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1 Hab. clínicas丨Mariana Oliveira丨P5 aul� 5 - ha�. clínica� Abdome agudo obstrutivo, hemorrágico, vascular e perfurativo Abdome agudo obstrutivo Definição - parada de progressão do trânsito intestinal. Situação de emergência (necessita de rápido diagnóstico e intervenção) Epidemiologia •Representa 5% das causas de abdome agudo no departamento de emergência (2 causa mais comum) •Possui alta morbimortalidade •80% das causas envolve o intestino delgado - Bridas (aderências) são a causa mais comum (pacientes com história de cirurgia prévia) •Câncer de cólon é a principal causa de obstrução do intestino grosso Idade Complicações + comuns Neonatos Atresias, volvos, íleo meconial, imperfuração anal Lactentes Invaginação intestinal, hérnias complicadas, obstruções por complicação dos divertículos de Meckel Adulto jovem e na meia-idade Aderências, hérnias,, doença de Crohn Idosos Neoplasias, aderências, hérnias, diverticulite, fecaloma Etiologia Pode ser causado pela presença de um obstáculo mecânico ou de uma alteração da motilidade intestinal que impede a progressão normal do bolo fecal. 1. Obstrução intrínseca: tumor, corpo estranho, calculo biliar, bezoar, bolo de áscaris, estenose inflamatória (doença de Crohn) 2. Doenças extrínsecas: aderências (bridas); hérnias de parede, volvo, hérnia interna, compressão, intussuscepção (invaginação da alça) 3. Alterações da motilidade do intestino delgado: íleo paralítico, íleo espástico, oclusão vascular. 2 Hab. clínicas丨Mariana Oliveira丨P5 Fis���a��l��i� Obstrução intestinal mecânica simples Alterações fisiológicas devido a obstrução mecânica ✓Acúmulo de líquido e gás acima do ponto de obstrução ✓Alteração da motilidade intestinal O fator tóxico da obstrução intestinal mecânica é a perda de líquidos e eletrólitos por vômito e seqüestro na alça intestinal obstruída. O acúmulo de líquidos ocorre de forma progressiva Após 48 horas de obstrução intestinal, o movimento de líquido é predominantemente do sangue para a luz intestinal, aumentando muito a quantidade de líquido no intestino obstruído. - O principal mecanismo de acúmulo de líquido na alça intestinal obstruída é o aumento de secreção Obstrução intestinal → Congestão venosa → Distensão abdominal → Produção de prostaglandinas → Aumento da secreção intestinal Segmento proximal à obstrução = fica repleto de líquido e eletrólito → provoca mais mais distensão ocasionando um comprometimento da circulação *Esse processo pode comprometer todo o intestino proximal à obstrução. Também pode haver a perda de líquido e eletrólitos pela parede intestinal do segmento obstruído. A parede pode ficar bastante edemaciada a ponto de perder líquido através da serosa para a cavidade peritoneal. *A quantidade de líquido e eletrólitos perdidos na parede intestinal e na cavidade peritoneal depende da extensão, da congestão venosa e edema e do tempo de obstrução. A perda mais significativa de líquidos e eletrólitos é através do vômito. A soma de todas essas perdas depleta o fluido do espaço extracelular, produzindo hemoconcentração, hipovolemia, insuficiência renal, choque e morte. Acúmulo de gás = distensão abdominal O gás responsável pela distensão intestinal nos estágios iniciais da obstrução é composto majoritariamente pelo ar ingerido (70%), tendo o nitrogênio como principal componente cuja absorção é pequena → Com o tempo há aumento dos gases provenientes da fermentação pelas bactérias intestinais (hidrogênio, metano, amônia) o que aumenta sobremaneira a distensão além de reduzir a pressão parcial de nitrogênio favorecendo o deslocamento de fluidos isotônicos do compartimento celular para o lúmen intestinal. Inicialmente pode haver aumento significativo da peristalse a fim de vencer o fator obstrutivo. Após algum tempo, o peristaltismo contínuo é substituído por períodos intermitentes de peristaltismo aumentado, intercalados com períodos de acalmia. Os períodos de acalmia variam de acordo com o nível de obstrução: ✓Obstrução alta - 3-4 min ✓Obstrução baixa - 10-15 min *Posteriormente pode haver evolução devido a fadiga da musculatura lisa e consequente parada dos movimentos intestinais. Devido à estase do intestino delgado há supercrescimento bacteriano cuja fermentação resulta no odor fétido do conteúdo intestinal presente nos vômitos, evento frequente nessa condição. - Vômitos fecalóides Obstrução com estrangulamento Ocorre quando há uma obstrução intestinal associada ao comprometimento da irrigação sanguínea. A interrupção de vasos 3 Hab. clínicas丨Mariana Oliveira丨P5 mesentéricos (responsáveis pela irrigação intestinal) pode resultar em isquemia e necrose. O segmento intestinal necrosado libera substâncias tóxicas na cavidade peritoneal e na luz intestinal. Essa situação ocorre com mais frequência em casos de obstruções por aderências (bridas), hérnias e volvos. Obstrução em alça fechada Ocorre em casos em que há uma obstrução simultânea nas extremidades distal e proximal. - Há 2 pontos de obstrução Localizada entre a válvula ileocecal (a válvula funciona como um ponto de obstrução) e o ponto de obstrução. Se a válvula (VIC) estiver competente isso levará à dilatação progressiva do cólon com posterior comprometimento vascular, podendo gerar necrose e perfuração do segmento acometido. O ceco é o local mais vulnerável à perfuração devido à sua parede mais delgada que a do cólon esquerdo. - Observar tamanho do ceco pelo RX (se >10 cm pode indicar iminência de ruptura) Íleo paralítico Etiologia - após cirurgias abdominais, em casos de inflamações peritoneais (apendicite, pancreatite aguda), hematoma retroperitoneal, cólica nefrítica, fratura de coluna, costelas e toxemia grave, alguns medicamentos. Acredita-se que há um comprometimento da resposta neuro-humoral relacionada ao intestino. *Drogas como a morfina, a propantelina, os antiácidos, os anticoagulantes, as fenotiazinas e os agentes bloqueadores ganglionares também podem provocar íleo adinâmico. Obstrução do intestino delgado Distúrbios hidroeletrolíticos - obstruções nesse segmento interferem na funcionalidade (secreção e absorção), podendo resultar em uma séria depleção hidroeletrolítica - Os vômitos frequentes exacerbam esse distúrbio Distensão abdominal - o segmento distal à obstrução apresentará distensão devido ao acúmulo de gases provenientes do ar ingerido e da fermentação bacteriana. *A distensão da alça intestinal devido ao acúmulo de gases provoca um aumento da pressão luminal comprometendo a drenagem venosa com aumento do influxo de água e eletrólitos para o lúmen. Oligúria - a perda de sódio e água para o lúmen intestinal ocasiona depleção do volume intravascular ocasionando na ativação de mecanismos mantenedores da volemia → redução da excreção urinária de sal e água resultando em oligúria e deslocamento de água do espaço extracelular para o intravascular. Ausência de ruídos hidroaéreos (RHA) - inicialmente há um aumento significativo na peristalse seguido de fadiga da musculatura intestinal lisa e paralisia dos movimentos intestinais. Obstrução do intestino grosso A competência da válvula ileocecal (VIC) determina o comportamento da obstrução no intestino grosso. - Em cerca de 20 a 30% dos pacientes, a VIC torna-se incompetente, reduzindo a pressão no lúmen do cólon com refluxo do conteúdo para o íleo. Em casos em que a VIC permaneça competente pode haver uma obstrução em alça fechada, levando à dilatação progressiva do cólon com posterior comprometimento vascular. 4 Hab. clínicas丨Mariana Oliveira丨P5 - Esse comprometimento pode gerar necrose e perfuração do segmento acometido. Volvo intestinal - o segmento intestinal rotaciona sobre o mesentério, podendo levar a sofrimento vascular. *Pode ser primário por má formação congênita ou secundário por rotação através de um orifício ou de uma aderência. Sofrimento vascular - Caso haja estrangulamento de alça intestinal por aderência ou por angulação pode haver comprometimento vascular grave secundário ao aumento da pressão na paredeintestinal resultando em redução da drenagem venosa e necrose por ausência do suprimento arterial. Translocação bacteriana - a translocação bacteriana através da parede intestinal danificada pode gerar peritonite localizada ou difusa. Cla���fic�ção t����ráfica Obstrução alta •Acima da válvula ileocecal (VIC) - É uma área que possui uma maior quantidade de líquidos advindos do estômago + bile/ suco pancreático • ↑ vômito (volumosos) ↑ DHE (distúrbio hidroeletrolítico) ↓ Distensão abdominal Obstrução baixa •Abaixo da válvula ileocecal (VIC) •Vômitos fecalóides e distensão abdominal *VIC = Válvula unidirecional, impede que haja o refluxo do conteúdo do intestino grosso para o intestino delgado. Man����tações ��íni��� O quadro clínico varia de acordo com o local, tempo de obstrução, presença de complicações (sofrimento vascular, perfuração) e grau de contaminação do paciente. •Dor abdominal de início súbito em cólica e difusa •Náuseas + vômitos •Parada de eliminação de fezes e gases •Distensão abdominal Obstrução intestinal alta (intestino delgado) •A parada de fezes e gases ocorre tardiamente (constipação tardia) •Dor abdominal central em cólica •Vômitos precoces e biliosos - O paciente pode apresentar alcalose metabólica devido a perda de ácido gástrico •RHA aumentados no início (peristalse de luta) e pode desaparecer tardiamente (fadiga da musculatura lisa) 5 Hab. clínicas丨Mariana Oliveira丨P5 *Dor constante, de início súbito e com aumento da intensidade pode sugerir comprometimento vascular Íleo paralítico é uma condição indolor. Obstrução intestinal baixa (transição ileocecal e intestino grosso) •A parada de eliminação de fezes e gases é precoce (absoluta) •Distensão abdominal importante - Simétrica: VIC incompetente (distensão universal) - Assimétrica: VIC competente (apenas o cólon fica distendido •Dor abdominal em abdome inferior ou flancos •Vômitos tardios (fecalóides) •Diarréia paradoxal - ocorre em obstrução parcial, com a peristalse aumentada pode ocorrer a diarréia *Paciente pode apresentar acidose metabólica devido a perda de líquido para a luz intestinal, bicarbonato Abdome obstrutivo simples/ não complicado - não há sinais de comprometimento vascular - Estado geral preservado, cólicas Abdome agudo obstrutivo complicado - se houver isquemia e/ou perfuração de víscera intraperitoneal (sofrimento de alça) - Dor mais contínua, intensa, alteração do estado geral, febre, peritonite, leucocitose, defesa abdominal (descompressão brusca +), taquicardia, sangue no toque retal Obstrução completa - alça totalmente obstruída Obstrução parcial (suboclusão) - alça semi-ocluída (ainda há passagem de flatos e fezes) Classifi cação Mecânica Funcional Alta Baixa Não complicada Complicada Completa Parcial Aguda Crônica Exa�� �ísi�� Exame físico geral •Alteração do estado geral •Dor em cólica com período de melhora •Desidratação ou choque hipovolêmico (vômitos e ao seqüestro de líquidos nas alças intestinais) - Os vômitos podem acarretar, além da perda líquida, perda hidroeletrolítica •Geralmente, o quadro não é acompanhado de febre; ela aparece quando temos uma complicação do quadro (peritonite bacteriana); •Hipotensão arterial pode estar presente em quadros prolongados •Parada da eliminação de gases e fezes Exame físico abdominal •Distensão abdominal (simétrica ou assimétrica) •Discreto desconforto à palpação, não caracterizando sinais de irritação peritoneal, a não ser quando há complicação do quadro; •Ruídos hidroaéreos aumentados em número e com alteração do timbre (timbre metálico); com o evoluir do processo e, portanto, com a isquemia da alça intestinal envolvida, os ruídos tendem a diminuir e, até, se tornar ausentes. •A presença de massas abdominais sugere processo inflamatório ou neoplásico. •A presença de sensibilidade/reatividade à palpação abdominal pode sugerir peritonite secundária ao estrangulamento de alças. •Percussão: som timpânico (acúmulo de gases *Toque retal - identificar possível tumor que seja a causa da obstrução, sangue, presença de fezes na ampola Obstrução funcional Sintomas mais leves, brandos, sem repercussão sistêmica. 6 Hab. clínicas丨Mariana Oliveira丨P5 Di�g�ós�i�� Clínico *O diagnóstico é feito essencialmente com os dados da anamnese e do exame físico. Geralmente auxiliado pelos métodos de imagem. Laboratorial *Irão auxiliar na determinação da gravidade do quadro clínico Imagem Quatro perguntas que precisam ser respondidas em pacientes com suspeita de abdome agudo obstrutivo são: 1. Existe obstrução? 2. Qual o seu nível de obstrução? 3. Qual é a causa da obstrução? 4. Existem sinais de estrangulamento ou isquemia? Radiografia •Principal ferramenta para o diagnóstico de AAO •Primeiro método a ser utilizado Abdominal - Decúbito dorsal - Ortostase Tórax - PA Alterações no intestino delgado •Distensão das alças •Edema de alça •Níveis hidroaéreos escalonados (ortostase) •Empilhamento de moeda (decúbito) •Alça em luta •Velamento da pelve •Fecaloma •Pneumoperitônio Aspectos radiológicos Empilhamento de moedas - edema de alças e níveis hidroaéreos escalonados (intest. delgado) - Paredes intestinais mais edemaciadas, com maior diâmetro (acúmulo de líquidos e gases) Empilhamento de moedas Níveis hidroaéreos escalonados Alterações no intestino grosso Padrão de “moldura” - Dilatação colônica resulta num delineamento da parede abdominal marginalmente. 7 Hab. clínicas丨Mariana Oliveira丨P5 Sinal de Frimann-Dahl/ Grão de café - Volvo Exames contrastados •Trânsito intestinal •Enema opaco •Enema baritado - Padrão mordida de maçã = neoplasia *Auxiliam no diagnóstico e manejo, principalmente em obstruções parciais do intestino delgado. *Caso haja potencial risco de perfuração evitar o uso de contrastes de bário, pois se houver extravasamento eles podem causar peritonite grave. Utilizar contrastes hidrossolúveis. Tra����n�o Conduta conservadora •Bolo de áscaris •Invaginação intestinal •Volvo de sigmóide - pode-se fazer a descompressão por rectosigmoidoscopia rígida (Manobra de Bruusgaard) ou colonoscopia •Fecaloma •Aderências Se a obstrução intestinal foi causada por uma brida deve-se avaliar o quadro com cautela (observar complicações) e tentar, se possível, tratar o paciente clinicamente. Isso deve ser feito porque as bridas são em sua maioria causadas por cirurgias prévias, então se você tratar o paciente com outra cirurgia, pode ser que depois de um tempo o paciente volte a apresentar uma obstrução intestinal pela mesma causa. Manobra de Bruusgaard Retossigmoidoscopia rígida - avaliar as condições da mucosa e da luz intestinal *Paciente sem peritonite •Descompressão por retossigmoidoscopia (após inserir o aparelho pedir para o paciente mudar de decúbito. Com a mudança de posição, o volvo vai distorcer) •Deixar uma sonda retal •Grande quantidade de gás e fezes expelida após a descompressão •Melhora imediata Indicação de cirurgia •Sofrimento vascular de alça é necessária cirurgia. •Obstrução em alça fechada •Tumor •Hérnia •Quando houver sinais de irritação peritoneal •Volvo com peritonite Abdome agudo perfurativo Definição - Ocorre devido a perfuração de víscera oca (esôfago até o reto). Epidemiologia •3 síndrome abdominal aguda mais frequente •Taxa de mortalidade varia entre 8-10% 8 Hab. clínicas丨Mariana Oliveira丨P5 Etiologia •Úlcera péptica* (gástrica, duodenal) - Úlcera duodenal é mais comum (14:1) - Úlcera gástrica possui maior mortalidade •Divertículos de cólon •Doença inflamatória intestinal (doença de Cronh) •Corpo estranho (espinha de peixe, osso) •Trauma •Infecção (Salmonella typhi, citomegalovírus, tuberculose intestinal) •Neoplasias •Medicamentos (AINEs) Fis���a��l��i� Com a perfuração de víscera oca, haverá um extravasamento da secreção luminal na cavidade resultando em uma inflamação peritoneal química seguida de invasão bacteriana secundária e progressivo processo infeccioso, com repercussões locais e sistêmicas. Bactérias mais comuns: Pseudomonas aeruginosa, Klebisiella sp, E.coli. Estômago e duodeno Etiologia das perfurações •Úlceras (gástricas e duodenais)* •Ingestão de álcool •AINEs •Corticóides •Neoplasias •Corpos estranhos Fatores de risco •Consumo excessivo de álcool •Uso regular e excessivo de medicamentos •Fumo •Estar tratando uma condição de saúde mais grave •Tratamentos de radioterapia, comuns para a maioria dos tipos de câncer Intestino delgado Perfurações proximais - peritonite química (extravasamento de enzimas ativas provenientes do suco pancreático, gástrico e biliar) Perfurações distais - peritonite bacteriana Etiologias das perfurações •Abdome agudo obstrutivo com necrose intestinal •Infarto intestinal •Infecções do divertículo de Meckel •Doença inflamatória intestinal •Corpo estranho Intestino grosso A perfuração resulta em peritonite bacteriana. *A perfuração no cólon direito é mais grave que a do esquerdo, devido à alta virulência dos germes e pela consistência líquida das fezes. Etiologias das perfurações •Obstrução intestinal em alça fechada •Progressão da diverticulite/ apendicite •Neoplasia •Volvo •Doença inflamatória intestinal •Megacólon tóxico •Isquemia, necrose •Corpo estranho •Síndrome de Ogilvie A Síndrome de Ogilvie, também é conhecida como pseudo‐obstrução intestinal aguda e caracteriza‐se pela dilatação das alças de cólon, podendo se estender até o reto, sem causas mecânicas. 9 Hab. clínicas丨Mariana Oliveira丨P5 Man����tações ��íni��� *As manifestações dependem do tempo, local de perfuração, tipo de secreção extravasada e condições clínicas prévias. •Dor súbita de forte intensidade, com difusão rápida para todo o abdome - Paciente procura o pronto socorro quase que imediatamente •Sinais de sepse, hipotensão ou choque •Desconforto respiratório: acúmulo de gás pode comprometer a musculatura diafragmática •Fezes com sangue •Vômitos e náuseas reflexos *A dor pode ser lombar, nos casos de perfurações retroperitoneais, ou irradiar para os ombros nos casos de perfuração em abdome superior que irritam o diafragma. Exa�� �ísi�� •Sinais de peritonite (descompressão brusca +) •Pode ser focal nos casos de perfuração contida •Abdome em “tábua” (devido contratura involuntária generalizada da parede abdominal por peritonite difusa) •Distensão abdominal •Ausência de macicez hepática: Sinal de Jobert •Ausência de ruídos hidroaéreos •Posição antálgica (imóvel) •RHA reduzidos ou ausentes Di�g�ós�i��s ��i��ógi��� Úlcera péptica perfurada São úlceras que se estendem através da parede muscular serosa, permitindo a comunicação entre a luz da víscera e a cavidade abdominal, com extravasamento de conteúdo. As perfurações geralmente ocorrem por desequilíbrio entre secreção de ácidos e a barreira mucosa gástrica. *O conteúdo gástrico e duodenal na cavidade peritoneal resulta em peritonite química. Tríade clínica Divertículos A perfuração espontânea de um divertículo em peritônio livre com consequente peritonite é rara, porém grave, podendo levar a óbito por sepse e falência de múltiplos órgãos. Fatores de risco para perfuração •Modificações da dieta •Fatores predisponentes •Comprometimento da perfusão sanguínea dos divertículos - necrose - perfuração A pressão colônica força fezes e bactérias através da perfuração para dentro da cavidade abdominal, levando à peritonite generalizada e sepse. *Pode evoluir com formação de abscesso, fístula, perfuração com peritonite e estenose com obstrução do cólon. 10 Hab. clínicas丨Mariana Oliveira丨P5 Corpos estranhos A ingestão de corpo estranho por via oral ou retal é potencialmente capaz de causar um quadro de abdome agudo perfurativo. O esôfago costuma ser o local mais acometido por sua anatomia e localização, mas só a partir da cárdia, a perfuração começa a manifestar sintomas abdominais. *Outros locais acometidos são locais de estreitamento, como piloro, angulações duodenais e flexura duodenojejunal. Di�g�ós�i�� História clínica + exame físico + exames de imagem *Exames laboratoriais são inespecíficos, auxilia apenas no processo de detecção da presença de processos inflamatórios e infecciosos prévios. Radiografia •Exame inicial de escolha •O quadrante superior direito é onde mais frequentemente vemos ar livre – deve ser avaliado cuidadosamente Presença de pequena quantidade de gás livre em região subdiafragmática direita A característica principal é a presença de ar e/ou líquido na cavidade peritoneal, retroperitônio ou na parede dos órgãos. Em 75-80% dos casos há pneumoperitônio Incidências •AP (ortostase) + decúbito lateral esquerdo - Ortostase: ar entre o diafragma e o fígado ou estômago - Decúbito lateral: ar entre o fígado e a parede abdominal lateral •Decúbito dorsal - possui sensibilidade inferior, mas pode ser a única incidência possível Sinal de Rigler - delineamento da parede gástrica ou intestinal pela presença de gás na luz e na cavidade peritoneal Sinal do ligamento falciforme - o gás tende a delinear estruturas que normalmente não são vistas (ligamento falciforme, ligamentos umbilicais). Assim, o ligamento se torna radiopaco. 11 Hab. clínicas丨Mariana Oliveira丨P5 Raio-X de abdome com imagem linear radiopaca (setas brancas), delineado por ar livre na cavidade abdominal, caracterizando o sinal do ligamento falciforme. Sinal do úraco - o úraco torna-se radiopaco Sinal do “V” invertido - os ligamentos umbilicais laterais são visualizados. Raio-X de abdome mostrando grande quantidade de pneumoperitônio delineando os ligamentos umbilicais laterais em região pélvica, chamado de sinal do V invertido (setas vermelhas). Tomografia computadorizada A tomografia computadorizada é um método excelente, com sensibilidade e especificidade elevada. Características: •Sensibilidade superior à radiografia simples •Localização precisa e distribuição do gás – utiliza-se a “janela pulmonar” - Ar preto •Visualização de abcessos, sinais sugestivos de obstrução ou de isquemia TC apresentando grande quantidade de ar livre na cavidade (ponta de seta), anteriormente ao estômago e ar livre em topografia da bolsa omental (seta branca), sugerindo perfuração estomacal. Tra����n�o •Medidas de suporte (monitorização) •Manejo inicial em casos de choque •Antibioticoterapia de amplo espectro Tratamento cirúrgico - suturar a perfuração Abdome agudo hemorrágico Definição - sangue livre na cavidade abdominal. Epidemiologia •Incomum (2% dos casos de abdome agudo) •Mais prevalente em indivíduos entre 50 e 60 anos de idade •Mais prevalente no sexo masculino (2:1) Idade Complicações mais comuns Jovens Ruptura de aneurismas de artérias viscerais Idosos Ruptura de tumores e aneurismas de aorta abdominal Mulheres Origem ginecológica e obstétrica Etiologia •Trauma abdominal 12 Hab. clínicas丨Mariana Oliveira丨P5 •Ruptura de aneurisma da aorta e artérias viscerais •Neoplasias malígnas •Processos inflamatórios erosivos Ruptura de aneurisma de aorta abdominal Definição - Aneurismas são dilatações do segmento do vasos. *O aneurisma da artéria abdominal (AAA) está presente em 5-7% dos indivíduos acima de 50 anos (com predominância no sexo masculino). Fatores de risco •Idade > 65 anos •Hipertensão arterial •Tabagismo •Colesterol alto •Obesidade •DPOC •Aterosclerose •Síndrome de Marfan •Antecedentes familiares Manifestações clínicas *A maioria dos pacientes com AAA são assintomáticos •Manifestações iniciais: referida como desconforto ou dor abdominal mal caracterizada (pode apresentar dor na região dorsal) •Após rompimento do aneurisma: hipotensão arterial Exame físico •Palpação de massa pulsátil •Distensão abdominal •Dor à palpação •Náuseas e vômitos Diagnóstico - USG (doppler) ou TC evidenciando a presença do aneurisma e de líquido livre na cavidade peritoneal. Tratamento inicial - estabilização hemodinâmica. Ruptura de aneurisma das artérias viscerais abdominais Ane����ma �� ��téri� ���lêni�� •Mais comum no sexo feminino •Aneurisma mais comum dos vasos viscerais (60%) •Fatores de risco: hipertensão portal, fibrodisplasia e gravidez •Clínica: choque hipovolêmico•Tratamento: reposição agressiva da volemia Ane����ma �� ��téri� ���áti�� •Predominante em homens acima de 60 anos •Segundo aneurisma de artéria visceral mais comum •Etiologia: arteriosclerose, degeneração da camada média do vaso, traumatismo •Habitualmente é assintomático •Rompimento: dor no quadrante superior direito ou no epigástrio - Pode ocorrer hematêmese ou melena •Tratamento: ressecção do aneurisma Ane����ma �� ��téri� ���en�éri�� ��pe���� •Ocorre com mais frequência em indivíduos abaixo de 50 anos e distribui-se igualmente entre homens e mulheres •Fatores de risco: endocardite, traumatismo, aterosclerose •Ruptura: dor intensa, difundida para todo o abdome e sinais de choque Ruptura de gravidez ectópica Gravidez ectópica - Toda gravidez com implantação e desenvolvimento fora da cavidade endometrial. Epidemiologia •Ocorre em 1-2% das gestações •10-15% das mortes maternas no 1o trimestre de gestação 13 Hab. clínicas丨Mariana Oliveira丨P5 Fatores de risco •Cirurgias tubárias •Gravidez ectópica prévia •Uso de DIU •Tabagismo •Endometriose •DSTs •Danos na trompa •Doença inflamatória pélvica •Inflamações e cicatrizes na trompa *O lugar mais frequente são as trompas (95%) - Pode ocorrer nos ovários e na cavidade abdominal Manifestações clínicas (GE rota) •Atraso menstrual •Dor abdominal intensa, súbita, inicialmente no baixo ventre e pode se irradiar para o ombro (Sinal de Lafond) •Sangramento vaginal •Instabilidade hemodinâmica •Hipotensão •Taquicardia •Choque hipovolêmico •Oligúria •Palidez Sinal de Lafond: dor referida no ombro por sangue acumulado em região subdiafragmática devido irritação do nervo frênico. Exame físico •Dor a palpação abdominal •Dor aguda ao toque do fundo de saco de •Douglas •Sinal de Cullen *Sinais da gravidez presentes: aumento da sensibilidade mamária, náuseas, polaciúria. Diagnóstico •Teste de gravidez •USG, TC, RM (presença de sangue livre na cavidade) Tratamento •Reposição volêmica •Tratamento do choque hipovolêmico •Abordagem cirúrgica de urgência Abdome agudo vascular/ isquêmico Definição - Dor abdominal decorrente da isquemia mesentérica ou intestinal. Epidemiologia •Alta taxa de mortalidade •Idosos - Aterosclerose •Mulheres - Isquemia mesentérica crônica Classificação Aguda Crônica Colônica (intestino grosso) Mesentérica (intestino delgado) Etiologia As três principais síndromes de isquemia intestinal são: 1. Isquemia colônica (70-75%) 2. Isquemia mesentérica aguda (20-25%) 3. Isquemia mesentérica crônica (5%) Na isquemia mesentérica aguda, temos também as três principais: 1. Oclusão da Artéria Mesentérica Superior (AMS) por êmbolo (50%) ou trombo (15-25%) 14 Hab. clínicas丨Mariana Oliveira丨P5 2. Trombose da Veia Mesentérica Superior (VMS) (5%) 3. Isquemia mesentérica não-oclusiva (20-30%) *As regiões mais propensas à isquemia são as áreas pobres em circulação colateral (pois possuem dificuldades em compensar a perfusão em caso de obstrução na circulação principal), como a flexura esplênica e junção retossigmóide. História clínica •História anterior de arteriopatia crônica •IAM •AVC •Claudicação abdominal (Dor acentuada todas as vezes que o paciente se alimentar (momento que precisa de mais irrigação no intestino) •Arritmias (fibrilação atrial) Fatores de risco •Cirurgia cardiovascular, doença cardíaca (em especial IAM), hemodiálise, trombofilias, DAOP •Medicações vasoconstritoras: constipantes como opióides, imunomoduladores, cocaína. •Malformações arteriovenosas Fis���a��l��i� A lesão intestinal se dá por dois mecanismos: 1.Hipoperfusão com hipóxia: o comprometimento da oferta de oxigênio se dá com uma redução do fluxo intestinal maior que 50%. 2. Reperfusão: devido a ação de espécie reativas do oxigênio. *De uma forma geral, o intestino consegue compensar até 75% de hipoperfusão por até 12h sem dano substancial, pelo aumento da extração de oxigênio e circulação colateral. •Se houver manutenção da hipoperfusão, temos: vasoconstrição e redução do fluxo colateral •Em alguns casos, mesmo após restauração do fluxo a vasoconstrição é mantida. Isquemia colônica O cólon recebe menor suprimento sanguíneo em relação ao resto do TGI, por isso é o segmento mais acometido. Existem 3 mecanismos principais: •Isquemia colônica não oclusiva (95% dos casos) •Oclusão arterial por êmbolos ou trombos – a maioria com isquemia do intestino delgado concomitantemente. •Trombose da veia mesentérica (Raramente envolve o cólon) Isquemia Mesentérica aguda Oclusiva da AMS Por êmbolos: mais comum e costuma ter melhor prognóstico, já que a obstrução é mais distal do que na trombose, com infartos menos extensos, geralmente poupando o delgado. Os êmbolos são provenientes de trombos do átrio esquerdo, ventrículo esquerdo, valvas cardíacas ou aorta proximal, tendo como fator de risco IAM, fibrilação atrial ou estenose mitral. Por trombos: é devido a doença intrínseca da camada íntima dos vasos, sendo a aterosclerose o principal fator. Também pode 15 Hab. clínicas丨Mariana Oliveira丨P5 estar associado a doenças do tecido conectivo, trauma abdominal, sepse ou dissecção de aorta. Pode ser considerada uma isquemia mesentérica crônica que agudizou. Isquemia mesentérica não oclusiva •Também conhecida como vasoconstrição mesentérica •Decorrente de um grave e prolongado vasoespasmo associado ao uso de drogas (digitálicos, cocaína) ou doenças sistêmicas graves, como choque, insuficiência cardíaca grave, sepse, hipóxia grave. •Se baseia na associação de estados de baixo fluxo sanguíneo e uso de drogas vasoconstritoras. •A ICC é a etiologia isolada mais frequente. Trombose da VMS •Principal causa de isquemia de delgado em pacientes jovens com doenças cardiovasculares. •A obstrução aguda do fluxo venoso causa sequestro do fluido intestinal, hipovolemia e hemoconcentração, gerando vasoconstrição arteriolar e redução da perfusão intestinal. Pode ser primária ou secundária se tiver associada a algum dos seguintes fatores (Tríade de Virchow): Estados de hipercoagulabilidade: neoplasias, deficiência de proteína C e S, policitemia vera, deficiência de antitrombina III, uso de anticoncepcionais orais, síndrome antifosfolípide. ✓Estase venosa: hipertensão portal e ICC ✓Lesão venosa direta: pós-operatório de esplenectomia, após trauma abdominal, sepse. Isquemia mesentérica crônica Decorrente de episódios constantes de hipoperfusão, típico de pacientes com oclusões e estenoses de vasos mesentéricos causados por aterosclerose. *Por ser uma doença crônica, o curso insidioso permite a formação de vasos colaterais •Os sintomas ocorrem quando duas ou mais artérias estão comprometidas, apenas 5% decorrem de obstrução completa de uma única artéria. •É caracterizada pela angina mesentérica ou intestinal nas primeiras horas após alimentar-se. Temos duas explicações para isso: 1. Desequilíbrio entre a demanda metabólica e fluxo sanguíneo esplâncnico. 2. Hipoperfusão intestinal devido ao desvio do sangue para o estômago → teoria mais consistente devido a correlação temporal da dor. Man����tações ��íni��� As formas de apresentação e gravidade dependem do leito acometido (arterial ou venoso), grau de obstrução, duração, presença de colaterais e a extensão de vísceras acometidas. Pode variar desde um quadro súbito (infartos) a quadros de angina abdominal crônica. Principal característica: dor abdominal referida é desproporcional ao exame físico (muito intensa e mal localizada). •Início: súbito, indicativo de êmbolos ou trombos em território arterial, ou insidioso nos casos de trombose da VMS. •Intensidade: branda, indicativo de isquemia mesentérica não oclusiva, ou intensa, indicativo de êmbolos ou trombos. •Localização: localizada ou difusa. 16 Hab. clínicas丨Mariana Oliveira丨P5 - Epigástrica ou mesogástrica: território da AMS - Quadrantes inferiores, região retal ou sacral: território da AMI. - Isquemia colônica: geralmente no lado esquerdo •Acidose metabólica Sintomas que podem ocorrer •Vômitos •Náuseas •Diarréia •Constipação Tríade da isquemiamesentérica crônica Diferenciar isquemia aguda mesenterica da isquemia colônica Exame físico •Inicialmente o abdome pode estar normal, com dor leve a moderada. •Peristalse normal ou aumentada inicialmente - a primeira reação à hipóxia é o peristaltismo. •Com a progressão da isquemia, temos: - Distensão abdominal - Timpanismo aumentado - Diminuição dos ruídos hidroaéreos •Fezes sanguinolentas se necrose •Toque retal sanguinolento → Geleia de framboesa (sangue e muco) •Peritonite: Necrose ou perfuração *Sinais de choque e peritonite generalizada são achados tardios e indicam mau prognóstico. Di�g�ós�i�� Exames laboratoriais - inespecíficos •Pode haver: leucocitose em 75% dos casos (+ desvio a esquerda), hemoconcentração, acidose metabólica, elevação do lactato, fosfato e amilase sérica (elevações menos que na pancreatite). •Se houver necrose há elevação de LDH, CPK, Fosfatase Alcalina (fração intestinal). Exames de imagem Pacientes estáveis - Tomografia de abdome com contraste - Identifica aterosclerose e exclui outras causas de dor abdominal aguda. Radiografia •Não é o melhor exame nesses casos •Pode observar algumas linhas de gás em volta do intestino (pneumatose intestinal) - Sinal de isquemia da parede de alça intestinal ▪ Presença de gás/ar no sistema porta ou no fígado - Indicativo de uma infecção GRAVE e já ascendeu (subiu) 17 Hab. clínicas丨Mariana Oliveira丨P5 Trombose da VMS Angiografia - Exame padrão ouro na isquemia mesentérica aguda e crônica. - Pode ser usada de forma terapêutica (abordagem endovascular ou injeção direta de vasodilatador) Tra����n�o Manejo inicial •Monitorização cardíaca •Parâmetros ventilatórios •Correção de distúrbios hidroeletrolíticos •Analgesia •Antibiótico venoso de amplo espectro (protege contra translocação bacteriana) •Anticoagulantes (evita a formação de trombos) *Fazer a suspensão de drogas vasoconstritoras de uso prévio. Tratamento cirúrgico Indicação •Sinais de irritação peritoneal •Sinais de infarto intestinal em imagem •Dúvida diagnóstica Trauma - Observar baço em crianças que sofreram trauma (órgão externo e grande em crianças), pode haver sangramento.
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