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G a s t r o e n t e r o l o g i aG a s t r o e n t e r o l o g i a Gab r i e l Ba g a r o l o P e t r o n i l h oG a b r i e l Ba g a r o l o P e t r o n i l h o ResumoResumo Introdução A esofagite eosinofílica ou alérgica é uma doença comum em crianças e adultos jovens com associação a alergia à alimentos e história pessoal ou familiar. É uma doença inflamatória primária crônica na qual ocorre a infiltração eosinófilos na mucosa do esôfago e evo lu i de inf lamatór ia para fibrostenótica. A queixa principal é a disfagia e a impactação alimentar. Além disso, podem estar associados pirose e dor torácica. O seu diagnóstico é estabelecido por meio de endoscopia e análise histológica da mucosa do esôfago. Relação com Alergias Em indivíduos geneticamente predispostos à alergias, a reposta imunológica é maior e causa um maior recrutamento de eosinófilos para o esôfago. No recrutamento antígeno-mediado de eosinófilo, o fator de necrose tumoral alfa (TNF-𝛂), as eotaxinas e IL-5 ocorre a indução do crescimento, diferenciação e ativação do eosinófilo em nível medular causando uma eosinofilia medular com posterior migração do eosinófilo para o esôfago. Esse processo é responsável pela formação do infiltrado inflamatório, edema e fibrose. Clínica A EoE não responde ao tratamento com antiácidos. O principal sintoma é a impactação alimentar. Alguns casos, existe dor no peito localizada centralmente, refluxo com sintoma refratários e dor abdominal superior. Diagnóstico Pode ser realizados diversos exames laboratoriais para diagnóstico diferenciais ou confirmação de hipóteses: - Eosinofilia no sangue periférico - Concentração sérica de IgE - EPF - Análise de líquido ascítico - Função renal (creatinina e urocultura) - Função hepática (TGO e TGP) - Função cardíaca (troponina e ECG) - Função pulmonar - Teste de expressão gênica Segundo dados de pesquisa da ‘Association of Eosinophilic Inflammation with Esophageal Food Impaction in Adults’, estima-se que 28-86% dos adultos com EoE possui outra doença alérgia associada. Podem ser: - Alergia alimentar - Alergia ambiental - Asma - Dermatite atópica - Rinite alérgica - Alergia medicamentosa - Gastroenterite eosinofílica (75%) O endoscopia digestiva alta é o exame mais demonstrativo dos achados que sugerem a doença: presença de anéis mucosos no esôfago, pápulas esbranquiçadas, correspondendo a microabcessos eosinofílicos e erosões lineares. Em ate 30% dos casos, a EDA é normal. A biópsia do esôfago é o método diagnóstico padrão ouro que para confirmação deve apresentar 15-20 eosinófilos por campo grande de aumento na mucosa esofágica. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Esofagite Eosinofílica - EoE Avaliação Alergologista Para identificação do possível desencadeador da resposta inflamatória no paciente pode ser recomendada uma avaliação com um especialista. Teste de alergia (prick test) são positivos em cerca de ⅔ dos pacientes tanto para antígenos ambientais, quanto alimentares. Os alimentos mais comuns são: leite de vaca, ovos, soja, trigo, peixe, fava, frutos do mar e centeio. Além do teste com agulha (prick test) pode ser feito usando patches ou teste imuno/alérgico. Histopatologia A realização da EDA com biópsia para análise é feita nas partes proximal e distal do esôfago, fundo gástrico (padrão Sydney) e porção duodenal (para confirmar associação de gastroenterite eosinofílica). A m i c r o s c o p i a m o s t r a d e s c a m a ç ã o e agrupamentos de eosinófilos que são responsáveis pelos ‘pontos brancos’ na macroscopia da EDA. A confirmação do DX se dá, na prática, na presença de 2 campos com igual ou mais de 15 eosinófilos ou 1 campo com igual ou mais que 25 eosinófilos. Conta-se a área com mais esoinófilos (hot spots) Se houver somente campos com menos ou igual a 7 eosinófilos → DRGE. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Figura - Infiltrado de Eosinófilos (setas) Os critérios histológicos anal isados na microscopia são: - Nº de eosinófilo na porção proximal e distal - Hiperplasia da zona basal - Alongamento papilar - Estenoses - Estesnoses com dilatação E na macroscopia: - Exsudato - Sulcos longitudinais - Espaços intercelulares alargados - Microabscesso eosinofílico Exames Complementares RX Contrastado do Esôfago Esse exame é mais solicitados para crianças, na tentativa de diagnóstico diferencial e exclusão de rotação de esôfago. Ele nos permite observar o estreitamento do esôfago, presença de anéis de Schatzki e alterações de distensibilidade do órgão. Na esofagite eosinofílica ocorre uma expansão da parede do esôfago devido o aumento da espessura da mucosa, submucosa e camada muscular. pHmetria esofágica Esse exame é realizar para avaliar a associação de DRGE e diagnósticos diferenciais. Possui resultado normal em cerca de 80% dos caso. Manometria Esofágica A manometria avalia a motilidade do esôfago e, em diagnósticos da esofagite eosinofílica os achados são de motilidade esofágica ineficaz (MEI) de cerca de 25%. Diagnósticos Diferenciais - Doenças celíaca - Doença de Crohn - Infecções - Síndrome Hipereosinofílica (HES) - Acalasia - Hipersensibiliade a medicamentos - Vasculite - Pinfigoide vegetante - Doença do Tecido conjuntivo Tratamento Deve-se realizar testes cutâneos para pesquisa do alérgeno agressor e iniciar com a exclusão deste ou destes agressos. A dieta é o primeiro passa do tratamento. Os principais alimentos retirados da dieta de pacientes com dx de EoE são: - Leite - Ovos - Soja - Trigo - Fava - Legumes - Frutos do mar - Amendoim O tratamento medicamentoso deve ser realizado com corticoide de ação esofagiana tópica. Fluticasona/Seretid® → Spray com medidor; não inalar; colocar dose na boca e engolir. 2x ao dia. Budesonida → composto viscoso em suspensão; em adultos utilizar 2mg diários. Não comer, lavar boca ou beber após a utilização do medicamentos para ação tópica funcionar. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Em pacientes com a doenças em estado mais grave, pode ser utilizado corticoide de efeito sistêmico: Prednisona → 1-2mg/kg/dia V.O. em 2 doses divididas e no máximo 60mg por dia, durante 4 semana. A dilatação do esôfago pode proporcionar alívio da disfagia em pacientes com EoE selecionados. Após melhora com o tratamento medicamentoso inicial e diante, pode-se realizar terapia de manutenção com corticoides: - Fluticasona → spray nasal 1x noturno - Budesonida → líquido oral 0,25mg, 2x ao dia. O tratamento prolongado é necessário para alcançar taxas de remissão menores, mais seguiras e toleradas. Para acompanhamento da evolução da doença deve-se realizar EDA inicial e à cada 8 semanas. Em seguida, após histologia confirmada, a cada 2 meses, 6 meses e 12 meses. Se tratamento eficiente. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG