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O termo colangite define a infecção bacteriana do trato biliar, quase sempre associada a uma síndrome obstrutiva. Um dia a pedra na vesícula pode migrar para o ducto colédoco e obstruí-lo. Como o fígado não está “doente”, ele continua a produzir bile e, consequentemente, essa bile acumula antes da obstrução. Por ser um grande meio de cultura de bactérias, a bile pode causar uma infecção em um sistema fechado (vias biliares). É sabido hoje que as bactérias podem estar presentes no trato biliar, sem que se desenvolva infecção ou sintomas. Na prática, o termo colangite aguda é aplicado para designar os sinais e sintomas produzidos por uma inflamação biliar, sem se ater muito à presença ou não de alterações patológicas na parede dos ductos biliares ou parênquima hepático – ou seja, trata-se de um diagnóstico essencialmente clínico. COLANGITE = PRESENÇA DE BACTÉRIAS NO TRATO BILIAR + OBSTRUÇÃO BILIAR PARCIAL OU COMPLETA. Uma colangite clínica ocorre quando as bactérias, liberadas do trato biliar, ganham a circulação sistêmica, o que ocorre quando a pressão do trato biliar está alta. É como se a bile (junto com as bactérias) extravasasse dos canalículos biliares, que percorrem os lóbulos, e caísse nos sinusoides hepáticos. A causa mais comum de colangite é a coledocolitíase, que responde por 60% dos casos. Assim, a presença de cálculos biliares (sejam primários ou secundários) muitas vezes é diagnosticada quando da avaliação de um episódio de colangite. Tríade de Charcot = febre com calafrios + dor abdominal + icterícia. Pêntade de Reynold: Tríade de Charcot + hipotensão + depressão do sistema nervoso central (letargia/confusão). A importância da colangite supurativa, ou seja, a importância da pêntade de Reynold vem do fato de que esta síndrome é progressiva e fatal, caso não se realize uma intervenção cirúrgica imediata. A tríade de Charcot, apesar de aguda, NÃO necessita de cirurgia emergencial. Os relatos de “problemas” biliares prévios ou “operações” devem ser melhor investigados, sempre à procura de cálculos primários no ducto comum, lesão cirúrgica, anastomose biliodigestiva. A tríade de Charcot completa, com febre, icterícia e dor abdominal, ocorre em 60% dos pacientes com colangite. O sintoma mais frequente é a febre (90%). A dor abdominal costuma ser apenas moderada e se localiza principalmente no quadrante superior direito. As características-chave no diagnóstico de colangite aguda são a história detalhada, tendo em mente que apenas um ou dois elementos da síndrome de Charcot podem estar presentes e o exame físico, fora a icterícia, pode estar inalterado. É a forma mais grave, rapidamente fatal caso a terapia não seja iniciada de forma emergencial. A presunção é que este tipo de colangite esteja associado a um processo de “sepse contínua”, devido ao fenômeno de “pus sob alta pressão” no trato biliar. Quadro clínico = Pêntade de Reynold. Clinicamente se observa confusão mental, comportamento inadequado, desorientação e coma, não diferindo dos estados mentais associados a qualquer outra patologia grave (como sepse). Buscar achados de natureza infecciosa e inflamatória + obstrução biliar. Leucocitose com desvio + hiperbilirrubinemia + aumento da FA, GGT, AST e ALT. Hemoculturas são positivas frequentemente: E. coli; Klebsiella; Enterococcus faecalis; B. fragilis, são os mais encontrados em ordem de frequência. A condição mais comumente confundida com colangite é a colecistite, já que os sintomas de febre, dor abdominal em Quadrante Superior Direito (QSD) e leucocitose são comuns a ambas. Os únicos achados clínicos que tendem a diferenciar as duas condições são o grau e as características da dor do QSD e a presença de icterícia colestática intensa. A dor é persistente e está presente em quase todos os casos A dor não costuma ser forte e pode estar ausente em até 20% dos casos. Está presente invariavelmente Pode estar ausente em 20% dos casos Bastante frequentes na colecistite (ex.: sinal de Murphy) Ausentes na colangite Icterícia colestática Icterícia colestática intensa Os sintomas de ambas as condições podem ser idênticos, e o abscesso de fígado ainda pode ser uma complicação da própria colangite A diferenciação entre colangite e hepatite se faz prontamente com as provas de função hepática e os marcadores virais Se manifestam por dor e hipersensibilidade no QSD, febre e icterícia, completando também os critérios para a tríade de Charcot A dor e a hipersensibilidade são muito mais proeminentes do que na colangite. Niveis séricos de amilase muito mais altos na pancreatite. Pode se manifestar com febre e aumento das bilirrubinas Pode ser associada à dor abdominal, febre e elevação das bilirrubinas e até de amilase Nesta condição espera- se franca irritação peritoneal, a qual está ausente nas colangites Quando o diagnóstico de colangite aguda é feito, torna-se fundamental a pesquisa de uma anormalidade do trato biliar. A colangiografia é o teste definitivo e necessário para que se possa planejar o tratamento, entretanto, não deve ser feita até que o processo agudo esteja sob controle. A injeção de contraste sob pressão dentro do trato biliar pode exacerbar a colangite e a sepse, a menos que se tenha controlado a infecção com antibioticoterapia. Pacientes com colangite aguda devem ser inicialmente avaliados por ultrassonografia, que deve dar especial atenção à presença de colelitíase, coledocolitíase, dilatação dos ductos biliares e massas na cabeça do pâncreas. Se houver suspeita de massa no fígado, pâncreas ou sistema porta, o exame de escolha é TC. Uma cintigrafia hepática também pode ser útil por detectar cistos, abscessos ou outras lesões intra- hepáticas que podem estar associadas à colangite. ANTIBIOTICOTERAPIA CONTROLAR O PROCESSO SÉPTICO Betalactâmicos + inibidores de betalactamase (ex.: amoxicilina + clavulanato, ampicilina + sulbactam), OU cefalosporina de terceira geração (ex.: ceftriaxone) / quinolona (ex.: ciprofloxacina, levofloxacina) com metronidazol. + DESOBSTRUÇÃO BILIAR CORRIGIR A CONDIÇÃO SUBJACENTE Todos os pacientes com sintomas de colangite aguda ou colangite tóxica devem receber antibioticoterapia. A escolha dos antibióticos deve se basear nos organismos mais comumente isolados das hemoculturas de pacientes com colangite, em especial, E. coli, Klebsiella, Enterococcus e B. fragilis. Em pacientes hospitalizados ou com fatores de risco para infecção por germes multirresistentes, a monoterapia com ticarcilina-clavulanato, piperacilina-tazobactam ou carbapenêmicos como imipeném também são opções. Iniciar o esquema antibioticoterápico empírico e aguardar a evolução. A desobstrução da árvore biliar deve ser retardada até que a infecção biliar tenha sido completamente controlada, o que deve ser observado especialmente pelo estado de apirexia e pelo hemograma. A partir de então, programa-se uma desobstrução eletiva, cirúrgica ou endoscópica. Iniciamos a antibioticoterapia empírica, mas não podemos retardar a desobstrução, que deve ser feita o mais rápido possível. A antibioticoterapia isolada não resolve o problema e o prognóstico depende do alívio imediato da obstrução Papilotomia endoscópica (CPRE), com extração dos cálculos que estão obstruindo os ductos. A drenagem biliar trans-hepática percutânea (CTP) também é uma forma de desobstrução biliar, simples e relativamente segura. A CTP será preferida na suspeita de obstruções mais proximais das vias biliares. (associados a um distúrbio do trato biliar e que não podem ser operados) Antibioticoterapia crônica (ampicilina, cefalosporina ou SMZ-TMP). Entretanto, deve-se ter em mente que a decisão de não corrigir cirurgicamente uma condição benignasubjacente pode resultar no desenvolvimento de cirrose biliar secundária. O prognóstico de uma colangite aguda branda é excelente, e a morbidade se relaciona mais à cirurgia realizada para a condição de base. A colangite tóxica aguda, entretanto, tem um índice de mortalidade muito alto – 100% para os pacientes não tratados com ATB + desobstrução e cerca de 25% para os que tiveram a descompressão biliar aliada ao tratamento antimicrobiano. De todas as complicações possíveis, a mais temida é o abscesso hepático. → Devemos sempre suspeitar de sua presença quando um paciente com colangite não responde ao tratamento. Os abscessos são tratados pela drenagem percutânea e antibioticoterapia, mas, se forem múltiplos, estão relacionados a maiores índices de mortalidade. Escherichia coli pode ser encontrada em até 2/3 dos casos. Enterococcus faecalis, Klebsiella, Proteus vulgaris e organismos anaeróbios são também frequentes. Estafilococos são encontrados em 20-25% dos pacientes, especialmente nos casos de traumatismo, bacteremia ou naqueles em uso de quimioterapia. Geralmente insidioso, com febre intermitente, dor abdominal difusa (às vezes no hipocôndrio direito) e leucocitose com desvio à esquerda, se instalando por mais de duas semanas. Astenia, anorexia e perda de peso também podem ocorrer. Em metade dos casos, nota-se hepatomegalia ao exame clínico Manifestações pulmonares incluem derrame pleural, atelectasia e pneumonia. TC, USG e Raio x (ordem de sensibilidade). Hemocultura: positivas em 50-60% dos casos, sendo metade dos casos de etiologia polimicrobiana. Culta do abcesso positiva em 90% dos pacientes. Elevação da fosfatase alcalina, hiperbilirrubinemia leve, VHS elevado e leucocitose com desvio à esquerda. Nos casos mais insidiosos, pode estar presente uma anemia de doença crônica. Monoterapia com beta -lactâmico + inibidor de betalactamase (ex.: amoxicilina + clavulanato, ampicilina + sulbactam) ou terapia combinada associando cefalosporina de terceira geração (ex.: ceftriaxone) ou quinolona (ex.: ciprofloxacina, levofloxacina) com metronidazol. → 4-6 semanas de uso. Drenagem percutânea guiada por TC ou USG. Se houver obstrução biliar associada, esta deverá ser aliviada (após resolução da infecção, em pacientes estáveis, ou de forma emergencial, no paciente instável). → CPRE Hepatomegalia dolorosa no homem jovem. Idade > 50 Achados pulmonares no exame físico A presença de um abscesso único localizado na área súpero- anterior do lobo direito do fígado é a regra. Abcessos múltiplos Sorologia antiameba positiva. Sorologias para ameba negativas
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