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Arbitragem Slide 1

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Profª Drª Maria Teresa de Souza Barboza 
MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO 
DE CONFLITOS: Arbitragem 
Conceito de conflito: 
Meios legais de pacificação social e arbitragem. 
Fundamentos da justiça conciliativa. 
Técnicas de negociação para advogados. 
MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO 
DE CONFLITOS: Arbitragem 
 Profª Drª Maria Teresa de Souza Barboza 
Graduada em Direito pela Universidade Mackenzie (1987). 
Doutora (2015) e Mestre (1995) em Direito do Trabalho e Direito das Relações Sociais pela 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-PUC-SP. 
Professora Titular da Universidade Paulista–UNIP dos Cursos de Graduação em Direito e Pós-Graduação 
em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, Direito Processual Civil, Direito Previdenciário, MARCs e Direito Empresarial, 
 e do Curso de Gestão de Serviços Jurídicos, Notariais e de Registro, de Ensino Presencial e à Distância-EAD. 
Advogada e consultora jurídica em Direito do Trabalho. Mediadora e conciliadora. 
 A vida em sociedade exige do homem o dever de coexistência, com restrições ao exercício 
de sua liberdade e observância a regras de convivência. 
 O homem compreende que a vida em sociedade é um valor fundamental. 
 As restrições ao exercício da liberdade individual e as diversas contenções necessárias ao 
bom convívio social estão contempladas em um conjunto de preceitos desenvolvido a partir 
da evolução da humanidade, da mística da religião, do surgimento do Estado, que pode ser 
designado de Direito. 
 Miguel Reale leciona que “o Direito corresponde à exigência essencial e indeclinável de uma 
convivência ordenada, pois nenhuma sociedade poderia subsistir sem um mínimo de ordem, 
de direção e solidariedade” (Lições preliminares de direito. 27ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 2). 
 A ordenação das relações sociais deve ser observada pelos cidadãos, mas nem sempre as 
normas jurídicas são respeitadas. 
 A inobservância de preceitos de conduta e a colisão de interesses de seres humanos surge o 
conflito de interesses. 
Meios legais de pacificação social e arbitragem (1/2) 
 Cabe ao Estado, no exercício da atividade jurisdicional, a solução desse conflito de interesse. 
 Cândido Rangel Dinamarco leciona que, são vários os objetivos da atividade jurisdicional (A 
instrumentalidade do processo. 14ª ed. São Paulo: Malheiros, 2009). 
 Objetivos Sociais: pacificação com justiça, educação. 
 Objetivos Políticos: liberdade, participação, afirmação da autoridade do Estado e do seu 
ordenamento. 
 Objetivo Jurídico: atuação da vontade concreta do direito. 
 Esses objetivos podem ser alcançados pelo Estado direta ou indiretamente, ou seja, mediante o 
exercício da jurisdição estatal ou por meio de métodos alternativos de resolução de conflitos, desde 
que autorizados pelo ordenamento jurídico. 
 Quando o conflito de interesse corresponde a direitos patrimoniais, a ordem jurídica brasileira 
disponibiliza diversos meios para resolução de conflitos. 
 Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco, esclarecem 
que “a eliminação dos conflitos ocorrentes na vida em sociedade pode-se verificar por obra de um ou 
de ambos os sujeitos dos interesses conflitantes, ou por ato de terceiro. Na primeira hipótese, um dos 
sujeitos (ou cada um deles) consente no sacrifício total ou parcial do próprio interesse 
(autocomposição) ou impõe o sacrifício do interesse alheio (autodefesa ou autotutela). Na segunda 
hipótese, enquadram-se a defesa de terceiro, a conciliação, a mediação e o processo (estatal ou 
arbitral)” (Teoria Geral do Processo, 28ª ed. São Paulo: Malheiros, 2012, p. 28). 
Meios legais de pacificação social e arbitragem (2/2) 
 
 
 
Métodos de Resolução de Conflitos 
Sistema de composição de 
conflitos 
Autotutela ou 
autodefesa 
Autocomposição 
Autocomposição 
unilateral 
Autocomposição 
bilateral 
Negociação Conciliação Mediação 
Heterocomposição 
Jurisdição Arbitragem 
 Forma de solução de conflitos primitiva, praticada quando inexistia um Estado forte e capaz 
de impor o direito sobre a vontade das partes conflitantes. 
 Autodefesa é forma de “solução de conflitos em que uma das partes impõe o sacrifício do 
interesse da outra. É caracterizado pelo uso ou ameaça de uso da força, perspicácia ou 
esperteza e é aplicada de forma generalizada somente em sociedades primitivas, pois 
conduz ao descontrole social e à prevalência da violência” (CALMON, Petronio. Fundamentos da Mediação e da 
Conciliação. 3ª edição. Brasília: Gazeta Jurídica, 2015, p. 23-24). 
 Concurso de duas características: “ausência de juiz distinto das partes e a imposição da 
decisão por uma das partes à outra” (CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido 
Rangel. Teoria Geral do Processo. 28ª edição. São Paulo: Malheiros, 2012, p. 29). 
 Os ordenamentos jurídicos proíbem essa técnica, autorizando-a apenas excepcionalmente. 
 Críticas à essa técnica: 
 solução provém de uma das partes interessadas, que é unilateral e imposta. 
 evoca a violência, e 
 sua generalização importa na quebra da ordem e a vitória do mais forte e não do titular do 
direito. 
 
Autodefesa ou autotutela 
 Direito penal: legítima defesa, o estado de necessidade e em estrito cumprimento de dever 
legal ou no exercício regular de direito, que são meios excludentes da ilicitude do ato (CP, 
art. 23), desde que configurada: injustiça da agressão, reação imediata e proporcionalidade 
nos meios de defesa. 
 Direito civil: 
Autodefesa possessória: permite ao possuidor lesado atuar, direta e imediatamente, para 
manter sua posse (agindo em legítima defesa para evitar a invasão) ou para nela se 
reintegrar (realizando desforço imediato se já esbulhado), vedando a autotutela quando a 
reação ao esbulho ou turbação não seja imediata (CC, art. 1.210, § 1.º). 
Direito de vizinhança: direito de cortar raízes e ramos de árvores limítrofes que 
ultrapassam a estrema do prédio (CC, art. 1.283). 
Direito de retenção: direto de defesa concedido pela lei para que o titular da relação 
jurídica possa se opor à restituição de um bem até receber a contraprestação que lhe é 
devida. 
 Direito administrativo: prevalece o princípio da auto-executividade dos atos administrativos. 
 Direito do trabalho: manifestações de greve (muitas vezes a greve não é forma de solução, 
mas meio de pressão) (CF, art. 9º); locaute (“lock-out”) (Lei nº 7.783/1989, art. 17), etc. 
 
Autodefesa ou autotutela – Exemplos de autodefesa autorizada pela lei 
brasileira 
 Autocomposição consiste na solução direta entre os litigantes através de acordo firmado 
entre eles, isto é, o conflito é solucionado por ato das próprias partes, sem emprego de 
violência, sem a intervenção de um terceiro, mediante ajuste de vontades. 
 Na autocomposição, “um dos litigantes consente no sacrifício do próprio interesse, daí a sua 
classificação em unilateral e bilateral” (NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 24ª 
edição. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 6). 
 Exemplo de unilateral: 
Renúncia: uma parte renuncia o seu direito em favor de outra. 
Desistência: desistir do processo e abdicar da posição processual assumida após o 
ajuizamento da causa, exceto nas ações que versam sobre interesses indisponíveis, como 
ações criminais e as relativas à improbidade administrativa. 
Reconhecimento jurídico do pedido: o réu admite a procedência da pretensão deduzida 
pelo autor. 
 Exemplo de bilateral: transação, quando as partes fazem concessões recíprocas. 
 Espécies de autocomposição bilateral: 
Negociação. 
Conciliação. 
Mediação. 
 
Autocomposição 
 Heterocomposição consiste na solução do conflito por uma fonte suprapartes, que decide 
com força obrigatória sobre os litigantes, que são submetidos à decisão. A decisão não é das 
partes, mas de uma pessoa ou órgão acima delas. 
 Espécies de heterocomposição: 
Jurisdição ou tutela. 
Arbitragem. 
 Jurisdição é uma espécie heterocompositiva por que um terceiro alheio às partes conflitantes 
soluciona o conflito, impondo a solução de forma definitiva e obrigatória às partes, por meio 
da sentença judicial. 
No entender de Humberto Theodoro Júnior, jurisdição “é a função do Estado de declarar e 
realizar, de forma prática, a vontade da lei diante de uma situação jurídica controvertida” 
(THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Volume I. 57ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 106). 
 Arbitragem é um mecanismo heterônomo de solução dos conflitos de trabalho, realizado por 
um árbitro escolhido pelas partes, que profere uma decisão chamada sentença arbitral (Lei n. 
9.307/96, art. 3º). 
A sentença arbitral tem natureza jurídica de título executivo judicial (CPC, art. 515, VII). 
Heterocomposição 
Autotutela ou 
autodefesa 
Autocomposição Heterocomposição 
As partes solucionam o 
conflito sem a intervenção 
de terceiro. 
As partes consensualmente 
solucionam o conflito sem 
ou com a intervenção de 
terceiro, conciliador ou 
mediador. 
Terceiro impõe a solução 
dos conflitos às partes, de 
observância obrigatória. 
A parte mais forte impõe a 
solução à parte mais fraca, 
não há ajuste de vontades. 
Solução direta entre os 
conflitantes através de 
acordo firmado entre eles, 
mediante ajuste de 
vontades. 
Solução do conflito por uma 
pessoa ou órgão acima das 
partes, que decide com 
força obrigatória e definitiva 
sobre os litigantes, que são 
submetidos à decisão. 
Diferenças entre os métodos alternativos de solução de conflitos (1/2) 
Autotutela ou autodefesa Autocomposição Heterocomposição 
Mecanismo de solução de 
conflitos vedado por lei. 
Métodos utilizados são 
negociação, conciliação e 
mediação. 
Métodos utilizados são 
jurisdição e arbitragem. 
Não há participação de 
terceiro. 
Pode haver a intervenção de 
terceiro, conciliador ou 
mediador. 
Há obrigatoriamente a atuação 
de terceiro, juiz ou árbitro, que 
impõe a solução por meio do 
proferimento de decisão, 
definitiva e obrigatória. 
Exceções: legítima defesa, 
estado de necessidade e 
estrito cumprimento de dever 
legal ou no exercício regular 
de direito; greve; etc. 
Exemplo: acordo firmado pelo 
ajuste de vontades das partes 
conflitantes. 
Exemplos: sentença judicial ou 
sentença arbitral. 
 
Diferenças entre os métodos alternativos de solução de conflitos (2/2) 
Vantagens Desvantagens 
Tendência mundial na evolução da sociedade 
rumo a uma cultura participativa do cidadão, 
como protagonista na busca da solução por meio 
do diálogo e do consenso. 
Deletéria privatização da justiça, vez que 
retirando do Estado, a ponto de enfraquecê-lo, 
uma de suas funções essenciais e naturais, a 
administração do sistema de justiça. 
Obtenção de resultados rápidos, confiáveis, 
econômicos e ajustados às mudanças 
tecnológicas em curso; ampliação de opções ao 
cidadão, que teria oportunidades diversas de 
tratamento do conflito; aperfeiçoamento do 
sistema de justiça estatal por força da redução 
do número de processos em curso. 
Falta de controle e confiabilidade de 
procedimentos e decisões (sem transparência e 
lisura). 
Cumprimento do acordo entabulado pelas 
próprias partes e de atos voluntários de certas 
iniciativas pela parte contrária. 
Exclusão de certos cidadãos e relegação ao 
contexto de uma “justiça de segunda classe”. 
 
Manutenção do relacionamento entre as partes. Frustração do jurisdicionado e enfraquecimento 
do Direito e das leis. 
Vantagens e desvantagens dos métodos alternativos de solução de conflitos 
à via jurisdicional 
 Métodos alternativos de resolução de conflitos (MARCs) são meios complementares ao 
Poder Judiciário, são eles: 
Negociação, 
Conciliação, 
Mediação e 
Arbitragem. 
 Com a promulgação da Constituição Federal (CF), em 1988, ocorreu uma excessiva 
judicialização dos conflitos, devido ao maior acesso do cidadão e de sociedades empresárias 
ao Poder Judiciário, para a reivindicação de seus direitos, sobrecarregando a Justiça. 
 Há muito o Poder Judiciário brasileiro apresenta-se sobrecarregado de processos e com 
tardia resolução de conflitos de interesses a sociedade. 
 MARCs são meios legais e aptos a ampliar o acesso à justiça, de forma mais humana, 
equânime, legítima, e capaz de produzir desfechos idôneos a gerar efetiva satisfação para 
todas as partes em um litígio, enquanto direito fundamental previsto na CF e, portanto, 
merecedores de aprimoramento em homenagem ao princípio da máxima efetividade dos 
direitos fundamentais. 
 
Métodos alternativos de resolução de conflitos (MARCs) 
 Esta política pública de tratamento adequado à natureza e à peculiaridade dos conflitos está 
fundamentada nos seguintes princípios constitucionais: 
Princípio do acesso à Justiça e pacificação social (CF, art. 5º, XXXV). 
Princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III). 
 
 Direito fundamental do acesso à justiça é um direito social básico dos indivíduos. 
 
 Não se restringe ao mero acesso aos órgãos judiciais e ao aparelho judiciário estatal. 
 
 Óbices que impedem a efetividade do acesso à justiça: 
Questão econômica: honorários contratuais do advogado e as taxas judiciárias. 
Demora na prestação jurisdicional e que também onera economicamente o processo. 
Barreiras burocráticas. 
 
 
Fundamentos da justiça conciliativa 
 As normas de regulamentação das relações sociais entre pessoas não são suficientes, nem 
capazes de evitar ou eliminar os conflitos que podem surgir entre elas. 
 Conflitos de interesses devem ser solucionados com o objetivo da pacificação social e da 
restauração da paz social. 
 A solução de conflitos tem sua origem quando pelo menos duas pessoas têm o mesmo 
interesse em um determinado bem da vida, que a só uma pode satisfazer. Temos: 
Homem = sujeito de interesses. 
Bem da vida = objetivo de interesse. 
 Interesse é a satisfação das necessidades humanas corporificadas nos bens materiais e 
imateriais. Há interesses individuais e coletivos: 
 Interesses individuais: atendem às necessidades individuais do homem. 
 Interesses coletivos: atendem a um grupo de pessoas, socialmente consideradas. 
 Conflito de interesses “quando a intensidade do interesse de uma pessoa por determinado 
bem se opõe a intensidade do interesse de outra pessoa pelo mesmo bem, donde a atitude 
de uma tende à exclusão de outra quanto a este” (SANTOS, Moacir Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual 
Civil. Volume 1. 29ª edição. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 26). 
Conflitos de Interesses: objetivo, origem e conceito 
 Os conflitos dão origem a litígios, que são caracterizados “por ser um conflito de interesses 
em que à pretensão de um dos sujeitos se opõe a resistência do outro” (SANTOS, Moacir Amaral. 
Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. Volume 1. 29ª edição. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 31). 
 Ocorrência dos conflitos: no seio de relacionamentos em geral, no âmbito da família, do 
emprego e da vida social, podendo resultar em litígios das mais diversas áreas do direito, 
como o direito de família, direito do trabalho, direito civil, direito consumerista, direito penal e 
outros. 
 Qual é a causa do conflito? A mudança. 
 Mudança de uma situação já existente que provoca algum tipo de transformação, 
modificação ou extinção do que existia antes, diante de aspirações e percepções divergentes 
e resistidas entre dois ou mais sujeitos. 
Exemplos de mudanças: casamento, divórcio, fusão de empresas, troca de chefia, 
falecimento, consumo, prestação de serviços, nova etapa de vida, etc. 
 Natureza dos conflitos: sobre bens, móveis e imóveis; envolve patrimônio, direitos e valores; 
sobre princípios, valores e crenças, inclusive política, religião, ciência, etc.; sobre poder (nas 
diferentes acepções); e relacionamentos interpessoais.Conflitos de Interesses: litígios, ocorrência, causa e natureza 
 A normatização jurídica da vida em sociedade constitui um tema interdisciplinar por 
compreender dimensões filosóficas, históricas, sociológicas, econômicas e políticas (entre 
outras). 
 No ordenamento jurídico brasileiro há dispositivos que preveem, no âmbito do processo 
judicial, além da solução consensual da controvérsia por meio da mediação e conciliação, o 
encaminhamento do conflito para tratamento à uma “equipe multidisciplinar”, diante da busca 
de uma abordagem adequada e eficiente do complexo fenômeno conflituoso. Exemplos: 
Em certos processos judiciais que abordam conflitos familiares, o CPC permite a 
suspensão do feito para encaminhamento a atendimento multidisciplinar (art. 694, § único). 
No tratamento de conflitos envolvendo violência doméstica e familiar contra a mulher 
perante o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, em que há 
obrigatória intervenção da equipe multidisciplinar, composta por profissionais 
especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde, com funções de fornecimento 
de subsídios ao juiz, orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas voltadas 
para a mulher ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e 
aos adolescentes (Lei n. 11.340/2006, arts. 29 e 30). 
Conflitos de Interesses: multidisciplinariedade 
 Expectativa em relação à mudança 
 as expectativas sofrem influência da percepção de risco ou sofrimento, real ou imaginário, 
originada de experiências anteriores, crenças inadequadas, pensamentos, relatos de 
pessoas significativas e informações obtivas nos meios de divulgação. Esse fenômeno 
aumenta a violência potencial do conflito e a dificuldade de resolvê-lo. 
 
 Expectativas associadas aos relacionamentos 
 todo relacionamento respeita um contrato psicológico, baseado nas expectativas tácitas e 
inconscientes de cada pessoa a respeito dos comportamentos das demais pessoas. Esse 
contrato pode existir entre duas pessoas ou pode ser coletivo e se caracteriza como um 
pacto dinâmico em constante renegociação. As expectativas mudam com o tempo, idade, 
estado civil. 
 
 Resistência à mudança 
 pode ser desejada por uns e rejeitada por outros, provocada por terceiros, de forma 
inegociável, ou originar-se no próprio sistema. 
 
Fatores de influência dos conflitos de interesses (1/3) 
 Consequências para a estabilidade do sistema 
 reação à mudança associada às consequências (reais ou percebidas) para a 
estabilidade do sistema, uma vez que os envolvidos buscarão preservar valores, 
princípios, crenças, comportamentos e hábitos, com o intuito de evitar uma 
transformação ou alteração dessa situação estável. 
 
 Aderência à realidade 
 no conflito com bases reais as partes percebem diferenças de interesses. O conflito 
sem bases reais origina-se de falhas de comunicação, de mau entendimento das 
questões envolvidas. 
 
 Diferenças de personalidades 
 há pessoas inconciliáveis, que dificultam qualquer relacionamento satisfatório, mas 
cujo convívio se faz obrigatório por razões sociais, profissionais ou outras. O conflito 
permanece latente pronto a aflorar. 
 
 
Fatores de influência dos conflitos de interesses (2/3) 
 Efeitos da mudança sobre os valores 
 valor possui fundamento emocional, aprendidos desde a infância, é a ideia aceita 
pela pessoa, associado à sua visão de mundo, que orienta sua ação e suas 
decisões. Compreendem mensagens do tipo: obedecer às leis, respeitar os mais 
velhos, fazer o bem, vencer a qualquer custo, etc. 
 
 Modificações na estrutura de poder 
 poder é a capacidade de exercer influência e pode ser classificado de diferentes 
tipos: poder físico, poder da sexualidade, poder econômico, poder da informação. Os 
poderes podem ser empregados de maneira combinada. Mudanças na estrutura de 
poder provocam conflitos e conduzem a situações complexas, que afetam o equilíbrio 
(ou o desequilíbrio) existente, podendo reduzir ou acentuar o poder de um dos 
indivíduos envolvidos ou de todos, favorecendo o mais forte. 
 
Fatores de influência dos conflitos de interesses (3/3) 
 Direito social fundamental do acesso à Justiça implica (CF, art. 5º, XXXV) 
ordem jurídica justa e 
duração razoável do processo que tramita no Poder Judiciário. 
 A moderna processualística objetiva solucionar a: 
 inacessibilidade dos economicamente hipossuficientes, 
ausência de representação de interesses difusos e 
ausência de mecanismos processuais mais eficazes à tutela jurisdicional. 
 Além da jurisdição, cabe ao Estado promover e difundir outras formas de solução dos 
conflitos, como os métodos de solução consensuais de conciliação e mediação e a 
solução por arbitragem (CPC, art. 3º, §§ 1º, 2º e 3º). 
 Trata-se a arbitragem da substituição voluntária da jurisdição estatal pelas partes, 
decorrente da vontade negocial dos conflitantes (Lei nº 9.307/1996, alterada pela Lei 
nº 13.129/2015). 
 
Judicialização dos conflitos de interesse e os meios alternativos de 
composição (1/2) 
 Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010, para 
estabelecer política pública de tratamento adequado dos problemas jurídicos e dos conflitos 
de interesse, incentivando e divulgando outros mecanismos de solução consensual de 
conflitos, como a negociação, a mediação e a conciliação. 
 Mecanismos alternativos e consensuais de conflitos têm como objetivo ser instrumentos 
efetivos de pacificação social, solução e prevenção de litígios, para fins de reduzir a 
excessiva judicialização dos conflitos de interesses, a quantidade de recursos e de execução 
de sentenças. 
 No tocante à arbitragem, José Antonio Fichtner, Sergio Nelson Mannheimer, André Luís 
Monteiro, ensinam que “dentre todos os mecanismos alternativos de composição de litígios, 
a arbitragem é o único que consegue obter o mesmo resultado em relação aos três prismas 
da jurisdição (político, social e jurídico), inclusive, e principalmente, em relação à atuação da 
vontade concreta do Direito, ainda que para isso, em alguns casos, seja necessário contar 
com o apoio do Poder Judiciário, como ocorre, por exemplo, na fase de execução forçada da 
decisão. A despeito de se tratar de escopos de natureza pública, a busca de qualquer um 
deles não pressupõe uma autoridade estatal na condução desse processo. É justamente o 
que ocorre na arbitragem” (Teoria Geral da Arbitragem. Rio de Janeiro: Forense, 2018, p. 14). 
Judicialização dos conflitos de interesse e os meios alternativos de 
composição (2/2) 
 A atuação do advogado é obrigatória em toda e qualquer atividade que envolva administração da 
justiça (CF, art. 133). 
 O advogado poderá assistir a parte em todos os mecanismos de solução de conflitos, inclusive na 
negociação, conciliação, mediação e na arbitragem, principalmente estimulando e orientando as partes 
a opção de métodos alternativos mais adequados a solução do conflitos de interesses. 
 A Lei de Mediação dispõe que na mediação extrajudicial as partes poderão ser assistidas por 
advogados ou defensores públicos. Comparecendo uma das partes acompanhada de advogado ou 
defensor público, o mediador suspenderá o procedimento, até que todas estejam devidamente 
assistidas. (Lei nº 13.140/2015, art. 10 e § único) 
 Na mediação judicial, as partes deverão ser assistidas por advogados ou defensores públicos, 
ressalvadas as hipóteses previstas no Juizado Especial Civil (Lei nº 13.140/2015, art. 26). 
 A arbitragem é um mecanismo heterocompositivo de solução em que um terceiro, estranho a relação 
soluciona o conflito, impondo-a de forma definitiva e obrigatória às partes. Este terceiro é o árbitro, que 
irá decidir com observância do devido processo legal os fatos e provas que lhe forem apresentados, 
para fins de proferir uma sentença arbitral. 
 A atuação do advogado, como incentivador eassistente da parte, nestes mecanismos alternativos de 
solução de conflitos é de suma importância, mas em alguns casos pode ser facultativa a assistência. 
 
Técnicas de negociação para advogados (1/2) 
 No Juizado Especial Civil, em que inicia com a conciliação ou mediação (Lei nº 9.099/1995, 
art. 9º e § 3º): 
Causas de valor até 20 salários mínimos, as partes poderão comparecer pessoalmente ou 
estarem assistidas por advogado; 
Causas de valor superior até 40 salários mínimos, a assistência de advogado é obrigatória. 
O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quanto aos poderes especiais. 
 A assistência de advogado é facultativa, se uma das partes comparecer assistida por 
advogado, ou se o réu for pessoa jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, 
assistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao Juizado Especial, na forma da lei 
local (Lei nº 9.099/1995, art. 9º, §1º). 
 O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por advogado, quando a causa o 
recomendar. 
 A Lei de Arbitragem também dispõe que as partes poderão (não há obrigatoriedade) postular 
por intermédio de advogado, respeitada, sempre, a faculdade de designar quem as 
represente ou assista no procedimento arbitral (Lei nº 9.307/96, art. 21, § 3º). 
A arbitragem sempre privilegia a mais ampla e plena vontade das partes, por ser 
estruturada pela autonomia da vontade das partes. 
 
Técnicas de negociação para advogados (2/2) 
Os advogados podem atuar de várias formas na arbitragem, como 
 Árbitro. 
 Advogado da parte: 
Na contratação da convenção de arbitragem: cláusula compromissória e compromisso 
arbitral. 
Na defesa dos interesses do seu cliente no juízo arbitral. 
 Assessor: 
Como assessor (não representante da parte). 
Como assessor do órgão arbitral institucional ou do tribunal arbitral. 
 Advogado da parte no ajuizamento de ações judiciais correlatas ao processo arbitral: 
Patrocinando os interesses do cliente em eventual ação ordinária de nulidade ou execução 
da sentença arbitral. 
Patrocinando os interesses do cliente em medidas coercitivas judiciais que sejam 
propostas pela parte (antes da instauração do tribunal arbitral) ou requeridas pelo próprio 
tribunal arbitral. 
Homologação da sentença arbitral estrangeira perante o STJ. 
Atuação do advogado na arbitragem 
OBRIGADA 
E 
ATÉ A PRÓXIMA!

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