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Andressa – P2 FMO – 2020.2 V I A S B I L I A R E S I n t r o d u ç ã o A bile formada nos lóbulos hepáticos é secretada para dentro de uma complexa rede de canalículos, pequenos dúctulos biliares e ductos biliares maiores que se deslocam juntamente com linfáticos e ramos da veia porta e da artéria hepática nos tratos portais localizados entre os lóbulos hepáticos. Esses ductos biliares interlobulares coalescem para formar ductos biliares septais maiores que se unem para formar os ductos hepáticos direito e esquerdo, os quais se unem para formar o ducto hepático comum. Este último é alcançado pelo ducto cístico da vesícula biliar para formar o ducto colédoco (DC), que penetra no duodeno (o mais das vezes, após unir-se ao ducto pancreático principal) através da ampola de Vater. A bile hepática é um líquido isotônico com uma composição eletrolítica semelhante à do plasma. A composição eletrolítica da bile vesicular difere daquela da bile hepática, pois a maioria dos ânions inorgânicos, cloreto e bicarbonato, já foi removida pela reabsorção através do epitélio da vesícula. Como resultado da reabsorção da água, a concentração total de solutos na bile aumenta de 3-4 g/dL na bile hepática para 10-15 g/dL na bile da vesícula. ♦Os principais solutos da bile consistem em ácidos biliares (80%), lectina e traços de outros fosfolipídios (16%), além de colesterol não esterificado (4%). Outros componentes incluem a bilirrubina conjugada, proteínas (todas as imunoglobulinas, a albumina, os metabólitos de hormônios e outras proteínas metabolizadas no fígado), eletrólitos, muco e, com frequência, medicamentos e seus metabólitos. Antes de sua secreção para dentro da bile, muitas substâncias são captadas e penetram o hepatócito, enquanto outras, como os fosfolipídios, parte dos ácidos biliares primários e do colesterol, são sintetizadas de novo no hepatócito. Três mecanismos são importantes na regulação do fluxo da bile: (1) transporte ativo dos ácidos biliares dos hepatócitos para dentro dos canalículos biliares, (2) transporte ativo de outros ânions orgânicos e (3) secreção colangiocelular. Esta última é um mecanismo mediado pela secretina e depende do AMP cíclico, resultando na secreção de um líquido rico em sódio e bicarbonato que é lançado nos ductos biliares. Os ácidos biliares primários, ácido cólico e ácido quenodesoxicólico (AQDC), são sintetizados a partir do colesterol no fígado, conjugados com glicina ou taurina e secretados para dentro da bile. Os ácidos biliares secundários, como o desoxicolato e litocolato, são formados no colón como metabólitos bacterianos dos ácidos biliares primários. ► O colesterol isoladamente é muito pouco solúvel nos ambientes aquosos, e sua solubilidade na bile depende tanto da concentração lipídica total quanto dos percentuais molares relativos de ácidos biliares e de lectina. ‼ As relações normais desses componentes favorecem a formação de micelas mistas que promovem a solubilização, enquanto as relações anormais promovem a precipitação dos cristais de colesterol na bile por meio de uma fase intermediária de cristais líquidos. → Além de facilitar a excreção biliar do colesterol, os ácidos biliares facilitam a absorção intestinal normal das gorduras dietéticas, principalmente colesterol e vitaminas lipossolúveis CIRCULAÇÃO ÊNTERO-HEPÁTICA: Em condições normais, ocorre uma conservação eficiente de ácidos biliares. Os ácidos biliares não conjugados, e em menor grau os conjugados, são absorvidos por difusão passiva ao longo de todo o trato gastrintestinal. Porém, para a recirculação dos sais biliares, é o mais importante mecanismo de transporte ativo para os ácidos biliares conjugados no íleo distal. Os ácidos biliares reabsorvidos penetram a corrente sanguínea portal e são captados rapidamente pelos hepatócitos, reconjugados, voltando a ser secretados e lançados na bile (circulação êntero-hepática) C á l c u l o s B i l i a r e s ♦Epidemiologia: Os cálculos biliares são bastante prevalentes na maioria dos países ocidentais. ‼ Prevalência global de cálculos biliares de 7,9% nos homens e de 16,6% nas mulheres. Os cálculos biliares são formados devido a uma composição anormal da bile. São divididos em dois tipos principais: os cálculos de colesterol, responsáveis por mais de 80% do total, e cálculos pigmentares, que representam menos de 20%. ► Os cálculos de colesterol contêm habitualmente > 50% de monoidrato de colesterol mais uma mistura de sais de cálcio, pigmentos biliares e proteínas. Andressa – P2 FMO – 2020.2 ► Os cálculos pigmentares são constituídos principalmente por bilirrubinato de cálcio; contêm < 20% de colesterol e são classificados em tipos “pretos” e “marrons”, sendo os últimos formados em virtude de infecção biliar crônica. F a t o r e s d e R i s c o Cálculos de colesterol 1. Fatores demográficos/genéticos: prevalência mais alta em índios norte‐americanos, índios chilenos e chileno‐hispânicos, maior na Europa do Norte e América do Norte que na Ásia, mais baixa no Japão; disposição familiar; aspectos hereditários. 2. Obesidade, síndrome metabólica: reservatório e secreção normais de ácidos biliares, porém secreção biliar aumentada de colesterol 3. Perda de peso: a mobilização do colesterol tecidual resulta em aumento da secreção biliar de colesterol, enquanto a circulação êntero‐hepática dos ácidos biliares é reduzida. Os mecanismos pelos quais uma perda de peso rápida causa a formação de cálculos biliares incluem a secreção hepática aumentada de colesterol biliar durante períodos de restrição calórica, a produção aumentada de mucina pela vesícula biliar e a motilidade alterada da vesícula biliar. Os cálculos biliares podem ser evitados nessa população de alto risco pela adminístração profilática de ácido ursodesoxicólico (AUDC). 4. Hormônios sexuais femininos a. Os estrogênios estimulam os receptores de lipoproteínas hepáticos, aumentam a captação do colesterol dietético, assim como a secreção de colesterol biliar b. Os estrogênios naturais, outros estrogênios, e os contraceptivos orais resultam em diminuição da secreção de sais biliares e conversão reduzida do colesterol em ésteres do colesterol 5. Aumento da idade: secreção biliar aumentada de colesterol, redução do reservatório de ácidos biliares, diminuição da secreção de sais biliares 6. A hipomobilidade vesicular resulta em estase e formação de lama a. Nutrição parenteral prolongada: A nutrição parenteral total (NPT) se associa ao desenvolvimento de colelitíase e de colecistite acalculosa. Já 3 semanas após o início da NPT, a lama biliar se forma frequentemente na vesícula biliar devido ao jejum prolongado. b. Jejum c. Gravidez: é um fator de risco para a ocorrência de lama biliar e de cálculos biliares. Durante a gravidez, a bile se torna mais litogênica em consequência dos níveis aumentados de estrogênio, que acarretam uma secreção aumentada de colesterol e uma bile supersaturada. Além disso, a motilidade da vesícula biliar está reduzida, com consequente aumento no volume da vesícula biliar e estase da bile. Essas alterações promovem a formação de lama e de cálculos d. Medicamentos como octreotida 7. Terapia com clofibrato: secreção biliar aumentada de colesterol 8. Secreção de ácidos biliares diminuída a. Cirrose biliar primária b. Defeito genético do gene CYP7A1 9. Secreção diminuída de fosfolipídios: defeito genético do gene MDR3 10. Diversos a. Dieta com alto conteúdo calórico e rica em gorduras b. Lesão medular Cálculos pigmentares 1. Fatores demográficos/genéticos: Ásia, ambientes rurais 2. Hemólise crônica 3. Cirrose alcoólica 4. Anemia perniciosa 5. Fibrose cística 6. Infecção crônica do trato biliar, infecçõesparasitárias 7. Aumento da idade 8. Doença ileal, ressecção ou bypass ileal P A T O G E N I A ♦ Cálculos de colesterol e lama biliar: O colesterol e os fosfolipídios são secretados e lançados na bile como vesículas unilamelares formando duas camadas, que são transformadas em micelas mistas que consistem em ácidos biliares, fosfolipídios e colesterol pela ação dos ácidos biliares. ‼ Se houver um excesso de colesterol em relação aos fosfolipídios e ácidos biliares, observa-se a persistência de vesículas instáveis ricas em colesterol, que se agregam em grandes vesículas multilamelares a partir das quais ocorre a precipitação dos cristais do colesterol. Existem vários mecanismos importantes na formação da bile litogênica (formadora de cálculos). O mais importante é a secreção biliar aumentada de colesterol. Isso pode ocorrer em associação à obesidade, à síndrome metabólica, a dietas com alto conteúdo calórico e ricas em colesterol ou a medicamentos (p. ex., clofibrato) e pode resultar do aumento de atividade da hidroximetilglutaril-coenzima A (HMG-CoA), a enzima limitadora de velocidade da síntese hepática de colesterol, e da captação hepática aumentada de colesterol a partir do sangue. Andressa – P2 FMO – 2020.2 ‼ Uma alta prevalência de cálculos biliares é observada entre parentes de primeiro grau de portadores de cálculos biliares assim como em certas populações étnicas, tais como índios norte- americanos, índios chilenos e chileno-hispânicos. ► A maioria dos indivíduos com bile supersaturada não desenvolve cálculos, pois o tempo necessário para que os cristais de colesterol possam sofrer nucleação e crescer é maior que o período durante o qual a bile permanece na vesícula biliar. Um mecanismo importante é a nucleação dos cristais de monoidrato de colesterol, muito acelerada na bile litogênica humana. A nucleação acelerada do monoidrato de colesterol na bile pode ser devida a excesso de fatores pronucleação ou à deficiência dos fatores antinucleação. Um terceiro mecanismo importante na formação dos cálculos biliares de colesterol é a hipomotilidade da vesícula biliar. Se a vesícula descarregasse completamente toda a bile supersaturada ou que contém cristais, não poderia haver crescimento de cálculos. Um alto percentual dos pacientes com cálculos biliares exibe anormalidades do esvaziamento da vesícula. → A lama biliar é um material mucoso espesso que, ao exame microscópico, revela cristais líquidos de lectina-colesterol, cristais de monoidrato de colesterol, bilirrubinato de cálcio e géis de mucina. A presença de lama biliar implica duas anormalidades: (1) desarranjo do equilíbrio normal entre a secreção de mucina pela vesícula a biliar e sua eliminação, bem como (2) ocorrência de nucleação dos solutos biliares. ‼ Outras duas condições estão associadas à formação de cálculos de colesterol ou lama biliar: a gravidez e a rápida redução de peso por meio de dieta com teor calórico muito baixo. Parece haver duas mudanças fundamentais durante a gravidez que contribuem para o “estado colelitogênico”: (1) aumento acentuado na saturação de colesterol da bile durante o terceiro trimestre e (2) lenta contração da vesícula em resposta a uma refeição padronizada, resultando em menor esvaziamento da vesícula biliar. →a reversão dessas anormalidades ocorre rapidamente após o parto. ♦ Cálculos pigmentares: Os cálculos pigmentares pretos são constituídos por bilirrubinato de cálcio puro ou por complexos semelhantes a polímeros com cálcio e glicoproteínas de mucina, mais comuns em pacientes vítimas de estados hemolíticos (com maior quantidade de bilirrubina conjugada na bile), cirrose hepática, síndrome de Gilbert ou fibrose cística. Os cálculos pigmentares marrons (castanhos ou ferrosos) são formados por sais bilirrubinato de cálcio não conjugada com quantidades variáveis de colesterol e proteínas, sendo causados pela presença de maiores quantidades de bilirrubina não conjugada insolúvel na bile que sofre precipitação para formar os cálculos. A formação de cálculos pigmentares é particularmente proeminente em asiáticos e está frequentemente associada a infecções na vesícula e na árvore biliar. D i a g n ó s t i c o • A ultrassonografia da vesícula biliar é muito precisa na identificação da colelitíase, tendo substituído o colecistograma oral. Cálculos com apenas 2 mm de diâmetro podem ser identificados de forma confiável, desde que sejam utilizados critérios rígidos [p. ex., “sombreado” acústico de opacidades que estão dentro do lúmen vesicular e que se modificam com a posição do paciente (pela gravidade)]. •Ressonância magnética: Apresenta excelente definição anatômica da árore biliar, sendo capaz de detectar pequenos cálculos. Sua sensibilidade pe de 94% com especificidade de 89% no diagnóstico de coledocolitíase. • Cintilografia biliar é o melhor método para a confirmação do diagnóstico de colecistite aguda. Sensibilidade e especificidade 95%. ► A radiografia simples de abdome pode detectar os cálculos biliares que contêm quantidades suficientes de cálcio a ponto de se tornarem radiopacos (10 a 15% de colesterol e cerca de 50% de cálculos pigmentares). ► O colecistograma oral (CGO) tem sido historicamente um procedimento útil para o diagnóstico de cálculos biliares, mas foi substituído pela ultrassonografia e é considerado como obsoleto. Pode ser usado para determinar a permeabilidade do ducto cístico e a função de esvaziamento da vesícula biliar. Os cálculos biliares produzem habitualmente seus sintomas porque causam inflamação ou obstrução após sua migração para dentro do ducto cístico ou DC. O sintoma mais específico e característico de doença vesicular é a cólica ► 60 – 85% dos portadores de cálculos são ASSINTOMÁTICOS ► 20% se tornarão sintomáticos em 15 anos ► Pode ser desencadeados por alimentos gordurosos ou normais. ► Alguns pacientes se apresentam com sintomas tipo dispepsia (eructações, plenitude, náuses) após a ingesta gordurosa ou mesmo com um “mal-estar” vago e impreciso. ► Bilirrubinas, fosfatase e GGT geralmente não se elevam, exceto em Síndrome de Mirizzi. Andressa – P2 FMO – 2020.2 biliar, uma dor constante e, o mais das vezes, duradoura. A obstrução do ducto cístico ou do DC por um cálculo produz elevação da pressão intraluminal e distensão da víscera que não podem ser aliviadas pelas contrações biliares repetitivas. A dor visceral resultante é caracteristicamente um dolorimento ou intensa e constante plenitude no epigástrio ou quadrante superior direito (QSD) do abdome com frequente irradiação para a área interescapular, a escápula direita ou o ombro. ► A cólica biliar começa bruscamente e pode persistir com alta intensidade por 15 minutos a 5 h, desaparecendo gradual ou rapidamente. Um episódio de dor biliar que persiste por mais de 5 h deve despertar a suspeita de colecistite aguda. Náuseas e vômitos acompanham com frequência os episódios de dor biliar. Um nível elevado de bilirrubina sérica e/ ou de fosfatase alcalina sugere um cálculo coledociano. ‼ Febre ou calafrios (arrepios) com dor biliar implicam habitualmente uma complicação, isto é, colecistite, pancreatite ou colangite. As queixas de plenitude epigástrica indefinida, dispepsia, eructações ou flatulência, especialmente após uma refeição gordurosa, não devem ser confundidas com dor biliar. T r a t a m e n t o ♦ Para cálculos biliares assintomáticos, tratamento de rotina não recomendado → considere a conduta expectante com observação e acompanhamento → a colecistectomia não é indicada para cálculos biliares assintomáticos, exceto para condições específicas , como imunossuprimidos ou aumento do risco de câncer de vesícula biliar ♦ T R A T A M E N T O C I R Ú R G IC O : Nos pacientes assintomáticos com cálculos biliares, o risco de desenvolver sintomas ou complicações que tornem necessária uma cirurgia é bastante pequeno (na variação de 1 a 2% ao ano). ‼ Assim, a recomendação para realizar uma colecistectomia em um paciente com cálculos biliares deveria basear-se provavelmente na avaliação de três fatores: (1) presença de sintomas suficientemente frequentes ou suficientemente intensos a ponto de interferir na rotina geral do paciente; (2) presença de complicação prévia da doença calculosa biliar, isto é, história de colecistite aguda, pancreatite, fístula biliar, etc.; ou (3) presença de condição subjacente que predisponha o paciente a maior risco de complicações devidas aos cálculos biliares (p. ex., vesícula biliar calcificada ou de porcelana e/ou um ataque prévio de colecistite aguda não obstante o atual estado assintomático). ‼ Pacientes com cálculos biliares muito volumosos (> 3 cm de diâmetro) e os com cálculos biliares em vesícula biliar com alguma anomalia congênita também podem ser aventados para ser submetidos a uma colecistectomia profilática. A idade jovem constitui um fator preocupante nos pacientes com cálculos biliares assintomáticos, porém poucos autores recomendam atualmente colecistectomia de rotina em todos os pacientes jovens com cálculos silenciosos. ♦ TERAPIA CLÍNICA – DISSOLUÇÃO DOS CÁLCULOS BILIARES: O ácido ursodesoxicólico (AUDC) reduz a saturação da bile com colesterol e parece produzir também uma fase cristalina líquida lamelar na bile que torna possível a dispersão do colesterol e sua separação dos cálculos por meios físico-químicos. O AUDC pode retardar também a nucleação dos cristais de colesterol. Em pacientes cuidadosamente selecionados com vesícula biliar funcional e cálculos radiotransparentes < 10 mm de diâmetro, a completa dissolução pode ser conseguida em cerca de 50% dos pacientes dentro de 6 meses a 2 anos. Para a obtenção de bons resultados em um período de tempo razoável, essa terapia deve ser limitada aos cálculos radiotransparentes com menos de 5 mm de diâmetro. A dose de AUDC deve ser de 10-15 mg/kg ao dia. ‼ Os cálculos pigmentares não respondem à terapia com AUDC. ‼ As vantagens e o sucesso da colecistectomia laparoscópica reduziram, em grande parte, o papel da dissolução dos cálculos nos pacientes que desejam evitar ou que não são candidatos a colecistectomia eletiva. Contudo, os pacientes com doença induzida por cálculos biliares de colesterol que sofrem episódios recorrentes de coledocolitíase após colecistectomia devem receber tratamento a longo prazo com ácido ursodesoxicólico. https://www.dynamed.com/condition/gallstones#CHOLECYSTECTOMY__LI_PZQ_PWB_ZKB Andressa – P2 FMO – 2020.2 ► Colecistite: A inflamação aguda da parede da vesícula habitualmente acompanha a obstrução do ducto cístico por um cálculo. A resposta inflamatória pode ser induzida por três fatores: (1) inflamação mecânica produzida por pressão e distensão intraluminais aumentadas com subsequente isquemia da mucosa e da parede da vesícula biliar, (2) inflamação química causada pela liberação de lisolecitina (devido à ação da fosfolipase sobre a lectina na bile) e por outros fatores teciduais locais, assim como (3) inflamação bacteriana, que pode desempenhar algum papel em 50 a 85% dos pacientes com colecistite aguda. ‼Podem ser encontradas bactérias em até 50% dos pacientes. A E. coli é a bactéria mais frequentemente isolada, seguida por Klebsiella Enterococcus faecais, Proteus e Clostridium. A colecistite aguda costuma começar como uma crise de dor biliar que piora progressivamente. Cerca de 60 a 70% dos pacientes já haviam experimentado crises precedentes que regrediram espontaneamente. Porém, à medida que o episódio progride, a dor da colecistite aguda torna-se mais generalizada no quadrante superior direito do abdome. ‼ Como acontece com a cólica biliar, a dor da colecistite pode irradiar-se para a área interescapular, a escápula direita ou o ombro. ‼ Os sinais peritoniais de inflamação, tais como o agravamento da dor com a movimentação ou a respiração profunda, podem ser evidentes. O paciente apresenta-se anorético e, o mais das vezes, nauseado. Os vômitos são relativamente comuns, podendo produzir sintomas e sinais de depleção volêmica vascular e extravascular. A icterícia é incomum no início da evolução da colecistite aguda, mas pode ocorrer quando as alterações inflamatórias edematosas acometem os ductos biliares e linfonodos circundantes. Caracteristicamente, a febre é baixa, porém os calafrios com agitação ou os arrepios não são incomuns. O QSD do abdome apresenta-se quase invariavelmente hipersensível à palpação. Uma vesícula biliar tensa e aumentada de volume é palpável em 25 a 50% dos pacientes. A respiração profunda ou tosse durante a palpação subcostal do QSD produz habitualmente aumento da dor e parada inspiratória (sinal de Murphy). ♦ O diagnóstico de colecistite aguda é feito por anamnese característica e um bom exame físico. A tríade de início súbito de hipersensibilidade no QSD, febre e leucocitose é altamente sugestiva. ► A ultrassonografia demonstra a presença de cálculos em 90 a 95% dos casos, sendo útil na identificação dos sinais de inflamação da vesícula, como o espessamento da parede, líquido pericolecístico e dilatação do ducto biliar. ♦ Diante da história natural da doença, a colecistite aguda deve ser tratada preferencialmente com cirurgia precoce sempre que possível. ‼A síndrome de Mirizzi é uma complicação rara na qual um cálculo biliar fica impactado no ducto cístico ou colo da vesícula biliar, causando compressão do colédoco, resultando em obstrução coledociana e icterícia. A cirurgia consiste em remover o ducto cístico, a vesícula biliar enferma e o cálculo impactado. O diagnóstico pré-operatório da síndrome de Mirizzi é importante para evitar uma lesão do colédoco. ► Coledocolitíase: cálculos no ducto colédoco Os cálculos biliares no ducto biliar comum podem ser assintomáticos, mas podem levar a complicações como colangite aguda ou pancreatite aguda. A coledocolitíase é relatada em aproximadamente 4% da população geral e em 10% - 20% dos pacientes submetidos à colecistectomia. Os fatores de risco são os mesmos da colelitíase em geral, incluindo sexo feminino e obesidade. Outros fatores de risco incluem gravidez; jejum prolongado; perda de peso rápida; uma dieta rica em gordura; aumento da idade; etnia (pessoas ou ascendência asiática, americana nativa ou mexicana); e história da família. ♦ Considere o diagnóstico de coledocolitíase em pacientes que apresentam os seguintes sintomas e sinais: quadrante superior direito abdominal, cólicas, irradiando para o ombro direito icterícia náusea e vomito febre ou calafrios fezes claras e urina escura Patogênese: cálculos da vesícula biliar no ducto biliar comum geralmente se formam na vesícula biliar e migram para o ducto biliar comum durante as contrações da vesícula biliar menos frequentemente se formam no ducto biliar comum ou fígado, permitindo a continuação de cálculos no ducto biliar comum, mesmo após a colecistectomia pode permanecer no ducto biliar comum devido ao pequeno diâmetro da papila Vater pode ser assintomático https://www.dynamed.com/condition/choledocholithiasis#LIKELY_RISK_FACTORS Andressa – P2 FMO – 2020.2 D i a g n ó s t i c o suspeitar de coledocolitíase se o paciente apresentar o sintomas de dor abdominal, icterícia e febre o enzimas hepáticas elevadas, fosfatase alcalina ou gama-glutamil transferase o bilirrubina sérica elevada (mas geralmente <15 mg / dL [256,5 mcmol / L]) o colangite aguda ou pancreatite aguda cálculos doducto biliar comum fortemente previstos pela presença de um ducto biliar comum dilatado, cálculo biliar, hiperbilirrubinemia e colangite aguda Se houver suspeita de coledocolitíase em um paciente com colelitíase, obtenha bioquímica sérica do fígado com bilirrubina fracionada, hemograma completo e ultrassonografia transabdominal do quadrante superior direito. - A estratificação de risco da coledocolitíase é baseada na bilirrubina sérica e nos achados ultrassonográficos. o obstrução do ducto biliar comum, levando a icterícia ou pancreatite aguda o infecção biliar, levando a colangite aguda resultados normais de bioquímica hepática ou ultrassonografia transabdominal não impedem uma investigação mais aprofundada se a suspeita clínica significativa persistir ♦ paciente está em "alto risco" para coledocolitíase (tem> 50% de risco de coledocolitíase) de acordo com os critérios da ASGE se algum dos seguintes: cálculo do ducto biliar comum na ultrassonografia transabdominal; colangite ascendente clínica; níveis séricos de bilirrubina> 4 mg / dL; se ambos: ducto biliar comum dilatado (> 6 mm com vesícula biliar in situ) na ultrassonografia; níveis séricos de bilirrubina 1,8-4 mg / dL; ♦ paciente está em "risco intermediário" (tem 10% -50% de risco de coledocolitíase) de acordo com os critérios da ASGE o se algum de: ducto biliar comum dilatado; qualquer teste de função hepática anormal; idade> 55 anos; pancreatite de cálculo biliar clínica ♦ paciente tem baixo risco (<10%) de coledocolitíase de acordo com os critérios ASGE se nenhuma das características acima C o l a n g i t e Colangite é a inflamação das vias biliares devido à obstrução destas. A colangite aguda é uma inflamação da árvore biliar, mais comumente causada por infecção bacteriana no contexto de estase ou obstrução biliar. Os sintomas clássicos incluem a tríade de Charcot de febre, dor abdominal e icterícia. Os casos graves podem ter o pentad de Reynold, que inclui a tríade de Charcot mais choque séptico e um estado mental alterado. Patogênese os fatores envolvidos no desenvolvimento de colangite incluem: o pressões elevadas dentro do ducto biliar (causadas por estase biliar ou cálculos) o aumento do crescimento bacteriano no ducto biliar, que é tipicamente estéril o translocação de bactérias ou toxinas bacterianas para o sistema vascular ou linfático, o que pode levar à sepse ou abcessos hepáticos na colangite aguda, os ductos biliares tendem a se tornar mais permeáveis à translocação bacteriana e de toxinas, o que ocorre em associação ao aumento da pressão intraductal. Esse processo resulta em infecção grave e potencialmente fatal. Abscesso hepático e sepse exemplificam complicações da colangite. A colangite pode ser aguda ou crônica, e os sintomas resultam de inflamação, que é causada habitualmente por obstrução pelo menos parcial ao fluxo da bile. ► A resposta ao tratamento realizado apenas com antibióticos nestas circunstâncias é relativamente precária, múltiplos abscessos hepáticos estão presentes com frequência, e a taxa de mortalidade aproxima-se de 100%, a não ser quando se consegue o alívio endoscópico ou cirúrgico imediato da obstrução e a drenagem da bile infectada. ► A CPRE com esfincterotomia endoscópica é segura e representa o procedimento inicial preferido tanto para o estabelecimento de um diagnóstico definitivo quanto para proporcionar uma terapia efetiva. S i n a i s e s i n t o m a s d e c o l a n g i t e As bactérias estão presentes na cultura de bile em cerca de 75% dos pacientes com colangite aguda logo no início da evolução sintomática. A manifestação característica da colangite aguda envolve dor biliar, icterícia e picos febris com calafrios (tríade de Charcot). os sintomas podem incluir - febre (80%) - calafrios - icterícia (60% -70%) - dor abdominal, geralmente dor no quadrante superior direito (cerca de 80%) A síndrome clássica associada à colangite é a tríade de Charcot (febre, dor no quadrante superior direito e icterícia) https://www.dynamed.com/condition/choledocholithiasis#BLOOD_TESTS https://www.dynamed.com/condition/choledocholithiasis#BLOOD_TESTS https://www.dynamed.com/condition/choledocholithiasis#TRANSABDOMINAL_ULTRASOUND https://www.dynamed.com/condition/choledocholithiasis#MAKING_THE_DIAGNOSIS__ASGE-RISK-STRATIFICATION https://www.dynamed.com/condition/acute-cholangitis#CHIEF_CONCERN_CC Andressa – P2 FMO – 2020.2 em casos graves, choque séptico e estado mental alterado podem acompanhar a tríade (pentágono de Reynold) D i a g n ó s t i c o O diagnóstico de colangite é feito com base na presença de todos os seguintes inflamação sistêmica colestase achados de imagem compatíveis presença de inflamação sistêmica, demonstrada por qualquer um dos seguintes febre (> 38 graus C [100,4 graus F]) e / ou calafrios contagem de leucócitos <4.000 células / mcL ou> 10.000 células / mcL OBS: neutropenia (queda nos glóbulos brancos): sinais de infecção muito grave Proteína C reativa ≥ 1 mg / dL o evidência de colestase inclui icterícia ou bilirrubina total ≥ 2 mg / dL (34,2 mcmol / L) testes de função hepática anormais:> 1,5 vezes o limite superior normal em qualquer um dos seguintes fosfato alcalino gama-glutamil transferase alanina aminotransferase [ALT] aspartato aminotransferase [AST]) o achados de imagem compatíveis incluem dilatação biliar visualização de estenose, cálculo, stent ou outra causa de obstrução o repetir a avaliação diagnóstica a cada 6 - 12 horas até que o diagnóstico seja alcançado ♦fatores adicionais que podem apoiar o diagnóstico incluem: o dor abdominal ou no quadrante superior direito o história de doença biliar (como cálculo biliar, procedimento biliar anterior ou stent biliar) O ultrassom é a escolha inicial de imagem recomendada para todos os pacientes. A colangiopancreatografia por ressonância magnética é mais sensível e pode ser útil no planejamento de intervenções endoscópicas ou cirúrgicas. Depois de estabelecer o diagnóstico, a avaliação imediata e precisa da gravidade é crítica para o manejo OBS: ‼ TGO e TGP: enzimas hepáticas são características da hepatite ‼ GGT e FA: enzimas canaliculares mais características de obstrução dos canalículos biliares https://www.dynamed.com/condition/acute-cholangitis#MAKING_THE_DIAGNOSIS__ANC_953139282
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