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1 Ana Inês Aguiar – MEDICINA, UNIFACS VAGINOSE BACTERIANA A Vaginose Bacteriana é um tipo de Vulvovaginite, sendo está a vaginite infecciosa mais prevalente entre as mulheres. A vaginose bacteriana é a desordem mais frequente no trato genital feminino, entre mulheres em idade reprodutiva (gravidas e não gravidas) e a causa mais prevalente de corrimento vaginal com odor fétido. A vaginose está associada a perda da flora vaginal normal de lactobacilos. Este fato tem motivo ainda desconhecido, porém, acredita-se estra relacionada com o coito (algo indireto), pois este faz com que a vagina realize uma resposta defensiva aumentando a flora polimicrobiana para defendê-la, devido a falta da grande linha defensora de lactobacilos que se perderam. Esta resposta defensiva é a vaginose bacteriana e ela é caracterizada pela falta dos lactobacilos normais vaginais e pelo supercrescimento de inúmeras bactérias, como, a gardnerella vaginalis, bacilos e cocos gram negativos anaeróbicos, Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum, Mobiluneus curtesii e M mulieris, assim como o Streptococcus agalactie. Este “algo indireto” pode ser o coito em si, mas também pode ser uso indiscriminado de antibióticos, introdução vaginal de corpos estranhos, duchas constantes, adereços sexuais, sexo oral homo ou heterossexual, múltiplos parceiros ou trocas constantes de parceiros. Vale ressaltar que a resposta vai ser a proliferação de outras bactérias em detrimento da diminuição dos lactobacilos e que esta resposta não é uma resposta inflamatória, visto que não há presença de inflamação. A flora vaginal normal consiste de bactérias aeróbicas e anaeróbicas, com os lactobacilos predominando em mais de 95% das bactérias presentes. Estes lactobacilos servem como uma grande linha de defesa contra infecções, em parte pela própria manutenção do pH inerente a vagina normal, mantendo a produção de peróxido de hidrogênio (água oxigenada) neste microambiente e também por agregar e aderir bactérias patogênicas e fungos a parede vaginal, produzindo uma vaginite (infecção vaginal, que é diferente de vaginose). Por isso não são quais quer lactobacilos que servem para a defesa vaginal, estes precisam ser produtores de H202. Sendo assim, quando eles somem ou diminuem abruptamente (causa desconhecida) a um aumento das bactérias patogênicas. Como já foi dito com a redução dos lactobacilos há um supercrescimento das inúmeras bactérias, como, a gardnerella vaginalis, bacilos e cocos gram negativos anaeróbicos, Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum, Mobiluneus curtesii e M mulieris, assim como o Streptococcus agalactie. Estas bactérias vão produzir sialidase que pode decompor produtos do muco cervical, levando ao corrimento bolhoso que cobre a vagina. Os lactobacilos também produzem sialidase, contudo em concentrações menores, pois altas concentrações podem acabar comprometendo parte do mecanismo de renovação normal do muco cervical. Este comprometimento acaba facilitando a ascensão de germes na doença inflamatória pélvica (DIP). As bactérias da vaginose bacteriana aumentam na época da menstruação, o que explica maior incidência de DIP pós – menstrual, se houver uma cervicite associadas. 2 Ana Inês Aguiar – MEDICINA, UNIFACS SINAIS E SINTOMAS: Como sintomas (falados pelos pacientes) observa-se queixas de corrimento perolado, fino, abundante e de odor fétido principalmente após o coito e pós menstruação. Apresentando como sinais (observados pelos médicos), paredes vaginais integras, marrons homogenias, banhadas por corrimento perolado bolhoso, alcalino com prurido e irritação (eritema e edema são raros) as custas das aminas voláteis. Alguns outros estudos sugerem que há resposta inflamatória ao redor do orifício do colo, onde citocinas da gardnerella poderiam produzir uma cascata inflamatória com quebra da rolha mucosa, permitindo a colonização do trato genital superior, ajudando a explicar a ocorrência de DIP ou corioamnionite da gravidez. Sem os lactobacilos, o pH de 4-4,5 aumenta e a gardnerella vaginalis produz aminoácidos, os quais são quebrados pelas bactérias anaeróbicas da VB em aminas voláteis, que aumentam o pH e levam ao odor desagradável particularmente após o coito, geralmente queixa principal da paciente. DIAGNOSTICO CLÍNICO: Critérios diagnósticos: Corrimento Vaginal homogêneo (acinzentado). pH da secreção vaginal superior a 4,5. Presença de clue cells (células epiteliais com Gardnerellas aderidas à sua superfície). Positivo no teste de Whiff (esse teste utiliza hidróxido de potássio KOH sobre a secreção vaginal, o resultado da positivo quando a liberação de odor fétido pela presença de aminas nessa secreção (cadaverinas e putrescinas). Coloração de gram (quantifica-se o numero de lactobacilos e bactérias patogênicas, resultando em um score que determina se há infecção) O score mais comumente usados é o sistema de nugent: O critério para ser VB é um escore de 7 ou mais. De 4 a 6 é intermediário e de zero a três é normal. 0 4+ 0 0 1 3+ 1+ 1+ ou 2+ 2 2+ 2+ 3+ ou 4+ 3 1+ 3+ 4 0 4+ TRATAMENTO: O tratamento oral e o tópico têm a mesma eficácia. O tratamento do parceiro não é necessário, uma vez que se trata de um desequilíbrio da flora vaginal normal. ESCORE LACTOBACILOS GARDNERELLA BACTERÓIDES E ETC BACILOS CURUOS 3 Ana Inês Aguiar – MEDICINA, UNIFACS GRAVIDAS: Em grávidas sintomáticas, deve-se fazer teste microbiológico para VB e tratá-las para a resolução dos sintomas. O tratamento oral ou vaginal é aceitável para atingir a cura em mulheres grávidas com VB sintomática, que tenham baixo risco para complicações obstétricas. Grávidas assintomáticas e sem fatores de risco identificados para parto prematuro não precisam fazer exames para VB nem tratamento. Mulheres com alto risco para parto prematuro podem se beneficiar com testes de rotina para VB e tratamento. Se o tratamento para prevenção de complicações na gravidez foi indicado, deve ser com metronidazol 500mg, oral, 2 vezes ao dia, por 7 dias ou clindamicina 300mg, oral, 2 vezes ao dia, por 7 dias. Terapia vaginal não é recomendada para esta indicação. Vale ressaltar que mais de 50% dos casos de VB resolve espontaneamente na gravidez. Pode testar um mês após tratamento para assegurar a cura. A clindamicina parece ter melhor atividade contra Mobiluneus. Vaginalis e M. hominis que o metronidazol, mas o metronidazol não atinge os lactobacilos, que já são raros ou desaparecidos na VB. As taxas de cura são semelhantes com os dois, independente da via de administração. Geralmente os parceiros de pacientes com VB não precisam ser convocados para tratamento, entretanto é possível que a VB se espalhe por via sexual, apesar de muitas controvérsias e não haver evidências suficientes. Por isso, os autores dividem-se e a maioria só opta por convocar o(s) parceiro(s) diante de VB recidivante, após várias falhas terapêuticas. TRATAMENTO ORAL: Metronidazol, 400 mg, 8/8 horas, por 5 a 7 dias. Secnidazol, 2 g, dose única. Tinidazol, 2 g, dose única. Clindamicina, 300 mg, 12/12 horas, por 7 dias. TRATAMENTO TÓPICO: Metronidazol creme, 1 aplicador (5 g) por 5 a 7 noites. Clindamicina creme, 1 aplicador (5 g) por 7 noites. COMPLICAÇÕES: A mulher pode estar mais propensa a contrair outras ISTS- Clamídia e gonorreia. Aumenta o risco de inflamações pélvicas (infecção do útero e trompas) podendo causar problemas de fertilidade no futuro. Gravidas com vaginose bacteriana tem mais probabilidade de conceberem bebes prematuros. 4 Ana Inês Aguiar – MEDICINA, UNIFACS Aumenta a probabilidade de contaminação de HIV / AIDS em casos de exposição ao vírus.
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