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Process�� fisiopatológic�� Pólipos, adenoma e adenocarcinoma. Pólipos * Pólipos são massas de tecido que se projetam para a luz do órgão (acima do nível da mucosa circundante); * São identificados em mais de 5% das endoscopias GI superiores. * Podem acometer toda a extensão do TGI; * São mais prevalentes em cólon e reto; * Os pólipos podem se desenvolver como resultado de hiperplasia de células epiteliais ou estromais, inflamação, ectopia ou neoplasia. * Realizada colonoscopia: Presença de pólipos múltiplos, sésseis, com superfície enantematosa, friável e ulcerada, confluentes. * Podem ser classificados quanto a: - Implantação (fixação) = sésseis ou pediculados; - Número = único ou múltiplos; - Origem = neoplásicos ou não neoplásicos; Tip�� �� pó�i��s 1. Pólipos não neoplásicos: a) Pólipos inflamatórios - São lesões nodulares pequenas (0,5-1 cm) associadas a inflamações no cólon, com ulceração e reparo da mucosa; - Síndrome da Úlcera Retal ● Comprometimento do relaxamento do esfíncter anorretal cria um ângulo agudo na parede anterior do reto o que causa abrasão e lesão com ulceração - cicatrização com massa polipóide; - Tríade clínica: ● Sangramento retal + secreção de muco + lesão inflamatória na parede anterior do reto; - Microscopia ● Infiltrado inflamatório misto; ● Erosão; ● Hiperplasia epitelial com hiperplasia fibromuscular da lâmina própria; - Macroscopia ● Presença de pólipos sésseis, com superfície enantematosa, friável e ulcerada, confluentes. Compatível com pólipos inflamatórios ● Em cólon, identificados pólipos sésseis múltiplos, pequenos, compatíveis com pólipos hiperplásicos b) Pólipos hiperplásicos - São os mais frequentes ● Cólon esquerdo; ● Pólipos sésseis e múltiplos; ● Geralmente pequenos (0,1-1,0 cm); ● Aparecem a partir da 6ª década de vida; ● Não apresentam potencial maligno; - Microscopia ● Resultam da diminuição do turnover das células epiteliais das criptas do cólon; ● Empilhamento de células com aspecto serrilhado; ● São constituídos por glândulas e criptas bem formadas, as vezes alongadas e/ou ramificadas, com aspecto serrilhado, revestidas por epitélio maduro e bem diferenciado, contendo células caliciformes e absortivas; c) Pólipos hamartomatosos - São lesões constituídas por tecido próprio do local onde o pólipo se desenvolve, com maturação celular preservada, porém desorganizada e acelerada. - Podem ser isolados (esporádicos) ou associados a Síndromes clínicas - Podem apresentar mutações sem oncogenes e em genes supressores tumorais; - Síndrome da polipose juvenil: ● São o tipo mais comum de pólipos hamartomatosos ● Ocorrem, principalmente, no reto de crianças menores de 5 anos (1-2% crianças) ● Eventualmente, podem acometer jovens e adultos ● São lesões únicas (esporádicas) consideradas como malformações (pólipos de retenção) ● Lesões pardo-avermelhadas, geralmente pediculadas, 1,0-3,0 cm de diâmetro que podem sofrer torção, infarto e auto-amputação. ● Glândulas com dilatação cística revestidas por epitélio mucossecretor. Estroma com infiltrado inflamatório ● Doença genética autossômica dominante: Mutações do gene SMAD4 (cromossomo 18q21.1) em 20% dos casos /Mutações do gene BMPR1A (cromossomo 10q22.3) em 20% dos casos ● Acomete 1/100.000; ● Caracteriza-se pela presença de ao menos 3-5 pólipos juvenis (podem ser múltiplos) no cólon. ● Anomalias congênitas associadas (15%): má rotação intestinal, fenda palatina, polidactilias, malformações cranianas e cardíacas; ● Manifestações associadas à mutação SMAD4 : Telangiectasia hemorrágica hereditária /Polipose gástrica intensa, saciedade, dor e hipoproteinemia; ● Pólipos sindrômicos podem desenvolver displasia ( até 30% dos paciente) - risco aumentado para adenocarcinoma; ● Aspectos macroscópicos = Avermelhados /Liso / Pedunculado /Espaços císticos ; ● Histologicamente é formado por glândulas, às vezes dilatadas cisticamente, cheias de muco e revestidas por epitélio mucossecretor do aspecto regular ou serrilhado; não há muscular da mucosa na região do pólipo e o estroma é infiltrado por leucócitos. - Síndrome de Peutz-Jeghers ● Doença genética autossômica dominante: Mutação na linhagem germinativa do gene LKB1/STK11 (cromossomo 19p13.3) - presente em 70-80% das famílias acometidas ● Prevalência 1/200.000 (sem predominância de gênero) ● Caracteriza-se pela presença de múltiplos pólipos hamartomatosos gastrointestinais e extra TGI, hiperpigmentação cutânea e risco aumentado para várias neoplasias malignas. ● Localização dos pólipos: Intestino delgado (100%) / Cólon e reto (30%) / Estômago (25%) / Vias respiratórias / Bexiga; ● Dor abdominal intermitente secundária à intussuscepção ● Hiperpigmentação mucocutânea: Pigmentação lábios e região peri-oral / Máculas na mucosa oral e conjuntiva / Sardas lineares nas pálpebras; ● Neoplasias extra-intestinais: Adenocarcinoma ductal pancreático / Adenoma maligno de colo uterino / Tumor testicular de células de Sertoli calcificante de grandes células / Câncer de mama / Carcinoma de ovário / Câncer de pulmão / Colangiocarcinoma ● 93% dos pacientes desenvolvem alguma neoplasia a partir dos 65 anos; ● Aspectos macroscópicos = Volumosos, pediculado, lobulados, hiperpigmentado; ● HIstologicamente, apresentam padrão arboriforme e são formados por feixes de tecido conjuntivo e muscular liso septado glândulas e criptas revestidas por epitélio mucossecretor rico em células caliciformes; 2. Pólipos neoplásicos (adenomas); * Representam os tumores benignos mais comuns do intestino grosso e são constituídos pela proliferação de epitélio com displasia, razão pela qual são considerados lesões pré-cancerosas; * Podem ser únicos ou múltiplos e apresentam tamanho e aspecto variados, desde lesões pequenas, frequentemente pediculadas, as neoplasias maiores, geralmente sésseis. * Pólipos benignos que originam a maioria dos adenocarcinomas colorretais; * A maioria dos adenomas não progride para o adenocarcinoma; * Caracterizados pela presença da displasia epitelial; * Não há predileção por gênero; * Estimativas apontam que 50% da população ocidental > 50 anos apresenta esses pólipos; * Várias Síndromes estão associadas aos pólipos adenomatosos e aumento da taxa de neoplasia maligna associadas a essas síndromes são descritas; * Morfologia: Tamanho: variam de 0,3-10 cm / Sésseis ou Pediculados / Superfície varia de acordo com padrão de crescimento epitelial ( “veludo” a “framboesa”); * Categorias: a) Adenoma tubular - Pólipos pequenos, pediculados, compostos por pequenas glândulas arredondadas ou tubulares, justapostas, separadas entre si por escasso estroma e revestidas por epitélio pseudo-estratificado com graus diversos de displasia - É encontrado do estômago ao reto, mas cerca de 90% localizam-se no cólon b) Adenoma vilosos - Apresenta- se como lesão geralmente única, ampla e com base de implantação alargada, levemente lobulada; é amolecida, aveludada e friável; - Pólipos maiores, sésseis, recobertos por vilosidades delgadas; c) Adenoma tubulovilosos - Mistura de elementos tubulares e vilosos; - Corresponde a 15-20% dos pólipos neoplásicos; - Apresenta-se como tumoração séssil ou pediculada; d) Adenoma serrilhados sésseis = São pólipos hiperplásicos que apresentam potencial maligno semelhante aos adenomas; Não apresentam características citológicas de displasia; Arquitetura serrilhada em todo o comprimento da glândula ( nos hiperplásicos só na superfície); * A maioria dos adenomas tem comportamento benigno; * Tamanho é a característica mais importante a ser relacionada com a malignidade; * Síndrome familiares: 1. Polipose adenomatosa familiar (PAF); - Distúrbio autossômico dominante caracterizado pelo surgimento de múltiplos (ao menos 100) adenomas colorretais (adolescência); - É causada por mutações do gene da polipose adenomatosa do cólon (PAC); - O adenocarcinoma colorretal se desenvolve em 100% dos pacientes com PAF não tratada (≤ 30 anos); - Risco de manifestações extraintestinais:Mutações específicas de APC também estão associadas a variantes Síndrome de Gardner e a Síndrome de Turcot. - Síndrome de Gardner: Osteomas na mandíbula, crânio e ossos longos; cistos epidérmicos; tumores desmoides e da tireoide; e anormalidades dentárias. - Síndrome de Turcot: É mais rara e caracterizada por adenomas intestinais e tumores do sistema nervoso central. 2. Câncer Colorretal Hereditário Não Poliposo (CCHNP) - Compreende uma das neoplasias malignas presentes na Síndrome de Lynch, um agrupamento de neoplasias malignas familiares situadas em diferentes sítios: cólon, endométrio, estômago, ovário, ureter, cérebro, intestino delgado, trato hepatobiliar e pele. - A neoplasia de cólon tende a ocorrer em pacientes mais jovens, e geralmente, acomete o cólon D. - Os adenomas serrilhados sésseis estão associados ao CCHNP. - O CCHNP é causado por mutações herdadas na linhagem germinativa em genes que codificam proteínas responsáveis pela detecção, excisão e reparo de erros que ocorrem durante a replicação do DNA. Adenocarcinoma * O adenocarcinoma do cólon é a malignidade mais comum no trato GI e a principal causa de morbidade e mortalidade do mundo. * Contrariamente, o intestino delgado, que é responsável por 75% de toda a extensão do trato GI, é um local incomum para tumores benignos e malignos. * Os fatores alimentares mais intimamente associados a taxas elevadas de câncer colorretal são a baixa ingestão de fibras vege- tais não absorvíveis e a alta ingestão de carboidratos refinados e gordura. * Embora essas associações estejam claras, a relação meca- nística entre a dieta e o risco permanece pouco compreendida. No entanto, teoriza-se que o conteúdo de fibras reduzido leve a uma carga fecal diminuída e uma composição alterada da micrbiota intestinal. * Deficiências de vitaminas A, C e E, as quais atuam como captadores de radicais livres, podem combinar danos causados pelos oxidantes. A alta ingestão de gordura acentua a síntese hepática de colesterol e de ácidos biliares, os quais podem ser convertidos em carcinógenos por bactérias intestinais. * Patogenia: - A combinação de eventos moleculares que levam ao adenocarcinoma colônico é heterogênea e inclui anormalidades genéticas e epigenéticas. Pelo menos duas vias genéticas distintas foram descritas. - Em termos simples, estas são a via APC/β-catenina, que está associada a WNT e à sequência adenoma-carcinoma clássica; e a via da instabilidade das microssatélites, que está associada a defeitos no reparo mismatch de DNA. - Ambos os caminhos envolvem o acúmulo gradual de múltiplas mutações, mas os genes envolvidos e os mecanismos pelos quais as mutações se acumulam diferem. - Os eventos epigenéticos, sendo o silenciamento genético induzido por metilação o mais comum, podem acentuar a progressão ao longo de ambas as vias. - Alterações morfológicas e moleculares na sequência adenoma-carcinoma. Postula-se que a perda de uma das cópias normais do gene supressor de tumor APC ocorra precocemente. - Indivíduos podem nascer com um alelo mutante, o que os torna extremamente susce- tíveis a desenvolver câncer de cólon, ou a inativação do APC pode ocorrer mais tardiamente na vida. - Este é o “primeiro golpe ou etapa” de acordo com a hipótese de Knudson. Em seguida, ocorre a perda de uma cópia intacta do APC (“segundo golpe ou etapa”). - Outras mutações incluem as no KRAS, perdas no 18q21 envolvendo SMAD2 e SMAD4 e inativação do gene supressor de tumor p53, levando à emer- gência do carcinoma, no qual as mutações adicionais ocorrem. Embora pareça haver uma sequência temporal de mudanças, o acúmulo de mutações, mais do que sua ocorrência em uma sequência específica, é o mais importante. - Alterações morfológicas e moleculares na via de reparo mismatch da carcinogênese do cólon. Defeitos nos genes de reparo mismatch resultam em instabilidade das microssatélites e permite o acúmulo de mutações em numerosos genes. Se essas mutações afetam os genes envolvidos na sobrevivência e proliferação celular, o câncer pode se desenvolver. - Aspectos macroscópicos: ● No geral, os adenocarcinomas são distribuídos quase igualmente ao longo do comprimento total do cólon. Os tumores no cólon proximal geralmente crescem como massas polipoides e exofíticas que se estendem ao longo de uma parede do ceco de grosso calibre e do cólon ascendente; esses tumores raramente causam obstrução. - Aspectos microscópicos: ● A maioria dos tumores é composta de células colunares altas que se parecem com o epitélio displásico encontrado nos adenomas. ● O componente invasivo desses tumores evoca uma forte resposta desmoplásica estromal, a qual é responsável por sua consistência firme característica. Alguns tumores pouco diferenciados formam poucas glândulas. ● Outros podem produzir mucina abundante que se acumula na parede intestinal, e estes estão associados a um prognóstico pobre. Os tumores também podem ser compostos de células em forma de “anel em sinete”, que são similares àquelas do câncer gástrico. - Características clínicas: ● Crescimento insidioso; ● Fadiga, fraqueza, astenia; ● Anemia ferropriva do idoso - atenção!! ● Alteração do hábito intestinal; ● Desconforto abdominal - cólicas; ● Sangue oculto nas fezes; ● Sangue vivo nas fezes; Ref��ê�c�a - TGI: Patologia – Bases Patológicas das Doenças; Robbins & Cotran; 9ª ed.; 2016; Capítulo 17. - Patologia; Bogliolo; 7ª ed.; 2006; Capítulo 21.
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