus procedimentos, “informando” a nova linguagem (as vanguardas históricas, o cinema experimental, a história do documentário); de outro, a potência do vídeo trouxe novas técnicas e procedimentos, descon�gurando o cinema e sendo incorporado por ele, trazendo fôlego à grande indústria cinematográ�ca e ao cinema contemporâneo. No Brasil, a passagem e o diálogo entre cinema e vídeo re�ete esse amplo contexto, mas trata-se de uma relação con�ituosa, em um meio, o cinematográ�co, que ainda busca sua legitimação e viu no vídeo e na televisão, nas formas de consumo e difusão das imagens domésticas, menos um aliado que uma ameaça. Dessa forma, o diálogo cinema e vídeo no Brasil, em um primeiro momento, �xa-se menos nas discussões sobre as potencialidades estéticas do vídeo ou em uma desejável potencialização do cinema pelo novo meio (como iremos acompanhar nos anos 1990), para girar em torno de um embate por legitimação e “hierarquia” reivindicada por parte do meio cinematográ�co diante do novo campo. A emergência do vídeo, sua linguagem e, mais especi�camente, a produção de �lmes para televisão e o consumo doméstico de cinema em casa tornam-se signo de uma “crise”, reforçando a ideia de que estávamos assistindo à “desaparição” do cinema enquanto linguagem e hábito social (diminuição das salas de cinema, consumo de �lmes na TV e no ambiente doméstico, Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 15/38 substituição da linguagem do cinema pela estética “enfraquecida” do vídeo). Fonte: BENTES, I. Vídeo e cinema: rupturas, reações e hibridismo. In: MACHADO, A. (org.). Made in Brasil: três décadas do vídeo brasileiro. São Paulo: Itaú Cultural, 2003. p. 113. FIGURA 9 – ESTAÇÃO DE MONTAGEM ANALÓGICA MOVIOLA 35MM FONTE: <http://ctav.gov.br/wp-content/uploads/sites/5/2010/03/1.jpg>. Acesso em: 2 maio 2021. FIGURA 10 – OFICINA: FERRAMENTAS DIGITAIS EDIÇÃO DE VÍDEO LIVRE #CONEXÕESGLOBAIS 2.0 Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 16/38 FONTE: <https://bit.ly/3B3hkcQ>. Acesso em: 2 maio 2021. ATIVIDADES DE ESTUDO Em algumas passagens deste capítulo, utilizamos o termo “mediação” e suas derivações (“mediada”, “mediadora”), sempre em associação às tecnologias, ou seja, compreendendo as tecnologias como mediadoras dos processos comunicacionais. Um dos mais importantes pensadores de comunicação na América Latina, Jésus Martín-Barbero, ressigni�cou o conceito de mediação no âmbito da comunicação, associando-o à “descentralização da comunicação das mídias”. No seu livro referência no tema, Dos Meios as mediações (2000), o autor re�ete que mediação signi�ca que entre estímulo e resposta (efeitos dos meios), há um espesso espaço de crenças, costumes, sonhos, medos, ou seja, tudo que con�gura a cultura cotidiana (MARTÍN-BARBERO; BARCELOS, 2000). Com base no estudo do capítulo e na conceituação de mediação a partir de Martín-Barbero, analise as seguintes sentenças: Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 17/38 A) Somente a a�rmativa I está correta. B) As a�rmativas I, II e IV estão corretas. C) As a�rmativas I, II e III estão corretas. D) Todas as a�rmativas estão corretas. Responder I-_ Na acepção do termo mediação a partir de Martín-Barbero, entende-se a existência de espaços, formas de comunicação que estão entre as pessoas. Por exemplo, quando ouvem o rádio/assistem à televisãoe o que é dito no rádio/mostrado na televisão e/ou na internet, levando-se em consideração a bagagem de mundo, da vida das pessoas, para além de mero receptores dos conteúdos. II-_ Com a tecnologia audiovisual e a convergência tecnológica entre o digital e o televisivo, entende-se as mediações como processos estruturantes que provêm de diversas fontes, in�uenciando os processos de comunicação e formando as interações comunicativas, ou seja, participação ativa dos atores sociais. III-_ Para Martín-Barbero, as tecnologias têm um maior peso de in�uência nos processos comunicacionais. Assim, os aparatos tecnológicos (televisão, rádio, internet, vídeos publicitários, entre outros) de�nem os modos de recepção dos seus públicos sem que eles tenham poder de ação mediante os meios. IV- Podemos entender, a partir do contexto apresentado, que assim como as tecnologias não são neutras, que carregam desde interesses econômicos como ideológicos, também, por essa razão, são capazes de construir uma opinião pública com o discernimento dos seus públicos receptores. Assinale a alternativa CORRETA: 3.1 ELEMENTOS VISUAIS: A IMAGEM FIGURA 11 – O QUE VEMOS E O QUE NOS OLHA Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 18/38 Disponível em: <https://bit.ly/2Za6jJA>. Acesso em: 29 mar. 2021. Nesta seção, realizamos uma abordagem crítica e analítica a respeito do principal elemento visual que constitui a comunicação audiovisual: a imagem visual. Nosso propósito foi abranger algumas noções e de�nições da imagem visual que estejam relacionados ao nosso estudo, sem um maior aprofundamento no tema que demandaria, pelo menos, um capítulo inteiro. Quando re�etimos além da consciência e racionalidade do espectador da imagem, propondo entendê-lo também enquanto interventor nessa sua relação e “um sujeito com afetos, pulsões e emoções” (AUMONT, 1993, p. 114), podemos/devemos, em seguida, nos questionar acerca de quais são essas imagens a que nos referimos, se elas possuem ampla representação ou se estão restritas, em sua maioria, a “segmentos” e por quais meios acontecem esses processos. Em seu ensaio Devolver a imagem (2015), o �lósofo e historiador da arte Georges Didie-Huberman provoca algumas re�exões em torno da imagem por meio de uma contextualização histórica. Didie-Huberman (2015) parte do entendimento da complexidade e sutilezas das imagens e, para isso, inspirou-se nas ideias do pensador Walter Benjamin quando reivindicou uma visão dialética delas nos comentários que realizou em torno das montagens épicas de Bertold Brecht. Seguindo a linha benjaminiana de pensamento em torno da dialética das imagens, Didie-Huberman observa que “não é inútil de perguntar de que Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 19/38 exatamente uma imagem é imagem, quais são os aspectos que aí se tornam visíveis, as evidências que apareceram, as representações que primeiro se impõem” (DIDIE-HUBERMAN, 2015, p. 205). O autor, inserido nessa complexidade em torno das imagens, suscita a questão política relacionada ao direcionamento delas, a quem estão sendo destinadas e se elas estão retornando a quem lhes são de direito. Soma-se a esse pensamento crítico (sem necessariamente seguir uma cronologia), a concepção antiga e de engajamento político das imagens quando eram publicadas nos espaços públicos, deslocando, assim, as pessoas para que pudessem vê-las. Nos dias atuais, esses espaços (públicos) se desvalorizaram e se tornaram privados. O “privado”, nesse caso, está associado à transmissão das imagens via tecnologias na contemporaneidade, que Didie-Huberman exempli�ca com base no texto de Vilem Flusser, La Politique à l´âge des images techniques (2006). Ainda, referindo-se às imagens produzidas nos espaços privados que chegam diretamente a outros espaços também privados (como a televisão), o autor (em Flusser) aponta para um “desengajamento político” das imagens e desenvolve a ideia de “restituição”, questionando: O que fazer para restituir alguma coisa à esfera pública para além dos limites impostos por esse aparelho? É preciso instituir os restos: tomar nas instituições o que elas não querem mostrar – o rebotalho, o refugo, as imagens esquecidas ou censuradas – para retorná-las a quem de direito, quer dizer, ao “público”, à comunidade, aos cidadãos. (DIDIE-HUBERMAN, 2015, p. 205) Com as re�exões críticas do texto introdutório nesta seção sobre elementos visuais, propomos que, ao nos voltarmos para a análise e construção da imagem visual, pensemos no público consumidor não só como espectadores passivos, mas também como produtores das imagens na contemporaneidade. Jacques Aumont atenta-nos que “a imagem tem inúmeras atualizações potenciais, algumas se dirigem aos sentidos, outras unicamente ao intelecto, como quando se fala de certo poder que certas palavras têm de ‘produzir imagens’, por uso metafórico, por exemplo” (AUMONT, 1993, p. 13). Nesse sentido, ressaltamos que buscamos apresentar nesta seção algumas noções em torno das imagens visuais na sua forma visível. Na imagem, estão inscritos componentes interpretativos, como conteúdo sociais, históricos e culturais presentes no seu receptor, que interligam a imagem ao seu produtor e receptor. Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 20/38 A imagem analógica Os �lmes projetados no cinema, que antecederam a era digital, eram constituídos por uma quantidade grande de imagens �xas denominadas fotogramas, as quais, como descreve Jacques Aumont, eram “dispostas em sequência em uma película transparente; passando de acordo com um certo ritmo em um projetor, essa película dá origem a uma imagem muito aumentada e que se move” (AUMONT, 2012, p. 19). Sabemos que a imagem do fotograma e a imagem ampliada na tela são muito diferentes. No entanto, Aumont (2012) nos descreve duas características em comum: ambas são planas e delimitadas por um quadro. FIGURA 12 – FOTOGRAMAS Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 21/38 FONTE: <https://bit.ly/3AXTgIB>. Acesso em: 29 mar. 2021. FIGURA 13 – PROJEÇÃO IMAGEM CINEMA: MOSTRA DE TIRADENTES (MG) Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 22/38 A imagem digital FONTE: <https://bit.ly/3AXvU5O>. Acesso em: 2 maio 2021. A produção de imagens ganhou proporções imensuráveis nos processos comunicativos, em que predominam as mídias digitais. No entanto, o registro da primeira imagem digital, segundo o pesquisador Willians Cerozzi Balan, “foi realizado em 1957 por Russel Kirsch, no NBS – National Institute of Standards and Thecnology” (BALAN, 2009, p. 2). A imagem de um bebê foi processada por meio de um computador programável, em um processo técnico similar ao do escâner (BALAN, 2009). No campo das artes visuais, artistas trabalhavam com computadores na produção de imagens desde o �m de 1970 (MANOVICH, 2005). Podemos deduzir, por esse fato histórico, que a característica fundante da digitalização das imagens é o processamento eletrônico via computadores. A produção de linguagens mediadas pelas tecnologias, existente desde a industrialização do século XIX, ganha dimensões cada vez maiores, o que inclui desde a produção de um acervo imagético até a intervenção e manipulação humana nesses processos, como destaca Lucia Santaella (2015, p. 1): Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=123/38 Advento de aparelhos, máquinas, dispositivos, mídias que, desde a invenção da fotogra�a, foram ampli�cando grandemente o poder humano para produzir, manipular, conservar, distribuir, expor, transmitir, fazer circular socialmente novas formas de linguagem de que o mundo foi ininterruptamente se povoando: jornais, fotos, �lmes, sons, músicas, vozes, TVs, vídeos, hipertextos, multimídias, hipermídias. Em todas essas linguagens, a imagem e o som se fazem presentes, inclusive hoje nas web- rádios, minando a hegemonia secular da linguagem escrita como meio privilegiado de produção e transmissão da cultura. Comumente, quando pensamos nas imagens, nossa tendência é entendê-las em seus aspectos �xos, sem movimento. No entanto, as imagens visuais têm caráter cada vez mais diversos, híbridos. Quando nos situamos nesta era da imagem digital, os aspectos móveis da imagem se acentuam ainda mais. Sobre esses aspectos, Santaella a�rma que: No que diz respeito ao visual, as imagens em movimento, tais como aparecem no cinema, TV, vídeo e computação grá�ca, são linguagens híbridas que se organizam nas misturas entre o visual, o sonoro e o verbal. Quando as formas visuais são colocadas em movimento, isso signi�ca que elas estão impregnadas de tempo, cuja ordem de inteligibilidade se encontra no princípio de sequência que aparece tanto na música quanto no verbal. (SANTAELLA, 2015, p. 6) Para a interpretação e leituras de imagens, faz-se necessário uma leitura sensível do contexto em que elas se apresentam. Seus traços constitutivos não estão dissociados dos seus aspectos socioculturais. As leituras de imagens serão retomadas no discorrer desta disciplina, a partir da análise de estudos de caso. Assim, teremos a oportunidade de uma visualização mais ampla, a partir da prática do estudo abordado. Para saber mais sobre as imagens contemporâneas, veja a dissertação de mestrado Imagens contemporâneas e outros sentidos: novos horizontes na interação com a imagem digital, de Joana Francisca Pires Rodrigues (2012). Disponível em: https://attena.ufpe.br/handle/123456789/10929. Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 24/38 3.2 ELEMENTOS SONOROS: O SOM O som é um elemento intrínseco às imagens em movimento atualmente. O termo audiovisual, inclusive, é comumente associado à conversão da imagem e do som em um mesmo suporte, como já mencionado. Assim como propomos na seção anterior, não iremos nos aprofundar em um tema complexo que requer muito mais de uma seção para contemplá-lo, mas buscaremos relacionar algumas noções e de�nições de maior relevância para o campo da nossa disciplina, Comunicação em Audiovisual. O primeiro �lme sonoro só chegou mais de trinta anos após a primeira exibição pública das imagens em movimento pelo cinematógrafo, o qual era um dispositivo que não sincronizava o som na imagem. No entanto, desde um período anterior à primeira projeção dos Lumiére, Thomas Edison, principal responsável pela invenção do cinetoscópio, buscava sincronizar o som do cinema nos registros fílmicos. Assim, se sucederam outras tentativas e investimentos por parte de técnicos e empresas até o advento do som sincronizado no cinema. Ruídos, problemas técnicos e disputas do mercado do cinema que se iniciava foram fatores que adiaram o som sincronizado nas imagens projetadas do cinema, o que só aconteceu a partir de 1927. Porém, as salas de cinema precisaram realizar investimentos tecnológicos no processo de adaptação para receber os �lmes sonoros, incluindo os processos de legendagem para os �lmes estrangeiros. FIGURA 14 – MAGNETOFONE 1935, FITA MAGNÉTICA DE ROLO FONTE: <https://bit.ly/3C7ymrC>. Acesso em: 29 mar. 2021. Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 25/38 Devido a essa fase de estruturação, o acesso do público aos �lmes sonoros aconteceu de maneira gradativa. Aspectos na dimensão das tecnologias e da economia in�uenciaram esse processo de adaptação das salas, tanto por país e até no quesito regionalizado. No Brasil, os primeiros �lmes sonoros começaram a chegar entre os anos 1929 e 1930, inicialmente no Rio de Janeiro e São Paulo, estados com circuitos de exibição que contavam com os maiores recursos, desde os tecnológicos aos econômicos, como descreve o professor e pesquisador Rafael Luna Freire: A adaptação das salas de cinema das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro para a projeção de �lmes sonoros foi relativamente rápida. Poucos meses após a inauguração do cinema sonoro no Cine Paramount, em São Paulo, em 13 de abril de 1929, e no Palácio Theatro, no Rio de Janeiro, em 20 de junho do mesmo ano, o circuito de primeira linha dessas cidades já tinha sido convertido para a exibição dos novos talkies. A�nal, esses luxuosos palácios cinematográ�cos podiam arcar com a compra e instalação dos caros e importados projetores Western Electric conjugados para os sistemas Vitaphone (som em discos) e Movietone (som ótico). (FREIRE, 2013, p. 31) Por outro lado, se o som sincronizado na imagem envolveu todo um processo de investimentos tecnológicos e, consequentemente, �nanceiros, os elementos sonoros também acompanharam o cinema desde as suas origens, que vão desde intérpretes e “explicadores” dos conteúdos fílmicos até às ambiências sonoras. Um dos maiores pesquisadores do cinema, Jacques Aumont, re�ete sobre o fundo musical dos �lmes silenciosos, que criavam uma atmosfera para as narrativas exibidas: Como se sabe, de início, o cinema existiu sem que a trilha da imagem fosse acompanhada de um som gravado. O único som que acompanhava a projeção do �lme era, mais frequentemente, a música de um pianista ou de um violinista e, às vezes de, de uma pequena orquestra. (AUMONT, 2012, p. 44-45) FIGURA 15 – REPRODUÇÃO CONTEMPORÂNEA DE AMBIENTE NO PERÍODO DE CINEMA SILENCIOSO Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 26/38 FONTE: <https://bit.ly/3pnD5BY>. Acesso em: 29 mar. 2021. Desde suas origens, a evolução do som no cinema foi alvo de muitas polêmicas, disputas de mercado, além das di�culdades estruturais. Ao mesmo tempo, como é do nosso conhecimento, a audição e visão são os sentidos humanos que, juntos, mais processam informações. Alvo de muitas disputas, havia a evidência de que a representação da realidade documental e �ctícia estava incompleta sem o som. Nessa relação, o seu processo evolutivo se deu em duas direções, como descreve Jacques Aumont (AUMONT, 2012, p. 45): Quase do dia para noite, o som tornou-se um elemento insubstituível da relação fílmica. É claro que a evolução das técnicas não se deteve nesse “salto” que foi o surgimento do som; esquematicamente, é possível dizer que, desde essas origens a técnica avançou em duas grandes direções. Em primeiro lugar, uma diminuição da cadeia do registro do som: as primeiras instalações necessitavam de um material muito pesado, transportado em um “caminhão sonoro” [...] a invenção da �ta magnética foi a etapa mais marcante, desse ponto de vista; por um outro lado, o surgimento e aperfeiçoamento das técnicas de pós-sincronização e de mixagem [...] a possibilidade de substituir o som gravado no momento da �lmagem, por um outro som mais “bem adaptado” e acrescentar a esse som outras fontes sonoras como ruídos suplementares e músicas. (AUMONT, 2012, p. 45) Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 27/38 O som analógico e o som digital Conhecidos �lmes, como o memorável Cantando na Chuva (Stanley Donen e Gene Kelly, 1952), tiveram seus temas baseado no surgimento do cinema sonoro. Antes mesmo de o som sincronizado do cinema analógico(base material) fazer sua transição quase por completo para o cinema digital e/ou audiovisual, muito se avançou desde seu princípio. Outras fontes sonoras, nesse processo evolutivo, foram incluídas também na pós-sincronização: trilha sonora, ruídos, música, efeitos especiais, entre outros. Desse modo, a partir do �nal dos anos 1950, a invenção de materiais portáteis e câmeras leves e silenciosas possibilitaram uma evolução ainda mais signi�cativa do som (AUMONT, 2012). Os teóricos de som mais contemporâneos questionam a vinculação do formato do som analógico em oposição ao digital, resumindo a base material do primeiro a uma produção de ruídos associada a um certo purismo no cinema, tendo maior proximidade ao objeto original. Essa associação deve-se à concepção do som digital na sua �ltragem do material sonoro, como contextualiza, a partir do “ruído”, o pesquisador e professor José Cláudio Siqueira Castanheira: O digital, como modelo de privilégio do sinal, esforça-se para excluir o ruído. Os elementos de menor resolução são deixados de fora, tornando a experiência do som gravado digitalmente carente dos elementos fortuitos e expressivos – o que o sistema analógico aceitaria de forma mais complacente. E aqui devemos fazer uma diferenciação entre o ruído gerado no ato de gravação, em que o funcionamento digital sem partes móveis favoreceria um descarte de tudo que não fosse sinal, e o ruído gerado no ato de reprodução, incluindo aí os efeitos provenientes dos circuitos eletrônicos de ampli�cadores, caixas etc. (CASTANHEIRA, 2015, p. 25). Por outro lado, o autor relata que, desde os anos 1990, quando o som digital se consolidava no mercado, o movimento inverso também acontecia. Nesse momento, “as práticas de gravação, mixagem e masterização cada vez mais dependiam de processos digitais” (CASTANHEIRA, 2015, p. 25). Como um momento nostálgico, parte da produção audiovisual e musical associava os ruídos ao que “concedia a autenticidade do som”, restituindo, assim, os ruídos de ordem “analógicos” para o som digital. Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 28/38 O que acontece é que há uma diferenciação entre o ruído do som e o ruído da máquina, esse último associado a uma interferência técnica na experiência fílmica. Castanheira (2015, p. 34) relata que esse é o motivo pelo qual “o avanço tecnológico teve sempre como base discursiva a eliminação do ruído, favorecendo a transparência das tecnologias de gravação. [...] a perfeição técnica não é de forma alguma um privilégio das tecnologias digitais”. Sendo o ruído um elemento sonoro a ser apropriado pelos produtos audiovisuais, uma intervenção técnica a ser “reparada” como falha tecnológica para oferecer melhor experimentação dos conteúdos audíveis, buscamos, a partir desses exemplos, apresentar situações diferenciadas pelas mediações tecnológicas, a �m de entender que os avanços tecnológicos são intrínsecos aos processos da comunicação audiovisual em diferentes épocas, sejam analógicos ou digitais. Seus suportes in�uenciam determinadas características estéticas que serão inclusive incorporadas pelas tecnologias de um momento ao outro. No caso do “ruído” como elemento sonoro comum à materialidade do som no sistema analógico, ele é um recurso a ser absorvido pelo som digital. Com o advento da internet a partir da década de 1990, essa amplitude de ondas sonoras ganhou amplitude imensurável. Essa era digital mudou as formas de interação com os meios e, assim, de espectadores das imagens e sons passamos a ser não só consumidores, mas também produtores e distribuidores de conteúdos audiovisuais na internet, incluindo narrações, entrevistas, narrativas audiovisuais, web rádio, podcasts, entre tantos outros, que vão do armazenamento em nuvem aos streamings. Nos dias atuais, nesta segunda década do século XXI, podemos constatar a amplitude e projeção das ondas sonoras na cultura digital, que perpassa dos suportes físicos às nuvens na internet. A contextualização que apresentamos é uma base para o entendimento da dimensão do som e desa�os tecnológicos desde suas origens, assim como fundamenta seus processos evolutivos que explicam o som na contemporaneidade. Como pesquisadores, devemos nos aprofundar nos temas de nosso maior interesse, seja para �ns de pesquisa e/ou pro�ssional. Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 29/38 A) Os avanços tecnológicos com a digitalização de imagens e sons não possibilitaram novos modos de criação e produção de conteúdos audiovisuais. B) A linguagem audiovisual está em contínuo processo de aperfeiçoamento com as inovações tecnológicas, que possibilitam outras formas de organizar, produzir e consumir conteúdos. Leia o artigo O som no Cinema, de Carlos Klachquin, disponível em: https://abcine.org.br/site/o-som-no-cinema/. ATIVIDADES DE ESTUDO “No decorrer da história do audiovisual, veri�camos que cada avanço técnico corresponde a novas possibilidades que passam a atuar na linguagem do meio audiovisual. São vários os momentos signi�cativos no cinema: passagem do mudo para o sonoro, do preto e branco para a cor, o uso do cinemascope, e mais recentemente o diálogo possível de ser criado entre o cinema, o vídeo, a televisão e a computação [...] O salto temporal e espacial coloca-nos diante da era do computador determinando uma novíssima forma de ‘realismo’. Tanto a imagem como o som podem ser construídos e desconstruídos a partir de modelos elaborados pela própria máquina” (MOURÃO, 2001, p. 41). A pesquisadora Maria Dora Mourão, professora tanto de graduação quanto de pós-graduações no campo de estudos do cinema e audiovisual da Universidade de São Paulo (USP), realiza, no parágrafo acima, uma síntese dos avanços técnicos que aconteceram de maneira gradativa no audiovisual e que vão interferir diretamente nas formas de representação, em imagens e sons, a partir dos meios de comunicação. Nesse sentido, entendemos que: Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 30/38 C) As novas formas de representação audiovisuais não interferem na relação do ser humano com a realidade ao seu redor. D) As imagens e sons digitais limitam o diálogo entre a técnica e o intelecto humano. Responder 4 O AUDIOVISUAL NA CONTEMPORANEIDADE: A INTER- RELAÇÃO CINEMA, TELEVISÃO E INTERNET A cultura e as narrativas audiovisuais são predominantes na sociedade contemporânea deste século XXI. Vivenciamos, no nosso dia a dia, as inovações das tecnologias, que nos chegam cada vez mais rápidas e estão em constantes transformações. Como podemos constatar até aqui, as imagens em movimento e os sons na era digital são híbridos, heterogêneos e não estão mais isolados enquanto dispositivos tecnológicos. Nesta seção, abordaremos a inter- relação cinema, televisão e internet e seus desdobramentos no campo da cultural digital atualmente. Discutiremos esses meios pela via dos seus entrecruzamentos, diferentemente das mídias, no caso do cinema e televisão, em seus papéis passivos e enquanto dispositivos tecnológicos isolados, fatores predominantes em outras épocas, e no entrelaçamento com a internet, que se inicia com o computador e chega aos dispositivos móveis, como os smartphones e iPhones, por exemplo. As mídias digitais se caracterizam, entre outros aspectos, por serem convergentes e circularem por meio de diferentes plataformas. Narrativas múltiplas que circulam e atravessam uma série de produtos responsáveis pela cultura visual contemporânea (MANOVICH, 2005) incluem programas de TV, �lmes, jornais e revistas, sites e blogs, além de fotogra�a, publicidade, moda, design, arte multimídia, entre outros. São modos especí�cos pelos Capítulo 1 31/07/2023,15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 31/38 quais elas renovam as mídias tradicionais e os modos pelos quais as mídias mais antigas renovam a si próprias para responder aos desa�os impostos pelos dispositivos tecnológicos mais recentes (ZANETTI, 2011). A pesquisadora Daniela Zanetti compara o advento das mídias digitais com outros momentos de revoluções tecnológicas que “intensi�caram a reprodutibilidade informacional e artística” e, tendo como referência os estudos do pensador Walter Benjamim (1994), cita como exemplos a fotogra�a e o cinema. Para Zanetti, a revolução tecnológica das mídias digitais “promoveu o surgimento de novos padrões de compreensão dos processos comunicacionais e de novas de formas de sociabilidade” (ZANETTI, 2011, p. 2). “Assim como em outras revoluções tecnológicas que intensi�caram a reprodutibilidade informacional e artística – a exemplo do surgimento da fotogra�a e do cinema, como bem descreveu Walter Benjamin (1994) – o advento das mídias digitais promoveu o surgimento de novos padrões de compreensão dos processos comunicacionais e de novas formas de sociabilidade que, não por acaso, incorporam a noção de ‘cultura’, quase sempre atrelada a conceitos pertencentes à dimensão técnica: ‘cultura digital’, ‘cibercultura’, ‘cultura da mobilidade’ (Santaella, 2003), ‘cultura da interface’ (Johnson, 2001), ‘cultura da convergência’ (Jenkins, 2008), ‘cultura da virtualidade real’ (Castells, 2002). Em comum, essas noções rati�cam a incorporação e o impacto das tecnologias digitais no cotidiano dos indivíduos, pontuando diferentes dimensões de um mesmo fenômeno” (ZANETTI, 2011, p. 61). Considerando outros aspectos que ajudam a con�gurar essa relação entre cultura informacional/comunicacional e tecnologia digital, propomos aqui a noção de “cultura do compartilhamento”, que diz respeito não apenas ao aparato tecnológico que possibilita a sistematização de práticas de produção, distribuição e intercâmbio de conteúdos digitalizados, mas também à incorporação dessas práticas Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 32/38 E o que de�ne a convergência cultural? pelos sujeitos sociais e sua posterior apropriação por parte do mercado. Além disso, não se trata de um fenômeno, mas um modo de sociabilidade resultante da convergência entre vários aspectos do campo da cibercultura. A migração de produtos audiovisuais da TV para o computador, bem como o surgimento de novos formatos especí�cos para a web tem promovido mudanças no modo de circulação e consumo de conteúdo audiovisual. Os gêneros narrativos se misturam, ou seja, transitam entre diferentes dispositivos (televisão, internet, celular) e, assim, também ganham esse caráter híbrido. Vídeos caseiros e amadores, vídeos publicitários, curtas e longas metragens, vinhetas, trailers de �lmes, videoclipes, fragmentos de programas televisivos e programas especí�cos para webTVs estão entre os produtos que compõem a ampla oferta de conteúdo audiovisual na rede e que circulam nos dispositivos �xos, como a televisão e o computador, e os móveis, a exemplo dos celulares. É importante ressaltar, neste estudo, que nossas bases teóricas (epistemológicas) e práticas (empíricas) partem do princípio de que a tecnologia não é determinante nos processos comunicacionais. Entendemos que as tecnologias são parte desse processo de condução. Para melhor compreensão, tomamos como referência o pesquisador e professor de ciências da comunicação estadunidense Henry Jenkins, a partir de seu livro de referência no assunto: Cultura de Convergência. O autor utiliza o termo “convergência” e explica que “é uma palavra que consegue de�nir transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo de quem está falando e do que imaginam estar falando” (JENKINS, 2015, p. 22). Nesse sentido, também considera o papel ativo das mídias atuais e que, em convergência, “toda história importante é contada, toda marca é vendida e todo consumidor é cortejado por múltiplos suportes de mídia” (JENKINS, 2015, p. 22). No próximo capítulo, retomaremos os assuntos “cultura digital” e “convergência das mídias”. Abrangeremos, desse modo, mais aspectos, com maior aprofundamento no tema a partir de suas especi�cidades e análises de estudos de caso diferenciados. Nesse primeiro momento, nosso foco foi os aspectos relacionais e interligados nos processos comunicacionais, com ênfase no audiovisual. FIGURA 16 – CONVERGÊNCIA CULTURAL Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 33/38 Estudo de caso: campanha publicitária #MinhaDorImporta FONTE: <https://bit.ly/3vAVKeB>. Acesso em 5 abr. 2021. Para saber mais, leia o livro A Cultura da Convergência, de Henry Jenkins (2015). Disponível em: https://glo.bo/3joCbl6. Como estudo de caso, apresentaremos o case (termo usado na publicidade) da campanha publicitária “Minha Dor Importa”, para a marca Buscofem, de um dos principais remédios para cólicas. A campanha foi criada pela Agência Capuccino (https://www.cappuccinodigital.com.br/), agência publicitária fundada para funcionar nos moldes da cultura digital e produtora de peças publicitárias audiovisuais que atravessam diferentes mídias e suportes digitais. As produções foram disponibilizadas para acesso ao público na plataforma YouTube e redes sociais como Facebook e Instagram. A campanha #minhadorimporta é um exemplo de um produto tradicional. Nesse caso, trata-se de um remédio para cólicas de uma marca famosa que acompanha os avanços da sua época, desde conteúdos até os meios, para inovar sua imagem perante o seu público- Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 34/38 alvo. A campanha publicitária focou o público feminino, maior consumidor do produto. O seu lançamento foi planejado para acontecer em março, “mês das mulheres”, com o texto de campanha: #MinhaDorImporta! No mês das mulheres, unir música, arte e informação foi nosso jeitinho de colocar em pauta as dores do período menstrual e a empatia que essa causa necessita. Isso é resultado de uma pesquisa que mostrou que as dores menstruais ainda são menosprezadas por muitos. (MINHA, 2019, s.p.) Veja a canção completa aqui: https://www.youtube.com/watch? v=v7Gme0EhEDg. A campanha, criada pela agência de publicidade digital Capuccino, trouxe a inovação do conteúdo criado e dos suportes à linguagem, além da equipe contratada para a sua realização. Essas estratégias garantiram a ela repercussão nos meios de comunicação e premiações signi�cantes para uma agência com pouco tempo de mercado. Parte dos acontecimentos também foi comemorado em rede pela jovem equipe: A Capp brilhou mais uma vez e foi um dos destaques do Prêmio Jatobá 2019, que reconhece trabalhos com grande inovação em comunicação. Além de estarmos presentes no shortlist com as últimas ativações de Sazón Pipoca, o juri elegeu a campanha #MinhaDorImporta para Buscofem como vencedora na categoria Digital/Social Media, além do grande prêmio da noite: case do ano! Por aqui, o ano se encerra com sensação de missão cumprida e gostinho de comemoração! #GoCapp. (AGÊNCIA CAPUCCINO DIGITAL, 2019, s.p.) Contrariando as expectativas ligadas às funções ocupadas por mulheres em cargos estratégicos no âmbito da publicidade, a campanha dirigida por Camila Noronha Cruz investe em uma equipe formada predominantemente por mulheres. No vídeo, mulheres de diversas raças e etnias utilizam frases de cunho misógino, popularizadas na cultura brasileira, para desconstruir o imaginário de um machismo estrutural reverberado pelo senso comum, em grande parte de maneira preconceituosa. Capítulo1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 35/38 Temáticas como beleza, competências artísticas, físicas, gaslighting (expressão para manipulação psicológica) e outras formas de violência são discutidas na campanha, de modo a frustrar as construções em torno da imagem da mulher pela publicidade. O resultado é a desconstrução da representação estereotipada da mulher no audiovisual e a promoção de um olhar crítico sobre tais construções culturais. FIGURA 17 – PEÇAS AUDIOVISUAIS: CAMPANHA #MINHADORIMPORTA FONTE: <https://www.youtube.com/hashtag/minhadorimporta>. Acesso em: 29 mar. 2021. FIGURA 18 – PRÊMIOS DA AGÊNCIA CAPUCCINO #MINHADORIMPORTA Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 36/38 FONTE: <https://bit.ly/2Z9TI9R>. Acesso em: 29 mar. 2021. Para conhecer melhor a proposta de uma agência de publicidade no formato digital, seus clientes e demais estudos de caso (cases), conheça a Agência publicitária Capuccino Digital: https://www.cappuccinodigital.com.br/. ATIVIDADES DE ESTUDO Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 37/38 A) I - III – II. B) II – I – III. C) I – II – III. D) III – I – II. E) II – III – I. Responder No estudo de caso, apresentamos um exemplo da comunicação em audiovisual a partir da campanha publicitária de repercussão nas mídias “Minha Dor Importa”, da agência de publicidade Capuccino, com peças publicitárias cujos conteúdos audiovisuais foram criados a partir das tecnologias digitais. Associe os itens abaixo, que contêm noções e ideias abordadas no discorrer deste capítulo, com trechos extraídos da descrição da campanha apresentada. I- Convergência cultural. II- As formas de representação no audiovisual acompanham as transformações sociais da sua época. III- Papel in�uenciador da comunicação nas vidas das pessoas. ( ) “[...] a agência publicitária fundada para funcionar nos moldes da cultura digital e produtora de peças publicitárias audiovisuais que atravessam diferentes mídias e suportes digitais”. ( ) “A campanha #minhadorimporta é um exemplo de um produto tradicional, nesse caso, um remédio para cólicas de uma marca famosa, que acompanha os avanços da sua época, desde conteúdos aos meios, para inovar sua imagem perante o seu público-alvo”. ( ) “O resultado é a desconstrução da representação estereotipada da mulher no audiovisual, e a promoção de um olhar crítico sobre tais construções culturais”. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: Capítulo 1 31/07/2023, 15:21 Livro Digital - Comunicação em Audiovisual https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/conteudo.html?capitulo=1 38/38 Apresentação Capítulo 2 Conteúdo escrito por: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A incursão memorialística que realizamos neste capítulo buscou embasá-lo historicamente sobre os processos comunicacionais mediados pelas tecnologias até os dias atuais, na contemporaneidade. Demos uma ênfase ao objeto do nosso estudo, a comunicação audiovisual. Um entendimento com criticidade dos modos em que se dão o desenvolvimento da comunicação e as transformações tecnológicas em torno dele possibilita-nos uma apropriação desse conhecimento enquanto discentes, docentes, pesquisadores e pro�ssionais da comunicação, de modo a provocar o entendimento que, na realidade, são as ações humanas e humanizadas que estão à frente dessas tecnologias. Esses processos comunicacionais são atravessados de mundo, por meio dos acontecimentos sociais, econômicos, políticos e culturais em torno dele. O modo que nos apropriamos desses meios também geram seus re�exos e estão re�etidos na força criativa e inventiva no uso das tecnologias da comunicação, no caso desta disciplina, as audiovisuais. O Capítulo 1, que �nalizamos, abrange um conhecimento geral nos processos comunicacionais e cria uma base, em referências no campo da comunicação, para os capítulos que seguirão. No próximo capítulo, nossos estudos se voltam para as mídias digitais com foco audiovisual na contemporaneidade e seus processos de transmidiação. Traçamos um percurso de estudo e pesquisa por narrativas múltiplas, que circulam e atravessam uma série de produtos responsáveis pela cultura audiovisual contemporânea (MANOVICH, 2001), com conteúdos audiovisuais que se entrecruzam desde programas de TV, produções sonoras, webséries, �lmes, publicidade, moda, design, entre outros. Todos os direitos reservados © Yanara Cavalcanti Galvão Capítulo 1 https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/comunicacao_em_audiovisual/index.html
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