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Avp Civil Brumadinho (1) (2)

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DIREITO CIVIL I
 Prof. Joseane de Queiroz Vieira
AVP: TEXTO “A MORTE PRESUMIDA NA LAMA DE BRUMADINHO”
TURMA: 112.2
· Álvaro Batista de Araújo.
· Camila Correia de Alencar.
· Luan Vinicius Bezerra Barbosa.
· Vitoria Yasmim Rodrigues do Nascimento. 
Juazeiro do Norte – CE
Abril / 2020
Questões:
1- DISTINÇÃO ENTRE MORTE REAL/ BIOLÓGICA E MORTE PRESUMIDA.
Sob a égide do código civil, somente com a morte se extingue a existência da pessoa natural, ou também conhecida coloquialmente como pessoa física, como bem assegurada em seu art. 6ª. Assim, a morte poderá ocorrer de duas maneiras: Biologicamente, quando se registra anatomicamente a parada de funções vitais ou, ainda, de maneira Presumida, quando nela são observados fatores que analisam objetivamente a morte do indivíduo, uma vez que se busca uma análise o mais real possível das circunstâncias em que se encontrava o sujeito.
Assim, a morte biológica necessita da existência de um corpo para constatação da morte. Desse modo, quando se registra à parada do sistema cardiorrespiratório, automaticamente já se realiza a declaração de atestado de óbito, realizada por profissionais habilitados da área, para que daí a família se encaminhe ao cartório de registros e realize a “oficialização” documental da morte do sujeito, necessário para o sepultamento. Sob a mesma perspectiva há também a morte encefálica, em que o indivíduo não poderá voltar a sua consciência plena anterior a situação, assim, a Lei de doação de órgãos disporá sob o formalismo a ser adotado para que seja seguido os protocolos de doação, uma vez que ali se evidencia a morte do sujeito e, portanto, em posse de declaração de óbito.
Também dão subterfúgios ao quadro vigente, a morte presumida, nela há de se verificar uma presunção de morte, uma vez que não há constatação físico-biológica da morte do indivíduo, ou seja, ela se desdobrará sobre fatos que levam a concluir que o sujeito morreu. A exemplo, há situações em que o indivíduo participava de determinadas situações sociais em que sua família direta ou indiretamente tinha pleno conhecimento, como por exemplo, uma catástrofe que inundou a área em que o sujeito morava era de conhecimento geral e, ainda, quando ele é militar e sai para um conflito, quando ele não volta se presume a morte. Há ainda os casos em que o indivíduo desaparece sem justificativa, uma vez que a família poderá entrar com uma ação judicial para reconhecimento da morte, promovendo dentre os seus parentes, estabelecido hierarquia em lei, o pleno gozo e desenvolvimento do patrimônio.
Em suma, podemos concluir que a principal diferença está na burocracia entre a “oficialização” da morte do indivíduo, uma vez que na biológica é menos demorada, quando se verificar que o indivíduo veio a óbito, pois nela há comprovações biológicas e físicas e, mesmo que siga algumas legislações pertinentes ao caráter formal, não há uma estruturação tão morosa quanto a morte presumida. Além disso, na morte biológica há uma constatação visível da morte do sujeito, já na morte presumida traça-se caminhos para que se chegue a uma efetiva conclusão de que tudo leva a morte do indivíduo, sendo muitas vezes um processo que deixa dúvidas ou questionamentos acerca da extinção da pessoa natural.
2- EM QUAIS HIPÓTESES PODE HAVER MORTE PRESUMIDA?
O conceito de morte e seus efeitos jurídicos estão elencados no novo Código Civil, que trata de duas hipóteses distintas: a morte presumida com a decretação da ausência e a morte presumida sem a decretação da ausência.
O artigo 7º do Código Civil determina que possa ser declarada a morte presumida sem decretação de ausência:
I - Se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II - Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. 
Parágrafo único: A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
O artigo 88° da Lei de Registros Públicos - Lei 6.015/73 - permite a justificação judicial da morte para assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar o cadáver para exame.
O artigo 6º do Código Civil dispõe que a existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta quanto aos ausentes nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. O artigo 22° estabelece que, desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência e nomear lhe á curador.
Na prática, o direito brasileiro prevê dois institutos distintos para casos de desaparecimento em que não existe a constatação fática da morte pela ausência de corpo: o da ausência e o do desaparecimento jurídico da pessoa humana.
No primeiro caso, a ausência acontece com o desaparecimento da pessoa do seu domicílio, sem que dela haja mais notícia. Na ausência existe apenas a certeza do desaparecimento, sem que ocorra a imediata presunção da morte, uma vez que o desaparecido pode voltar a qualquer momento. Nesse caso, a Justiça autoriza a abertura da sucessão provisória como forma de proteger o patrimônio e os bens do desaparecido.
No desaparecimento jurídico da pessoa, a declaração de morte presumida pode ser concedida judicialmente independentemente da declaração de ausência, já que o artigo 7º permite sua decretação se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida, como são os casos de acidentes aéreos ou naufrágios. Entretanto, ela só pode ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
3- QUAL TIPO DE MORTE PODE SER OBSERVADO NO CASO DO DESASTRE AMBIENTAL DE BRUMADINHO? POR QUÊ?
O desastre de Brumadinho foi uma das maiores catástrofes ambientais que o Brasil presenciou nos últimos anos, várias mortes foram causadas por simples irresponsabilidade da empresa vale do rio doce. O tipo de morte que ocorreu em Brumadinho foi a morte presumida sem declaração de ausência, conforme o Art. 7ª do código civil, uma vez que em seu inciso I disciplina sobre o perigo de vida que dão circunstâncias à morte do indivíduo, como por exemplo acidentes, naufrágios, desastres, dentre outros. Desse modo, por conta da quantidade significativa e feroz de lama que caiu sobre a região e, assim, ficava complicada a busca por pessoas vivas, acontece que chegou uma hora que ficou inviável continuar as buscas. Então, isso se caracteriza como morte presumida que seria declarar a morte de alguém por circunstâncias que não tem como continuar a procura por ela declarando a sua morte. Posteriormente, o código Civil de 2002 autoriza ao juiz a declaração de morte presumida quando for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.
Ademais, a comoriência é um termo do Direito Civil que indica presunção legal de morte simultânea de duas ou mais pessoas ligadas por vínculos sucessórios. Quando não se sabe quem morreu primeiro, presumem-se simultâneos. Portanto, podemos observar que quantos aos cônjuges que foram acometidos pelo desastre, há de se observar os efeitos jurídicos de sucessão, uma vez que os mesmos não são herdeiros entre si. Assim, a morte simultânea entre os sujeitos também é um fator importante a se analisar perante a morte presumida e todos os seus desdobramentos jurídicos, uma vez que afeta a ordem jurídica de sucessão, por exemplo.
Dispõe o art. 8º do Código Civil de 2002:
Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
4- DESCREVA RESUMIDAMENTE O QUE É A AUSÊNCIA E QUAIS SUAS ETAPAS ATÉ CULMINAR NO RECONHECIMENTODA MORTE PRESUMIDA.
 A ausência é o desaparecimento de uma pessoa que gera reflexos afetivos e financeiros para toda a família, o baque é grande, pois, fica a indagação se a ausência é voluntária, consciente, ou contra a própria vontade. Enfim, permanece a dúvida se a pessoa está viva ou morta, ficando suspenso o efeito sucessório. 
 A declaração de ausência deverá ser feita por decisão judicial, através de procedimento de jurisdição voluntária, pois o instituto da ausência revela o desencadeamento de uma relação de direitos e deveres entre o ausente e seus sucessores, esta relação se transforma ao longo do tempo, sua premissa é a declaração de ausência expedida pelo Poder Judiciário.
•	A sucessão em via da morte presumida com decretação de ausência compreende três fases:
Curadoria dos bens do ausente: nesta fase, o legislador se preocupa com a proteção dos bens do ausente. A curadoria tem, em regra, duração de um ano. Caso o ausente tenha deixado procurador, o prazo passa a ser de três anos. Essa fase se encerra, pela confirmação da morte do ausente; pelo seu retorno ou pela abertura da sucessão provisória.
Na fase da sucessão provisória, os herdeiros podem entrar na posse dos bens do ausente, desde que prestem garantia da restituição deles, em caso de retorno do ausente. Essa fase durará, em regra, 10 anos (contados do trânsito em julgado da decisão que abre a sucessão provisória). O prazo se reduz para cinco anos, se o ausente tiver mais de 80 anos e de mais de cinco anos datarem suas últimas notícias. Essa fase se encerra pela confirmação de morte do ausente, pelo seu retorno ou pela abertura da sucessão definitiva.
Sucessão definitiva: nesta que é a última fase, os herdeiros podem solicitar o levantamento das garantias prestadas, adquirindo assim, o domínio dos bens deixados. No entanto, o domínio será resolúvel, uma vez que, caso o ausente retorne, terá seus bens de volta, porém, no estado em que se encontrarem. Todavia, é importante ressaltarmos que o ausente só terá esse direito, se retornar em até 10 anos contados da abertura da sucessão definitiva, depois disso, não mais terá direito aos bens.
 O Código Civil de 2002 foi mais técnico que o anterior, mencionando expressamente que “o juiz declarará a ausência e nomear lhe á curador”. No Código de 1916, a ausência era disciplinada ao lado de outros institutos de proteção de incapazes, como a tutela e a curatela. Contudo, se a capacidade é a aptidão para exercer por si só os atos da vida civil, não há como se afirmar que aquela pessoa, tão somente pelo fato de ter se ausentado do seu domicílio sem dar notícias ou deixar representante para cuidar de seus bens, seja incapaz.
 O ausente poderá perfeitamente realizar contratos, se casar (desde que já não o seja), inexistindo qualquer impedimento público ou privado a esse respeito. Serão atos ou negócios jurídicos perfeitamente válidos. A ausência deixa de ser prevista como incapacidade, passando a matéria a ser tratada na Parte Geral, “como continuidade lógica das questões atinentes à pessoa”.

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