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Revogação da prisão preventiva

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2 
1. Da Prisão Preventiva 
 
Para que possamos falar da construção da peça de Revogação da Prisão 
Preventiva, precisamos, antes disso, tem uma boa noção do instituto da prisão 
preventiva. Sobretudo, porque se trata da prisão mais usual no processo penal. 
Inicialmente devemos lembrar que a prisão preventiva é uma das 
modalidades de prisão cautelar ou também chamada de prisão processual, utilizadas 
no processo penal brasileiro. A prisão, no Brasil, pode ser cautelar ou prisão-pena. Só é 
possível falar em prisão-pena, quando estamos diante de uma sentença penal 
condenatória transitada em julgado, ou seja, nesse caso a prisão será a sanção penal 
imposta ao condenado em decorrência da prática de um delito. Qualquer outra 
modalidade de prisão que não decorra de sentença condenatória, será prisão cautelar. 
A prisão cautelar, como toda e qualquer medida dessa espécie, deve observar 
as regras dos artigos 282 e seguintes do código de processo penal. Isso porque a 
medida cautelar, tem como escopo principal resguardar, tutelar, acautelar 
determinada situação a fim de preservar o processo os as partes envolvidas nesse. 
A doutrina nos ensina que os principais requisitos para execução de uma 
medida cautelar na esfera penal são o fumus comissi delicti e o periculum libertatis, ou 
seja, aqui em específico para a prisão preventiva, deve-se observar se há indícios 
suficientes de autoria (fumaça do cometimento de um crime) e ainda se a liberdade 
do acusado é um risco. 
Partindo-se dessa lógica processual, o Juiz somente poderá decretar a prisão 
preventiva de alguém se houver nos autos, a prova da materialidade, os indícios 
suficientes de autoria e a necessidade de se manter o réu preso enquanto tramita o 
processo. 
A prisão preventiva, encontra respaldo Constitucional no artigo 5º, inciso LXI, 
que estabelece que ninguém será preso, senão em flagrante, ou por ordem 
fundamentada de uma autoridade judicial. 
Nessa esteira jurídica, por se tratar de medida cautelar, nos termos do artigo 
282, a prisão preventiva deve obedecer aos princípios da razoabilidade e da 
proporcionalidade. Assim, a prisão não será razoável se o periculum libertatis não 
restar suficientemente demonstrado. Não se pode esquecer que no Brasil a regra é a 
liberdade, e a prisão, uma exceção. 
Da mesma forma não se pode dizer que a prisão preventiva é proporcional, 
quando ela for decretada quando o acusado cometeu um crime que, se condenado for, 
não será a ele imputada pena de prisão, como por exemplo, nos crimes culposos. 
Observe, portanto, que um dos indícios de que a prisão poderá ser revogada é 
justamente a violação da proporcionalidade. 
Para que a prisão preventiva seja decretada, há que se observar ainda, o que a 
doutrina chama de requisitos normativos, ou seja, requisitos de ordem objetiva, 
 
3 
previstos na própria norma. O artigo 313 elenca esses pressupostos normativos. Pela 
redação do referido artigo, somente caberá prisão preventiva para o acusado de 
praticar crimes cuja pena máxima em abstrato seja superior a 04 anos, mesmo que ele 
seja primário. Mas, em sendo ele reincidente, o Juiz poderá decretar a prisão 
preventiva, mesmo quando o crime por ele praticado tenha pena máxima igual ou 
inferior a 04 anos. 
Em síntese, sendo o cidadão, réu primário, não cabe prisão preventiva pela 
prática de furto (artigo 155, CP), de apropriação indébita (artigo 168, CP), receptação 
(artigo 180, CP), descaminho (artigo 334, CP), etc. 
Observemos que em todos os casos acima, a pena máxima em abstrato é de 
04 (quatro) anos, ou seja, exatamente a previsão do artigo 313, I, CPP. 
É importante entendermos o porquê dessa previsão do artigo 313. O artigo 44 
do Código Penal, estabelece que, os crimes cometidos sem grave ameaça ou violência 
à pessoa, cuja pena seja menor ou igual a quatro anos, será substituída por pena 
restritiva de direitos. 
Desta feita, qual a razoabilidade em se prender alguém preventivamente pela 
prática de um crime que, se condenado, não ficará preso? 
Há ainda a possibilidade de decreto de prisão preventiva, para assegurar as 
medidas protetivas quando o crime envolver violência doméstica. Sugerimos nesse 
momento ler com atenção o referido artigo 313, CPP. 
Com o advento da Lei 12.403/2011, como já foi dito, o legislador deixou de 
forma expressa que a prisão é a última rattio quando elencou diversas medidas 
cautelares diversas que devem ser aplicadas no lugar da prisão. Ou seja, a prisão 
preventiva somente poderá ser decretada quando nenhuma das medidas do artigo 
319 do CPP for cabível ao caso, nos termos do artigo 282, §6º, CPP. A título de 
exemplo, o Juiz poderá, ao invés de decretar a preventiva de alguém que está 
ameaçando uma testemunha, aplicar-lhe uma medida cautelar diversa, consistente em 
não poder se aproximar ou fazer qualquer tipo de contato com a referida testemunha. 
Em havendo violação da medida aplicada, a prisão será decretada, nos termos do 
artigo 313, III do CPP. 
Qualquer que seja a decisão do Juiz, ela sempre deverá estar fundamentada 
nos termos do artigo 93, IX da Constituição Federal e artigo 315 do CPP, sob pena de 
nulidade. 
Para você que está se preparando para a prova prática da OAB, há outro 
detalhe de suma importância que, embora não seja nada complicado, requer muita 
atenção. É que o artigo 311 do Código de Processo Penal estabelece a possibilidade de 
prisão preventiva ser decretada, tanto no inquérito policial, como no curso da ação 
penal, inclusive de ofício pelo Juiz, ou seja, sem que haja pedido do MP ou 
representação da autoridade policial. Em uma leitura rápida e desatenta do referido 
artigo, pode se ter a ideia que o Juiz poderá decretar a prisão preventiva de ofício, 
tanto no inquérito quanto no curso da ação penal, o que não é verdade. 
 
4 
Quando a letra da lei menciona “...caberá a prisão preventiva decretada pelo 
juiz, de ofício, se no curso da ação penal,....”, fica claro que o legislador limitou o 
decreto de ofício apenas no curso da ação penal. Daí que a expressão “de ofício” está 
entre vírgulas, ou seja, de ofício somente no curso da ação penal. De forma que, você 
deve ficar muito atento se, em uma eventual questão aberta, ou até mesmo numa 
peça, surja uma informação de que o Juiz decretou a prisão preventiva de ofício. 
Por uma questão lógica, inclusive de obediência ao sistema acusatório, 
adotado no processo penal brasileiro, o Juiz não pode ter a iniciativa da prisão ainda na 
fase investigativa, pois, ele somente teria a sua jurisdição assegurada a partir do início 
da ação penal, quando efetivamente se judicializa o fato praticado pelo denunciado. 
Há que se atentar ainda para os legitimados a pleitear a prisão preventiva de 
alguém. Na fase investigatória, poderá o Delegado (autoridade policial) representar e o 
Ministério Público pedir a prisão preventiva. Já no curso da ação penal, poderá o 
Delegado representar, o MP, o Assistente de Acusação1 e o Querelante pedir, ou o Juiz 
decretar de ofício. Isso é importante, vamos entender de forma gráfica para facilitar a 
sua memorização. 
 
 
 
 
 
 
 
Entender a legitimidade tratada acima, é fundamental para que possamos 
identificar em uma questão ou eventual peça, uma tese a ser pleiteada pela defesa. 
A partir do momento que estivermos bem resolvidos com os requisitos 
normativos (artigo 313) e a legitimidade (artigo 311), penso que estamos habilitados a 
enfrentar o mais importante artigo quando se fala em prisão preventiva – o artigo 312 
do CPP. 
A doutrina refere-se ao artigo 312 como os requisitos fáticos que justificam a 
prisão preventiva. Ou seja, são situações fáticas que, se presentes no caso concreto, 
justificama prisão preventiva do réu ou investigado. 
Em breve síntese – sugerimos uma leitura minuciosa do referido artigo – será 
justificada a prisão do réu ou investigado, quando a sua liberdade gerar riscos à ordem 
 
1 O assistente de acusação é a vítima ou seu representante legal que passa atuar no processo, 
devidamente representada por advogado, e que atua ao lado do MP para assegurar uma condenação e, 
por conseguinte, o direito de pleitear uma indenização através da ação civil ex delicti.(Artigo 268 e 
seguintes do CPP). 
PRISÃO PREVENTIVA 
Inquérito Policial 
 
Ação Penal 
Representação do 
Delegado 
Pedido do 
Ministério Público 
Representação 
do Delegado 
Pedido do MP, 
Assistente ou 
Querelante. 
Juiz 
 De Ofício 
 
5 
pública, à ordem econômica, por conveniência da instrução processual ou houver 
riscos à aplicação da lei penal. 
Com exceção da ordem pública, as demais hipóteses são facilmente 
explicadas pela doutrina. O risco à ordem econômica ocorre, sobretudo, nos crimes 
contra o sistema financeiro, em que o réu deve ficar preso, sob risco de danos à 
macroeconomia. A conveniência da instrução processual se caracteriza quando há 
evidência de destruição de provas, ameaças de testemunhas, etc. Já o risco à aplicação 
da lei penal se caracteriza nas hipóteses fundadas de fuga. Em todas essas situações, 
os tribunais superiores preconizam que há que se ter provas concretas desses riscos, 
não justificando a prisão com base apenas em hipóteses ou ilações. Atente-se a isso, 
porque pode ser uma boa tese para você discutir, por exemplo, numa peça. 
Quanto à ordem pública, sempre houve uma grande discussão doutrinária 
sobre a generalidade do termo, de forma que, não se justifica decretar a prisão que 
alguém alegando apenas o risco à ordem pública, mesmo porque essa terminologia 
seria carente de uma definição precisa por parte de nosso ordenamento. Para os fins 
que se propõem o presente estudo, é desnecessário enfrentar discussões doutrinárias. 
O que importa para nós agora é compreender o entendimento dos tribunais superiores 
sobre quando se configura risco à ordem pública ou não. 
O STF, através da súmula 718, sedimentou que a opinião do julgador sobre a 
gravidade em abstrato do delito não é fundamentação idônea para impor ao réu 
regime mais grave de cumprimento de pena. Pois bem, essa mesma lógica tem sido 
adotada pelo STJ e STF no que se refere às prisões preventivas. Isso porque citados 
tribunais entendem atualmente que a gravidade em abstrato, a simples comoção 
social não são fundamentos idôneos para decretar a prisão preventiva com base na 
garantia da ordem pública. 
Sobre esse ponto em específico, sugerimos a leitura do Informativo 
Jurisprudência em Teses nº 32 do STJ, facilmente acessado nos sítios de busca da 
internet. Nesse informativo o STJ sedimenta 15 entendimentos sobre a prisão 
preventiva. 
O mais importante para você saber ao elaborar um pedido de revogação da 
preventiva é enfrentar o fundamento utilizado pelo Juiz para decretar a prisão. 
 
2. Da Revogação da Prisão Preventiva 
 
Muito já falamos sobre o cuidado em se identificar quando que estamos 
diante de uma revogação ou de um relaxamento. 
Atente-se para o fato de que, na revogação, a prisão é legal, ou seja, está nos 
limites do que a lei determina, mas essa prisão não se faz necessária, ou seja, não há 
provas do periculum libertatis. 
Ao contrário, no relaxamento, a prisão é ilegal, pois viola a lei. Falaremos 
disso mais à frente. 
 
6 
Para você identificar de imediato a peça como sendo uma revogação de 
preventiva, observe os seguintes detalhes: 
 
I – Alguém está preso. 
II – Foi decretada a prisão preventiva desse alguém. 
III – Essa prisão é legal, ou seja, não viola a lei. 
IV – Essa prisão não é necessária. 
 
Observe que a questão relacionada à necessidade ou não da prisão deve 
nascer de sua interpretação como advogado, dentre as informações que a questão lhe 
apresentou. Mas, o mais importante é saber que ela foi decretada nos limites da lei, 
portanto, legal, embora não seja necessária. 
A tramitação do pedido de revogação da prisão preventiva será no corpo dos 
próprios autos em que ela foi decretada. Como já dito anteriormente, se o Juiz 
decretou a prisão preventiva é porque já há uma ação penal tramitando ou, se no 
curso das investigações, houve um pedido expresso nesse sentido. De qualquer forma, 
é possível afirmar que já foi judicializada a lide e, por isso, já está tramitando algum 
procedimento que fora distribuído e que, depois de autuado, já recebeu uma 
numeração. 
Portanto, atente-se a isso. Se a questão trouxer a informação de número de 
processo com indicação de vara e comarca, você deverá utilizá-los na peça. Caso essas 
informações não tenham sido oferecidas, utilize os três pontinhos (...). 
 
2.1 – Dos Fatos 
Construa sua peça narrando apenas os fatos que interessem à revogação da 
prisão. Seja sucinto nessa narrativa. Não perca tempo com fatos. Dê ênfase aos fatos 
utilizados pelo Juiz para fundamentar o decreto de prisão. 
 
2.2 - Do Direito 
Ao enfrentar o direito, ou a fundamentação jurídica, seja pontual. Enfrente o 
motivo utilizado pelo juiz para fundamentar a prisão. Se o Juiz decretou a prisão para 
conveniência da instrução processual, ou seja, para impedir que o réu interfira de 
forma negativa na produção de provas, enfrente somente isso. Não perca seu tempo 
discutindo sobre garantia da ordem pública, sobre risco à aplicação da lei penal, etc. 
Aqui, o mais importante é rebater os fundamentos do Juiz, tentando convencê-lo de 
que houve um equívoco na sua interpretação dos fatos. 
Alguns pontos são facilmente identificados nesses casos trazidos em prova da 
OAB. Logicamente não tem como prevermos todas as possibilidades que virão em sua 
 
7 
prova, mas podemos lhe sugerir alguns cuidados que lhe ajudarão muito. Observem 
sempre esses detalhes ao se falar em prisão preventiva. 
Se o Juiz decretou a prisão do seu cliente com base: 
 
I – Na Garantia da Ordem Pública 
- Observe se há reiteração delitiva, ou seja, se ele já cometeu vários 
delitos num mesmo espaço de tempo. 
- Observe se os fatos são auaís, ou seja, contemporâneos à data da 
prisão. Ex: Porque decretar a prisão de alguém em 2017, por crimes 
que ele cometeu em 2012? 
- Observe se o caso lhe apresenta que houve grande comoção social 
e midiática. Isso por si só não pode ser invocado para decretar a 
prisão de alguém. 
- Observe se a gravidade do crime é concreta ou abstrata. Se for 
abstrata2, não justifica a prisão preventiva. 
 
II – Para Conveniência da Instrução Processual 
 
- Observe se há provas concretas de quem o réu está ameaçando 
testemunhas ou destruindo provas. 
- Observe se já ocorreu a audiência de instrução. Isso porque se o 
motivo era proteger a instrução e a instrução já acabou, não há 
porque manter o réu preso. (Ver artigo 316, CPP) 
 
III – No risco à aplicação da lei penal 
 
- Observe de há provas concretas de que o réu pode fugir. Meras 
ilações ou suspeitas de fuga não podem fundamentar um decreto de 
prisão. 
 
Em posse dessas informações, você não terá problema para fundamentar seu 
pedido de revogação. 
 
2 Sobre gravidade concreta e abstrata, importante esclarecer. Um crime de estupro é um crime grave. 
Basta ler o artigo e se percebe a sua gravidade. Esta gravidade é abstrata. Esse crime somente terá 
gravidade concreta se, analisando o caso, real se puder constatar que houve violência real quando da 
sua prática, a vítimaficou muito lesionada, etc. É possível que um crime de estupro de vulnerável não 
tenha gravidade concreta, por exemplo, se o caso retrata a conjunção carnal de dois namorados, em 
que a moça tenha apenas 13 anos e a relação tenha sido consentida. Há aqui uma violência presumida 
(gravidade abstrata), mas não há violência real (gravidade concreta). 
 
8 
Caso a questão lhe ofereça informações suficientes para você pleitear a 
substituição da prisão preventiva por outra medida cautelar diversa (artigo 319,CPP), 
abra um tópico especialmente para falar desse medida. Isso facilita a compreensão do 
seu pedido e, com certeza, a sua avaliação. 
Por exemplo, se o Juiz decretou a prisão de seu cliente porque ele estava 
ameaçando uma testemunha, você poderá pedir ao Juiz que substitua a prisão pela 
medida cautelar de prisão domiciliar e proibição de contato do réu com a referida 
pessoa. 
Mas nunca se esqueça. Esse pedido será subsidiário, ou seja, primeiro você 
pede para revogar a prisão e, se assim o Juiz não entender, que substitua a prisão 
pela medida cautelar. 
 
2.3 – Do Pedido 
 
Não há nenhuma dificuldade na elaboração do seu pedido. Apenas seja 
coerente com as suas teses de direito. Ou seja, nunca peça aquilo que você não 
enfrentou na fundamentação jurídica (Direito). 
Peça para revogar a prisão preventiva decretada e, subsidiariamente peça o 
Juiz para substituir a prisão pela medida cautelar diversa, caso não seja o 
entendimento dele pela revogação. 
Sempre peça para que o Juiz determine à secretaria a expedição do alvará de 
soltura. Esquecer-se de pedir para expedir o alvará pode significar a sua reprovação. 
Isso porque você irá perder alguns décimos valiosos. 
 
3. Do relaxamento da Prisão Preventiva 
 
Como dito acima, uma coisa é a revogação e outra é o relaxamento. Toda 
prisão ilegal deve ser relaxada, seja flagrante, temporária ou preventiva. 
Portanto, observe com cuidado as informações que a questão lhe dá. Porque 
se houver ilegalidade no decreto da preventiva, a peça será de relaxamento e não de 
revogação. Para que você possa perceber, sem maiores dificuldades, se a peça é de 
relaxamento de prisão preventiva, seguem algumas dicas: 
 
I – O Juiz decretou a prisão preventiva de ofício antes da ação penal, ou 
seja, antes do oferecimento da denúncia. 
 
II – O Juiz decretou a prisão preventiva de crime culposo (ver artigo 313, 
CPP) 
 
III – O Juiz decretou a prisão preventiva de pessoa, primária, acusada da 
prática de crime, cuja pena máxima em abstrato não ultrapasse 04 anos. 
 
IV – O Juiz decreta a prisão de pessoa acusada da prática de contravenção 
penal. 
 
9 
Em todos os casos acima, havendo decreto de prisão, ele será ilegal e, 
portanto, desafia pedido de relaxamento de prisão preventiva. 
Os aspectos formais da peça serão idênticos ao da revogação da prisão 
preventiva. Você deverá fazer o resumo dos fatos, elaborar os argumentos jurídicos – 
com ênfase na demonstração da ilegalidade da prisão – e fazer o pedido para que seja 
declarada ilegal a prisão com o seu consequente relaxamento e a expedição do alvará 
de soltura. 
 
4. Indeferimento do Pedido 
 
Embora não seja comum que essa questão venha cobrada em peças 
processuais, tem sido muito comum a cobrança em questões abertas. Refiro-me ao 
indeferimento pelo Juiz, do pedido de revogação da prisão preventiva ou do 
relaxamento, seja da preventiva, do flagrante ou da prisão temporária. 
Ou seja, o primeiro pedido, seja de revogação ou de relaxamento, será feito 
ao Juiz competente para julgar a ação penal. Em sendo indeferido, caberá Habeas 
Corpus perante o tribunal ad quem, que poderá ser o Tribunal de Justiça (se estadual) 
ou o Tribunal Regional Federal (se federal). 
Portanto, que fique claro – não há recurso contra decisão do Juiz que nega 
pedido de revogação ou relaxamento de prisão. 
Por outro lado, caso o habeas corpus seja denegado (essa é a expressão 
correta) no tribunal, caberá recurso para o STJ. É o chamado Recurso Ordinário 
Constitucional – ROC (Artigo 105, II, “a”, CF). Portanto, atento ao esquema: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. Modelos de Peças 
 
A seguir, apresento dois modelos básicos de revogação e relaxamento de 
prisão preventiva. 
 
Pedido de 
Revogação/Relaxamento 
de Prisão 
Deferido? 
Habeas Corpus 
(TJ ou TRF) 
Deferido? 
ROC – STJ 
(Artigo 105, II, “a”, CF) 
Expede Alvará 
de Soltura 
Expede Alvará 
de Soltura 
SIM 
SIM 
NÃO 
NÃO 
 
10 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA 
COMARCA DE FIM DO MUNDO 
 
 
 
Autos nº..... 
 
 
FILISBINO DE TAL, já devidamente qualificado nos autos, 
vem diante de Vossa Excelência, representado por seu procurador legal, ajuizar o 
presente PEDIDO DE REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA, nos termos do artigo 316, 
Código de Processo Penal, apontando como seus argumentos fáticos e jurídicos o que 
se segue: 
 
1. DOS FATOS 
 
Em resumo, dê ênfase aos fatos que o Juiz considerou 
para decretar a prisão. 
 
2. DO DIREITO 
 
Dê ênfase e enfrente o requisito do artigo 312 que o Juiz 
utilizou para decretar a prisão. 
 
Caso haja, enfrente a substituição da prisão por medida 
cautelar diversa. 
 
3. DO PEDIDO 
 
Peça a revogação da prisão e a expedição do alvará de 
soltura. 
Subsidiariamente, peça a substituição da prisão por 
alguma medida cautelar diversa. 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
Fim do Mundo, 10 de abril de 2017. 
 
ADVOGADO 
OAB.... 
 
11 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA 
COMARCA DE FIM DO MUNDO 
 
 
 
Autos nº..... 
 
 
FILISBINO DE TAL, já devidamente qualificado nos autos, 
vem diante de Vossa Excelência, representado por seu procurador legal, ajuizar o 
presente PEDIDO DE RELAXAMENTO DE PRISÃO PREVENTIVA, nos termos do artigo 
5º, LXV da Constituição Federal c/c Artigo 311 ou 313 (conforme for a nulidade) do 
Código de Processo Penal, apontando como seus argumentos fáticos e jurídicos o que 
se segue: 
 
4. DOS FATOS 
 
Em resumo, dê ênfase aos fatos que evidenciam a 
ilegalidade da prisão. 
 
5. DO DIREITO 
 
Dê ênfase e enfrente a nulidade da prisão apontando o 
dispositivo de lei que foi violado. 
 
6. DO PEDIDO 
 
Peça a decretação da ilegalidade da prisão e o 
consequente relaxamento da mesma e a expedição do alvará de soltura. 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
Fim do Mundo, 10 de abril de 2017. 
 
ADVOGADO 
OAB....

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