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Abdome agudo obstrutivo: Definição - obstrução intestinal é síndrome clínico-cirúrgica em que ocorre um impedimento mecânico e ou funcional, parcial ou completo, da passagem do conteúdo pelo intestino delgado ou grosso de etiologia variável. • Obstrução intestinal - afecção frequente; emergência hospitalar. • Imprescindível para uma prática clínica adequada: saber identificar seus sinais e sintomas, solicitar exames para diagnostico adequado e conhecer diferentes formas de tratamento (conservador ou cirúrgico). Epidemiologia do Abdome Agudo Obstrutivo - cerca de 15% dos quadros de abdome agudo - 300.00 laparotomias no ano. • Idade média dos pacientes: 60 - 65 anos • Mulheres são 60% dos casos • A obstrução do intestino delgado corresponde a 80% dos casos de abdome agudo obstrutivo. • Causa mais comum de obstrução do intestino delgado:adesões após uma cirurgia abdominal, a segunda causa é o encarceramento de uma hérnia inguinal, 5-10% dos pacientes submetidos a cirurgia abdominal podem evoluir com quadro de obstrução intestinal. Na maioria dos casos há um intervalo de meses a anos desde a cirurgia. Eventualmente, a obstrução pode se manifestar dentro das primeiras semanas após a cirurgia. • Abdome agudo obstrutivo com estrangulamento: em até 25% dos pacientes com obstrução intestino delgado. Raro na obstrução do intestino grosso, (exceto com volvo). Classificação - de acordo com seu mecanismo, gravidade, ponto de obstrução, grau e progressão. • MECANISMO: - Mecânica: causada efeito massa processos extrínsecos ou intrínsecos, podendo esses serem ainda de causa maligna ou benigna. Como aderências, hernias, neoplasias e volvo. - Não mecânica:alteração funcional comprometendo dinamica sem ponto especifico de oclusão - íleo paralítico, DHE - hipocalcemia, pancreatite aguda, síndrome de Olgivie. • GRAVIDADE: - Simples: fluxo sanguíneo preservado (obstrução parcial ou total); - Estrangulada: fluxo sanguíneo comprometido > edema, isquemia, necrose e perfuração da alça > peritonite > DB+ • PONTO DE OBSTRUÇÃO: - Proximal: intestino delgado - Distal: intestino grosso • GRAU: - Parcial ou completa. • PROGRESSÃO: - Alça aberta: obstrução somente em ponto distal > ponto proximal pode ser descomprimido por vômitos ou sonda nasogástrica. - Alça fechada:obstrução proximal e distal > maior acúmulo de líquidos e gás > maior risco de isquemia, volvo e perfuração > peritonite (DB+) > sepsis. Fisiopatologia - obstrucao intestinal simples ou por estrangulamento. • Obstrução intestinal simples: bloqueio sem comprometimento vascular, alimentos e líquidos ingeridos, secreções digestivas e gas acumulam acima da obstrução. Intest ino proximal d istende e o dista l sofre colapso.Diminuicao da secreção e absorção mucosa, edema e congestão da parede intestinal, distensão intestinal progressiva > maior peristaltismo e distúrbios secretários > desidratação e progressão > obstrução. • Obstrução intestinal estrangulamento: comprometimento do fluxo sanguíneo. Associação frequente com hernia, vólvulo e intussuscepcao. Pode progredir para infarto e gangrena em tempo tão curto quanto 6h. Obstrução venosa > Oclusão arterial > isquemia parede intestinal > gangrena > perfuração. Pode ocorrer perfuração em segmento isquêmico (tipicamente intestino delgado) ou quando existe grande dilatação (ceco com diâmetro > ou igual a 13cm). Perfuração de tumor ou divertículo pode ocorrer no local da obstrução. Causas - de obstrução intestinal. • Cólon - tumores geralmente do colo esquerdo, diverticulite normalmente no sigmoide, volvo sigmoide ou ceco, impatacao fecal, doenca de Hirschsprung, doenca de Crohn. • Adultos - cancer de duodeno ou cancer da cabeca do pancreas, doencas ulcerosas. (DUODENO) • Recém nascido - atresia, volvo, bandas e pancreas anular. (DUODENO) • Adultos - hernias, aderências, Tumores, corpo estranho, divertículo de Meckel, doenca de Crohn, infestação por ascaris, volvo do intestino medio, intussuscepcao por tumor. (JEJUNO E ÍLEO). • Récem nascido - íleo meconial, volvo de um intestino com má rotação, atresia e intussuscepcao. (JEJUNO E ÍLEO). • Causas de obstrução no intestino delgado - aderências, hernias, neoplasias, miscelânea. • Causas de obstrução no intestino grosso - neoplasias, volvo, divertículo e miscelânea. Diagnóstico - apresentação clinica, exame físico, exames laboratoriais e exames de imagem • APRESENTAÇÃO CLINICA: - Sintomas mais comuns - dor em cólica, nauseas, vômitos, distensão abdominal, ausência de evacuações. Diarreia paradoxal - pelo aumento da peristalse especialmente em suboclusoes. Sintomas variam de acordo com ponto de obstrução. - Obstrução proximal: sintomas precoces, cólicas abdominais (ao redor do umbigo ou epigástrico), nauseas e vômitos precoces e intensos, mais pronunciados que distensão abdominal. Obstipação - obstrucao completa. Diarreia paradoxal - obstrucao parcial. Sem estrangulamento > abdome pouco doloroso. Com estrangulamento > dor intensa e continua, abdome silencioso, irritação peritoneal, choque. Peristaltismo hiperativo com grandes oscilações e cólicas. Algumas vezes, alças intestinais muito dilatadas são palpáveis. - Obstrução distal: sintomas mais gradualmente, nauseas menos intensas que dor. A dor tende a ser em cólica, progressiva e mais intensa tardiamente. Obstrução em alca fechada > dor aumenta até ocorrer perfuração intestinal > alívio momentâneo da dor > sinais de peritonite. Obstruções distais - ampola retal vazia, sintomas sistêmicos mais discretos, tumoração palpável - neoplasias em sigmoide. • EXAME FÍSICO: - Inspeção = cicatrizes, posicao antalgica, distensão, protuberâncias. - Ausculta = ruidos hidroaereos aumentados (metálicos). - Percussão = macicez ou timpanismo, dor. - Palpacao = superficial ou profunda (DB+). - Dor a palpacao - irritação peritoneal > DB+. - Febre, hipotensao, taquicardia e mucosas descoradas > quadros mais avançados. - Abdômen frequentemente distendido e timpanico a percussão. - Movimentos peristáltico podem estar visíveis. - RHA aumentados - quadros iniciais - sinal semiotico do tilintar de moedas. - RHA abolidos - quadros mais tardios. - Marcadores de desidratação: taquicardia, hipotensao, diminuicao da perfusão periférica. - Atentar para sinais que pontem etiologia do quadro de incisões abdominais (aderências), hernias e massas endurecidas (neoplasias). • EXAMES LABORATORIAIS: - Não existem exames específicos. Marcadores de infecção como peritonite Leucocitose, elevação PCR, plaquetopenia. Marcadores de desidratação - distúrbios de hidroeletroliticos e distúrbios de metabólicos (acidose metabólica). • EXAMES DE IMAGEM: - Radiografia de abdome: em série. Decúbito dorsal horizontal e em pé ou lateral. Em pé ou decúbito lateral tem maior probabilidade de mostrar liquido livre no abdômen ou niveis hidroaereos. Acurácia em 60%. Pode confirmar diagnóstico, local de obstrução e por vezes etiologia da obstrução. Como dilatação ocorre, em geral, proximal a obstrução. - Sinais radiográficos: Perfuração: presença de ar livre no abdomen. Obstrução proximal: Dilatação (>3cm) de múltiplas alças, ausência de gás no reto, níveis hidroaéreos em diferentes alturas de uma mesma alça, sinal empilhamento de moedas, gás livre no abdômen, sinal do colar de pérolas (pequenas bolhas de gás), distencao gástrica. Obstrução distal: Dilatação do cólon, austrações do reto, dilatação a montante do cólon. *Pode haver dilatação de intestino delgado caso a válvula ileocecal seja incompetente (transmite a dilatação). - Ultrassom: opções casos instabilidade hemodinâmica, sem radiação sendo interessante em pacientes obstétricos e pediátricos, acurácia diminuída pela presença de gases. - TC: contraste oral geralmente não necessário. Alta sensibilidade. Perspectiva global de intestinos, vasos, omento e peritônio. Além presença ou nao de obstrucao = topografia, gravidade e possível etiologia,exame mais recomendado pela elucidação diagnostica da causa obstrutiva. Seus achados são = presença de ar livre na cavidade abdominal pneumático, espessamento mucoso, sinais de necrose e isquemia, presença de massas e estreitamento. Método diagnóstico eficaz e cada vez mais utilizado, método eficaz para descartar perfuração de alca, que pode passar despercebida ao RX mesmo com contraste, conseguindo detectar perfuração precocemente. • DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: - Causas são obstrutivas: desordenas motilidade, íleo paralítico. Distúrbios metabólicos ou hidroeletroliticos. - Doencas infecciosas ou inflamatórias: pancreatite ou doenca de Chagas. Tratamento - conservador, cirúrgico (aberta ou vídeo laparoscópica) , endoscópico, colonoscópico e enema opaco. • Conservador: baseado- na remoção como fator causal da obstrucao e manejo das consequências sistêmicas. Grande parte das obstruções podem ser abordadas de forma conservadora, principalmente as próximas. Em pacientes clinicamente estáveis - monitorizacao e exame clínico periódico; ressuscitação volemica, correção de distúrbios hidroeletroliticos, controle da diurese, descompressão por sonda nasogástrica e ou retal, antibióticos gram negativos e anaeróbios em suspeita de isquemia, analgesia, inibidores da bomba de prótons ev - obstrução próximas > reduzir secreções e processo inflamatório, NPT, Octreotide, analgésico, antiespasmódicos e anticolinergicos > reduzir sintomas gastrointestinais e produção de secreções. • Cirúrgico: tratamento definitivo na maioria dos casos, indicado basicamente em casos de complicações como isquemia, necrose, perfuração ou peritonite. Quando o tratamento conservador nao foi resolutivo em mais de 48h. O procedimento depende do local da obstrucao. Viabilidade das alças envolvidas devem ser avaliadas com critérios de cor, peristalse, pulsação. • Endoscópico: menos invasivos, pode ser utilizado diagnóstico através da coleta de amostra tecidual, descompressão mecânica, dilatação do fator obstrutivo através da colocação de stents. Pontos chaves - As causas mais comuns de obstrução são aderências, hérnias e tumores. • Obstrução do intestino delgado, na ausência de cirurgia previa ou hérnias, frequentemente é causada por um tumor. • Vômitos e líquidos do terceiro espaço causam depleção de volume > taquicardia, hipotensão e desidratação. • A obstrução prolongada pode causar isquemia, infarto e perfuração intestinal. • Sempre passar sonda nasogástrica - sobretudo em pacientes com obstruções recorrentes e fazer expansão com cristalóides IV antes da cirurgia. • Iniciará antibióticos IV se houver sinais de isquemia mesenterica e ou instabilidade hemodinâmica.
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