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Reabilitação de amputados de MMSS Disciplina: prótese e órtese Prof.: Alain Oliveira Amputações de MMSS Causas: doença vascular, trauma, infecção e doenças congênitas. Maior incidência em homens: trauma. Acidentes ocupacionais, automobilísticos ou explosivos. Indicações: • isquemia irreversível. • Infecção não controlada. • Casos graves de tumores. Princípios que devem ser considerados: ➢ Preservar o maior comprimento funcional possível ➢ Preservar a sensibilidade funcional do membro residual (coto) ➢ Prevenir a formação de neuromas sintomáticos ➢ Prevenir contraturas e deformidades ➢ Proporcionar um coto esteticamente aceitável pelo paciente ➢ Considerar o potencial de recuperação de crianças, evitando amputações precipitadas ➢ Proporcionar protetização precoce, quando indicada ➢ Promover o mais precoce possível a reabilitação e readaptação do membro Amputação de mão Além dos princípios gerais: • Considerar a amputação de um dedo em pacientes acima de 50 anos, quando a tentativa de preservá-lo ameaçar a função do restante da mão. • Evitar amputar o polegar sempre que possível. • Procurar ser o mais conservador possível, quando existir o comprometimento de mais de um dedo. • Retardar a amputação se segmentos dos dedos puderem ser úteis em procedimentos reconstrutores tardios. Princípios cirúrgicos Determinação do nível de amputação Amputação funcional: • Retalhos de pele: toda a pele viável (com perfusão) deve ser mantida e utilizada para revestimento cutâneo. Fundamental para n deixar expostos ossos, articulações, nervos vasos ou tendões que ressecam, necrosam e infectam com a exposição. • Músculos: deixar pelo menos 5 cm de músculo no sentido distal a ressecção óssea pretendida. • Ossos: extremidades com contornos regulares e lisos. • Vasos: isolados e individualmente ligados evitar sangramentos e pseudoaneurismas. • Nervos: evitar neuromas dolorosos. • Tendões: tracionados, seccionados ao nível da ferida e deixados para se retraírem. Níveis de amputação de MMSS Déficit funcional e deformação estética Lesões decorrentes de acidentes de trabalho atingindo pessoas em idade produtiva. Afastamento ou invalidez: comprometimento no contexto socioeconômico. Restabelecimento máximo da função: coto indolor, estável e útil, sem comprometer unidades musculotendíneas e articulações preservadas. Exceção: tumores malignos. Ressecção obedece aos critérios oncológicos. Amputação de dedos: Amputações traumáticas mais comuns. Níveis: • Extremidade distal • Interfalangiana distal (IFD) • Falange média • Interfalangiana proximal (IFP) • Falange proximal e raios digitais Amputação extremidades distais Amputação com perda de pele sem exposição óssea: utilização da parte amputada como enxerto de pele total. Amputação com exposição óssea: • Determinar qual o comprimento que é possível para manter a função. • Buscar manter o máximo de comprimento. • Cirurgia regulariza a borda óssea e reveste a pele. Amputação interfalangiana distal (IFD) Reimplante Quando não é possível: ressecção das saliências ósseas proporcionando contorno regular. Amputação falange média/ IFP/falange proximal Regularização do tecido ósseo e cobertura cutânea com a pele de um local possível. Amputação muito proximal: melhor desarticulação. Amputação de raios distais Ressecção da falange e do metacarpiano (amputação de um raio). Reduz a largura da palma da mão Evita a formação de um espaço entre os dedos remanescentes/ aspecto estético melhor. Amputação do polegar Preservação do polegar é importante para desempenho funcional da mão. Se permanecer um segmento útil da falange proximal, posteriormente pode ser feito o aprofundamento da comissura do polegar por zetaplastia. Amputação na metacarpofalangeana ou nível mais proximal: indicada reconstrução do polegar. Amputação de MMSS Punho Antebraço Braço Quarto superior Desarticulações: punho, cotovelo e ombro. Amputações de punho Preserva-se os ossos do Rádio e Ulna por completo. Amputação transcárpica ou desarticulação do punho: preferível em relação a amputação ao nível do antebraço. Articulação radioulnar distal íntegra: preserva prono-supinação. Importante para protetização. Flexão e extensão radiocárpica devem ser preservadas sempre que possível. Amputações do antebraço Amputação abaixo do cotovelo, entre a articulaçao do punho e a articulaçao do cotovelo. Amputaçao Transradial Proximal ou Medial ou Distal. Desejável preservar o máximo de comprimento possível. Amputação de terço proximal é preferível em relação a amputação acima do cotovelo. Preservar a articulação do cotovelo é extremamente importante e facilita a protetização. Desarticulação do cotovelo Extremidade inferior do cotovelo é retirada e úmero preservado. Bom nível: côndilos umerais podem ser fixados ao soquete da prótese e a rotação umeral é transmitida para a prótese. Amputações do braço transumerais Amputação em qualquer nível da região supracondilar do úmero até a região proximal da prega axilar. Amputações mais distais (transcondilares): funcionam semelhante a desarticulação do cotovelo Amputações proximais (nível de prega axilar): funcionam como desarticulação do ombro. Deve ser preservado o máximo de comprimento possível. Desarticulação do ombro glenoumeral Amputação de todo o braço (desde o Úmero, Rádio, Ulna e ossos da mão). Decorrência de tumores ósseos malignos ou tumores que não podem ser tratados por métodos conservadores. Extensão da amputação depende da abrangência do tumor. Amputação do quarto superior Amputação onde se retira todo o braço inclusive os ossos da escápula e clavícula. Extremidade superior removida: da escápula a parede torácica. Causa principal: tumores malignos Necessário providências para adequada reposição sanguínea e monitoramento do paciente. Complicações Hematoma: pode retardar a cicatrização da ferida/ meio de cultura para infecção bacteriana. Curativo compressivo ou drenado (infecção/ cicatrização retardada). Necrose da ferida: inferior a 1 cm- tratamento conservador. Necroses graves- ressecção em cunha. Contraturas: posicionamento adequado e cinesioterapia (alongamentos e fortalecimento). Dor: pós- operatória imediata, dor fantasma, prótese mal adaptada, neuroma. Problemas dermatológicos: dermatite de contato, inflamação da pele com prurido e ardência, foliculite. Próteses de MMSS Objetivo: • propiciar o máximo de independência. • Melhora da autoimagem. • Integração social. Prescrição: • Condições físicas do paciente. • Condições do coto e controle motor da musculatura remanescente. • Condições econômicas, cognitivas e objetivos funcionais. A equipe de reabilitação deve ter compreensão abrangente da prótese escolhida, para reabilitar e treinar a funcionalidade de forma adequada ao paciente. Escolha da prótese Depende: • Condições físicas do paciente: coto e controle motor. • Condições econômicas, cognitivas. • Objetivos funcionais. Necessário avaliação interdisciplinar, integral e completa: profissionais da saúde, ciências sociais e técnico em prótese. Estéticas ou passivas: Mais leves, visualmente agradáveis e confortáveis; Não são acionadas pelo paciente; Não apresentam componentes articulados mecanicamente; Indicação: para pacientes que não se adaptam a próteses funcionais ou as dispensam. Material: componentes modulares em alumínio (leves e de fácil manuseio) e revestimento estético. Melhor cosmese quando confeccionadas em silicone, porém são muito poucos os Serviços qualificados nesta tecnologia. Objetivo é exclusivamente complementar o membro amputado, valorizando a estética (cosmese), que nem sempre é satisfatória. Não tem compromisso commovimento ou funcionamento, é uma prótese apenas para complementação do membro. Ativas: Acionadas de alguma forma pelo paciente As funções da prótese realizam-se através do movimento do coto ou do ombro através da ação de tirantes; Indicação: todos os níveis de amputação, exceto amputações parciais de mão; Divididas em: • ativas acionadas por força própria • ativas acionadas por força externa • híbridas. Ativas- Por força própria Próteses Mecânicas: Tem como fonte de energia o paciente que a aciona por determinados movimentos: Ex. Abrir e fechar a mão mecânica. Indicação: para todos os tipos de amputação, mas com dificuldade de adaptação para cotos muito grande ou muito pequeno; Os movimentos da mão e cotovelo são acionados por cabos ou tirantes que são tracionados com movimentos do ombro ou do coto. Prótese ativa acionada por força própria. Ativas- Por força externa Pneumática: Reservatório de ar comprimido que fica na região das axilas e é comandado por força de válvula; Pouco comuns por ser de alto peso, alto ruído e força não muito controlada. Ativas- Por força externa Miolétricas: atividade eletromuscular dos músculos do coto é detectada e transmitida a prótese por eletrodos de superfície. Uma bateria incorporada no encaixe, e eletrodos fixados na parede interna do soquete (encaixe), ficam situados sobre pontos motores de músculos do coto ou de outras regiões próximas. Paciente controla os movimentos que são intuitivos, mas não sente o objeto tocado; Energia externa dada por fonte externa (bateria) recarregável. Indicação: para todos os níveis de amputação, desde a desarticulação de punho até a desarticulação de ombro; Materiais: eletrodos para captação dos sinais, motor recarregável. Indicação: capacidade do paciente em diferenciar a contração de distintos grupos musculares, além de habilidade de contraí-los. Ativas- Por força externa Híbridas: combina componentes elétricos e mecânicos. Ex. cotovelo mecânico (controle manual) e mão acionada eletricamente. Utiliza componentes: mecânicos, miolétricos e ativos minimizando o esforço necessário para flexionar o cotovelo protético e proporcionar um perfeito controle dinâmico do movimento pendular do antebraço; Paciente controla os movimentos; Indicação: para amputações de membro superior acima do cotovelo. Material: componente miolétrico e ativo (tirantes) Descrição prótese híbrida: Este tipo de prótese para desarticulação de cotovelo combina a força muscular do paciente e uma força externa (fonte de energia) para o acionamento dos componentes. Um pré-requisito é a disponibilidade de potenciais musculares suficientemente fortes para o controle da mão ou do gancho mioelétrico. Devido ao alargamento da parte distal do coto aos níveis dos epicôndilos, utiliza-se um encaixe de contato, que proporciona uma boa adaptação e fixação da prótese assim como grande liberdade de movimentos ao ombro. Os eletrodos são fixados ao encaixe através de uma suspensão elástica. encaixe externo cobre os eletrodos e cabos. A sua fixação à prótese de antebraço é feita através de duas hastes laterais articuladas. As articulações podem ser livres ou possuir uma trava. A flexão e o bloqueio do cotovelo são acionados através de um sistema de tirantes. Como peça terminal utiliza-se uma mão mioelétrica ou um gancho (Greifer), que podem ser conectados ao encaixe através de diferentes tipos de punhos. A fonte de energia é um acumulador (bateria) recarregável de 6 Volts. Prótese mioelétrica Componentes da prótese Encaixes Articulações Tubos de conexão Mão Soquetes e encaixes Elo entre o coto de amputação e a prótese; Funções: englobar volume do coto sem inibir a circulação sanguínea; Fixar a prótese ao coto do paciente; Transmitir forças e controlar os movimentos; Materiais: madeiras, resinas, termoplásticos (atuais). Encaixe para Desarticulação de punho Utiliza-se um encaixe com contato total, permitindo boa liberdade de movimentos, inclusive prono-supinação. Encaixe para Amputação de antebraço Encaixe com contato total, proporcionando boa suspensão sem necessidade de correias de fixação. Encaixe para Desarticulação de cotovelo Encaixe com contato total, semelhante ao encaixe para desarticulação de punho, já que os côndilos proporcionam uma suspensão segura. Encaixe para Amputação de braço Encaixes para cotos acima do cotovelo geralmente envolvem o ombro. Encaixe para Desarticulação de ombro O encaixe deverá apresentar uma superfície de contato suficientemente grande, sem limitar a mobilidade da escápula. Componente de punho A unidade punho tem vários componentes e deve possibilitar duas funções principais: • O movimento de pronação e supinação • A troca de aparelho terminal (mão) Dispositivos terminais Substituem a mão amputada. Gancho: fornece garra precisa, componente leve e acessível. Mão mioelétrica: força de preensão mais forte que o gancho, estética favorável. Alguns pacientes possuem mais de um dispositivo. Usam o mais adequado para cada atividade. Tecnologia tem melhorado a integração da prótese ao paciente: movimento quase instantâneo após o sinal captado no membro residual. Mãos biônicas As próteses biônicas para membros superiores permitem aos usuários movimentos com extrema coordenação, destreza e precisão. Com movimentos de todos os dedos, incluindo o polegar, as próteses biônicas proporcionam resultados funcionais e com muita naturalidade. Testes são realizados por meio de um software, em que, além da medição do sinal mioelétrico dos diferentes grupos musculares de cada paciente, é possível realizar treinamento e uma simulação real dos movimentos da mão, conseguindo determinar a melhor opção de controle para uma protetização individualizada. Mão biônica DESARTICULAÇÃO DE OMBRO Podem ser utilizadas próteses passivas, com ombro livre e cotovelo passivo, ou próteses funcionais, com cotovelo e mão eletrônicos, restabelecendo esquema corporal, equilíbrio, funcionalidade e auto-estima. Desarticulação do ombro AMPUTAÇÃO TRANSUMERAL E DESARTICULAÇÃO DE COTOVELO Nas amputações transumerais, podem ser utilizadas próteses estéticas ou funcionais com cotovelos mecânicos/eletrônicos e mãos mioelétricas/biônicas. Prótese amputação transumeral Prótese amputação transumeral AMPUTAÇÃO TRANSRADIAL E DESARTICULAÇÃO DE PUNHO Para estes níveis de amputação, é possível a confecção de próteses estéticas em silicone, com caracterização humana, ou de próteses ativas (com sistemas mecânicos, mioelétricos ou biônicos). Transradial/ desarticulação do punho Transradial/ desarticulação do punho 2 PARCIAL DE MÃO Neste nível de amputação, podem ser utilizadas próteses estéticas em silicone, com caracterização humana, ou próteses com dedos biônicos, as quais necessitam de uma avaliação prévia antes da prescrição. OSTEOINTEGRAÇÃO DEDO Prótese impressora 3d Mão Biônica de plástico Reabilitação em amputações de MMSS Anamnese Inspeção e palpação ADM Força muscular Dor Sensibilidade Avaliação funcional Aspectos psicológicos Objetivos e condutas terapêuticas Manejo do edema Modelagem do coto Cuidados cicatriciais Alívio da dor Manutenção da ADM Fortalecimento muscular Treino funcional Manejo do edema e modelagem do coto Massagem Elevação do membro Crioterapia Enfaixamento compressivo: edema e modelagem do coto. Maior pressão de distal para proximal. Cuidados cicatriciais Prevenção de aderências Diminuição da hipersensibilidade: • Massagem cicatricial • Vibradores elétricos • Turbilhão • Manipulação de diferentes texturas Manutenção da ADM Restrições na ADM: dificulta a função residual e pode impossibilitar a protetização. Deve iniciarprecocemente movimentação. Recursos termoterápicos Mobilizações articulares Alongamentos musculares Fortalecimento muscular/ treino funcional Transradial: flexoextensores do cotovelo; rotadores externos e abdutores do ombro. Transumeral: manguito rotador; região periescapular (serrátil anterior, trapézio, rombóides, elevador da escápula). Prótese mecânica: treinamento isotônico da musculatura responsável pela operação do dispositivo terminal e propulsão das articulações. Prótese mioelétrica: treinamento isométrico da musculatura do membro residual selecionada para acionar os dispositivos. Alívio da dor Ultrassom terapêutico TENS Termoterapia Técnicas de massagem Atividades funcionais Técnica do espelho: imagem do corpo sadio refletida no espelho favorece reorganização cortical e reintegração entre propriocepção e o estímulo visual do membro amputado. Treino Funcional Conferir independência nas atividades básicas ( higiene pessoal, vestuário, alimentação e escrita). Amputações unilaterais: considerar a alteração da dominância. Membro intacto: utilizá-lo em atividades de coordenação motora fina. Membro residual: atividades mais grosseiras e bimanuais. Terapeuta ocupacional.
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