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Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 1 Farmacologia da Anestesia • ANESTÉSICOS LOCAIS Anestésicos Locais: grupo de substâncias de químicas localmente aplicadas com estruturas semelhantes, capazes de inibir a percepção das sensações e também prevenir movimento. Os anestésicos são dividídos em grupo ésteres (aminoesteres) e grupo amidas (aminoamidas). As aminoamidas são mais empregadas. Sofrem metabolização hepática, pelo CYP450. Implicam em mínimas reações alérgicas. Os aminoésteres são metolizados pela pseudocolinesterase plasmática. Tem reações alérgicas frequentes, devido aos metabólitos derivados do ácido paraminobenzóico. Anestésicos locais – conceitos: Todos os anestésicos locais são bases fracas que carregam uma carga positiva no grupo amina em pH fisiológico. → Mecanismo de ação dos Anestésicos Locais: Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 2 Suscetibilidade de tipos de fibras aos anestésicos locais: Os anestésicos locais bloqueiam a ação de canais iônicos na membrana celular neuronal, impedindo a neurotransmissão do potencial de ação. A forma ionizada do anestésico local liga-se de modo específico aos canais de sódio, inativando-os e impedindo a propagação da despolarização celular. Porém, a ligação específica ocorre no meio intracelular, por isso é necessário que o anestésico local em sua forma molecular ultrapasse a membrana plasmática para então bloquear os canais de sódio. É provável que exista um segundo mecanismo de ação dos AL, que envolve a inativação dos canais de sódio pela incorporação de moléculas de AL na membrana plasmática (teoria da expansão da membrana plasmática). Esse segundo mecanismo de ação seria gerado pela forma não ionizada dos anestésicos locais, atuando de fora para dentro. As fibras nervosas possuem sensibilidades diferentes aos anestésicos locais, sendo as fibras pequenas mais sensíveis que as grandes, e as fibras mielinizadas são bloqueadas mais rapidamente que as não mielinizadas de mesmo diâmetro. O bloqueio das fibras nervosas ocorre gradualmente, iniciado com a perda de sensibilidade à dor, à temperatura, ao toque, à propriocepção e finalmente perda do tônus músculo esquelético. Forma ionizada: principal forma para o bloqueio do canal de sódio. Após atravessar a membrana (forma não ionizada), precisa-se que o anestésico fique na forma IONIZADA para se ligar ao canal de sódio e bloqueá-lo. Penetrabilidade e ação anestésica em pH fisiológico: N: forma não ionizada – atravessa a membrana, pois é lipossolúvel (até se liga ao canal de sódio, mas é uma ligação fraca). NH+: forma ionizada – se liga ao canal de sódio – mais potente e bloqueia ao canal de sódio - hidrossolúvel. → Conceito de pKa: pKa: é o pH onde 50% das moléculas estão sob forma ionizada e 50% estão em forma não ionizada; Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 3 Relembrando equação de Hasselbach: pKa – pH = log [ioniz] / [não ioniz] → base fraca. ácido fraco = inverte: não ionizado / ionizado. Exemplos: A bupivacaína penetra pouco, no entanto, possui forte efeito anestésico. Prevalência de maior forma ionizada – dificuldade de penetração – em infecção há a redução do efeito anestésico! Não basta o anestésico ser bastante lipossolúvel para penetrar bem e fazer efeito, tem também ligação a proteínas plasmáticas. Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 4 Em um pH ácido, a penetrabilidade da lidocaína é pequena: redução do efeito anestésico. Mudanças do pKa afetam a penetração dos anestésicos. 1) Potência: capacidade de bloqueio de canal de sódio. 2) Início de ação: tempo que anestésico vai levar para fazer efeito e tempo de duração. - Depende da dose e concentração. O aumento da dose aumenta o número de moléculas disponíveis: analgesia efetiva, duradoura e com início de ação mais rápido! Cuidado com a dose tóxica!!! Não queremos que anestésico passe para a parte sistêmica – uso de adrenalina/noradrenalina associados: vasoconstrição no local da anestesia. Doses máximas de anestésicos locais: Duração de ação – efeito vasoconstrictor da adrenalina: Diminui a absorção sistêmica. Melhora a qualidade da analgesia. Prolonga a duração do efeito. Limita efeitos colaterais tóxicos. Com adrenalina, no geral, podem serem aplicadas doses maiores, com maior efeito de furação. → Ação dos anestésicos locais: BLOQUEIO DA CONDUÇÃO NERVOSA BLOQUEIO DE INFLUXO DE SÓDIO Interação com um ou mais sítios específicos de ligação em canais de sódio (radicais do domínio da hélice transmembrana S6). Bloqueio ou redução do aumento da permeabilidade de membranas excitáveis ao sódio (portões M e H). Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 5 O ideal é a substância não chegar à parte sistêmica. Efeitos sistêmicos dos anestésicos locais no SNC: •Vertigem – tonturas. •Analgesia – parestesia. •Distúrbios visuais e auditivos. •Apreensão – desorientação. •Atividade muscular involuntária. •Dificuldade da fala. •Sonolência e inconsciência. • Fasciculações musculares. • Tremores. • Convulsões tônica-clônicas (rebote). • Insuficiência respiratória. • Confusão mental. • Inquietação, vertigem, dificuldades para focalizar. • Logorréia. • Hipoestesia perioral ou lingual. •Escotomas visuais. Efeitos sistêmicos dos anestésicos locais no SNC: ↓ Resistência Vascular. ↓Potencial de ação. ↓Pré carga. ↓ Automaticidade. ↑Refratariedade. ↑FC e DC. Colapso cardíaco. Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 6 • ANESTESIA GERAL: Resumo do que entendi da primeira parte do texto: Farmacodinâmica dos anestésicos: Os anestésicos são bem distribuídos em todas as partes, tendo maior concentração no tecido adiposo. SNC – principal local de ação dos anestésicos. Perda da consciência/amnésia – ação supra espinhal (tronco encefálico, mesencéfalo, córtex). Imobilidade a estímulos nocivos: depressão das vias sensoriais e motoras supra-espinhais e espinhais. A.L. (Anestésicos Locais): grupo de substâncias de químicas localmente aplicadas com estruturas semelhantes, capazes de inibir a percepção das sensações e também prevenir movimento. Concentração alveolar mínimas: Anestesiologista, para controlar profundidade da anestesia, deve regular criteriosamente o nível de anestésico no SNC → pressão parcial no SNC (Psnc) – como não dá para monitorar Psnc diretamente, calcula a partir da pressão parcial alveolar (Palv). Palv é medida como a pressão parcial do anestésico no gás expirado final, quando o espaço morto não contribui mais para o gás expirado. Pressão parcial alveolar que resulta na anestesia mais leve possível → concentração alveolar mínima (CAM) – é a pressão parcial alveolar que extingue o movimento em resposta a incisão cirúrgica em % dos pctes. Se a CAM é pequena – potência do anestésico é alta – pressão parcial baixa é suficiente para causar anestesia. Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 7 Índices terapêuticos e analgésicos: A abolição da resposta a estímulos da resposta a estímulos muito nocivos (por exemplo, intubação endotraqueal) requer pressão parcial de anestésico maior do que a necessária para a perda de resposta a uma incisão cirúrgica. Pressões ainda maiores de anestésicos: depressão bulbar. Os níveis de anestésico que causam parada cardiorrespiratório não são muito maiores do que os níveis que causam anestesia geral em não existem antagonistas famarcológicos de anestésicos gerais para neutralizar níveis acidentalmente altos de anestésico – treinamento especializado paraadministração apropriada e segura! A pressão parcial em que 50% das pessoas perdem a nocicepção. Índice analgésico: razão entre CAM e PA50 (pressão parcial que provoca analgesia em 50% dos pctes). índice analgésico alto: analgesia é induzida em uma pressão parcial de anestésico muito menor do que a necessária para anestesia cirúrgica (Ex: óxido nitroso tem alto índice analgésico e é um bom analgésico; halotano baixo índice analgésico e é um analgésico insatisfatório). Regra de Meyer-Overton: a potência de um anestésico é diretamente proporcional à sua lipossolubilidade. ↑ lipossolubilidade, ↓ CAM. Aula: Anestesia geral: completa, contínua e reversível depressão das funções do SNC, que leva a perda da consciência, eliminação da dor e perda da atividade muscular. • Medicação pré-anestésica (interação) • Indução da anestesia (endovenosos) • Anestesia propriamente dita (endovenosos ou inalatórios) •Medicação Pós-Anestésica (necessidade) Estágios: Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 8 1) Analgesia: opioides mais empregados – fentalina, alfentanila, remifentanila, sufentanila, morfina. 2) Hipnose: barbitúricos (tiopental), benzodiazeopínicos (midazolam, Diazepam, flunitrazepam), etomidato (utilizado pra intubação), proprofol (bastante usado), cetamina. 3) Relaxamento muscular: Betabloqueadores neuromusculares mais empregados: Despolarizantes: succinillcolina Adespolarizantes: grupo esteróides (vecurônio, rocurônio), grupo benzilisoquinolínicos (atracúrio, cisatracúrio). 4) Proteção de reflexos (nervo vago): bloqueador muscarínico mais empregado – atropina. Anestésicos inalatórios: Exemplos: Isoflurano, desflurano, halotano: 1. Concentração Alveolar Mínima (CAM): é a concentração de gás que torna 50% dos pacientes imóveis durante a cirurgia (depende da idade, fisiologia e associação a outros medicamentos); 2. Coeficiente de partição sangue/gás (CPSG): medida de quão rápido o anestésico ficará reequilibrado entre sangue/pulmão/cérebro (depende da solubilidade do gás). A partição entre ar alveolar e sangue é muito boa. O protótipo dessas substâncias é o oxido nitroso, que há hidrocarbonetos voláteis: diminui perfusão cérebro-vascular, volatilidade melhora broncodilatação e diminui volume-minuto (volume de ar que se move de dentro para fora do pulmão). A potência desses agentes está ligada a CAM. Os inalatórios potencializam a ação do GABA em seu receptor – depressores do SNC até indução da anestesia. ÓXIDO NITROSO (gás inorgânico) Indução: lenta Recuperação: lenta Sonolência Pouca DCV e respiratória ÉTERES NÃO HALOGENADOS Indução: lenta Recuperação: lenta Depressão respiratória NÃO SE USA MAIS HIDROCARBONETOS HALOGENADOS Halotano (principal) Enflurano Isoflurano Desflurano Toxicidade: Hepatotoxicidade: HALOTANO Nefrotoxicidade: ENFLUORANO e SEVOFLUORANO Mielossupressão e neuropatia periférica: NO2 Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 9 Inalatórios: bloqueiam canais iônicos. Potencializa atividade do GABA nos receptores, de Na+, inibição de glutamato (mais nos endovenosos)... Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 10 ANESTÉSICOS ENDOVENOSOS: Benzodiazepínicos/barbitúricos – uso para INDUÇÃO de anestesia. O grande alvo das substâncias parenterais: potencialização da atividade dos receptores GABA e diminuição das ações do glutamato. Cada substância age em sítios diferentes – todas essas substâncias acentuam atividade ação do GABA (como o GABA se liga mais ao seu receptor, há uma abertura maior dos canais de Cl-). Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 11 BARBITÚRICOS: -Tiopental Indução: Rápida. Recuperação: Lenta (acúmulo). FC: redistribuição para gordura. Depressão Cardiovascular (DCV) e respiratória. ETOMIDATO (hipnótico) Indução: rápida. Recuperação: rápida. Não analgésico. Efeitos excitatórios: indução e recuperação. Menor DCV e respiratória que o Tiopental. PROPOFOL Indução: rápida. Recuperação: rápida. FC: rapidamente metabolizado. DCV e respiratória (pode ter apnéia). Associação com opioides ou óxido nitroso. MIDAZOLAM Indução: lenta. Recuperação: lenta. Sonolência. Pouca DCV e respiratória. CETAMINA Indução e recuperação: lenta. Sedação e imobilidade. Anestesia dissociativa (catalepsia). Analgesia e amnésia. Tônus muscular aumentado (movimentos involuntários). Pressão arterial elevada (SNS). Delírio e ou excitação.
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