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Direito societário

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DIREITO SOCIETÁRIO
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2 provas discursivas (peso 4) – valor 7,0 
Deveres de casa – 2,0 
Participação em sala - 1,0
Caso: Warren Buffet tem uma fortuna de aproximadamente 72,3 bilhões de dólares. Ele decide montar uma companhia aérea no Brasil. Pra tanto, monta um empreendimento com capital de 1 milhão de reais e assume dívidas. Em acidente inesperado, um avião cai fazendo um passivo de 10 milhões. 
Deve Warren ser pessoalmente responsabilizado? Não. 
Existe um interesse social para a blindagem patrimonial, é uma estratégia estatal de incentivo ao investimento. Não é, obviamente, sem limites. 
Ler: COASE, R. H. The nature of the firm. Economica, New Series, vol. 4, n. 15 (nov., 1937), pp. 386-405. 
Por que existem firmas? 
Existem dois regimes possíveis de circulação de bens e serviços. Pelo mercado ou pela estrutura hierárquica. É possível ter a mesma pessoa submetida a dois regimes. 
O mesmo serviço poderia ser oferecido em um regime de mercado ou em um regime hierarquizado. O regime de preço é mais trabalhoso, sendo mais caro em tempo ou em energia. 
A estrutura da empresa é aquela que elimina os custos de transação. Os custos de transação é a obtenção de produtos e serviços diretamente no mercado. 
A PJ é um núcleo de uma série de produtos/serviços de mercado que coloca os produtos/serviços em uma estrutura hierárquica. Não impede que se relacione com estruturas externas. 
Portanto, a solução estatal foi a pessoa jurídica. A pessoa jurídica, pela teoria da realidade técnica, é a benesse estatal concedida com base numa situação já razoavelmente concretizada para permitir que um grupo de pessoas interaja no meio social em igualdade com as pessoas naturais.
A pessoa jurídica vai ter direitos, deveres, bens, poder ajuizar ações, etc. Foi como o Estado estruturou uma necessidade econômica. 
MEI – regime específico dentro do empresário natural, agindo em nome próprio. 
Alguns problemas decorrem da atuação como empresário individual:
1. Organização e separação do patrimônio individual: o fato de alocar o patrimônio dentro da pessoa jurídica auxilia a separar a gestão dos bens pessoais e da empresa. 
2. A questão sucessória: o fato de organizar dentro da PJ facilita a transferência dos bens entre gerações. 
3. Risco ao patrimônio individual: no momento que se admite uma PJ com responsabilidade limitada, consegue-se segregar os riscos do negócio dentro do negócio e o risco da vida pessoal dentro da vida pessoal. 
Lógica econômica da personificação e blindagem patrimonial:
1. Desnecessidade de monitoramento da vida pessoal dos sócios:
1.1. Monitoramento pelos demais sócios – estímulo ao investimento: Custo não é só dinheiro, podendo também ser tempo. No momento que se cria a blindagem patrimonial tira a necessidade de monitoramento, tornando a sociedade mais fluida. 
1.2. Baixos custos de monitoramento/avaliação pelos credores – estímulo ao crédito: se uma PJ pegar um crédito no banco, se não houvesse a blindagem patrimonial o banco teria que analisar todo o patrimônio de todos os sócios. Barateia o custo do crédito para a sociedade.
2. Proteção do aviamento – manutenção da unidade;
3. Facilitação da transferibilidade de quotas/ações; 
A blindagem é chamada por alguns autores como Princípio da Autonomia Patrimonial. 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA:
- Conceito:
O juiz pode decretar a suspensão episódica da eficácia do ato constitutivo da pessoa jurídica se verificar que ela foi utilizada como instrumento para a realização de fraude ou de abuso de direito. 
* Autoridade jurisdicional do juiz. É um ato de autoridade judiciária. 
* Suspensão episódica da eficácia: quando se afeta a eficácia do ato, remete-se aos planos de existência, validade e eficácia. Admite-se, portanto, que ele é existente e válido, mas não surgirá dele efeitos. A eficácia não é ad eternum, mas algo episódico por uma consequência de uma decisão judicial para aquele caso, aquelas circunstâncias e aquelas partes. 
* Realização de fraude ou de abuso de direito: requisito para aplicação do instituto. 
Obs. disregard doctrine – doutrina da desconsideração; Pierce the corporate veil – os bens da sociedade estão protegidos por um manto, um véu e a desconsideração é uma forma de levantar esse manto. 
a) Caráter excepcional:
É um fato episódico, com requisitos específicos, afastando uma decisão de estado quando houver elementos o bastante para aplicar a desconsideração. 
b) Desconsideração x Desconstituição:
Não se confundem as duas nomenclaturas. A desconstituição seria uma forma de atingir o plano da existência. 
b1) caso específico: é uma aplicação ao caso específico, por seu efeito ser episódico. Só fará efeito entre as partes. 
b2) despersonalização: não há uma desconstituição ou despersonalização. 
O entendimento majoritário dos tribunais é pela necessidade de dolo quando houver dissolução irregular da empresa. Dissolução irregular é um tipo específico de abuso de direito. 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. 
- Crítica ao instituto da desconsideração:
Ao longo do tempo, o direito brasileiro flexibilizou o instituto, e isso é um ponto de alta crítica para a maioria dos autores brasileiros. 
Para Ruy, o sistema de desconsideração brasileiro é acertado, em uma análise econômica da desconsideração. Nem todo credor da sociedade tem o mesmo tratamento, devendo segregar em dois grupos: os voluntários e os involuntários. Aos credores voluntários deve-se aplicar mais a blindagem patrimonial do que para os credores involuntários, já que cria uma responsabilidade patrimonial o sócio, para não seja totalmente “solto”. Não há decisão judicial no Brasil nesse sentido, mas parecem ser estruturas mais funcionais. 
- Requisitos da desconsideração:
a) Teoria Maior: (i) descumprimento de obrigação pela pessoa jurídica; (ii) desvirtuamento da função da PJ. A teoria maior é uma bagunça doutrinária e jurisprudencial. Para a maior parte da doutrina, a teoria maior se subdivide em subjetiva e objetiva: 
a1) Teoria Maior Subjetiva: desvirtuamento da função = fraude ou abuso de direito. 
a2) Teoria Maior Objetiva: desvirtuamento da função = confusão patrimonial. Ex. pagamento de contas pessoais pela empresa. 
Para Ruy (doutrina minoritária), na teoria maior objetiva precisaria de confusão patrimonial + fraude ou abuso de direito. Porque não necessariamente a confusão patrimonial será em desfavor de credores, mas pode ser em favor da sociedade e o credor estará numa situação melhor, no final das contas. 
Tem vários julgados sobre todos os jeitos, e a confusão patrimonial muitas vezes é utilizada como fundamento da fraude ou abuso de direito, sendo uma “prova” ou indicio de fraude ou abuso de direito. Para Ruy, isso é verdade, porque provavelmente isso causará prejuízos a terceiros. 
A teoria majoritária entende pela teoria maior subjetiva para as questões cíveis e empresariais, mas não é algo pacificado.
b) Teoria Menor: (i) descumprimento de obrigação pela pessoa jurídica. Proteção maior do Estado. Apenas o descumprimento da obrigação já enseja a desconsideração. Aplica-se para o direito ambiental, trabalhista e consumerista, em regra. 
Obs. Desconsideração inversa. A desconsideração inversa, para Ruy, necessita aplicar a teoria maior objetiva, precisando ter a confusão patrimonial. Tem como pressuposto necessário a confusão. Mas não há uma jurisprudência clara sobre isso. 
- Fraude: distorção intencional da verdade para prejudicar terceiros. 
- Abuso de direito: utilização do instituto de forma contrária à qual foi idealizada pelo direito. (i) Subcapitalização – o capital
social que não condiz com a realidade da empresa, ocorrendo naturalmente uma implosão; (ii) Dissolução irregular - é uma forma de abuso de direito. 
OBS. MP da Liberdade Econômica: O que pode mudar?
- Art. 50. “beneficiados direta e indiretamente pelo abuso” – mudança positiva. Estipular expressamente que só seria possível desconsiderar quanto ao beneficiado pelo abuso, pois protege os que não praticaram o ato tido como abusivo. Protege o sócio minoritário, distante ou não envolvido na gestão que não foi beneficiado pela prática abusiva ou fraudulenta. Deve-se discutir, no entanto, o alcance desse benefício. 
- §1º Para fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização dolosa da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. – é bastante criticável vincular o conceito de desvio de finalidade ao elemento doloso; escolha que se distancia da teoria objetiva do abuso do direito. Essa visão é de quem pensa na consolidação do crédito, para Ruy foi um acerto, porque não trouxe novidade quanto ao dolo, pois desde 2011 o STJ passou a exigir isso como requisito, havendo uma segurança jurídica. 
- § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: 
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; Para Ruy, deve-se criticar o “vice-versa”, sendo a necessidade de repetição uma questão acertada, mas deve-se analisar o caso concreto. Para Tartuce e Cristiano, é criticável a necessidade de repetição, pois por um ato isolado é possível fazer grande esvaziamento patrimonial com o intuito de prejudicar credores. 
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto o de valor proporcionalmente insignificante; para Tartuce e Cristiano, deve-se analisar a discricionariedade da noção de insignificância. Para Ruy, naturalmente o valor insignificante será discricionário, mas deve-se entender que existem parâmetros para tanto. 
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. 
§3º O disposto no caput e nos § 1º e § 2º também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. Para Tartuce e Cristiano, esse § positiva expressamente a desconsideração inversa, a despeito de não usar essa nomenclatura, como feito do CPC. 
§4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. Positiva o que já era reconhecido pela doutrina e jurisprudência. Para Ruy, não era a experiência real. 
§5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica. Para Tartuce e Cristiano, dificulta sobremaneira o reconhecimento da desconsideração, pois o desvio de finalidade (em relação ao objeto social) não pode ser considerado um “desvio de finalidade”. Ruy discorda, entendendo que apenas esclarece o instituto do desvio de finalidade. 
Desconsideração inversa – análise empírica:
“A aplicação da Teoria Inversa da Personalidade Jurídica foi pacificada pelo STJ. Entretanto, sua aplicabilidade prática varia de Tribunal para Tribunal”. Leandro Castanheira Leão. 
“Embora a Ministra Nancy Andrighi explique a desconsideração inversa num contexto no qual sócio cujo patrimônio restou esvaziado exerce a atividade comercial (objeto da pessoa jurídica), o que se vê é o que Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo também tem deferido a desconsideração inversa em casos de confusão patrimonial, ainda quando a dívida da pessoa física não tendo qualquer relação com o objeto social da pessoa jurídica”. Andrea Rocha Oliveira Mota de Souza. 
Considerações processuais:
Com o NCPC criou-se o art. 133 e seguintes que criou o incidente de desconsideração da personalidade jurídica. Esse incidente só será afastado quando houver um pedido na inicial na ação de conhecimento, porque já há o espaço processual para o contraditório e a ampla defesa. Quando houver a fase de instrução do processo, é possível no curso do próprio procedimento. 
Então, não se admite o incidente de desconsideração na execução fiscal, porque não há espaço para defesa, tendo uma ação autônoma especifica para a defesa, qual sejam os embargos à execução. 
PARA QUE CRIAR UMA SOCIEDADE?
· Motivos para se empreender em sociedade -> internalizar relações contratuais. 
(i) agregar capital; 
(ii) agregar trabalho (apenas especializado?) – Para Ruy, não necessariamente precisa ser um trabalho especializado no trabalho, podendo ser um trabalho especializado pela qualidade natural do individuo; 
(iii) agregar etapas de cadeia de produção. 
· Contrato de sociedade x Contrato comum: Teoria do contrato plurilateral. 
A teoria do contrato tradicional não explica bem a sociedade, funcionalmente. O contrato de sociedade terá A e B. O sócio A terá dinheiro e o sócio B terá dinheiro também, mas eles não querem o dinheiro um do outro, mas ganhar dinheiro do mercado e uma porção vai pra cada sócio. Portanto, não se enquadra na regra geral dos contratos. 
Por isso, criou-se a teoria do contrato plurilateral. Ainda que tenha várias partes na teoria geral dos contratos, só terão dois polos, mas na teoria do contrato plurilateral (sociedade), há uma pluripolaridade, tendo deveres e direitos, não necessariamente um equivale ao outro. Não há uma equivalência entre prestações e contraprestações, como acontece no contrato de compra e venda, por exemplo. 
Disso, ocorrem várias consequências, como que um sócio pode sair do contrato e a sociedade continuar existindo, continuando também o contrato. 
- Se aplica o instituto da exceção do contrato não cumprido? A exceção do contrato não cumprido (prestação e contraprestação não cumpridos se cancelam) não se aplica, portanto, ao contrato na sociedade, porque não há uma equivalência de prestações, não se aplicando ao contrato plurilateral. 
· Os tipos societários são típicos. Não é possível criar sociedades atípicas, em razão do princípio da tipicidade societária. 
· É relevante a distinção entre sociedades personificadas e despersonificadas? Sim, porque a responsabilização com blindagem patrimonial só faz sentido a partir da personalidade jurídica própria. A sociedade despersonificada não é pessoa, não podendo ter patrimônio próprio. As personificadas podem titularizar direitos e deveres, inclusive direitos reais, podendo ser proprietária, tendo patrimônio próprio. 
IERELI: Empresa Individual de Responsabilidade Limitada.
Foi introduzida no CC/02 pela lei 12.441/2011. 
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País.
Natureza jurídica: Em razão da atecnia, houve por muito tempo uma discussão acerca da natureza jurídica da Eireli. Hoje, para a maioria doutrinária, a Eireli é uma pessoa jurídica sui generis (não foi possível classifica-la). Um dos argumentos nesse favor é o artigo X, CC, pois foi criado um outro inciso, fora das sociedades. Não se aplicava nenhuma das formas jurídicas que estão construídas, e essa é a doutrina majoritária. Para Ruy (doutrina minoritária), a Eireli é uma sociedade unipessoal, porque ela se comporta como uma sociedade. 
Nomenclatura: Por que se passou a prever uma empresa individual de responsabilidade limitada? Existe um número enorme de empresas limitadas que tem a sua constituição 99+1, e somente estão assim organizadas para blindar patrimônio (limitação de responsabilidade para empreender). A partir dai o Estado tinha a opção de fechar os olhos para isso (o que fez por muito tempo), deixar mais difícil ou regular de forma liberal. Foi a última opção trazida pelo Brasil, mas fez uma solução que não soluciona o problema. 
O nome empresa individual de responsabilidade limitada
é atécnico, porque empresa é atividade, não se confundindo com “sociedade empresária”, e quem está tendo a responsabilidade limitada é o empresário, e não a empresa. 
Características:
- Incentivo econômico/tendência mundial: é um beneficio que se dá para alguém que empreende, mesmo que com apenas uma pessoa, podendo sozinho exercer atividade empresarial. 
- Pessoa jurídica – autonomia patrimonial e obrigacional: esse instituto oferece blindagem patrimonial. 
- Limitação de responsabilidade do titular. 
Empresa individual: pessoa natural exercente da atividade empresarial (art. 167, CC). Na empresa individual as obrigações são contraídas diretamente pela pessoa natural x Eireli é um ente personalizado. 
MEI é um tipo de empresa individual. 
A diferença entre sociedade limitada e eireli: são institutos essencialmente distintos, tendo a sociedade limitada natureza societária e a natureza da eireli é sui generis. Mas, na prática, funcional basicamente de forma igual. 
Quem pode constituir uma Eireli? “Será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social”. 
Somente poderá constituir uma única, não podendo ser, por exemplo, um condomínio (ente despersonalizado). Pode ser constituído por uma sociedade empresária? Na lei não há qualquer restrição, mas não é o entendimento majoritário da doutrina (Ruy não concorda). 
Esse entendimento da doutrina foi baseado no §2º: “A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade”. 
Para Ruy, o §2º traz uma restrição que somente poderá ser utilizado para pessoas naturais, não podendo se utilizar da lógica da doutrina majoritária, porque não se interpreta o caput de acordo com o parágrafo, e sim ao contrário. 
À época, o DREI criou a proibição de uma pessoa jurídica criar uma Eireli, mas, para Ruy, isso seria uma extrapolação dos poderes do DREI. Mas atualmente, o DREI alterou o entendimento, passando a autorizar a constituição de Eireli por pessoa jurídica. 
O incapaz não poderá ser administrador da Eireli, mas pode ser titular. O representante/assistente, para instituir a Eireli está agindo como representante, mas ele também poderá ser o administrador. 
Como é constituída? A Eireli pode ser constituída de forma originária ou derivada, dependerá de como ela inicia a sua atividade. No caso da Eireli, para a constituição originária haverá um ato constitutivo, por ser um ato unilateral. Também poderá ser por uma transformação societária, reunindo todas as cotas ou ações na mão de uma pessoa só e faz um ato de transformação societária, preservando a personalidade jurídica e até o CNPJ, virando uma Eireli. 
Capital “social”: capital mínimo de 100 salários mínimos vigentes e totalmente integralizado. É um tipo novo de pessoa jurídica para regularizar negócios que estavam na informalidade, mas coloca um capital social fora da realidade brasileira. 
O capital social é uma formalidade, um dinheiro que entra na sociedade para garantir o seu funcionamento e é uma garantia mínima para os credores, porque não pode ser distribuído como lucro. Integralizado significa que não apenas foi comprometido colocar o dinheiro (ou imóveis, etc) na empresa, mas efetivamente houve a capitalização da sociedade, compondo o patrimônio da PJ. 
Esse valor do capital social foi objeto de ADI, ajuizado pelo PPS, mas nunca foi julgada. O PPS alega a inconstitucionalidade desse dispositivo quanto à exigência do capital social mínimo, trazendo, entre outros argumentos, o de isonomia entre a limitada e a eireli. Mas com a MP da liberdade econômica é possível a sociedade limitada com uma única pessoa. 
Nome empresarial: firma/razão ou denominação. Podem-se aplicar as mesmas regras da sociedade limitada, podendo ser firma/razão social – nome dos sócios; ou denominação – elemento fantasia ou indicativo de localidade + objeto da atividade + partícula identificadora da sociedade. No caso da Eireli, deve ter a partícula “EIRELI”. 
Objeto: qualquer objeto empresarial poderá ser objeto da eireli. O CC admite que seja inclusive direito de imagem, direito de produções e publicações, direito de voz. No entanto, todas essas atividades estão alocadas no art. 966, p.u., que diz que são não empresariais. Ou seja, é possível ter uma Eireli com o objeto não empresarial. No entanto, o artigo 966 traz a ressalva “salvo se for elemento de empresa”. Portanto, quando o foco da atividade não é a pessoa, mas uma estrutura empresarial. 
Para Ruy, talvez quando alguém que exerce atividade não empresarial constitui uma Eireli seja para gerir empresarialmente a atividade. 
Administração: A pessoa jurídica não pode ser administrador da sociedade, tanto da Eireli como de qualquer sociedade. Para representar precisa ser uma pessoa natural.
Direitos / deveres / responsabilidade do titular: será tudo igual à sociedade limitada. 
SOCIEDADE EM COMUM
		
Diferença entre pessoa, empresa e sociedade:
Em uma primeira análise, cabe destacar a distinção entre pessoa (que pode ser natural ou jurídica) e empresa. A empresa, segundo a Teoria Poliédrica da Asquini, assume uma feição triédrica: possui um perfil subjetivo (que se refere à pessoa); um perfil objetivo (que é o objeto utilizado pelo empresário para empreender – é o estabelecimento); e um perfil funcional (que é a atividade econômica revestida de empresarialidade) – indicados estes perfis, haverá o exercício da atividade empresarial. A empresa, assim, é a atividade exercida pela pessoa empresária, que pode ser física ou jurídica. 
Sabe-se que o art. 966 do Código Civil define o empresário, e é dessa definição que se extraem os requisitos da empresa:
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Posto isso, conclui-se que é possível ter uma empresa e não ter uma sociedade (se constituída por uma pessoa natural, de maneira singular) e que é possível ter uma sociedade e não ter uma empresa (é o caso da sociedade simples/cooperativa).
Para o art. 981, a existência de sociedade precisa de três pressupostos: (i) contribuir com bens e serviços, (ii) para o exercício de atividade econômica e (iii) partilhar resultados. Mas existe uma crítica com relação de sociedades unipessoais. 
Para esse artigo, não precisa que o contrato seja escrito ou registrado no ente competente. Para que haja sociedade somente são necessários esses três requisitos. 
Para o art. 985, a sociedade só adquire personalidade jurídica com a inscrição nos órgãos competentes dos atos constitutivos.
Art. 986: nos casos em que há a sociedade, mas não há o registro, são chamadas de sociedades em comum, também chamadas de sociedades irregulares ou sociedades de fato. Havia uma divergência doutrinária entre esses tipos de denominação, mas hoje são considerados sinônimos. 
Regime de responsabilidade dos sócios por obrigações da sociedade será ilimitada, porque não há um patrimônio da empresa, sendo altíssimo o grau de exposição do patrimônio dos sócios. 
* Atividade em sala: Alberto, que mora em Salvador, e Bruno, que reside em Petrolina, decidiram explorar conjuntamente uma atividade empresarial de venda de cartões comemorativos da Natal em Salvador.
Fizeram um contrato de LTDA, mas nunca levaram à JUCEB – eles não se lembram de onde guardaram o contrato, mas apresentaram a terceiros que constataram e se recordaram da sua existência.
Alberto, na condição de administrador, nos estritos limites dos poderes conferidos pelo ato constitutivo, firmou inúmeros contratos com fornecedores de produtos e serviços.
Os negócios não caminhavam bem e, quando se deu conta, Alberto, que estava no foro da sede da sociedade, viu-se soterrado com inúmeras ações de cobrança, algumas delas já em fase de cumprimento de sentença, inclusive apontando a expropriação de seu patrimônio pessoal.
Bruno não se demonstrou preocupado, pois, estando em outra cidade, não estava sendo alvo das ações dos credores. Com receio de
ver todas as suas economias pessoais serem expropriadas antes mesmo dos bens sociais, ele busca o seu auxílio como um advogado de Salvador.
- Na situação, há uma empresa? E uma sociedade? Há uma empresa, porque empresa é atividade econômica comercial (aspecto funcional), nesse caso é uma atividade de comércio de cartão comemorativo. Há uma sociedade, sendo uma sociedade de fato, já que preenche os requisitos do art. 981 (contribuição com bens e serviços, exercício de atividade econômica e partilha de resultados), mas não há o registro. Há um regime de responsabilidade ilimitada 
- Alberto tem alguma forma de proteger o seu carro pessoal da imediata expropriação sem efetivar o pagamento? Como? A sociedade no caso é uma sociedade despersonificada, não havendo um patrimônio propriamente dela, o que há é um regime de condomínio de uma porção dos bens dos sócios. O carro de Alberto não está na porção que seria dos dois sócios. Não há blindagem patrimonial. A lei afasta dele o beneficio de ordem (art. 990), porque ele é quem praticava os atos pela sociedade. Se ao invés de Alberto, fosse o carro de Bruno seria possível obedecer ao beneficio de ordem. 
- É possível a Alberto exigir que o patrimônio pessoal de Bruno seja expropriado antes do seu? A obrigação entre os sócios é solidária. O benefício de ordem é do patrimônio comum, podendo o credor ir a qualquer um ou simultaneamente de ambos. 
O benefício de ordem não protege quem praticava os atos pela sociedade. 
Obs. - Se os dois eram administradores, mas um deles (Alberto) praticou o ato, há um benefício de ordem? A premissa legal é de quem praticou o ato, e não quem detém a função de administração. 
- Se o único administrador é Alberto, mas ele nomeia Bruno como procurador. Bruno terá benefício de ordem, porque ele praticou em nome de Alberto.
- Se eles tivessem que praticar o ato conjuntamente pelos dois, nenhum teria o benefício. 
Provando a existência da sociedade em comum: art. 987: os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prova-la de qualquer modo. 
Há uma discussão acerca da atualização desse artigo para ter uma interpretação mais ampla, já que parte da doutrina entende que se deve interpretar a norma de acordo com o seu tempo. Outra opção é interpretar como se fosse uma punição do legislador para sancionar aqueles que empreendem sem regularização. 
No que se refere a terceiros credores, pode ser utilizada qualquer meio de prova de direito. Ex.: E-mails; movimentações bancárias demonstrando partilha de lucro; ata de reunião.
Entretanto, os sócios, em relação entre si ou entre terceiros, só podem produzir provas por escrito para provar a existência da sociedade. É como se fosse uma punição estatal em virtude da não realização do registro no órgão competente, dificultando, assim, a prova de existência da sociedade.
Quais os riscos de reconhecer uma sociedade em comum não prevista? Deve-se sempre analisar se estão presentes os requisitos do art. 981. Primeiro, os sócios podem ter seus patrimônios pessoais expropriados para sanar a dívida da sociedade. Além disso, torna-se mais difícil realizar a prova da existência da sociedade para os sócios.
Obs. A sociedade de fato pode acontecer entre pessoas físicas, pessoas jurídicas ou pessoa física e pessoa jurídica. 
A sociedade em comum só ocorrerá se não forem preenchidos os requisitos de outro tipo societário. 
SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO (SCP)
Estrutura de uma SCP: 
Usa-se como forma de estratégia de planejamento empresarial e tributária, porque o valor passado para o sócio oculto vai como lucro, e não incide tributo. 
O patrimônio do sócio oculto NÃO pode ser atingido, porque não se contrata com a sociedade em conta de participação, mas com o sócio ostensivo, e o sócio oculto terá o resultado decorrente desse direito. Quem contrata, quem distrata, quem processa, quem é processado é o sócio ostensivo. 
Em havendo prejuízo, se for um aporte em dinheiro o sócio oculto corre o risco até o dinheiro que colocou mais, se for em direito de uso do patrimônio, somente haverá o risco de não ter mais a exploração daquele patrimônio. Os riscos são todos assumidos pelo sócio ostensivo, e não pode atingir o sócio oculto. 
É um negócio celebrado diretamente com o sócio ostensivo, não tendo o sócio oculto obrigação pelas obrigações assumidas pelo sócio ostensivo, somente perante o sócio participante. 
Sócio Oculto x Sócio Ostensivo:
O sócio oculto não aparece perante terceiros, não responde por qualquer dívida, terá responsabilidade exclusivamente em relação ao sócio ostensivo, nos termos do pactuado. No entanto, como exceção, se o sócio oculto intervier na celebração do negócio jurídico, ele responderá solidariamente. Pode ser uma pessoa natural, jurídica empresária, fundação, sociedade civil sem fins lucrativos (podem ter participação em sociedade, mas não podem elas mesmas exercer a atividade empresarial). É possível ter mais de um sócio oculto, mas para entrar outro sócio oculto é preciso da anuência do que já é. 
Os poderes do sócio oculto são exclusivamente aqueles previstos no contrato, alguns tipos de decisão podem ser precisar expressos no contrato. Mas essa relação não é de administração, mas apenas uma limitação ao ostensivo para administrar os bens da sociedade. 
O sócio ostensivo pratica os atos em nome próprio, responde sozinho em face de terceiros, podendo ser empresário ou sociedade empresária, mas não pode ser fundação, sociedade civil sem fins lucrativos, etc. O sócio ostensivo age como empresário, e não como administrador e gere o negócio. Em teoria, é possível ter dois sócios ostensivos, mas na prática é meio estranho, apesar de não ser proibido. 
Nesse caso a sociedade não é algo separado. A SCP é meramente um vínculo entre sócios, e quem vai interagir com terceiros será o sócio ostensivo, então não existem obrigações da sociedade. A SCP não tem personalidade jurídica, não terá patrimônio. 
Somente o sócio oculto terá blindagem patrimonial, porque somente o ostensivo pratica os atos com terceiros. A blindagem patrimonial não está pressupondo a existência de uma personalidade jurídica, não tendo uma personalidade jurídica para utilizar o instituto da desconsideração. 
Tanto o sócio oculto como o sócio ostensivo podem ser pessoas naturais ou pessoas jurídicas. A blindagem patrimonial se dá para os sócios da sociedade ostensiva. Quando tiver que celebrar um contrato com terceiro, o sócio administrador assinará o contrato, agindo em nome da sociedade, para atingir a finalidade da sociedade de conta de participação. 
Uma sociedade em comum pode ser parte de uma sociedade em conta de participação, mas é muito arriscado, porque o sócio oculto pode ser “arrastado” para ser um sócio também da sociedade em comum. 
Há uma divergência doutrinária em torno da classificação da sociedade em conta de participação como um contrato de investimento ou como uma sociedade empresária. Parte da doutrina entende que se trata de um contrato de investimento, pois não possui elementos caracterizadores das sociedades corporificadas, porém a própria legislação civil traz o tratamento legal da SCP como uma sociedade empresária.
Em caso do sócio oculto intervier nas obrigações, não se afasta a validade da SCP, mas meramente a eficácia naquela situação. 
Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade.
Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier.
A consequência prática do registro da sociedade em conta de participações é a publicidade a terceiros, mas não há consequência jurídica do ato ser levado ao registro, porque não é oponível a terceiros, por ser uma relação interpartes,
além de não ser possível a criação de uma personalidade jurídica. 
Há uma divergência quanto à licitude da conduta de registro. Para Ruy, a sociedade de conta de participação teria uma cláusula de confidencialidade implícita, o que somente autorizaria o registro se previamente acordado, o que daria margem à discussão de ilicitude do registro. Mas alguns entendem que o registro seria desejável, por ser uma prova mais concreta de existência da sociedade, além do art. 992 e 993. 
Art. 992. A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito. 
Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade.
Falência da SCP: Não existe falência da SCP, porque ela não assume obrigações – quem assume é o sócio ostensivo ou o sócio oculto, por isso a SCP nunca irá falir. Poderá ocorrer a insolvência do sócio ostensivo (em se tratando de pessoa física), o que é o correspondente civil da falência. 
No caso de insolvência do sócio ostensivo, a consequência automática é a dissolução da SCP nos termos do art. 994, §2º do CC. 
Se o sócio oculto ficar insolvente, a SCP pode continuar exercendo suas atividades, de maneira que passamos ao tratamento próprio dos contratos bilaterais na lei falimentar: o administrador judicial vai ter algum poder para decidir sobre a manutenção ou interrupção dos contratos.
A premissa utilizada para tanto é o aumento/diminuição de bens disponíveis para a distribuição entre os credores da massa falida – Princípio da Maximização dos Ativos. 
Não existe a falência da SCP.
Obs.: 1) Na SCP, o sócio oculto é apenas um investidor. 2) Na SCP, a responsabilidade pelos atos praticados é total do sócio ostensivo, uma vez que ele age em nome próprio, e não em nome da sociedade (esta não possui personalidade jurídica), exceto se o sócio oculto houver participado da negociação que ensejou a sua responsabilização, hipótese em que perderá o benefício de ordem. 3) O sócio ostensivo responde integralmente perante terceiros pelos atos praticados em seu nome, porque atua em nome próprio e não em nome da sociedade. Em relação ao sócio oculto, o sócio ostensivo responde conforme pactuado. 4) O contrato social produz efeitos somente entre os sócios (art. 933, CC). 5) A SCP não possui administrador: quem possui administrador é o sócio ostensivo, caso ele seja uma PJ. 
Até 2017, não era possível que uma sociedade em conta de participação fosse apenas verbal. No entanto, uma instrução normativa da receita federal alterou isso, e necessariamente a sociedade em conta de participação precisa ter CNPJ, fazendo o cadastro nacional de pessoa jurídica, perante a Receita, apesar de não ser pessoa jurídica, porque a receita precisa cruzar as operações. 
RELAÇÃO ENTRE SÓCIO E SOCIEDADE: INTERESSE SOCIAL
O interesse social é uma missão institucional dentro do próprio tipo societário: partimos de duas leituras obrigatórias que trazem modelos aparentemente antagônicos. 
Friedman traz um conceito ligado à empresa como gerador de lucros, trazendo uma visão talvez mais imediatista. Ele trata da eficiência das estruturas e da atribuição: “quem tem aptidão para fazer função social é Estado, ou seja, quem deve fazer política pública é o Estado, pois ele tem uma estrutura montada e adequada para isso, ao passo que a empresa tem uma estrutura adequada para gerar dinheiro, e que ela deve focar na geração de resultados”. É a ideia de que o interesse social do negócio é gerar lucro para os sócios.
Hoje, as empresas verdes são consistentemente bem ranqueadas na Bolsa: estou dizendo que empresas que têm vinculação às ações sociais/práticas sustentáveis são bem vistas pelo mercado consumidor, possuindo ganhos decorrentes disso. O mercado, portanto, aos poucos vai se moldando à situação social, de maneira que hoje, entende-se que não se pode olhar apenas para os atuais sócios do negócio, devendo observar também os possíveis futuros sócios, e para isso outros fatores surgem: modelo de produção, relação com a sociedade, etc. As ações de interesse social, além de beneficiar a coletividade, em contrapartida pode gerar um ganho para a própria sociedade empresária: atrair clientes; criar uma relação de desejo do consumidor, por exemplo. 
Assim, o interesse social e o coorporativo, no passado, eram antagônicos, ao passo que hoje essas coisas caminham mais juntas: o interesse social migra para um modelo de valorização do negócio, que leva em conta outros fatores, como a relação com a sociedade.
Naturalmente, a necessidade do administrador e a locação para gerir um empreendimento empresarial traz limitações relevantes: ele não pode priorizar o social e abandonar o negocial. 
O interesse social será a métrica das decisões de administradores, o que vai definir se um determinado indivíduo agiu corretamente com relação aos interesses da sociedade. Na empresa estatal, admite-se que o interesse social da sociedade seja reduzido para atender ao interesse social primário, o lucro pode ser reduzido para concretizar um interesse social primário. 
- Sociedades de Economia Mista: art. 235 a 238. 
Quando temos empreendimentos de natureza empresarial que têm também uma função social delimitada na sua constituição, essa situação fica mais complicada: é o caso em que um dos sócios é o Estado. 
Qual a lógica econômica da SEM? É um empreendimento importante para o Estado, capaz de gerar receitas, e aí o Estado entra como sócio. A SEM, portanto, é uma S/A, em que um dos sócios é o ente estatal. 
O art. 235 e o art. 238 da Lei de S/A determinam o regime das SEM em relação à questão de interesse social: a PJ que controla a SEM tem deveres e responsabilidades do acionista controlador, mas poderá orientar as atividades da companhia de modo a atender o interesse público que justificou a sua criação (art. 238, Lei nº 6.404/74).
A entidade controladora da SEM é o Estado, ou seja, algum ente estatal. Quando o Estado age como sócio, ele deve ter o mesmo cuidado que um outro controlador privado teria, ou seja, ele não pode se locupletar da sociedade para o seu bel prazer; contudo, ele pode atender a interesses públicos.
2ª unidade:
DINÂMICA SOCIETÁRIA E GOVERNANÇA CORPORATIVA
Segundo Mario Engler, governança corporativa consiste no conjunto de instituições, leis, normas estatutárias, disposições contratuais e práticas negociais que tratam do relacionamento daqueles que investem na companhia (acionistas, credores, empregados, fornecedores, clientes e comunidade) e os responsáveis pela sua gestão (administradores e acionista controlador). 
Mário Engler explica que existe uma correlação positiva e direta entre a governança corporativa e o mercado financeiro de capitais, ou seja, é de extrema importância que exista um alinhamento entre o interesse dos investidores e a real conduta dos encarregados da gestão para o desenvolvimento de uma companhia, de modo que esta é a grande preocupação da governança corporativa. A governança corporativa segue alguns princípios: Transparência; Equidade; Prestação de Contas; e Responsabilidade Corporativa.
Os indivíduos, geralmente, buscam a obtenção de vantagens. Existem diversas formas que o administrador por utilizar a fim de obter vantagens sobre a empresa. A governança é exatamente o que regulará a relação entre os órgãos da sociedade.
A sociedade anônima é regulada pela Lei 6.404/76 e, ela é formada por alguns órgãos. A Assembleia Geral é composta pelos sócios acionistas, que são os donos do dinheiro. O lucro será apurado pelos sócios. Abaixo da Assembleia existem dois órgãos responsáveis pela administração da companhia – em uma sociedade anônima, quando se fala em administração fala-se em dois órgãos: Conselho de Administração e Diretoria. 
O Conselho de Administração possui uma função de supervisão, ou seja, funções mais amplas. O conselho traça as metas de longo prazo, fiscaliza a atuação da diretoria. Quem está próximo do dia a
dia do negócio é a diretoria. 
Quem assina contratos é a diretoria, quem assina cheques é a diretoria. Quem define o plano de investimentos para o ano posterior é o conselho. 
O CEO é chief executive officer, ou seja, o diretor chefe executivo. O CEO é o membro da diretoria responsável pela execução e, via de regra, o CEO é o presidente da diretoria. Existem outras siglas atribuídas a outros membros da diretoria. O COO é o chief operation officer, o CLO é o chief legal officer, o CIO é o chief inteligence officer. Quando se fala do presidente da diretoria, fala-se em CEO. Dentre os membros do conselho, o presidente é chamado de chairman.
O Conselho Fiscal se encontra na estrutura da sociedade, mas não há uma hierarquia direta. A Assembleia manda nos conselheiros que mandam nos diretores em certa medida, ou seja, há uma relação hierárquica. O Conselho Fiscal, de modo diverso, possui uma posição consultiva, devendo verificar a regularidade formal das operações e auxiliar a assembleia geral na aprovação das contas. 
Se reiteradamente os outros órgãos não seguem as orientações de regularidade do conselho fiscal, o conselho indicará aos sócios que o administrador está obtendo vantagens – diante disso, os sócios tomarão a decisão cabível. 
Quando se fala em administração, fala-se dos diretores e do conselho de administração. Quando se fala em propriedade, fala-se dos sócios acionistas. Administradores e acionistas podem possuir interesses em comum e interesses contrapostos. Um dos maiores interesses em comum é o êxito do negócio. O sócio quer o êxito do negócio porque lucrará dessa forma, o administrador quer o êxito da sociedade porque o nome dele está sendo visto. 
O crescimento empresarial das gerações baby boomer e X era vertical. A geração Y e a geração millenium, busca crescer horizontalmente – a progressão de carreira é horizontal. O administrador que quer crescer rápido será mais agressivo nas suas estratégias de investimento. A preocupação do sócio, por outro lado, pode ser a de crescimento em longo prazo. A administração e a propriedade em alguma medida podem possuir interesses comuns, e em alguma medida podem possuir interesses diferentes.
Respeitadas as atribuições legais de cada órgão, pode-se subdividir as demais atividades. 
1. Capital concentrado x controle diluído/difuso
Quando há uma sociedade com capital concentrado, há alguém com maior poder de controle. Nos casos de capital concentrado, um dos sócios possui um maior número de cotas ou de ações. No controle concentrado, quando o grupo decide, a companhia decide. 
Quando a sociedade possui controle diluído, o número de cotas ou ações está mais distribuído entre os sócios. Poucas sociedades brasileiras possuem controle diluído. No regime americano, por outro lado, a regra é o controle diluído – há uma cultura local de investimento em sociedades.
Em alguns cenários a administração é mais forte que os sócios, em outro cenário os sócios são mais fortes que a administração. Em um controle concentrado, os sócios são mais fortes, porque mantém o controle da sociedade – se o administrador não seguir as orientações, os sócios deliberam sua saída. 
Em uma sociedade com controle diluído, o administrador possui mais força, porque é complicado reunir sócios suficientes para destituir a administração. Existem formas de controlar a atuação do administrador – quando se pactua no estatuto social da empresa que determinada decisão de administração somente poderá ser tomada pela assembleia, há uma limitação do poder do administrador. A governança corporativa entre os órgãos sociais, principalmente entre o sócio majoritário e o administrador, envolve a transparência, a equidade, a prestação de contas e a responsabilidade corporativa.
Em uma sociedade de capital difuso, a preocupação é que o administrador tire vantagem sobre os sócios. No momento em que há uma sociedade de capital concentrado, não há essa margem, de modo que a preocupação será com a possibilidade do sócio majoritário se sobrepor ao sócio minoritário. 
Então em uma sociedade de capital concentrado, é possível que sócios majoritários busquem se sobrepor e, no regime brasileiro, como o capital é essencialmente concentrado, a preocupação deve ser voltar à relação entre os sócios. 
O sócio majoritário, pode, por exemplo, aprovar em assembleia a venda de um bem para ele mesmo. Uma forma de frear o controlador é a adoção de quóruns especiais – quando se exige a unanimidade de votos, por exemplo, há uma espécie de controle sobre o controlador. 
Há ainda o controle de mercado – se um controlador é abusivo, o negócio dele passa a valer menos. É possível controlar o controlador através do poder repressivo estatal, que pode ser visto em duas frentes: ou pela CVM, autarquia federal que regula sociedades com ações negociadas amplamente, ou pelo próprio Poder Judiciário.
2. Apatia racional
A apatia é a ausência de ação, é a imobilidade, é a inércia. A racionalidade diz respeito a algo realizado de forma proposital, algo realizado por um ato de decisão. Alguém deixa de fazer algo por uma tomada de decisão. Os sócios tenderão a não agir, salvo se houver um estímulo financeiro para tanto. A apatia racional é mais vista em um conceito de controle diluído/difuso.
3. Problema de agência ou expropriação
Agência é um conceito econômico, não jurídico. Agente para fins econômicos é aquele indivíduo que age em nome do outro. Quando alguém nomeia um administrador, há um agente; um procurador é um agente. Um problema de agência seria o conflito de interesses entre outorgante e outorgado, agente e principal. Quando o agente, que deveria agir no interesse do principal, passa a agir em nome próprio, há um problema de agência.
Quando alguém age privilegiando o que quer, e não privilegiando quem lhe deu poderes, o nome disso é problema de agência. 
Tipos de conflitos de interesse em uma companhia:
a) Conflitos de agência vertical (problema de agência clássico)
Há um problema de agência entre órgãos distintos: Assembleia Geral, Conselho de Administração e Diretoria, onde a Assembleia Geral é principal e o Conselho de Administração e a Diretoria são os agentes, que decidem o dia a dia da empresa, dando prioridade aos interesses individuais em detrimento ao interesse da sociedade.
É o conflito entre os sócios e os administradores. Os sócios proprietários são os principais, e os administradores são os agentes, devendo os administradores buscar os interesses dos sócios proprietários, e não seus interesses pessoais.
Como limitar o poder dos administradores? Através do deslocamento de competência e sistemas de controle.
b) Conflito de agência horizontal (expropriação)
São os conflitos entre controladores (ou majoritários) e não controladores (ou minoritários), em que os minoritários são os principais, e que os controladores os agentes, não podendo os controladores expropriar os minoritários. Este mesmo problema ocorre entre acionistas ordinários e preferenciais.
Há um corpo que são os sócios, e dentro deste corpo temos os minoritários e majoritários, ambos tendo direito de voto, embora o voto do majoritário tenha mais poder. Logo, a vontade do majoritário prevalece sobre o minoritário. No momento em que o majoritário pode decidir pela totalidade, e não apenas pela parte dele, o risco é que ele privilegie o seu interesse pessoal em detrimento do interesse social (esse é o problema de expropriação). 
O problema de expropriação consiste no abuso do exercício do poder de controle por parte do controlador, em detrimento da expropriação da figura do minoritário. Nas companhias de controle concentrado, em que há um controle definido, o foco da governança corporativa se volta para o problema de expropriação, que decorre de benefícios privados do controle através do desvio de recursos da companhia para privilegiar o acionista controlador em detrimento dos acionistas minoritários. Desta forma, para evitar o problema de expropriação, a governança corporativa se preocupa em assegurar um tratamento equitativo entre todos os acionistas, controladores
ou não. 
Obs.: Prêmio de controle. O prêmio de controle é a diferença entre o valor unitário das ações integrantes do bloco de controle e das demais ações emitidas pela companhia que reflete o risco de espoliação pelo acionista controlador, a que não estão sujeitos os acionistas minoritários, em função da maior ou menor eficácia da governança corporativa em coibir tais práticas ilícitas.
Como evitar o problema de expropriação?
i. Estabelecimento de quórum especial: Ex.: Imagine uma situação em que há a figura de dois sócios, um que detém a participação acionária de 70% do capital social votante, e outro que detém 30%. A lei, via de regra, estabelece a regra de 50% + 1, ou seja, nas deliberações da assembleia geral, prevalece a participação majoritária. Diante desse cenário, não é favorável para o acionista majoritário estabelecer o quórum especial para a deliberação de determinadas matérias, pois assim ele perderia o controle. Contudo, esse mecanismo dificulta o exercício abusivo do poder de controle por parte do majoritário, evitando, assim, o problema de expropriação, vez que não se permite que o majoritário decida sozinho sobre determinadas deliberações. 
ii. Poder de mercado: O próprio mercado exerce algum controle sobre o controlador, por meio do valor do negócio (o interesse que gera pela oferta e demanda). É importante para as sociedades negociadas em bolsa.
iii. Poder repressivo do Estado: A primeira possibilidade é o controle pelo Judiciário, em que o sócio minoritário tem interesse de propor ações para que não sofra o problema de expropriação. A segunda via de exercício deste poder de fiscalização do sócio majoritário se dá através dos órgãos fiscalizatórios de administração indireta (autarquias), como o controle exercido pela CVM através da instauração de procedimentos de inquéritos e aplicação de sanções ao controlador que aja em abuso de direito ou esteja em conflito de interesses.
c) Conflito entre sócios e terceiros contratantes
Ex.: Conflito entre credores, empregados e consumidores. Neste caso, a sociedade não pode atuar oportunisticamente para expropriar credores, explorar empregados ou prejudicar consumidores.
OBS: a prestação de contas é uma forma de mitigar o problema de agência. Na prestação de contas, a diretoria elabora as contas, e esse documento é passado por uma revisão realizada pelo conselho de administração, ampla e abrangente, que vai integrar e documento, e haverá uma terceira etapa, que consiste em um parecer do Conselho Fiscal (quando houver). Depois disso, esse documento será entregue aos sócios. 
4. Órgãos
A distribuição entre os órgãos e a lógica por trás dessa distribuição segue uma lógica de governança coorporativa. A estruturação de poder e das relações de interesse dentro da companhia seguem quatro grandes princípios: (i) o princípio da transparência das informações; (ii) o princípio da equidade (em uma sociedade com controlador pré-definido a equidade é prejudicada – quando trabalha-se a governança, se quer recompor a equidade); (iii) o princípio da prestação de contas (administradores precisam prestar contas); e (iv) o princípio da responsabilidade corporativa (perenização da organização; responsabilidade ambiental, social, etc.).
a) Sócios
Aos sócios cabem as decisões maiores, mais importantes e que possam gerar maior conflito. Interesse social: Discute-se se o interesse da sociedade é gerar apenas lucros ou agregar valor social. O futuro da sociedade não deve ser pensado a curto prazo, mas sim a longo prazo.
b) Conselho de Administração
O Conselho de Administração realiza atos de supervisão. O Conselho de Administração representa uma ligação entre a Assembleia e os diretores. Trata-se de órgão importante, pois atua para a realização de boas práticas de governança corporativa. O administrador não pode concorrer contra a sociedade que administra.
c) Assembleia Geral
A Assembleia Geral é o órgão de reunião dos acionistas para deliberar sobre matérias de interesse da sociedade. A Assembleia pode tratar de matérias não previstas em lei, mas não pode ultrapassar a competência de outros órgãos. A Assembleia Geral tem competência para convocar uma nova assembleia geral, já que ela é um órgão que expressa a vontade da sociedade. 
Na convocação da assembleia deve haver a ordem do dia, que é relação de matérias que serão discutidas e votadas, sendo importante para que os acionistas verificarem se possuem ou não possuem interesse em comparecer à reunião. Se a assembleia trata de um assunto não colocado na ordem do dia, ela não será ratificada – não é necessário colocar na ordem do dia a destituição e responsabilização de administradores.
A Assembleia Geral é composta de todos os acionistas da sociedade que, tendo ou não direito a voto, para ela devem ser convocados. Insta observar que esse órgão social supremo possui duas classificações, a saber: A Assembleia Geral Ordinária (AGO) e a Assembleia Geral Extraordinária (AGE).
A AGO ocorre anualmente, nos quatro primeiros meses seguintes ao término do exercício social. A lista de matérias submetidas à apreciação dessa modalidade de assembleia é taxativa, ou seja, a Assembleia Geral Ordinária não pode deliberar além das matérias previstas no art. 132 da Lei das Sociedades Anônimas, sob pena de anulação da deliberação.
A AGE será convocada nos demais casos não pertinentes à Assembleia Geral Ordinária. Para evitar transtornos burocráticos, podem-se realizar as duas assembleias no mesmo dia, hora e local, relatadas em ata única (art. 131, parágrafo único Lei das Sociedades Anônimas).
No tocante à convocação da Assembleia Geral, ocorrerá mediante anúncio publicado por 3 (três) vezes, no mínimo, contendo, além do local, data e hora da assembleia, a ordem do dia, e, no caso de reforma do estatuto, a indicação da matéria.
Com relação às Companhias Fechadas, convocação deverá ser feita com oito dias de antecedência do encontro, no mínimo, contado o prazo da publicação do primeiro anúncio; não se realizando a assembleia, será publicado novo anúncio, de segunda convocação, com antecedência mínima de cinco dias.
Por sua vez, a convocação das Companhias Abertas, convocação deverá ser feita com quinze dias de antecedência do encontro, no mínimo, contado o prazo da publicação do primeiro anúncio; não se realizando a assembleia, será publicado novo anúncio, de segunda convocação, com antecedência mínima de 8 dias.
Como regra geral, compete ao Conselho de Administração, se houver, ou aos diretores, observado o disposto no estatuto social, convocar a Assembleia Geral.
A convocação de Assembleia Geral deverá observar três requisitos primordiais, a saber: legitimidade de quem irá convocar a assembleia, deverá haver publicidade do ato de convocação e as matérias que serão objeto de discussão precisam estar delimitadas.
Por fim, ressalvadas as exceções previstas em lei, a Assembleia Geral instalar-se-á em primeira convocação, com a presença de acionistas que representem, no mínimo, 1/4 (um quarto) do capital social com direito de voto; e em segunda convocação instalar-se-á com qualquer número.
d) Diretoria
A Diretoria é órgão obrigatório nas sociedades anônimas, pois tem a função de praticar todos os atos necessários para o andamento dos negócios, sendo o representante da sociedade: age no dia a dia da sociedade. Dentro da Diretoria Executiva é possível a criação de comitês específicos. A lei não reconhece a figura do comitê; então, para vincular a decisão da companhia à decisão do comitê, indica-se que os conselheiros estão vinculados às deliberações do comitê sobre determinadas matérias específicas. Muitas vezes vincula-se um grupo maior à decisão de um grupo menor para dar efetividade ao comitê. O comitê é criado para que haja um grupo especializado trabalhando em algo ou para evitar conflitos de interesse.
e) Conselho Fiscal
O Conselho Fiscal é um órgão facultativo, que tem a função de fiscalizar a administração da sociedade, prestando serviço ao sócio e protegendo, principalmente, o sócio minoritário. O conselho fiscal deve ser composto
por pessoas com conhecimentos técnicos. O conselheiro não é um empregado e nem é subordinado ao administrador. Seu poder é atribuído pela Assembleia. O administrador da sociedade presta contas ao sócio, que deve aprovar ou rejeitar as contas durante a assembleia, com auxílio do conselho fiscal. A função do conselho é de parecer, não deliberativa.
· Poder de controle
O poder de controle da S/A pressupõe a verificação de dois elementos fáticos: a titularidade de direitos de sócio que correspondam à maioria dos votos nas deliberações sociais e que assegurem a eleição da maioria dos administradores da companhia, de forma permanente; e a efetiva utilização do poder de comandar as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia.
Controle = aptidão para comandar em última instância as atividades empresariais.
A definição do poder de comando na sociedade é sempre feita em função do que ocorre na Assembleia Geral, sendo a última instância societária. Há nesse poder, portanto, um aspecto dinâmico que apenas se satisfaz pela permanente e efetiva atuação do titular das funções de comando. A lei define o controlador (art. 116-A, LSA) como o titular de direitos do sócio que lhe assegura, permanentemente, a maioria dos votos na Assembleia Geral; assim, a norma exclui do conceito de controlador aquele que obteve maioria episódica – o poder não pode ser eventual ou simbólico, mas sim real e atual. 
Em uma S/A, vigora o regime majoritário para aprovação de matérias submetidas à deliberação, sendo uma maioria de 50% + 1: o titular dessas ações pode ser um só acionista, pessoa física ou jurídica, ou um grupo de pessoas.
Se não for o caso de um ou mais acionistas, em acordo de votos, alcançarem um controle majoritário, por meio da titularidade da maioria absolutas das ações votantes emitidas, deve-se investigar se há manifestação do exercício desse poder por parte de algum grupo de acionistas, ou até um acionista isolado que faça prevalecer sua vontade nas assembleias gerais. 
Sabe-se que o exercício do poder de controle em companhias abertas pode resultar do fato de que grande parte do quadro acionário não se interessa em comparecer às assembleias. Unindo isso ao ativismo de um grupo de acionistas, mesmo que pequeno, pode-se identificar um núcleo de poder na sociedade exercido por titulares com participação minoritária no capital da sociedade. Essa questão relativa à alienação de poder de controle minoritário desponta como altamente polêmica, despertando posições antagônicas, não havendo regulação em lei societária ou da CVM sobre a matéria, não havendo critério seguro para identificar a presença do requisito de permanência exigido na LSA para caracterizar a constituição de um bloco que exerça o poder de controle na sociedade.
O direito societário, especialmente a Lei 6.404, emprega a expressão poder de controle como a aptidão para comandar em última instância as atividades empresariais. O art. 116 da Lei de S/A indica que entende-se por controladora a pessoa natural ou jurídica, ou grupo de pessoas vinculada por acordo de voto ou sob controle comum, que: é titular do direito de sócio que lhe assegure de modo permanente a maioria dos votos nas deliberações da assembleia e o poder de eleger a maioria de administradores da companhia. Quem exerce a atividade econômica é a sociedade empresária. Quando o administrador assina um contrato, assina em nome da sociedade, logo, quem se vincula pela obrigação é a sociedade.
Um sujeito com 5% de uma companhia pode prevalecer em uma deliberação societária em algumas hipóteses: a primeira hipótese é se esse sujeito estiver em um grupo em que vincule o voto dos outros, a segunda opção é aquela em que os outros possuem frações menores. É possível que 5% seja a maioria em determinada circunstância – no capital pulverizado, muitas vezes há a chamada apatia racional e, em uma assembleia, uma pessoa com 5% das ações pode ser o majoritário – circunstancialmente o indivíduo tomará as decisões em nome da companhia – ocorre que isso não faz com que o sujeito seja controlador, pois não há um caráter permanente. 
Para ser controlador, o sujeito precisa, permanentemente, possuir a maioria dos votos na assembleia. Há a ainda a necessidade de eleger a maioria dos administradores da companhia. Trata-se de ponto importante porque essas pessoas irão compor o interesse do controlador. O poder de controle não pode ser meramente potencial – o poder precisa ser efetivado – o controlador precisa realizar o poder, precisa ser uma pessoa que efetivamente comparece às assembleias e vota (uso efetivo do poder). Os requisitos são cumulativos e não alternativos.
Manual do NovoMercado B3 (Antiga Bovespa) – “Poder de Controle” significa o poder efetivamente utilizado de dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia, de forma direta (qualidade de acionista) ou indireta (sócio de alguém que é acionista), de fato ou de direito, independentemente da participação acionária detida (pode ter menos que 50%+1). Há presunção relativa de titularidade do controle em relação à pessoa ou ao grupo de acionistas que seja titular de ações que tenham assegurado a maioria absoluta dos votos dos acionistas presentes nas 3 últimas assembleias gerais da Companhia, ainda que não seja titular das ações que lhe assegurem a maioria absoluta do capital votante. 
Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que:
a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembléia-geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; e
b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia.
Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender.
Art. 116-A. O acionista controlador da companhia aberta e os acionistas, ou grupo de acionistas, que elegerem membro do conselho de administração ou membro do conselho fiscal, deverão informar imediatamente as modificações em sua posição acionária na companhia à Comissão de Valores Mobiliários e às Bolsas de Valores ou entidades do mercado de balcão organizado nas quais os valores mobiliários de emissão da companhia estejam admitidos à negociação, nas condições e na forma determinadas pela Comissão de Valores Mobiliários.
	Acionista controlador:
· Pessoa natural ou Pessoa jurídica ou Multiplicidade de pessoas vinculadas por acordo de votos
· Controle comum: Quando eu tenho 2 PJ, cada uma com 40%, mas todas elas 2 são controladas pela mesma pessoa. 
+ 
De modo permanente, a maioria das cotas 
+
Efetivamente usar o poder para comandar a sociedade
É um parâmetro específico do que é poder de controle, pois a lei não diz o que seria. 
a) Classificação do controle
Fábio Comparato divide o poder de controle em duas formas: controle interno e controle externo. 
O controle interno é aquele que está no interno da companhia – um agente endógeno está exercendo o controle. É exercido pela via societária. O controle interno pode, ainda, ser classificado em: (i) (a) direto ou (b) indireto; e (ii) (a) totalitário, (b) majoritário, (c) minoritário ou (d) gerencial. 
O controle interno é totalitário quando há a figura do sócio único que detém praticamente todo o controle da sociedade – se uma pessoa tem 100% do capital social com direito a voto. 
O controle interno majoritário é o controle 50% + 1 de quotas/ações com direito a voto.
O controle interno minoritário ocorre quando há uma grande pulverização, o que é mais provável em um ambiente de apatia racional – poucos acionistas minoritários vão à assembleia – se o controle nesses moldes
virar um padrão na assembleia, se estará diante de um controle minoritário (efetivo e constante). 
Existe ainda o chamado controle interno gerencial – nesse caso, há administradores controlando a sociedade e, isso ocorrerá quando não há um controlador majoritário claramente definido. O controle gerencial ocorre em cenários em que há participação societária pulverizada e administradores hiperqualificados e com conhecimento de mercado, que têm o controle da informação. 
No modelo americano, o controle gerencial fica mais claro através dos proxys, que são as procurações. Quando os administradores querem se manter no poder e existem acionistas espalhados por todo o país, os administradores solicitam uma procuração a esses acionistas. 
Além do controle interno, há o controle externo. O controle externo é exercido por alguém alheio à companhia – a pessoa controla as deliberações das assembleias por outras vias contratuais que a possibilitem ter um fluxo contratual ou econômico sobre o negócio. Um fornecedor único, por exemplo, pode indicar que não quer que determinada pessoa seja administradora. 
CASO EIKE BATISTA: O caso de Eike Batista foi julgado pela CVM. A SEP é um órgão da CVM responsável pela formulação de acusações. A CVM é um órgão administrativo e, onde há mercado de valores mobiliários há um agente regulador. Nos Estados Unidos, a prima da CVM é a SEC. A CVM julga a aplicação da matéria societária, trata-se de uma análise mais especializada. No caso em análise, há um processo administrativo sancionador, ou seja, a intenção do processo é investigar se alguém cometeu um ato ilícito que atente contra o mercado de capitais brasileiro, merecendo uma sanção. A ação foi iniciada pela SEP, que poderia atuar de ofício, mas no caso atuou mediante provocação dos acionistas. Alguém se sentiu prejudicado pela conduta de Eike Batista, requisitando que a SEP iniciasse o processo administrativo sancionador. O réu do processo é Eike Batista, presidente do conselho de administração (chairman). A acusação indica que Eike Batista aprovou as próprias contas, de modo a ensejar um conflito de interesse – não haveria a observância do interesse social da empresa, mas sim do interesse particular. No caso em análise, o diretor administrador deveria prestar conta à assembleia geral, formada pelos sócios. Ao conselho fiscal cabe a revisão das contas e, além do conselho fiscal, o conselho de administração também deve realizar a revisão. Quem gere o direito no dia a dia é a diretoria, logo, ela precisa prestar contas. 
Na Lei da S/A indica-se que o acionista não poderá aprovar suas próprias contas como administrador (art. 115, Lei de S/A). O art. 1.078 do Código Civil também indica que não pode tomar parte na assembleia os membros da administração – o sócio administrador não poderá votar suas contas. No caso de Eike Batista, o dispositivo utilizado é o art. 115 da Lei de S/A, porque há uma sociedade anônima. Eike Batista era presidente do conselho de administração. Eike não poderia votar e, não votou diretamente. Ocorre que, as duas empresas que Eike possui votaram: Centennial Minnig e Centennial Equity. Nos EUA Eike formou duas pessoas jurídicas e, montou no Brasil a OGPAR, sociedade de participações. A SEP, órgão integrante da CVM, responsável pela formulação da peça de acusação, levantou três pontos importantes: caracterização do controle, a atuação de Eike como administrador e controlador, deveres e responsabilidades do controlador.
Eike era o controlador das empresas Centennial Minnig e Centennial Equity – havia o exercício do controle interno totalitário. Essas sociedades possuíam 50,16% da OGPAR. Como as sociedades votavam em conjunto, verifica-se que elas eram as controladoras internas majoritárias. Eike levantou uma objeção indicando um dos princípios fundadores do direito societário. Quem votou a aprovação das contas de Eike não foi ele, mas sim a Centennial Minnig e a Centennial Equity, então a rigor, não houve violação do dispositivo que indica que o administrador não pode votar em suas contas. A CVM indicou que as duas sociedades utilizadas para a aprovação de contas seriam veículos e, interesse social de ambas as sociedades é definido pelo próprio Eike, visto que ele detém 100% das mesmas, exercendo o controle totalitário. Eike era controlador indireto da OGPAR, pois se valia de veículos.
O administrador tem dever fiduciário para com a companhia, mesmo que representando um grupo de acionistas – o administrador, portanto, deve representar o interesse da companhia e não de quem o elegeu. O controlador precisa defender os interesses da sociedade, e não os próprios interesses. 
Eike Batista possui dois vínculos jurídico com a OGPAR – um vínculo jurídico é na condição de administrador e, esse vínculo gera deveres fiduciários de gerir o negócio pensando no melhor interesse da sociedade, de participar nas reuniões do conselho de administração pensando nos interesses da companhia. No vínculo jurídico de sócio, existem as obrigações de controlador e, o rol de obrigações é diverso, a exemplo da proibição de votar em matéria na qual haja interesse pessoal. No caso em análise ataca-se Eike por ter agido como sócio. O dever violado por Eike foi o dever de se abster de votar em suas próprias contas como sócio, então ele é acusado na competência de sócio.
Sobre o argumento da autonomia das pessoas jurídicas, a CVM entendeu que não deveria ocorrer desconsideração da personalidade jurídica. Há a manutenção da autonomia da pessoa jurídica. O controle é um exercício de poder e, no momento em que se reconhece que Eike exercia o poder, entende-se que ele possuía o controle. A CVM entendeu que a autonomia não deveria ser afastada, bem como que não era relevante para o caso. O administrador não pode aprovar as próprias contas porque há um conflito entre interesse próprio e o interesse da companhia.
OBS. Prestação de contas: 
É um mecanismo para mitigar o problema de agência. Quem receberá ao final a prestação de contas serão os acionistas. 
Existem duas etapas nesse processo de prestação de contas. Quem começa a elaborar a primeira versão da prestação de contas é a diretoria. Depois, haverá uma revisão do ato. Existem dois tipos de revisão, uma mais ampla e uma mais contábil. Caberá, então, ao Conselho de Administração a primeira revisão, mais ampla e abrangente que integrará o documento e o conselho fiscal revisará novamente de forma mais restrita, elaborando um parecer. O conselho de administração consolida e integra as contas, que depois passará para o conselho fiscal e após para os acionistas. Então, as contas são da administração em geral, tanto o conselho de administração e da diretoria. 
Em regra, a prestação de contas tem que ocorrer em até 4 meses após o encerramento do exercício social. A regra geral é que haverá a prestação de contas até abril do ano. O exercício social será, em regra, de um ano e coincidir com o ano civil, não necessariamente. Há sociedades que funcionam com exercícios sociais menores, como bancos que têm regulações específicas e a prestação de contas será trimestralmente. 
b) Contas
Tomar as contas dos administradores significa verificar as operações realizadas, os lançamentos contábeis, os documentos que os embasam e os dados do balanço patrimonial e de resultado econômico. A Lei de S/A indica o que deve estar nas demonstrações financeiras dos administradores – um dos documentos é o parecer do conselho fiscal, inclusive dos votos dissidentes: isso porque, se há controle definido, a maioria do conselho fiscal é definida pelo controlador. O controlador também é quem definirá a maioria dos administradores. 
Nesse sentido, há a probabilidade de que o controlador tente burlar os sistemas, dessa forma, é necessária a observância dos votos dissidentes: a finalidade é fazer com que a informação chegue aos acionistas. A prestação de contas interessa aos sócios, então é direito dos sócios e dever dos administradores. 
Instalada a Assembleia Geral, haverá a votação de aprovação e rejeição das contas. A
prestação de contas ocorre após o encerramento do exercício social, no prazo de quatro meses (via de regra de janeiro a abril). A questão da aprovação das contas é uma materialização do chamado direito de fiscalizar a sociedade. Nas sociedades contratuais, os sócios podem exercer esse direito contratualmente. Nas sociedades anônimas, esse direito é exercido em coletividade na assembleia. Há relação entre apatia racional e direito de fiscalizar: uma sociedade com sócios mais apáticos terá um menor grau de fiscalização e, se o administrador praticar abusos, é difícil os verificar. A Lei de S/A e o Código Civil estabelecem prazos e formas de prestação de contas (art. 105, art. 134 e art. 161, Lei de S/A).
No caso da fiscalização, existem duas dificuldades. A primeira dificuldade diz respeito ao acesso à informação (exemplo: entrega de um relatório de diretoria ruim; administrador não presta contas). A segunda dificuldade ocorre quando o administrador presta contas, mas o sócio não consegue ler tais contas. Para evitar problemas, deve existir um Conselho Fiscal ou é possível ainda a contratação de auditoria independente.
Eficácia liberatória ou quitus: No momento em que ocorre a aprovação da prestação de contas, o administrador está liberado de qualquer ato que tenha feito ao longo do ano. Se o dado foi fraudado, não há eficácia liberatória. Se os dados estão corretos e a assembleia dá o quitus, há eficácia liberatória. Se a assembleia rejeitar as contas, caberá ação contra o administrador para reembolso do prejuízo. A aprovação de contas de Eike Batista não foi cancelada, mas, os sócios podem adentrar com ação judicial alegando vício na formação da vontade social.
PERGUNTAS ORIENTADORAS:
1. Quais os órgãos?
Assembleia Geral (compostos pelos sócios/acionistas), Conselho Fiscal (órgão facultativo), Conselho de Administração e Diretoria.
2. O que é capital concentrado?
Quando há um acionista controlador definido na companhia tem-se o capital concentrado, trata-se da concentração da maioria dos votos em um acionista ou grupo de acionistas. 
3. Quando a sociedade tem controle diluído?
Uma companhia com capital diluído é uma companhia que tem seu capital pulverizado, ou seja, o controle acionário disperso diante da ausência de concentração das ações em um controlador ou um grupo que detenha o controle.
4. O que é apatia racional?
É a inércia, mais ou menos consciente, do acionista que tem uma participação acionária irrisória. Diante do cenário de uma empresa com capital pulverizado é bastante comum que muitos acionistas que não possuam grande representatividade nas assembleias deixem de se interessar pela gestão da empresa e votar nas assembleias. Esse cenário é propício para o desenvolvimento do problema de agência.
5. Qual o problema de agência? Ele é diferente nas sociedades de capital difuso ou concretado?
O problema de agência decorre do desalinhamento entre interesses dos agentes (administradores) e os interesses dos principais (os acionistas, donos do negócio, proprietários da companhia). Em uma sociedade de capital pulverizado tem-se um terreno fértil para o desenvolvimento do problema de agência, uma vez que há um cenário de apatia irracional, ou seja, desinteresse dos acionistas, que deixam o controle da companhia refém dos administradores.
6. Quais os órgãos que podem vir a entrar em conflito?
Conflito de agência vertical: Administração (conselho de adm e diretoria) x Assembleia (sócios)
Conflito de agência horizontal (problema de expropriação): Conflito entre agente (acionista controlador) e principal (minoritarios) quando o majoritário passa a agir em benefício próprio expropriando a figura do minoritário.
7. Há meios de combater interesses conflitantes?
Sim.
Meios regulatórios – através de estratégias estabelecidas pelos principais (acionistas), por meio de mecanismos de fiscalização e adoção de boas práticas de governança corporativa, como técnicas de compliance, adoção de Código de Ética, controle por meio de instituições, leis, normas estatutárias, disposições contratuais e práticas negociais que tratam do relacionamento daqueles que investem na companhia (acionistas, credores, empregados, fornecedores, clientes e comunidade) e os responsáveis pela sua gestão (administradores e acionistas controlador). Práticas que tratam da relação principal x agente, reprimindo diretamente a atuação do agente que atue em desacordo com o interesse social. Uma outra prática que pode melhorar esta relação é por meio do estímulo e incentivos da atividade dos agentes dando-lhes bonificações, promoção de cargos e melhores salários.
Direito de fiscalização e art. 115, LSA: O direito de fiscalização tem que ser visto à luz de dois grandes problemas: o problema de acesso à informação e o problema de tratar a informação. Qual a forma que a lei dá para garantir que o administrador dará informações aos sócios? 
Temos, primeiramente, a prestação de contas. Depois, há a possibilidade de olhar os livros sociais. Nas sociedades simples, se não houver disposição contratual especifica será livre (art. 1021, CC); sociedades anônimas o acesso a livros é mais delicado (depende de ação judicial),
Tratar a informação é ler os documentos, entender o registro. Dentro da estrutura da S/A, temos o Conselho Fiscal, que existe para dar um opinativo sobre as informações financeiras. Há também a possibilidade de ter uma auditoria externa independente – uma empresa externa que atesta que os documentos contábeis são ou não consistentes. 
Quem aprova as contas na S/A é a Assembleia Geral Ordinária (art. 132, Lei de S/A). 
Art. 132. Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses seguintes ao término do exercício social[footnoteRef:1], deverá haver 1 (uma) assembléia-geral para: [1: Até 30/04 é preciso fazer a AGO. A notificação para prestação de contas, portanto, é até 31/03. ] 
I - tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras;
II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de dividendos;
III - eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso;
IV - aprovar a correção da expressão monetária do capital social (artigo 167).
Tomar as contas dos administradores significa verificar as operações realizadas, os lançamentos contábeis, os documentos que o embasam, e os dados dos balanços, patrimonial e de resultado econômico. O art. 133 da Lei de S/A regula a prestação de contas. 
Art. 133. Os administradores devem comunicar, até 1 (um) mês antes da data marcada para a realização da assembléia-geral ordinária, por anúncios publicados na forma prevista no artigo 124, que se acham à disposição dos acionistas: 
I - o relatório da administração sobre os negócios sociais e os principais fatos administrativos do exercício findo;
II - a cópia das demonstrações financeiras;
III - o parecer dos auditores independentes, se houver.
IV - o parecer do conselho fiscal, inclusive votos dissidentes, se houver; e 
 V - demais documentos pertinentes a assuntos incluídos na ordem do dia. 
Veja que é preciso dar os documentos para os sócios com 1 mês de antecedência da AGO, para que eles possam analisar a documentação, já que eles apreciam na AGO.
Não há cominação de penalidade em lei para o descumprimento deste artigo; no Estatuto, é possível criar uma sanção, ou então é possível considerar hipótese de inelegibilidade da Administração por descumprimento dos prazos legais. 
Art. 134. Instalada a assembléia-geral, proceder-se-á, se requerida por qualquer acionista, à leitura dos documentos referidos no artigo 133 e do parecer do conselho fiscal, se houver, os quais serão submetidos pela mesa à discussão e votação.
Obs.: O administrador presta conta aos acionistas. A Diretoria elabora a prestação de contas, e o Conselho de Administração e Conselho Fiscal (se houver), fazem a revisão das contas. 
A aprovação de contas é importante pela eficácia liberatória (quitus). 
LSA: Art. 134, § 3º A aprovação, sem reserva, das demonstrações financeiras e das contas,

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