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09/03/2021 1 Fraude e erro O termo fraude refere-se ao ato intencional de omissão ou manipulação de transações, adulteração de documentos, registros e demonstrações contábeis. A fraude pode ser caracterizada por: • a) Manipulação, falsificação ou alteração de registros ou documentos, de modo a modificar os registros de ativos, passivos e resultado; • b) apropriação indébita de ativos; • c) registro de transações sem comprovação; • d) aplicação de praticas contábeis indevidas. Fraude e erro O termo erro, por sua vez, refere-se a ato não intencional na elaboração de registros e demonstrações contábeis, que resulte em incorreções desses. Erros aritméticos na escrituração contábil ou nas demonstrações contábeis, aplicação incorreta das normas contábeis e interpretação errada das variações patrimoniais. 09/03/2021 2 Fraude e erro Os erros, tanto os intencionais (fraude) como os voluntários, podem ainda, ser classificados em três tipos: erro de princípio, erro de omissão e erro de perpetração. Um erro de princípio consiste na aplicação equivocada das diretrizes contábeis, resultando em registros e demonstrações incorretas. Um erro de omissão consiste em deixar de fazer um registro contábil, o que igualmente resulta em demonstrações contábeis inexatas. Um erro de perpetração caracteriza-se pela falta de cuidado, intencional, ou não, e os resultados são idênticos aos dois casos anteriores. Fraude e erro 09/03/2021 3 FRAUDE E ERRO - conclusão De qualquer modo, os erros intencionais serão sempre consequência de um plano deliberado de uma ou mais pessoas que têm o objetivo de gerar prejuízos ou perdas para uma entidade ou para uma pessoa. Já os erros involuntários decorrem de simples equívocos e normalmente dizem respeito a falta de cuidado ou desconhecimento das técnicas contábeis Falhas na profissão Não há divergência a respeito da existência de sérios problemas na profissão contábil durante o final da década de 1990 e no início da década de 2000 com Enron, WorldCom, Lucent entre outras fraudes financeiras importantes. Mais recentemente, tem havido problemas representados pela não identificação tempestiva de deficiências em instituições financeiras, ou pior, a incapacidade de identificar esquemas Ponzi (pirâmides) Essas falhas têm exercido efeito profundo sobre a profissão de auditoria e vão muito além do caso Arthur Andersen - a maior empresa de contabilidade externa a falir até hoje. O que ocorreu? Não há uma única resposta, mas alguns dos problemas foram os seguintes: 09/03/2021 4 Falhas na profissão - Os princípios contábeis aceitos em geral passaram a ser vistos como um conjunto de regras que poderiam ser interpretadas (com poucos limites) de acordo com os objetivos de divulgação dos administradores. - Uma proporção significativa da remuneração dos administradores passou a ser feita sob a forma de ações ou opções de compra de ações, pois a receita federal americana limitou a dedutibilidade dos salários a US$ 1 milhão. Portanto, os administradores passaram a ser motivados a elevar o preço da ação - mesmo que as operações não justificassem esse aumento de preço. - Os auditores, essencialmente, eram contratados e dispensados pelos administradores, embora as empresas fossem obrigadas a ter membros no conselho de administração que fossem independentes dos administradores (pelo menos no papel). Falhas na profissão - Os auditores passaram a ter forte motivação para agradar os administradores. A identificação de uma maneira de alcançar um objetivo de divulgação da administração - por exemplo, retirar prejuízos do balanço, como no caso Enron - geralmente resultava em contratos lucrativos de consultoria para as empresas de auditoria. - A profissão não estava preparada para os critérios exigidos para a implantação da contabilidade baseada em princípios Esta e uma questão que afetara todos os auditores no futuro, assim como a demanda por critérios baseados em princípios continuará a crescer em razão da dificuldade de elaboração de regras claras e inequívocas em toda e qualquer circunstância ou transação. 09/03/2021 5 Falhas na profissão - Muitos contadores acreditaram que era perfeitamente aceitável aplicar os princípios da contabilidade de modo que atingisse os objetivos dos administradores. Em outras palavras, a mentalidade estava errada: “Se o Fasb não proibe, então deve ser permitido” - A profissão de auditoria precisava ser mais rentável para reter sócios e gerentes. Para isso, muitas empresas de auditoria reduziram o volume de testes aplicando inadequadamente a auditoria um enloque baseado em conceitos de risco. - Os reguladores tinham recursos limitados e sua carga de trabalho era excessiva. Desse modo, o ambiente regulatório gerou menos supervisão e, combinado com uma atitude pro-empresarial, permitiu maior flexibilidade na divulgação de informações. Normas profissionais Em 13 de fevereiro de 2009, o CFC editou a Resolução 1.156/09, que dispõe sobre a Estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade, que devem seguir os mesmos padrões de elaboração e estilo utilizados nas normas internacionais. As Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) compreendem o Código de Ética Profissional do Contabilista, Normas de Contabilidade, Normas de Auditoria Independente e de Asseguração, Normas de Auditoria Interna e Normas de Perícia. Essas normas cobrem aspectos profissionais (NBC P+) e técnicos (NBC T+) para cada uma das áreas acima (Contabilidade, Auditoria Independente, Auditoria Interna e Perícia). As NBC Ps estabelecem preceitos de conduta para o exercício profissional, enquanto as NBC Ts estabelecem conceitos técnicos doutrinários, de estrutura e procedimentos a serem aplicados. 09/03/2021 6 Normas Profissionais Normas profissionais A numeração das normas brasileiras de auditoria é a mesma adotada pelas normas internacionais • ou seja, a NBC TA 200 está correlacionada com a ISA8 200 e assim por diante. A adoção da mesma numeração além de facilitar a comunicação se fez necessária, urna vez que as normas fazem referência entre si e seria extremamente trabalhoso e impraticável o uso de uma numeração diferente. A numeração final é composta pela sigla + número da norma expresso em três dígitos (centena) com numeração saltada para inclusão de novas normas quando forem necessárias. Por sua vez, o primeiro dígito da centena significa o grupo a que se refere. Por exemplo, na seção (centena) que inicia com o dígito 7 estão classificadas as normas relacionadas com as conclusões da auditoria de demonstrações financeiras e dos relatórios de auditoria. 09/03/2021 7 Resumo executivo do fluxo da auditoria F - Normas que são aplicáveis ao longo de todo o processo de auditoria das demonstrações financeiras NBC TA 200, que trata dos princípios e das responsabilidades gerais que regem um trabalho de auditoria. Essa norma, além de estabelecer de forma clara as responsabilidades de cada parte (administração da entidade e de seus órgãos de governança e do auditor), apresenta definições, conceitos e regras que pautam a aplicação das demais normas, que devem, sempre, ser lidas em conjunto com ela, que possui os seguintes requisitos: 09/03/2021 8 F - Normas que são aplicáveis ao longo de todo o processo de auditoria das demonstrações financeiras a) Requisitos éticos relativos à auditoria de demonstrações financeiras; b) Ceticismo profissional; c) Julgamento profissional; d) Evidência de auditoria apropriada e suficiente e risco de auditoria; e e) Requisitos relacionados com a condução da auditoria. F - Normas que são aplicáveis ao longo de todo o processo de auditoria das demonstrações financeiras Se olharmos o fluxograma didático de um trabalho de auditoria, essa norma se aplica em todo o processo, desde a contratação do trabalho, quando se chega à concordância sobre termos do trabalho, até a conclusão do trabalho, que se dá com a entrega dos relatórios elaborados pelo auditor independente.Isso ocorre também com as normas 220 (controle de qualidade no nível do trabalho de auditoria), 230 (documentação da auditoria) e 520 (aplicação de procedimentos analíticos). 09/03/2021 9 B - Contratação do auditor independente (Concordância com os termos do trabalho) O marco inicial do trabalho de auditoria das demonstrações financeiras é a contratação do auditor independente pela entidade. Essa contratação deve estar evidenciada por meio de um contrato ou de troca de correspondência que estabeleça as "regras do jogo" a serem observadas pelas partes. B - Contratação do auditor independente (Concordância com os termos do trabalho) A NBC TA 210 formaliza essas regras, melhor dizendo, essas responsabilidades de cada parte, portanto, esta norma orienta de forma objetiva o cumprimento; dos requisitos da referida norma, que compreendem: ◦ Condições prévias para uma auditoria; ◦ Acordo sobre os termos do trabalho; ◦ Auditoria recorrente; ◦ Considerações para a aceitação de mudanças nos termos do trabalho; ◦ Considerações adicionais para aceitação do trabalho. 09/03/2021 10 c - Planejamento e Identificação e avaliação dos riscos de distorção relevante por meio do entendimento da entidade e e seu ambiente Não se inicia qualquer atividade na vida sem um planejamento de aonde se quer chegar e dos passos a serem aplicados para atingir o objetivo; portanto, tão logo seja contratado, o auditor deve INICIAR o seu PLANEJAMENTO. O verbo iniciar foi propositadamente utilizado para caracterizar que em auditoria o planejamento não é algo estanque e deve ser reavaliado de forma permanente para as apropriadas alterações no curso do trabalho, tomando as ações necessárias. A NBC TA 300 apresenta os requisitos a serem observados na elaboração do plano de auditoria, que compreendem o envolvimento do pessoal-chave da equipe (sócio responsável e principais executivos), as atividades preliminares do trabalho de auditoria e as atividades de planejamento. c - Planejamento e Identificação e avaliação dos riscos de distorção relevante por meio do entendimento da entidade e e seu ambiente 09/03/2021 11 A NBC TA 315, que tem importância fundamental no processo de auditoria, pois é com base nela que o auditor determina o que fazer, quando fazer e quanto fazer (respostas ou procedimentos de auditoria). c - Planejamento e Identificação e avaliação dos riscos de distorção relevante por meio do entendimento da entidade e e seu ambiente D - Considerações adicionais na identificação e avaliação de riscos de distorção relevantes A NBC TA 315 é complementada por diversas outras normas que apresentam diversos assuntos que devem ser considerados na identificação e avaliação dos riscos de distorção relevante nas demonstrações financeiras. Entre algumas temos: ◦ NBC TA 240, que trata das considerações sobre eventuais distorções causadas por fraudes; ◦ NBC TA 250, que trata das considerações sobre o cumprimento de leis e regulamentos; ◦ NBC TA 402 pode ser aplicável ou pode não ser aplicável dependendo do fato da entidade utilizar uma organização externa para lhe prestar certos serviços de forma terceirizada; ◦ NBC TA 540, que trata de estimativas, inclusive do valor justo; ◦ NBC TA 550, que trata de transações com partes relacionadas; ◦ NBC TA 620, que trata da utilização de especialistas pelo auditor. 09/03/2021 12 E - Determinação da materialidade A NBC TA 320 fornece ao auditor as orientações necessárias para determinar o valor da materialidade em relação às demonstrações financeiras como um todo, no nível de transações, saldos e divulgações. Com base nesse valor, deve ser computada a materialidade para a execução da auditoria, que é fundamental para determinar, de forma técnica, a extensão necessária dos testes de auditoria em resposta aos riscos avaliados. O tamanho das amostras dos testes substantivos é determinado conforme a NBC TA 530. G - Respostas do auditor aos riscos de distorção identificados A determinação pelo auditor do quê, como, quando e quanto fazer depende dos riscos de distorção relevante que foram identificados e avaliados, ou seja, não existe uma fórmula mágica que determina de forma padronizada quais os procedimentos que o auditor deve aplicar. 09/03/2021 13 G - Respostas do auditor aos riscos de distorção identificados Esses procedimentos representam as respostas que o auditor aplica em cada situação específica. Como regra geral, quanto maior for o risco de distorção relevante, maior é a probabilidade de que os testes substantivos sejam realizados para a data das demonstrações financeiras ou para a data mais próxima possível dessas demonstrações. De forma similar, a extensão dos testes aumenta à medida que os riscos crescem. H - Procedimentos (evidências) de auditoria A NBC TA 500 discute as diversas formas como o auditor evidencia o seu trabalho por meio da indagação, inspeção, recálculo, reexecução, observação, aplicação de procedimentos analíticos e confirmação com fonte externa. Seus requisitos estão relacionados com: a. Obtenção de evidência de auditoria apropriada e suficiente; b. Informações a serem utilizadas como evidência de auditoria: c. Seleção de itens para realização eficaz de testes de controles e testes de detalhes; e d. Como tratar as eventuais inconsistências entre as diversas fontes de evi- dência, inclusive eventual falta de confiabilidade de uma determinada fonte. 09/03/2021 14 H - Procedimentos (evidências) de auditoria A NBC TA 505 trata de um dos procedimentos mais utilizados em auditoria, que é a obtenção de confirmação de saldos ou informações de terceiros de forma independente. A NBC TA 530, que trata do uso de amostragem em auditoria, explica os conceitos relevantes para se determinar o tamanho da amostra, mas não exemplifica, de forma prática, como se chega ao tamanho da amostra I - Avaliação das distorções identificadas pelo auditor Com base na materialidade determinada na Norma 320, o auditor estabelece um valor mínimo acima do qual todas as distorções são listadas para serem analisadas, individualmente e em conjunto com outras distorções, inclusive quanto aos aspectos qualitativos para poder concluir, por meio dos requisitos estabelecidos pela NBC TA 450, sobre se pode emitir seu relatório contendo opinião sem modificação (limpa) sobre as demonstrações financeiras examinadas ou se deve emitir um relatório com modificações em relação ao relatório limpo, conforme discutido no próximo tópico. 09/03/2021 15 J - Conclusão e Formação da opinião Dois importantes julgamentos são exercidos pelo auditor para poder emitir o seu relatório. O primeiro deles está relacionado com o alcance da auditoria, ou seja, ele deve concluir se foi obtida evidência de auditoria apropriada e suficiente. O outro julgamento toma por base a análise e julgamento a ser exercido sobre a relevância ou não das distorções não corrigidas, individualmente ou em conjunto, conforme mencionado no tópico anterior. J - Conclusão e Formação da opinião Supondo que não existiu qualquer limitação no alcance de seu trabalho e que não foram identificadas distorções relevantes ou, se foram identificadas, elas foram devidamente registradas pela entidade, o auditor segue as orientações da NBC TA 700 para emitir seu relatório com opinião limpa ou sem modificação. 09/03/2021 16 K - Orientações adicionais para relatórios com modificações em relação ao relatório com opinião limpa Em situação normal, o relatório do auditor cobre somente as demonstrações financeiras do exercício corrente, ficando subentendido que os valores correspondentes ao exercício anterior foram também examinados pelo auditor e ele emitiu opinião sem ressalva. Se esse não for o caso ou se o relatório de auditoria utilizar a abordagem de demonstrações financeiras comparativas, o auditor menciona as demonstrações financeiras do exercício anterior conforme requerimentos estabelecidos na NBC TA 710. K - Orientações adicionais para relatórios com modificações em relação ao relatório com opinião limpaNo caso em que a opinião contenha modificação em relação à opinião limpa. em decorrência de distorção relevante (opinião adversa ou com ressalva) ou em decorrência do auditor não ter sido capaz de conseguir todas as evidências apropriadas e suficientes, que requereriam abstenção de opinião ou opinião com ressalva por limitação no alcance da auditoria, ele deve seguir as orientações para o cumprimento dos requisitos estabelecidos na NBC TA 705.
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