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1 É um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, independente de outros fatores (Chemin). Dos com hipertensão (HAS), 90 a 95% apresentam hipertensão essencial ou primária para qual a causa não pode ser determinada, incluindo uma combinação de fatores ambientais e genéticos. Nos outros 05% a HAS surge como resultado de outra doença, normalmente endócrina e, desta forma é considerada como uma hipertensão secundária. (Krause 2010) Dependendo da extensão da doença de base, a hipertensão secundária pode ser curada. A HAS é pressão sangüínea sistólica de 140 mmHg ou mais e/ou pressão sangüínea diastólica de 90 mmHg ou mais. (Krause 2010) No Sixth (VI) Report of Joint National Comittee on Detection, Evaluation and Treatment of Blood Pressure (JNC VI) citado pelo Dan (2009), a HAS é classificada em estágios com base no risco de desenvolver doença cardiovascular, como mostra a tabela 1. A classificação proposta por Chemin e Krause (2010) é a Seventh (VII) Report of Joint National Comittee on Detection, Evaluation and Treatment of Blood Pressure (JNC VII) e encontra-se na tabela 02. Tab.1 Classificação da Pressão Sangüínea (mmHg) em Adultos a partir dos 18 anos (Dan, 2009 e Chemin, 2011) Categoria Sistólica Diastólica Ótima < 120 E < 80 Normal < 130 E < 85 Normal elevada / Limítrofe 130 a 139 Ou 85 a 89 Hipertensão Estágio 1 140 a 159 Ou 90 a 99 Estágio 2 160 a 179 Ou 100 a 109 Estágio 3 180 Ou 110 Tab.2 Classificação da Pressão Sangüínea (mmHg) em Adultos a partir dos 18 anos (Chemin e Krause 2010) Categoria Sistólica Diastólica Normal < 120 < 80 Pré-hipertensão 120 - 139 80 – 89 Estágio 1 140 a 159 90 a 99 Estágio 2 ≥160 ≥100 Pré-hipertensão essa classificação foi introduzida, a fim de melhorar os programas de educação de cuidados na diminuição dos níveis de PA, e dessa forma prevenir o desenvolvimento da hipertensão na população em geral. Apesar dos pacientes hipertensos serem, com frequência, assintomáticos, a HAS não é uma doença benigna. Os sistemas cardíaco, cerebrovascular e renal são afetados pela pressão sanguínea cronicamente elevada. Dos fatores de risco e prognóstico adverso na HAS, a KRAUSE (2013) inclui o seguinte quadro: Fatores de risco Raça negra; Jovens; PAD persistentemente >115mmHg; Tabagismo; DM; Hipercolesterolemia; Obesidade; Consumo excessivo de bebida alcoólica; Evidência de lesão em órgão-alvo. Cardíaco Hipertrofia cardíaca; Sinais ECG de isquemia ou sobrecarga ventricular esquerda; IAM; Insuficiência cardíaca. Olhos Exsudatos e hemorragias de retina; Papiledema. Renal IRC SNC AVE Fisiopatologia (Krause) A pressão sanguínea é uma função do débito cardíaco multiplicado pela resistência periférica (a resistência nos vasos sanguíneos ao fluxo de sangue). PS = débito cardíaco x resistência periférica O diâmetro dos vasos afeta o fluxo de sangue. Quando o diâmetro está diminuído como na aterosclerose, a resistência e a pressão sangüínea aumentam. Inversamente, quando o diâmetro está aumentado (como na terapia com droga vasodilatadora), a resistência se reduz e a pressão sangüínea é diminuída. Muitos mecanismos mantêm o controle homeostático da pressão sanguínea. Os reguladores principais são: - o sistema nervoso simpático para controle a curto prazo em resposta a uma queda na pressão o sistema nervoso simpático, secreta norepinefrina, um vasoconstritor que atua nas artérias pequenas e arteríolas para aumentar a resistência periférica e aumentar a pressão sanguínea - o rim para controle a longo prazo o rim regula a pressão sangüínea por controlar o volume de fluído extracelular e secretar renina que ativa o sistema renina- angiotensina. (Fig. 01) Com a redução da pressão arterial ou diminuição do volume circulante e/ou redução da pressão de perfusão renal (1), as células glomerulares do rim secretam renina em resposta à (2). A renina cliva o angiotensinogênio secretado no fígado em angiotensina I (3). A angiotensina I é rapidamente convertida em angiotensina II através da enzima conversora de angiotensina (ECA) nos pulmões e outros tecidos. A angiotensina II é um potente vasopressor e também atua estimulando a produção de aldosterona (4), TERAPIA NUTRICIONAL NA HIPERTENSÃO Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br 2 consequentemente tem-se reabsorção de sódio e água, com aumento da pressão arterial. Fig. 1 Sistema renina-angiotensina-aldosterona. Quando os mecanismos regulatórios hesitam, a HAS se desenvolve. As possíveis causas de HAS são um sistema nervoso simpático hiperativo, um sistema renina- angiotensina estimulado, uma dieta de baixo teor de potássio e o uso de ciclosporina. Todos estes causam vasoconstrição, que resulta em isquemia ou alterações arteriais. Na maioria das causas da hipertensão, a resistência periférica aumenta. (Krause 2010) A inflamação crônica também pode estar envolvida no desenvolvimento da hipertensão – marcadores inflamatórios como proteína C reativa estão aumentados em pacientes hipertensos. A ptn C reativa inibe a formação de óxido nítrico pelas células endoteliais, pode gerar vasoconstrição, adesão de leucócitos, ativação plaquetária e trombose. (Krause, 2010) Prevenção Primária Os principais fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão são: - pressão sanguínea normal a elevada/pré-hipertensão (Krause) - história familiar de hipertensão (Krause) - ancestralidade afro-americana (Krause) - sobrepeso (Krause, Dan e Chemin) - consumo excessivo de sal, (Krause, Dan e Chemin) - inatividade física e (Krause, Dan e Chemin) - consumo de álcool. (Krause, Dan e Chemin) Fatores Dietéticos São importantes a mudança de diversos fatores dietéticos com o objetivo de prevenir e controlar a HAS, a saber: Perda de peso, caso haja sobrepeso Limitação da ingestão de álcool Adoção do padrão alimentar DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) Redução da ingestão de sódio Aumento da atividade física Interrupção do tabagismo Vários estudos demonstraram efeitos da modificação destes fatores no controle da HAS. Excesso de Peso Corporal O peso corporal é um determinante da pressão sanguínea, independente da raça, em todas as idades. Segundo Chemin, estima-se que 20 a 30% da prevalência de HAS possa ser explicada por esta associação. O risco de desenvolvimento de HAS é de 2 a 6 vezes maior nos indivíduos acima do peso. (Krause, 2010) e as reduções na PA ocorrem mesmo sem que atinjam o peso corporal desejável. Adicionalmente, existe um efeito sinérgico entre a perda de peso e a terapia medicamentosa. (Krause, 2010) Para cada Kg de peso perdido, espera-se uma redução de aproximadamente 1 mmHg nas medidas de PAS e PAD. (Krause, 2010) As alterações fisiológicas propostas para explicar a ação do sobrepeso sobre a pressão são: - a resistência à insulina e a hiperinsulinemia (a ingestão excessiva de energia também a insulina que é um potente retentor de sódio), (Krause 2010 e Chemin) - a distribuição centrípeta da gordura, independente da obesidade estão associadas à pressão arterial elevada e a resistência à insulina; (Chemin) - ativação do sistema nervoso simpático e do sistema renina-angiotensina-aldosterona, (Krause 2010) - ações tróficas nos vasos arteriais (Krause 2010) e - alterações fisiológicas nos rins. (Krause 2010) - níveis elevados de marcadores inflamatórios (Krause 2010) A perda de peso diminui a resistência vascular, o volume sanguíneo total, o débito cardíaco e a atividade do sistema nervoso simpático, suprime o sistema renina- angiotensina e melhora a resistência á insulina. A recomendação para prevenção e controle do aumento da HAS é a manutenção do peso dentro da faixa de normalidade do IMC (18,5 a 24,9 kg/m²). (Chemin / Krause / Cuppari 2014). Tem-se redução de 5 a 20mmHg na PAS 10kg de peso reduzido (Cuppari 2014). Consumo Excessivo de Cloreto de Sódio Existe um papel etiológico para o sal no desenvolvimento da HAS. O excesso de sódio inicialmente eleva a pressão arterial poraumento da volemia e, conseqüentemente, com aumento do débito cardíaco. Através dos mecanismos de auto-regulação, ocorre um aumento da resistência vascular periférica, mantendo-se elevados os níveis de pressão arterial. A alta ingestão de sal também influencia outros mecanismos pressores como aumento da vasoconstrição renal, aumento da reatividade vascular nos agentes vasoconstritores (catecolaminas e angiotensina II) e 3 elevação dos inibidores da Bomba de Na/K ATPase. (Dan e Chemin) Algumas pessoas com HAS não aumentam a pressão sangüínea com ingestões maiores de sal (HAS resistente ao sal). Porém, cerca de 30 a 60% dos hipertensos são sensíveis ao sal (Chemin e Krause), mais comumente os indivíduos de raça negra, com idade avançada, obesos, com diabetes, disfunção renal, hipertensão e em uso de ciclosporina. (Krause 2010) - segundo a Krause, as pessoas sódio-sensíveis experimentam redução de 10 mmHg na pressão quando seguem uma dieta com pouco sal ou aumento de 05% quando fazem reposição do sal após restrição. Segundo Cuppari (2005), o consumo médio de sal da população está em torno de 10 a 12 gramas ao dia (sódio intrínseco e extrínseco), sendo que o consumo total de sódio pode ser considerado como provenientes de 03 fontes: 75% de alimentos processados, 10% de sódio intrínseco e 15% de sal de adição. Recomenda-se, então: Redução da ingestão de sal para 06 gramas diários ou 2400 mg de sódio / dia, equivale a 100 mEq/dia. (Chemin, Dan 2009), Redução da ingestão de sal para 05 gramas diários ou 2000 mg de sódio / dia. Promove redução de 2 a 8mmHg na PAS (Cuppari 2014/Soc Brasil Cardiologia 2010). Segundo Chemin, Cuppari e Dan (2009), em termos práticos, deve-se considerar 2g de sal próprios do alimentoss (aproximadamente 26 a 30mEq, deve ser proveniente de sódio intrínseco). Porém, as recomendações da Krause de 2010 diferem das anteriores: Recomendações da Krause, 2010: - Todos os indivíduos 2,4 g de sódio ou 6g de sal ao dia - Indivíduos hipertensos 1,5g de sódio ao dia A restrição mais importante para atingir estas metas deve ser dos alimentos processados e do sal de adição. A restrição de sal auxilia também na maior eficácia das drogas hipotensoras. O uso de substitutos de sal contendo cloreto de potássio poderá ser recomendado, porém devemos lembrar que o uso destes substitutos deverá ser cuidadosamente monitorado na insuficiência renal. Segundo a Krause (2010) 1 colher de chá de sal = 2400 mg de sódio. Consumo de Álcool Segundo a Krause (2010), 5 a 7 % de HAS na população é decorrente do uso de álcool. Para prevenir isto, recomenda-se que a ingestão de álcool deve ser: - inferior a duas doses por dia para homens e - 01 dose ao dia para mulheres ou pessoas com menor peso. 30ml/g de etanol = 02 doses de bebidas, que equivale a: Cuppari (2005), Chemin, Dan (2009) - 60ml de bebidas destiladas, - 720ml de cerveja - 240 ml de vinho Krause (2010): - 88,72ml de uísque - 709,76ml de cerveja - 295,74ml de vinho Atividade Física As pessoas menos ativas têm probabilidade 30 a 50% maior de desenvolver HAS do que seus correspondentes ativos. (Krause 2010) Assim, recomenda-se o aumento da quantidade de atividade física de intensidade baixa para moderada: - Krause (2010) 30 a 45 minutos na maioria dos dias na semana como um importante adjuvante para a prevenção primária da HAS; - Chemin e Dan (2009) atividade aeróbica, 30 minutos, 04 vezes na semana / ou pelo menos 30 min por dia, 3 vezes na semana, segundo a Cuppari (2014). A Krause (2010) recomenda realização de 60 a 90 min. diários de atividade física de moderada intensidade para indivíduos que tentam MANTER O PESO APÓS A PERDA. Potássio O potássio da dieta é inversamente relacionado com a pressão sangüínea, isto é, ingestões aumentadas de potássio estão relacionadas com pressões sanguíneas menores. Segundo a Krause, os efeitos da ingestão de potássio sobre a pressão englobam: a resistência vascular periférica reduzida pela dilatação arteriolar direta; perda aumentada de sódio e água pelo corpo; supressão da secreção de renina e angiotensina, diminuição de tônus adrenérgico e; estimulação da bomba de sódio-potássio. Recomendações: - Krause (2010) – 4,7g/dia - Cuppari (2005), de 02 a 04 gramas ao dia. Estas recomendações devem ser alcançadas com a alimentação (dieta enriquecida) e não com suplementação. Cálcio Maior quantidade de cálcio oriundo de laticínios versus o cálcio oriundo de outras fontes que não derivados do leite tem sido associada com < incidência de AVC. (Krause, 2010) Peptídeos derivados das proteínas do leite, principalmente dos produtos a base de leite fermentado, funcionam como enzimas conversoras de angiotensina, diminuindo a PA. (A Krause 2010 fala isso, porém este maceanismo aumentaria a PA). 4 Recomenda-se para prevenção e tratamento da HAS, aumento da ingestão de potássio, cálcio e magnésio, juntamente com o controle rígido da pressão. Uma ingestão de cálcio entre 1000 e 2000 mg/dia é recomendada. (Krause 2010) Magnésio Este mineral é um potente inibidor da contração da musculatura lisa vascular e pode desempenhar um papel na regulação da pressão sangüínea como vasodilatador. (Krause 2010) Porém, na maioria dos estudos a suplementação de magnésio tem sido ineficaz na alteração da pressão o que faz com que a sua suplementação não seja recomendada de rotina para prevenção da HAS. (Krause) Lipídios Tem sido demonstrado que a suplementação com grandes doses de óleo de peixe (média de 3,7 g/dia) pode promover uma redução modesta na pressão sistólica e diastólica, especialmente em pessoas hipertensas mais velhas. (Krause 2010) Segundo a Krause (2010), embora os AG possam não afetar diretamente a PA, foi demonstrado que uma dieta enriquecida com óleo de oliva resulta em redução de 48% na necessidade de medicação anti-hipertensiva. DIETA DASH A dieta DASH (Abordagens Dietéticas para Diminuir a Hipertensão) diminui de maneira eficaz a pressão sanguínea. Ela é usada tanto para prevenção quanto para controle da HAS. O plano alimentar DASH equilibra macro e micronutrientes de uma maneira considerada ideal para redução expressiva dos níveis de pressão arterial. A dieta DASH consiste em: (Krause) - ingestão de duas vezes o número médio de porções diárias de frutas, vegetais e produtos lácteos com baixo teor de gordura; - 1/3 da ingestão usual de carne bovina, de porco e presunto; - metade do uso típico de gordura e; - ¼ do número de lanches e doces. Objetivo: diminuir o consumo de gordura total, saturada e colesterol (com aumento da relação poliinsaturado/saturado) e aumentar o aporte de proteína e cálcio. É também rica em potássio, magnésio e fibras. Uma das características de grande relevância no plano alimentar DASH é quantidade de sódio, pois, neste caso, a quantidade de sódio é a que corresponde a uma dieta normossódica. Sendo assim, a eficácia deste plano alimentar está associado ao conjunto de nutrientes e não, exclusivamente ao sódio. No entanto, o sódio exerce papel muito importante na redução da pressão e benefícios ainda maiores são alcançados quando se associa o plano alimentar DASH a uma restrição de sódio (2400mg). (Chemin e Dan, 2009) Quadro das características do plano alimentar DASH em relação aos grupos de alimentos, número de porções/dia e nutrientes-fonte Grupo de alimentos Porções diárias Principal nutriente Cereais e grãos 7-7 Energia e fibra Vegetais 4-5 Potássio, magnésio e fibra Frutas 4-5 Potássio, magnésio e fibra Laticínios sem ou com pouca gordura 2-3 Cálcio e proteína Carnes 2 ou menos Proteína e magnésio Sementes, nozes e leguminosas 4-5 por semana Energia, magnésio, potássio, proteína e fibra Gorduras e óleos 2-3 Energia Doces 5 por semana Energia Nutriente Dieta comum DASH Gordura total (%) 37 27 Gordura saturada (%) 15 6 Monoinsaturada (%) 13 13 Polinsaturada (%) 8 8 Relação polinsaturado/saturado 0,5 1,35 Colesterol (mg) 300 150 Carboidratos (%) 43 55 Proteína (%) 15 18 Potássio (mg) 1.700 1.700 Magnésio (mg) 165500 Cálcio (mg) 450 1.240 Fibra (mg) 9 31 Sódio (g) 3.000 3.000 A adoção da Dieta DASH pode reduzir a PAS em 6 a 11 mmHg e a PAD em 3 a 6 mmHg. (Krause, 2010). Pode- se ter redução em até 8 a 14mmHg (Cuppari 2014). A dieta DASH não é recomendada para portadores de IRC terminal. (Krause, 2010) Medicações (Krause, 2010) Devem-se observar as medicações em uso pelo paciente, pois várias medicações ou aumentam a pressão sangüínea ou interferem com a eficácia das drogas anti- hipertensivas. Estas incluem, anticoncepcionais orais, esteróides, drogas anti-inflamatórias não-esteróides (AINES), descongestionantes nasais, supressores de apetite, antidepressivos tricíclicos ciclosporina e inibidores de monoaminoxidase. 5 Análise da evidências da literatura das recomendações relacionadas com pressão arterial e adultos hipertensos Alimentos ou nutriente Recomendaçao Classificação Frutas e legumes Recomenda-se a ingestão de 5 a 10 porções de frutas e legumes por dia para a redução significatva da PA Forte Sódio A ingestão de sódio deve ser limitada a não mais que 2.300 mg/dia; se houver adesão a esta recomendação e não se alcançar a PA alvo, deve-se incentivar uma nova redução de sódio na dieta a 1.600 mg/dia, em combinação com um padrão de dieta DASH. A reduçã aproximada na PAS varia de 2 a 8 mmHg Forte Dieta DASH Os indivíduos devem adotar o padrão dietético DASH, que é rico em frutas, vegetais, laticínios com pouca gordura e frutos de casca rígida baixo teor de sódio, gordura total e ácidos graxos saturados; e quantidade adequada de calorias para controle de peso. A redução aproximada na PAS varia de 8 a 14 mmHg Consenso Atividade física Os indivíduos devem ser encorajados a elaizar atividade física aeróbica por pelo menos 30 minutos por dia na maioria dos dias da semana, uma vez reduzida a PAS. A redução aproximada na PAS varia de 4 a 9 mmHg Consenso Controle de peso Deve-se alcançar e manter o peso corporal ideal (IMC de 18,5 a 24,9 kg/m²) para reduzir a PA. A redução aproximada na PAS varia de 5 a 20 mmHg/10kg Consenso Bebidas alcoólicas Para os indivíduos que podem consumir bebida alcoólica com segurança, o consumo deve ser limitado a não mais que duas doses (700 mL de cerveja, 300 mL de vinho ou 90 mL de licor destilado a 46 graus GL) por dia na maioria dos homens e não mais do que uma dose por dia em mulheres. A redução aproximada na PAS varia de 2 a 4 mmHg. Consenso Cálcio O efeito do aumento da ingestão de cálcio na redução da pressão arterial não é claro; contudo, algumas pesquisas indicam um benefício minimo Regular Magnésio O efeito do aumento da ingestão de magnésio na redução da pressão arterial não é claro; contudo, algumas pesquisas indicam um benefício mínimo Regular AGPI n-3 Estudos que investigam o aumento do consumo da AGPI n-3 não desmonstraram um efeito benéfico sobre a PA Regular Potássio Estudos apoiam uma relação modesta entre o aumento da ingestão de potássio e uma relação sódio-potássio mais baixa com pressão arterial reduzida Regular Tratamento Médico A meta do tratamento é diminuir a morbimortalidade. A avaliação dos pacientes com HAS tem 03 objetivos: (Krause, Dan, Chemin) 1. Identificar as causas conhecidas de HAS; 2. Avaliar a presença ou ausência de lesão em órgãos-alvo e doença cardiovascular e 3. Identificar outros fatores de risco cardiovascular que possam definir o prognóstico e orientar o tratamento. O tratamento da HAS engloba dois tipos de abordagens: (Dan) - o farmacológico (à base de drogas anti-hipertensivas, como -bloqueadores, inibidores da ECA, diuréticos e outros) e; - o não farmacológico, com base em mudanças no estilo de vida, em que a dieta desempenha papel fundamental. O tratamento padrão para a HAS inclui diuréticos e beta – bloqueadores, embora outros fármacos sejam igualmente eficazes. (Krause, 2010) - Diuréticos: promovem depleção de volume e perda de sódio. - Diuréticos tiazídicos: Depletam potássio - risco para hipopotassemia. - Diuréticos poupadores de potássio: Espironolactona ou triamtereno. Segundo a Krause (2010), dependendo do grupo de risco, 6 a 12 meses de modificações no estilo de vida podem ser tentadas antes da terapia com drogas ser iniciada. Mesmo que as modificações do estilo de vida não sejam capazes de corrigir completamente a pressão sangüínea, elas ajudarão a aumentar a eficácia dos agentes farmacológicos e melhorar outros fatores de risco de doença cardiovascular. A perda de peso e a mudança de hábitos alimentares são condições fundamentais no tratamento da HAS. O tratamento farmacológico é iniciado se a pressão permanecer elevada após 06 a 12 meses de alterações no estilo de vida. A maioria dos pacientes com HAS mais grave requerem o tratamento com drogas, contudo, as modificações do estilo de vida ainda são parte do tratamento, mesmo quando as drogas são usadas. 6 ABORDAGENS COMPLEMENTARES – KRAUSE (2013) 7 TERAPIA NUTRICIONAL NA HIPERTENSÃO ARTERIAL - VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO Fatores de risco para HAS 1 - Idade Existe relação direta e linear da PA com a idade, sendo a prevalência de HAS superior a 60% na faixa etária acima de 65 anos. Entre metalúrgicos do RJ e de SP a prevalência de HAS foi de 24,7% e a idade acima de 40 anos foi a variável que determinou maior risco para esta condição. 2 - Gênero e etnia A prevalência global de HAS entre homens e mulheres é semelhante, embora seja mais elevada nos homens até os 50 anos, invertendo-se a partir da 5a década. Em relação à cor, a HAS é duas vezes mais prevalente em indivíduos de cor não-branca. Estudos brasileiros com abordagem simultânea de gênero e cor demonstraram predomínio de mulheres negras com excesso de HAS de até 130% em relação às brancas. Não se conhece, com exatidão, o impacto da miscigenação sobre a HAS no Brasil. 3 - Excesso de peso e obesidade O excesso de peso se associa com maior prevalência de HAS desde idades jovens. Na vida adulta, mesmo entre indivíduos fisicamente ativos, incremento de 2,4 kg/m2 no índice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de desenvolver hipertensão. A obesidade central também se associa com PA. 4 - Ingestão de sal Ingestão excessiva de sódio tem sido correlacionada com elevação da PA. A população brasileira apresenta um padrão alimentar rico em sal, açúcar e gorduras. Em contrapartida, em populações com dieta pobre em sal, como os índios brasileiros Yanomami, não foram encontrados casos de HAS. Por outro lado, o efeito hipotensor da restrição de sódio tem sido demonstrado. 5 - Ingestão de álcool A ingestão de álcool por períodos prolongados de tempo pode aumentar a PA e a mortalidade cardiovascular em geral. Em populações brasileiras o consumo excessivo de etanol se associa com a ocorrência de HAS de forma independente das características demográficas. 6 - Sedentarismo Atividade física reduz a incidência de HAS, mesmo em indivíduos pré-hipertensos, bem como a mortalidade e o risco de DCV. 7 - Fatores socioeconômicos A influência do nível socioeconômico na ocorrência da HAS é complexa e difícil de ser estabelecida. No Brasil a HAS foi mais prevalente entre indivíduos com menor escolaridade. 8 - Genética A contribuição de fatores genéticos para a gênese da HAS está bem estabelecida na população. Porém, não existem, até o momento, variantes genéticas que, possam ser utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS. 9 - Outros fatores de risco cardiovascular Os fatores de risco cardiovascular frequentemente se apresentam de forma agregada, a predisposição genética e os fatores ambientais tendem a contribuir para essa combinação em famílias com estilo de vida pouco saudável. Prevenção primária 1 - Medidas não-medicamentosas Mudanças no estilo de vida são entusiasticamente recomendadas na prevenção primária da HAS, notadamente nos indivíduos com PA limítrofe. Mudanças de estilo de vida reduzem a PA bem como a mortalidade cardiovascular. Hábitos saudáveis de vida devem ser adotados desde a infância e adolescência, respeitando-se as característicasregionais, culturais, sociais e econômicas dos indivíduos. As principais recomendações não-medicamentosas para prevenção primária da HAS são: alimentação saudável, consumo controlado de sódio e álcool, ingestão de potássio,combate ao sedentarismo e ao tabagismo. 2 - Medidas medicamentosas Estudos foram realizados com o objetivo de avaliar a eficácia e a segurança de medicamentos na prevenção da HAS. Nos estudos TROPHY e PHARAO a estratégia medicamentosa foi bem tolerada e preveniu o desenvolvimento de HAS em populações jovens de alto risco. Para o manejo de indivíduos com comportamento limítrofe da PA recomenda-se considerar o tratamento medicamentoso apenas em condições de risco cardiovascular global alto ou muito alto. Até o presente, nenhum estudo já realizado tem poder suficiente para indicar um tratamento medicamentoso para indivíduos com PA limítrofe sem evidências de doença cardiovascular. 3 - Estratégias para implementação de medidas de prevenção A implementação de medidas de prevenção na HAS representa um grande desafio para os profissionais e gestores da área de saúde. No Brasil, cerca de 75% da assistência à saúde da população é feita pela rede pública do Sistema Único de Saúde - SUS, enquanto o Sistema de Saúde Complementar assiste cerca de 46,5 milhões. A prevenção primária e a detecção precoce são as formas mais efetivas de evitar as doenças e devem ser metas prioritárias dos profissionais de saúde. Tratamento não-medicamentoso e abordagem multiprofissional Com relação ao tratamento não-medicamentoso, devemos considerar: 1 - Controle de peso A relação entre os aumentos de peso e da pressão arterial é quase linear, sendo observada em adultos e adolescentes. Perdas de peso e da circunferência abdominal correlacionam-se com reduções da PA e melhora de alterações metabólicas associadas. Assim, as metas antropométricas a serem alcançadas são o índice de massa corporal (IMC) menor que 25 kg/m² e a circunferência 8 abdominal < 102 cm para os homens e < 88 para as mulheres. O sucesso do tratamento depende fundamentalmente de mudança comportamental e da adesão a um plano alimentar saudável. Mesmo uma modesta perda do peso corporal está associada a reduções na PA em pessoas com sobrepeso, mas o alcance das metas deve ser perseguido. A utilização de dietas radicais, como as ricas em carboidratos ou em gorduras, deve ser desencorajada, pois não são sustentáveis a longo prazo e resultam invariavelmente em abandono de tratamento. O acompanhamento dos indivíduos após o emagrecimento deve ser estimulado com o objetivo de evitar o reganho de peso. Foi demonstrado que manter o IMC abaixo de 25 kg/m² preveniu em 40% o desenvolvimento de HAS em mulheres, em um estudo com seguimento médio de 14 anos. Controle de peso - grau de recomendação I e nível de evidência A. A cirurgia bariátrica é considerada o tratamento efetivo para obesidade moderada a grave. Em pacientes com obesidade grave, a cirurgia bariátrica reduz a mortalidade e tem potencial para controlar condições clínicas como HAS e diabetes melito tipo 2. Assim como no tratamento convencional, é necessário seguimento dos indivíduos a longo prazo no sentido de evitar o reganho de peso. Cirurgia bariátrica para hipertensos com obesidade grave ou moderada (com distúrbios metabólicos associados): grau de recomendação I e nível de evidência A. 2 - Estilo alimentar (dietas DASH, mediterrânea, vegetariana e outras) O padrão dietético DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), rico em frutas, hortaliças, fibras, minerais e laticínios com baixos teores de gordura, tem importante impacto na redução da PA. Um alto grau de adesão a esse tipo de dieta reduziu em 14% o desenvolvimento de hipertensão. Os benefícios sobre a PA têm sido associados ao alto consumo de potássio, magnésio e cálcio nesse padrão nutricional. A dieta DASH potencializa ainda o efeito de orientações nutricionais para emagrecimento, reduzindo também biomarcadores de risco cardiovascular. O quadro 1 demonstra como adotar uma dieta ao estilo DASH. Dieta DASH - grau de recomendação I e nível de evidência A. A dieta do Mediterrâneo associa-se também à redução da PA. O alto consumo de frutas e hortaliças revelou ser inversamente proporcional aos níveis de PA, mesmo com um mais alto percentual de gordura. A substituição do excesso de carboidratos nesta dieta por gordura insaturada induz à mais significativa redução da PA. Dieta mediterrânea para hipertensos - grau de recomendação IIa; nível de evidência B. Dietas vegetarianas são inversamente associadas com a incidência de doenças cardiovasculares. Isto se explica em razão de fornecerem menor quantidade de nutrientes, como gordura saturada e colesterol. Entretanto, essas dietas são deficientes em micronutrientes como ferro, vitamina B12 e cálcio, sendo necessária a suplementação para atender às recomendações vigentes. As deficiências de micronutrientes, muitas vezes observadas em lacto-vegetarianos, têm sido identificadas como fatores predisponentes à HAS em adultos seguidores desse estilo alimentar. Fato relevante é a observação de que os vegetarianos apresentam, em geral, menor IMC, fato que, independentemente do tipo de dieta, se associa a menor PA. Dieta vegetariana para hipertensos - grau de recomendação IIa; nível de evidência B. Dietas da moda e programas de emagrecimento comercialmente disponíveis, avaliados comparativamente, demostraram baixa adesão a longo prazo. Apesar de a redução de peso obtida associar-se a redução da PA, há evidências de que dietas com altos teores de gordura associam-se com maior risco de infarto do miocárdio e mortalidade cardiovascular, não havendo razões para a sua recomendação. Dietas comerciais (da moda) para hipertensos - grau de recomendação III; nível de evidência D. 3 - Redução do consumo de sal A relação entre PA e a quantidade de sódio ingerido é heterogênea. Este fenômeno é conhecido como sensibilidade ao sal. Indivíduos normotensos com elevada sensibilidade à ingestão de sal apresentaram incidência cinco vezes maior de HAS, em 15 anos, do que aqueles com baixa sensibilidade. Alguns trabalhos demonstraram que o peso do indivíduo ao nascer tem relação inversa com a sensibilidade ao sal e está diretamente relacionado com o ritmo de filtração glomerular e HAS na idade adulta. Uma dieta contendo cerca de 1 g de sódio promoveu rápida e importante redução de PA em hipertensos resistentes. Apesar das diferenças individuais de sensibilidade, mesmo modestas reduções na quantidade de sal são, em geral, eficientes em reduzir a PA. Tais evidências reforçam a necessidade de orientação a hipertensos e “limítrofes” quanto aos benefícios da redução de sódio na dieta. A necessidade nutricional de sódio para os seres humanos é de 500 mg (cerca de 1,2 g de sal), tendo sido definido recentemente, pela Organização Mundial de Saúde, em 5 g de cloreto de sódio ou sal de cozinha (que corresponde a 2 g de sódio) a quantidade considerada máxima saudável para ingestão alimentar diária. O consumo médio do brasileiro corresponde ao dobro do recomendado. Dieta hipossódica - grau de recomendação IIb e nível de evidência B. 4 - Ácidos graxos insaturados Observa-se uma discreta redução da PA com a suplementação de óleo de peixe (ômega 3) em altas doses diárias e predominantemente nos idosos. As principais fontes dietéticas de ácidos graxos monoinsaturados (oleico) são óleo de oliva, óleo de canola, azeitona, abacate e oleaginosas (amendoim, castanhas, nozes, amêndoas). Tem-se demonstrado que a ingestão de óleo de oliva pode reduzir a PA, principalmente devido ao elevado teor de ácido oléico. 5 - Fibras As fibras são classificadas em solúveis e insolúveis. As solúveis são representadas pelo farelo de aveia, pectina (frutas) e pelas gomas (aveia, cevada e leguminosas: feijão, grão de bico, lentilha e ervilha). As fibras insolúveis são representadas pela celulose (trigo), hemicelulose (grãos) e 9 lignina (hortaliças). A recomendação de ingestão de fibra alimentar total para adultos é de 20 a30 g/dia, 5 a 10 g devendo ser solúveis. O betaglucano, presente na aveia, determina discreta diminuição da PA em obesos, efeito nãoobservado em indivíduos com peso normal. 6 - Proteína de soja As principais fontes de soja na alimentação são: feijão de soja, queijo de soja (tofu), farinha, leite de soja e o concentrado proteico da soja. O molho de soja (shoyu) industrializado contém elevado teor de sódio, devendo ser evitado. A substituição isocalórica de parte da proteína alimentar por um composto de soja associada a outras medidas não-medicamentosas promoveu queda da PA em mulheres após a menopausa. 7 - Oleaginosas Há controvérsias sobre os efeitos da suplementação das diferentes castanhas em relação à redução da PA. O consumo de oleaginosas pode trazer benefícios à saúde se integradas a um plano alimentar saudável. 8 - Laticínios O consumo de duas ou mais porções diárias de laticínios magros correlacionou-se a menor incidência de HAS. Tais benefícios provavelmente estão associados ao maior aporte de cálcio. 9 - Alho O alho, cujo principal componente ativo é a alicina, tem ação metabólica, podendo atuar na coagulação, aumentando o tempo de sangramento e promovendo discreta redução de pressão. 10 - Café e chá Os polifenóis contidos no café e em alguns tipos de chás têm potenciais propriedades vasoprotetoras. Os riscos de elevação da PA causados pela cafeína, em doses habituais, são irrelevantes. 11 - Chocolate amargo O chocolate amargo (com alto teor de cacau) pode promover discreta redução da PA, devido às altas concentrações de polifenóis. 12 - Álcool Há associação entre a ingestão de álcool e alterações de PA dependentes da quantidade ingerida. Claramente, uma quantidade maior de etanol eleva a PA e está associada a maiores morbidade e mortalidade cardiovasculares. Por outro lado, as evidências de correlação entre uma pequena ingestão de álcool e a consequente redução da pressão arterial ainda são frágeis e necessitam de comprovações. Em indivíduos hipertensos, a ingestão de álcool, agudamente e dependentemente da dose, reduz a PA, porém ocorre elevação algumas horas após o seu consumo. Tendo em vista a controvérsia em relação à segurança e ao benefício cardiovascular de baixas doses, assim como a ação nefasta do álcool na sociedade, devemos orientar aqueles que têm o hábito de ingerir bebidas alcoólicas a não ultrapassarem 30 g de etanol ao dia, para homens, de preferência não habitualmente; sendo a metade dessa quantidade a tolerada para as mulheres. As quantidades dos mais comuns tipos de bebidas que contêm 30 g de etanol estão colocadas na tabela 1. Para aqueles que não têm o hábito, não se justifica recomendar que o façam. Redução do consumo de álcool para hipertensos - grau de recomendação IIb, nível de evidência B. Recomendação de consumo de álcool para hipertensos: grau de recomendação III, nível de evidência D. 13 - Atividade física Ensaios clínicos controlados demonstraram que os exercícios aeróbios (isotônicos), que devem ser complementados pelos resistidos, promovem reduções de PA, estando indicados para a prevenção e o tratamento da HAS. Para manter uma boa saúde cardiovascular e qualidade de vida, todo adulto deve realizar, pelo menos cinco vezes por semana, 30 minutos de atividade física moderada de forma contínua ou acumulada, desde que em condições de realizá-la. A frequência cardíaca (FC) de pico deve ser avaliada por teste ergométrico, sempre que possível, e na vigência da medicação cardiovascular de uso constante. Na falta do teste, a intensidade do exercício pode ser controlada objetivamente pela ventilação, sendo a atividade considerada predominantemente aeróbia quando o indivíduo permanecer discretamente ofegante, conseguindo falar frases completas sem interrupções. Embora haja possibilidade de erros com a utilização de fórmulas que consideram a idade, na impossibilidade de utilização da ergometria pode-se usar a fórmula FC máxima = 220 - idade, exceto em indivíduos em uso de betabloqueadores e/ou inibidores de canais de cálcio não-diidropiridínicos. A recomendação é de que inicialmente os indivíduos realizem atividades leves a moderadas. Somente após estarem adaptados, caso julguem confortável e não haja nenhuma contraindicação, é que devem passar às vigorosas. 10 Quadro 1 – Como recomendar uma dieta ao estilo DASH Escolher alimentos que possuam pouca gordura saturada, colesterol e gordura total. Por exemplo, carne magra, aves e peixes, utilizando-os em pequenas quantidade. Comer muitas frutas e hortaliças, aproximadamente de oito a dez porções por dia (uam porção igual a uma concha média). Incluir duas a três porções de laticínios desnatados ou semidesnatados por dia. Preferir os alimentos integrais, como pão, cereais e massas integrais ou de trigo integral. Comer oleaginosas (castanhas), sementes e grãos, de quatro a cinco porções por semana (uma porção igual a 1/3 xícara ou 40 gramas de castanhas, duas colheres de sopa ou 14 gramaas de sementes, ou ½ xícara de fijões ou ervilhas cozida e secas). Reduzir a adição de gorduras. Utilizar margarina light e óleos vegetais insaturados (como azeite, soja, milho, canola). Evitar a adição de sal aos alimentos. Evitar também molhos e caldos prontos, além de produtos industrializados. Diminuir ou evitar o consumo de doces e bebidas com açúcar. Modificação Recomendação Redução aproximada na PAS** Controle de peso Manter peso corporal na faixa normal (Índice de massa corporal entre 18,5 a 24,9 kg/m²) 5 a 20 mmHg para cada 10 kg de peso reduzido Padrão alimentar Consumir dieta rica e frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade calórica e baixo teor de gorduras saturadas e totais. Adotar dieta DASH. 8 a 14 mmHg Redução do consumo de sal Reduzir a ingestão de sódio para não mais que 2 g 5 g de sal/dia = no máximo 3 colheres de café rasas de sal = 3 g + 2 g de sal dos próprios alimentares 2 a 8 mmHg Moderação no consumo de álcool Limitar o consumo a 30 g/dia de etanol para os homens a 15 g/dia para mulheres 2 a 4 mmHg Exercício físico Habituar-se à prática regular de atividade física aeróbica, como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia, 3 vezes/semana, para prevenção e diariamente para tratamento 4a 9 mmHg *Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular **Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas. 11 Exercícios: 1) A hipertensão arterial é um importante fator de risco de doença cardiovascular. Sobre os fatores que podem interferir no controle da pressão sanguínea é incorreto dizer: (A) O efeito do NaCl sobre o aumento da pressão arterial é maior em indivíduos hipertensos e nos que possuem história familiar de hipertensão. (B) Recomenda-se a ingestão adequada de magnésio, cálcio e fósforo como terapia adjunta para hipertensão. (C) A sensibilidade da PA ao NaCl é potencializada com alto consumo de sacarose. (D) É recomendado manter uma proporção na ingestão Na: K de 1,0. 2) São fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão: (Governo do Estado do Piauí –2006) (A) sobrepeso e consumo excessivo de carboidratos; (B) histórico familiar de hipertensão e alta atividade física; (C) ancestrais afro-americanos e sobrepeso; (D) consumo de álcool e alta atividade física; (E) histórico familiar de hipertensão e alta atividade física. 3) Na hipertensão, quando se recomenda restrição moderada de sal, isto significa 6 gramas de sal, o que corresponde a: (Governo do Estado do Piauí –2006) (A) 2400mg de sódio/dia (B) 1400mg de sódio/dia (C) 1800mg de sódio/dia (D) 2800mg de sódio/dia (E) 1500mg de sódio/dia 4) Para a prevenção e controle da hipertensão arterial deve-se: (Ministério da Saúde 2005) (A) limitar a ingestão de álcool ate o máximo de 50ml de etanol por dia; (B) aumentar a atividade física anaeróbica; (C) reduzir a ingestão de sódio, para no máximo 100 mmol/dia; (D) manter a ingestão adequada de potássio de aproximadamente 90mmol/dia; (E) manter uma ingestão adequada de cálcio e magnésio para a saúde em geral. 5) Segundo a AssociaçãoMédica Americana as estratégias de alvo dirigem as intervenções para baixar a pressão sanguínea em indivíduos que estão em maior risco de desenvolver hipertensão. Não é considerado o fator que influencia o desenvolvimento da hipertensão arterial (Bombeiros – 2001) (A) história na família de hipertensão (B) atividade física (C) sobrepeso (D) consumo de sal excessivo (E) consumo de álcool 6) Para o planejamento de uma dieta restrita em sódio, considera-se importante que você profissional de nutrição conheça as fontes dietéticas de sódio. O norte americano consome muito mais que o mínimo de 250mg de sódio diário necessário para os humanos manterem a vida. 35 a 80% do sódio dietético são provenientes de: (Bombeiros 2001) (A) sal adicionado aos alimentos durante a preparação ou na mesa (B) alimentos processados (C) água quimicamente diluída (D) alimentos protéicos de origem animal (E) alimentos protéicos de origem vegetal 7) No manejo alimentar da hipertensão arterial, recomenda-se a redução da ingestão de sódio associado: (PMRJ 2000) (A) ao aumento da ingestão de magnésio (B) à diminuição da ingestão de cálcio (C) à diminuição da ingestão de magnésio (D) ao aumento da ingestão de potássio (E) à diminuição da ingestão de potássio 8) A restrição de sódio é uma pratica comum para o nutricionista no controle de diversas doenças. A composição em cloreto e sódio do sal de cozinha e respectivamente, de: (PMRO 2004) (A) 60% e 40% (B) 40% e 60% (C) 50% e 50% (D) 70% e 30% (E) 30% e 70% 9) Para prevenção da hipertensão arterial, preconiza-se como mudança do estilo de vida: (UFRJ/UNIRIO 2005) (A) diminuir a atividade física aeróbica; (B) aumentar o consumo dos ácidos graxos trans; (C) adotar o padrão alimentar descrito no estudo DASH; (D) consumo diário de vinho mínimo de 500mL; (E) consumo mínimo de cloreto de sódio de 15g/dia 10) Qual a quantidade de Na+ que deve ser ofertada ao hipertenso moderado? (Prefeitura de Itaituba, Pará, 2006) (A) 150 a 200 mEq. (B) 90 a 120 mEq. (C) 70 a 100 mEq. (D) 200 a 300 mEq. 11) No tratamento e na prevenção da Hipertensão Arterial Sistêmica, bem como na prevenção de Doenças Cardiovasculares, além da restrição de sódio, é importante um bom aporte dietético de: (Estado Tocantins, 2005) (A) ácido fólico, tiamina e potássio. (B) cobre, zinco e magnésio. (C) cálcio, magnésio e potássio. (D) cálcio, potássio e tiamina. (E) cálcio, ácido fólico e potássio. 12) No que se refere à Hipertensão Arterial, pode-se dizer que o potássio induz a queda da pressão arterial. Qual o mecanismo de ação proposto para o potássio? (UFPR, 2003) Estimula a diminuição da produção de prostaglandinas. Aumenta a produção de óxido nítrico. Estimula o aumento da natriurese. Diminui os níveis de cortisol e aldosterona. (E) Aumenta a secreção de norepinefrina 13) No controle da pressão arterial, é incorreto afirmar: (A) Rins e fígado são reguladores homeostáticos da pressão sanguínea (B) Atividade física atua no controle da pressão arterial (C) Anticoncepcionais orais e esteróides podem aumentar a pressão arterial (D) Atingir ou manter o peso corpóreo normal previne para o desenvolvimento da hipertensão arterial (E) Diuréticos aumentam a pressão sanguínea 12 14) Sobre a hipertensão arterial em adultos, assinale a alternativa correta: (A) a hipertensão pode ser definida como uma pressão sistólica igual ou maior que 130mm Hg e/ou pressão diastólica igual ou maior que 90 mm Hg (B) a restrição de sal (consumo de até 4g/dia) é recomendada no tratamento da hipertensão arterial (C) a principal causa de morte em indivíduos hipertensos é a falência renal (D) o consumo de bebidas alcoólicas não está associado ao desenvolvimento da hipertensão arterial 15) São fatores que contribuem para o desenvolvimento da hipertensão: (A) Fumo, atividade física e álcool (B) Sobrepeso, baixas temperaturas e fumo (C) Atividade física, altas temperaturas e álcool (D) Álcool, alta ingestão de sal e inatividade física 16) Sobre as mudanças no estilo de vida para preservação e controle da hipertensão, NÃO é correto afirmar: (Prefeitura Municipal de Mesquita – 2006) (A) limitar a ingestão de álcool até no máximo de 30ml de etanol por dia; (B) aumentar a atividade física aeróbica; (C) reduzir a ingestão de sódio para no máximo 200mmol/dia; (D) manter a ingestão adequada de cálcio e magnésio para a saúde em geral; (E) abandonar o tabagismo e diminuir a ingestão de gordura saturada e colesterol. 17) O aumento da prevalência de Hipertensão arterial pode ser observada em pacientes que apresentam: (Residência – HUPE/1998) (A) Aumento do peso corporal, aumento da relação cintura-quadril e aumento da resistência a insulina (B) Aumento do peso corporal, dimuição da relação cintura-quadril e diminuição da resistência a insulina (C) Diminuição do peso corporal, aumento da relação cintura-quadril e diminuição da resistência a insulina (D) Aumento do peso corporal, diminuição da relação cintura-quadril e aumento da resistência a insulina (E) Diminuição do peso corporal, diminuição da relação cintura-quadril e diminuição da resistência a insulina 18) A hipertensão arterial é um importante fator de risco para a doença cardiovascular. O sal é o componente da dieta mais lembrado para ser restringido, entretanto evidências cada vez maiores têm mostrado que o mesmo deve ser feito com a sacarose. As conseqüências de altas ingestões de sacarose sobre a pressão arterial são (Prefeitura de Vassouras – 2007): (A) Reduzir a sensibilidade ao NaCl e efeito antinatriurético; (B) Aumentar a sensibilidade ao NaCl e efeito antinatriurético; (C) Reduzir a sensibilidade ao NaCl e efeito natriurético; (D) Aumentar a sensibilidade ao NaCl e efeito natriurético; (E) Neutralizar a sensibilidade ao NaCl e efeito natriurético. 19) Considerando a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), utilizada para prevenção e controle da hipertensão, relacione os grupos alimentares apresentados na coluna da esquerda com os respectivos números de porções diárias citados na coluna da direita. (Secretaria de Saúde do Estado/2009) 1. cereais e derivados ( ) 1-2 porções 2. leguminosas, nozes e sementes ( ) 2-3 porções 3. frutas ( ) 2 porções ou menos 4. laticínios desnatados ( ) 4-5 porções 5. carnes, aves e peixes ( ) 7-8 porções A seqüência correta é: (A) 2 – 4 – 5 – 3 – 1 (B) 3 – 4 – 5 – 2 – 1 (C) 2 – 5 – 4 – 3 – 1 (D) 4 – 5 – 2 – 1 – 3 (E) 2 – 5 – 4 – 1 – 3 20) Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) nas afirmativas abaixo relacionadas a medidas de controle da hipertensão arterial: (Especialização INCA/2009) ( ) Ingestão reduzida de gordura saturada e colesterol. ( ) Manter o potássio e o zinco dietéticos adequados. ( ) Reduzir a ingestão de sal para < 6 g/dia. ( ) Realizar exercícios aeróbicos regularmente. A seqüência CORRETA é: (A) F,V,F,F (B) V,F,V,V (C) V,V,F,V (D) F,F,V,F 21) No tratamento da hipertensão arterial, a dietoterapia é fundamental, não somente no que concerne à ingestão de sódio, mas também na qualidade dos lipídeos. O óleo é fonte de ácido graxo linolênico é conhecido como: (Unirio, 2009) (A) de oliva. (B) de milho. (C) de girassol. (D) de soja. (E) de coco. 22) Vários estudos de intervenção nutricional têm demonstrado a eficácia das alterações dietéticas na prevenção da hipertensão ou diminuição da pressão sangüínea em pessoas com pressão normal-elevada. Além dos fatores dietéticos, alterações no estilo de vida também podem diminuir a incidência de hipertensão. Deste modo, a afirmativa INCORRETA de procedimento para a diminuição da incidência de hipertensão é: (Macaé, 2009) (A) Parar de fumar diminui o risco cardiovascular; (B) Manter a ingestão adequada de potássio dietético, aproximadamente 90 mmol/dia (C) Reduzir o consumo de gordura saturada e colesterol total para saúde cardiovascular geral (D) Limitar a ingestão de álcool para 40ml de etanol para as mulheres e 80ml de etanol paraos homens 23) O ganho de peso durante a vida adulta é responsável pela elevação de grande parte dos níveis pressóricos observada com o envelhecimento. No estudo de Framinghan, o aumento de peso foi considerado preditivo de uma elevação de pressão arterial. No que diz respeito a esta estudo, podemos afirmar que: (Macaé, 2009) (A) O aumento de 10% do peso corporal corresponde a elevação de pressão arterial de 7 mmHg (B) O aumento de 10% do peso corporal corresponde a elevação de pressão arterial de 10 mmHg (C) O aumento de 5% do peso corporal corresponde a elevação de pressão arterial de 7 mmHg 13 (D) O aumento de 5% do peso corporal corresponde a elevação de pressão arterial de 10 mmHg 24) Os dois mecanismos que explicam o efeito hipotensor do consumo elevado de potássio dietético são: (UFRJ- 2009) (A) aumento na liberação de renina e efeito natriurético; (B) diminuição na liberação de óxido nítrico e redução da síntese de tromboxano; (C) inibição da liberação de renina e vasodilatação direta; (D) produção reduzida de calidina e aumento da síntese de tromboxano; (E) redução da vasodilatação endotélio dependente e efeito natriurético. 25) O consumo recomendado de sal de cozinha (NaCl) e sódio (Na) para prevenção e tratamento da hipertensão arterial sistêmica é, respectivamente: (UFRJ-2009) (A) 8 e 3,2 g/dia; (B) 10 e 6 g/dia; (C) 4 e 1,6 g/dia; (D) 2 e 0,8 g/dia; (E) 6 e 2,4 g/dia. 26) No processo de prevenção da hipertensão arterial, algumas modificações de hábitos alimentares e estilo de vida são recomendados. Assinale a opção que apresenta uma dessas modificações: (Marinha – 2009) (A) Aumentar a atividade física anaeróbica de modo a promover o aumento de massa muscular (B) Restringir o consumo de cloreto de sódio a 10g ao dia (C) Restringir o consumo de etanol a 100ml ao dia, dando preferência ao vinho tinto (D) Aumentar a oferta de magnésio, potássio e cálcio (E) Promover o ajuste do peso corporal , mantendo o índice de massa corpórea (IMC) entre 25 e 29,9 kg/m² 27) Sobre a prevenção primária da hipertensão, é CORRETO afirmar que: (INCP, 2010) 1 – A abordagem dietética na prevenção primária do controle da hipertensão apresenta eficácia comprovada na obesidade mórbida e no consumo de álcool. 2 – A prevenção primária da hipertensão pode melhorar a qualidade de vida e os custo associados com o tratamento médico de hipertensão e suas complicações 3 – É comprovado que a abordagem dietética na prevenção primária da hipertensão pode reduzir em média 8kg de peso corporal ou 20% do peso corporal. (A) Somente as afirmativas 1 e 2 estão corretas (B) Somente as afirmativa 1 e 3 estão corretas (C) Somente a afirmativa 2 está correta (D) Todas as afirmativas estão corretas 28) De acordo com a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) usada tanto para prevenção, quanto no controle da hipertensão, não se recomenda: (PM Itaocara, 2010): (A) suplementação de cálcio e potássio (B) o consumo de maior quantidade de frutas e hortaliças, cerca de 8 a 10 porções por dia. (C) o aumento do consumo de leguminosas, nozes e sementes para 4 a 5 porções ao dia (D) suplementação de magnésio e óleo de peixe (E) consumo de laticínios e alimentos com baixo teor de gordura saturada 29) Therezinha, 66 anos, foi encaminhada ao ambulatório de nutrição com diagnóstico de diabetes tipo 2 e hipertensão arterial, com pressão arterial de 150x80 mmHg. Na anamnese alimentar foi identificado o uso de edulcorante (frutose), alimento dietético (chocolate), frutas oleoginosas (abacate) e vinho tinto. (Residência HUPE/2001) Exames bioquímicos: Glicose: 146 mg/dl Hemoglobina glicosilada: 9% Colesterol total: 190 mg/dl LDL: 115mg/dl HDL: 35 mg/dl Triglicerídeos: 255 mg/dl Avaliação antropométrica: Peso atual: 69kg Estaura: 1,50 m Objetivando a redução dos níveis de pressão arterial de Therezinha, você, nutricionista deste ambulatório, prescreveu, além de dieta hipossódica, adição de: (A) aveia (B) linhaça (C) fitosteróis (D) probióticos 30) A adoção de estilo de vida saudável é o principal fator na prevenção da hipertensão arterial. Assinale a opção em que todos são fatores de prevenção. (Residência UFF/2011) (A) Restrição de sódio, história clínica e reduzido consumo de álcool. (B) Atividade física e maior consumo de potássio, cálcio e magnésio. (C) Peso adequado, atividade física e hereditariedade. (D) Restrição de sódio, comorbidade e maior consumo de fibras. 31) A hipertensão arterial é uma doença crônica de etiologia múltipla e fisiopatogenia multifatorial, que causa lesão em órgãos alvos, coração, cérebro, vasos e rins. Assinale a opção em que TODAS são medidas dietéticas para controle da hipertensão e dos fatores de risco cardiovascular: (Residência INCA/2011) (A) Redução do consumo de sódio, líquidos e maior ingestão de alimentos fontes de tiamina. (B) Maior ingestão de alimentos fontes de potássio e cálcio e redução do peso corpóreo. (C) Dietas ricas em fibras, redução do consumo de etanol e maior consumo de vitaminas antioxidantes. (D) Restrição de alimentos com fontes elevadas de sódio, maior consumo de ácido graxo ômega 3, ácido graxo poli-insaturado e fibras. Gabarito: 1 B 2-C 3-A 4-C 5-B 6-B 7-D 8 A 9-C 10C 11C 12C 13E 14B 15D 16C 17A 18B 19A 20B 21D 22D 23A 24C 25E 26D 27C 28C 29B 30B 31B 14 Fisiopatologia e etiologia A doença arterial coronariana (DAC) resulta do fluxo de sangue impedido para a rede de vasos que circundam o coração e servem o miocárdio. Sua principal causa é a aterosclerose que envolve alterações na composição e estrutura da íntima da parede das artérias que produzem fluxo sangüíneo prejudicado ou inadequado. (Fig. 1) Fig.1 Progressão da aterosclerose com deposição de lipídios, cálcio e fibrina na íntima da parede das artérias. A aterosclerose nas artérias coronárias pode causar infarto e angina (sensação de desconforto no tórax, ou em região próxima, tipicamente provocado por esforço ou ansiedade, em geral, durando alguns minutos, aliviado pelo repouso); nas artérias cerebrais, acidente vascular cerebral (AVC); na circulação periférica, claudicação intermitente (sensação de cãibra nas pernas que se torna presente durante exercícios ou caminhadas e ocorre como TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA CARDIOVASCULAR Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br 15 resultado do suprimento de oxigênio diminuído) e grangrena (morte tecidual quase sempre em massa considerável, geralmente com perda de suprimento vascular (nutritivo) e seguida de invasão bacteriana e putrefação) e pode afetar também os rins. Aterosclerose É a causa mais comum de DAC e da mortalidade com esta relacionada. (Krause, 2010) A aterosclerose é um processo que se desenvolve em artérias musculares médias e grandes (coronárias e artérias das extremidades inferiores) e em artérias elásticas (aorta, carótidas e ilíacas). (Chemin) É uma resposta inflamatória e proliferativa às lesões da parede arterial (lesão endotelial). Este processo começa na infância e leva décadas para avançar e sua patogênese é multifatorial. Alguns fatores que produzem lesão endotelial são: - hipercolesterolemia, - colesterol LDL oxidado, - hipertensão (HAS), - fumo, - diabetes mellitus (DM), - obesidade, - homocisteína e - dietas ricas em gorduras e colesterol. O depósito de lipídios e outros materiais (produtos de eliminação celular, cálcio, fibrina) na camada íntima é chamado de placa ou ateroma. Segundo a Krause, a aterogênese é dividida em 05 fases e a presença dos fatores de risco influenciam a progressão para lesão mais complicada: Fase 01 ou assintomática consiste de pequenas estrias de gordura que não são obstrutivas e que são observadas em pessoas com menos de 30 anos; Fase 02 é caracterizada por placa de alto teor de gordura (LDL plasmático que entra na parede endotelial) que é mais propensa à ruptura; Fase 03 caracterizada por lesões agudas complicadas com trombo não oclusivo; Fase 04 consiste de lesões agudas complicadas com trombo oclusivo (o que gera provação de oxigênio e nutrição domiocárdio), levando a angina, infarto e morte; Fase 05 lesão fibrótica ou oclusiva. Na progressão da lesão aterosclerótica, o LDL oxidado converte o macrófago em célula espumosa e o HDL diminui o número e a atividade dos macrófagos, o que impede a ruptura da placa e a formação de trombo. (Krause) Processo aterosclerótico (Chemin e Krause, 2010): Vários fatores lesam o endotélio, tornando-o mais permeável e facilitando a entrada de LDL oxidada no subendotélio. A LDL oxidada, torna-se um estímulo para a liberação de citocinas que promovem ativação do macrófago com fagocitose do LDL. O macrófago ativado juntamente com o subendotélio liberam a MCP-1 (proteína quimioatrativa de monócito 1) atraindo monócitos circulantes. Este processo inflamatório leva o endotélio a expressar moléculas de adesão como a ICAM-1 (molécula de adesão intercelular 1), VCAM-1 (molécula de adesão vascular 1), E e P selectinas que promovem a penetração de monócitos no subendotélio. Os monócitos transformam-se em macrófagos que captam LDL oxidada, formando as células espumosas que darão origem as estrias gordurosas, que são a primeira lesão da aterosclerose. A formação das células espumosas é acompanhada pela migração de células musculares lisas presentes na camada muscular para o subendotélio. Moléculas como PDGF (fator de crescimento derivado de plaquetas), IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina 1) e TNFα estão envolvidos na proliferação da camada muscular lisa, levando a formação das placas fibrosas ou ateroscleróticas que são a lesão madura e contém uma capa fibrosa rica em células musculares lisas envolvendo um núcleo lipídico. O crescimento da lesão está associado à redução do lúmen arterial reduzindo o fluxo sanguíneo. Quando a lesão provoca estreitamentos superiores a 70% do lúmen das coronárias ocorrem sintomas de insuficiência coronariana (angina). Porém é a formação do trombo arterial sobreposto à placa rota a maior responsável pela ocorrência de eventos agudos e potencialmente letais. Como o desenvolvimento da lesão é lento podem se desenvolver colaterais para a área de isquemia, evitando áreas de necrose ou infarto do miocárdio. Porém quando a evolução da placa é rápida não há tempo para formação de colaterais Disfunção Edotelial O óxido nítrico (ON) é um vasodilatador chave produzido pelas células endoteliais a partir do aminoácido L-arginina. Ele inibe a agregação plaquetária e a proliferação de células de músculo liso e diminui a aderência de monócitos. Sem a vasodilatação do ON, a vasoconstrição aumenta a probabilidade de ruptura da placa. Os níveis de ON estão diminuídos em diabéticos, hipertensos, indivíduos com DAC e fumantes. O teor de L- arginina é bem alto em nozes, por este motivo seu consumo diminui a incidência de DAC. A disfunção endotelial é reversível – pode ser modificada pela dieta e por mudanças no estilo de vida. (Krause, 2010) Trombose Resulta da ruptura da capa fibrosa da placa de ateroma. Os fatores de risco para trombose são: tabagismo, estresse, uso de cocaína, hipercolesterolemia, fibrinogênio e lipoproteínas, fibrinólise prejudicada e infecção. A placa de ateroma mais vulnerável a ruptura possui capa fibrosa fina, com intensa atividade inflamatória local e hipercoagulabilidade, presença de um volume lipídico no seu núcleo superior a 50% do volume total da placa, além de poucas células musculares lisas e muitos macrófagos. Prevenção de DAC Diversos fatores de risco têm sido associados ao aumento das DAC. Lipídios e Lipoproteínas Sanguíneas Os lipídios do sangue (colesterol, triglicerídeos e fosfolipídeos) são transportados no sangue ligados a proteínas (as lipoproteínas) que variam em composição, 16 tamanho e densidade. As lipoproteínas mais densas são as que têm mais proteína e as menos densas, mais lipídios O colesterol total (CT) tem uma relação positiva direta com DAC. Ele constitui o colesterol contido em todas as lipoproteínas: - 60 a 70% encontra-se na LDL - 20 a 30% na HDL e - 10 a 15% na VLDL IMPORTANTE o CT já foi recomendado como medida para triagem de risco, mas hoje, recomenda-se um perfil completo de lipoproteínas. Apesar disso, uma redução de 10% no colesterol total pode levar ao decréscimo de cerca de 30% na incidência de DAC. (Krause, 2010). Os níveis de CT são afetados pela idade, dieta de alto teor de gordura, gordura saturada e colesterol, genética, hormônios sexuais, esteróides exógenos (anabolizantes ou hormônios sexuais), drogas (-bloqueadores, tiazídicos), peso, intolerância à glicose, atividade física, doenças (DM, tireóide, fígado) e estação do ano. As lipoproteínas ricas em triglicerídeos (TG) incluem os quilomícrons e VLDL e outros remanescentes formados no catabolismo. Os IDL, quilomícrons e VLDL remanescentes são aterogênicos, uma vez que uma vez que ativam as plaquetas e a cascata de coagulação, levando a formação do coágulo. (Obs. na Krause 2010, no quadro de lipoproteínas fala que os quilomícrons não são aterogênicos, porém, em vários momentos adiante no capítulo fala que são). Pacientes com deficiência de lipoproteína lípase (LPL) terão TG muito alto e necessitam de dieta com 10% de gordura. (Krause). Pacientes com hiperquilomicronemia, recomenda-se ingestão de no máximo 15% das calorias totais na forma de lipídeos. Os indivíduos com níveis elevados de TG geralmente evidenciam altos índices de apo B, possibilitando a essas partícula um longo período para depósito dos lipídios na parede arterial. (Krause, 2010) Devido à natureza hidrofóbica das gorduras neutras, triglicerídeos e éteres de colesterol, o mecanismo de transporte e distribuição dos lípides no plasma não seria possível sem alguma forma de adaptação hidrofílica. Os lípides são, então, transportados por estruturas micelares complexas, denominadas lipoproteínas, que consistem de uma camada externa que contém proteína (apolipoproteína ou simplesmente apo), lípides polares (fosfolípides e colesterol não-esterificado) e um núcleo mais terno de lípides neutros (triglicerídeos, ésteres de colesterol e vitaminas lipossolúveis). Lipoproteínas e Metabolismo As lipoproteínas plasmáticas diferem quanto à origem, à proporção das frações lipídica e protéica e quanto às propriedades físicas. A porção protéica das lipoproteínas, denominada apolipoproteína (apo), exerce várias funções fisiológicas no metabolismo das lipoproteínas: age como co-fatores de enzimas, ligantes de receptores de superfície celular, além de permitir a solubilização da macromolécula em meio aquoso. Transporte exógeno de Lipídios (Fig. 02) Os lipídios absorvidos são transportados pelos quilomícrons, (que possuem apo B-48 como sua principal lipoproteína) através do sistema linfático para a corrente sangüínea. Na circulação, interagem com a lipoproteína HDL e recebem coletsterol, apo CII, apo CIII e apo E. Ao adquirir apo CII, sofrem a ação da lípase lipoprotéica (LPL) que está presente no endotélio capilar da maioria dos tecidos, que hidrolisa os TG que são enviados como ácidos graxos para os tecidos extra-hepáticos para utilização. Os quilomícrons remanescentes são, então, captados no fígado (a apo E que fará a interação dos quilomícrons com os hepatócitos, promovendo seu reconhecimento para captação hepática, segundo a Krause (2010), a apo E também atua inibindo o apetite) Fig 02 Metabolismo exógeno de lipídios. Transporte endógeno de lipídios (Fig. 03) A VLDL é sintetizada no fígado para transporte de TG e colesterol endógenos (60% da partícula de VLDL é TG). A principal apolipoproteína da VLDL é a apo B100. No sangue, as VLDL incorpora, também as Apo CI, CII, CIII e Apo E provenientes das HDL. De modo semelhante aos quilomícrions, os TG/fosfolipídios da VLDL sofrem ação da LPL que hidrolisa os TG que são enviados como ácidos graxos para utilização em tecidos periféricos. Os VLDL (ricas em apo C e apo E) remanescentes podem ser captados no fígado ou transformarem-se em IDL (ricas em colesterol e em apo E) e, em seguida, LDL (cerca de 50%), que farão o transporte de colesterolpara os tecidos Ingestão de gordura Absorção de colesterol, fosfolipídios e TG Transporte pelos QUILOMÍCRONS na corrente sangüínea Ação de hidrólise pela LPL (presente endotélio células musculares e adiposas) AG para tecidos periféricos Captação de quilomícrons remanescentes 17 periféricos. A LDL é rica em apo B-100. Após a sua formação, 60% da LDL é capturada pelos receptores de LDL no fígado, adrenais e outros tecidos. O restante é catabolizado através de receptores não renais (tanto o n.° quanto atividade destes receptores são os maiores determinantes do nível de colesterol sérico). Um pouco da LDL pode ser oxidada e captada pelas células endoteliais e macrófagos na parede arterial, levando aos primeiros estágios da aterosclerose. Fig. 03 Metabolismo endógeno de lipídios. Transporte reverso de colesterol (Fig. 04) O colesterol livre nos tecidos extra-hepáticos é esterificado na circulação e transferido para a HDL. Após, o transporte reverso de colesterol ocorre por duas vias: 1) após ação da lípase hepática que hidrolisa fosfolipídeos e triglicerídeos, as HDL são captadas pelo fígado por meio de receptores específicos denominados SR-BI, que captam seletivamente colesterol esterificado e 2) quando por ação da enzima proteína de transferência de éster de colesterol (CETP), no plasma, a HDL tranfere ester de colesterol para quilomícrons e VLDL em troca de TG. O remanescente destas lipoproteínas será também captado no fígado. A HDL é a lipoproteína de maior conteúdo protéico, por isso seu papel em dirigir o metabolismo lipídico. A apo A-I é a principal lipoproteína da HDL, e tem papel antiinflamatório e antioxidante. A apo C e a apo E da HDL são transferidas para os quilomícrons e VLDL e a apo E ajuda o fígado a fazer o reconhecimento dos quilomícrons/VLDL remanescentes. Fig 04 Metabolismo do transporte reverso de colesterol. Lipoproteína Apoproteínas Função Origem Quilomicron (QM) B-48, CII, CIII, E Transporte de triglicerídeos exógenos Intestinal QM remanescente B-48, E Transporte de colesterol exógeno Intravascular VLDL B-100, CII, CIII, E Transporte de triglicerídeos endógenos Hepático IDL B-100, E Transporte de colesterol Endógeno Intravascular LDL B-100 Transporte de colesterol aos tecidos Intravascular HDL AI, AII, CII, CIII, E Transporte reverso de colesterol Intestinal, hepático e intravascular Colesterol livre dos tecidos extra- hepáticos Esterificação sérica pela Lecitina colesterol Acil transferase Transporte do colesterol esterificado para HDL Ação da Proteína de transferência do colesterol esterificado para a VLDL Ação de hidrólise pela LPL (presente endotélio células musculares e adiposas) AG para tecidos periféricosCaptação do VLDL remanescentes pelo fígado 1 2 AG para tecidos periféricos VLDL remanescentes Ação de hidrólise pela LPL (presente endotélio células musculares e adiposas) IDLLDL Transporte de colestrol para tecidos extra hepáticos VLDL sintetizadas no fígado para transporte de TG e colesterol endógeno 18 Avaliação de Lipoproteínas O perfil de lipoproteínas engloba o colesterol total, LDL, HDL e TG após jejum de 8-12 horas. O LDL pode ser obtido pela fórmula de Friedewald (LDL= CT – HDL – (TG/5)), que pode ser usada com valores de TG<400 mg/dl. Os valores para avaliação de todas as lipoproteínas, colesterol total e TG encontram-se na tabela 01. O colesterol total e o LDL aumentam com o envelhecimento, em média, entre os 20 e os 65 anos aumentarão 13% em homens e 21% em mulheres. Deve-se avaliar perfil lipídico de: 1. portadores de DAC ou de outras manifestações de aterosclerose, independente do sexo e da idade. 2. todos os homens e mulheres com 20 anos ou mais. Segundo a Krause (2010), este exame deve ser realizado a cada 5 anos. Tab.01 Valores em mg/dl para avaliação de lipoproteínas, colesterol e TG Exame Valor Classificação Triglicerídeos < 150 Normal 150 a 199 Limite superior 200 a 499 Alto ≥ 500 Muito alto Colesterol Total < 200 Desejável 200 a 239 Limite superior 240 Alto LDL < 100 Ótimo 100 a 129 Próximo do ótimo / acima do ótimo 130 a 159 Limite superior 160 a 189 Alto 190 Muito alto HDL < 40 Baixo 60 Alto Segundo Chemin, de acordo com a etiologia as dislipidemias podem ser classificadas em: 1. primárias, quando são resultantes de causas genéticas associadas ou não a fatores ambientais e podem ser classificadas em: - hipercolesterolemia isolada, - hipertrigliceridemia isolada, - hiperlipidemia mista (↑TG e CT), - redução isolada de HDL ou em associação com ↑ LDL e/ou TG. 2. secundárias, quando são causadas por outras doenças ou uso de medicamentos. - causas clínicas incluem: diabetes mellitus, nefropatia crônica, hipotireoidismo, obesidade, alcoolismo e lúpus eritematoso sistêmico. - causas medicamentosas incluem: diuréticos, betabloqueadores, anticoncepcionais, corticosteróides, retinóides, anabolizantes e anti-retrovirais. HIPERLIPIDEMIAS GENÉTICAS – KRAUSE, 2013 HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR – hiperlipidemia tipo IIa – é um distúrbio monogenético. Defeitos no receptor de LDL causam hipercolesterolemia familiar. O tratamento com estatina melhora a função e a estrutura arterial. A identificação de xantomas (depósitos de LDL colesterol) identifica a maioria dos pacientes. HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR POLIGÊNICA – defeitos de vários alelos, sendo o alelo Apo E-4 o mais comum. Verifica-se LDL acima do percentil 90 em dois ou mais membros de família, sem qualquer xantoma de tendão. O tratamento é mudança de estilo de vida associado a drogas hipocolesterolemiantes. HIPERLIPIDEMIA COMBINADA FAMILIAR – dois ou mais membros de família possuem TG ou LDL acima do percentil 90. Está associada à hiperprodução hepática de Apo B-100 ou defeito no gene da lípase hepática. DISBETALIPOPROTEINEMIA FAMILIAR – é incomum e está associada a catabolismo de remanescentes de VLDL e QM atrasado, pois a Apo E-2 substitui as Apo E-3 e E-4. As concentrações de colesterol variam de 300 a 600mg/dl e TG de 400 a 800mg/dl. O tratamento envolve redução de peso, controle glicêmico e do DM, restrição de lipídios saturados e colesterol. Avaliação do Risco de Doença Cardiovascular Os fatores de risco para doenças cardiovasculares podem ser divididos em modificáveis e não modificáveis. Observe abaixo os Fatores de Risco modificáveis de acordo com as diferentes referências: DAN E CHEMIN: - Tabagismo - DM - HAS - Dislipidemias - Obesidade, principalmente central - Sedentarismo - Fatores psicossociais (Chemin, não considera este) Obs: a ausência desses fatores não garante proteção total contra DCV. KRAUSE - Avaliação, prevenção e manejo dos fatores de risco: são incluídos na KRAUSE (2013), os seguintes fatores de risco 19 principais: HAS; idade (>45 para homens e > 55 para mulheres); DM; TFG<60ml/min; microalbuminúria e história familiar prematura de DCV (homens <55 anos e mulheres <65 anos). Nos fatores de estilo de vida inclui-se o sono insuficiente. A AHA sugere que a prevenção primária da Doença Arterial Coronariana (DAC) deve começar aos 2 anos de idade, sendo a atividade física enfatizada para manutenção de peso ideal. O rastreio precoce é indicado em crianças com história familiar de hipercolesterolemia ou DAC. Concentrações Colesterol total (mg/dl) LDL (mg/dl) Aceitável <170 <110 Limítrofe 170 – 199 110 – 129 Alto ≥200 ≥130 Fatores de Risco Modificáveis: Fumo de Cigarro: - É um fator de risco que se torna muito maior quando associado com outros fatores de risco e influencia diretamente eventos coronarianos agudos (inclusive formação de trombos), instabilidade da placa e arritmias. - Mulheres que fumam e usam anticoncepcionais orais tem 10 vezes mais chance de desenvolver DAC do que as mulheres sem estes fatores de risco. - O risco é maior quanto maior o n.° de cigarros e cigarros de baixo teor de alcatrão não diminuem o risco. - O fumo passivo também é considerado um fator de risco. - O fumo diminui o HDL (6-8 mg/dl), aumenta VLDL e glicose. - Cessar o fumo diminui em 50% o risco e após 15 anos o risco é semelhanteao da população geral. - Chemin é um fator de risco independente para aterosclerose. Aumenta em 18% a mortalidade cardiovascular em homens e 31% em mulheres, para cada 10 cigarros fumados ao dia. LDL-colesterol: - Conclusivamente ligada à doença cardiovascular e eventos agudos. - A LDL com o envelhecimento, genética, dieta, baixos níveis de estrogênio, progestinas, DM, hipotireoidismo, síndrome nefrótica, hepatopatia, obesidade e algumas drogas esteróides e anti-hipertensivas. - Dietas com alto teor de gordura e colesterol o LDL porque diminuem os receptores de LDL no fígado, assim, menos LDL é eliminada do plasma e seus níveis aumentam. - Os valores para avaliação da LDL encontram-se na tabela 01, porém pessoas já com doença cardiovascular ou de, o alvo é sempre LDL < 100 mg/dl, pois quanto menor, há regressão das lesões e retardo do progresso da aterogênese, bem como menor morbi-mortalidade primária e secundária. Diferentemente, a Krause (2010) coloca que índice de LDL-C < 70mg/dl é apropriado para pacientes de risco muito alto. (Incluem-se neste grupo, os pacientes diabéticos e os já portadores de doença cardiovascular) e mantém a recomendação de níveis < 100mg/dl para pacientes de alto risco (aqueles com 2 ou mais fatores de risco). Recomenda-se a observação dos seguintes fatores nutricionais que afetam o LDL (KRAUSE, 2013): Aumentam LDL Ácido graxo saturado e trans; Colesterol dietético; Excesso de peso. Diminuem LDL Ácido graxo poli-insaturado; Fibra viscosa; Estanóis; Perda de peso; Proteína de soja; Proteína de soja contendo isoflavonas (evidência limitada). Hipertensão (HAS): - É definida como pressão sangüínea média de 140/90 mmHg ou pelo uso de medicação anti-hipertensiva. - A prevalência de HAS aumenta com a idade e é maior em negros do que em brancos. - A HAS causa lesão vascular e estresse do miocárdio por isso contribui para o avanço da doença cardiovascular. Além disso, é um fator que compõe a Síndrome Metabólica. - Chemin é um dos mais importantes fatores de risco para as doenças cardiovasculares. Cerca de 25% das mortes por DAC são explicadas pela HAS. Hipertrofia ventricular esquerda: - Há o aumento do ventrículo esquerdo pela HAS e carga de trabalho. Pode ocorrer secundariamente à obesidade. Diabetes Mellitus (DM): - Tanto DM tipo I quanto tipo II aumenta o risco de DAC. - O fator de risco atribuível ao DM é a presença de outros fatores de risco concomitantes como dislipidemia, HAS e obesidade. - Chemin os diabéticos têm 3 a 5 vezes mais risco de desenvolver doença cardiovascular do que indivíduos não diabéticos. Cerca de 80% dos diabéticos tem como causa de morte as doenças cardiovasculares. Entre os efeitos da hiperglicemia persistente, está a formação de produtos finais de glicosilação avançada (AGE), classe heterogênea de proteínas e lípides glicosilados que se acumulam no tecido vascular, induzindo proliferação celular e a inflamação e, consequentemente a progressão acelerada da aterosclerose. O grau de glicosilação é determinado pela concentração da glicose e pelo tempo de exposição à hiperglicemia. Além disso, alterações hemostáticas contribuem para a hipercoagulabilidade e um estado pró- trombótico. Inatividade física: - É um fator de risco independente para DAC e da magnitude da hipercolesterolemia, HAS e do fumo. - O risco de sedentários é 02 vezes maior que a de fisicamente ativos. - É o fator de risco modificável mais prevalente. - Uma atividade física de intensidade moderada por 30 minutos é recomendável (caminhar, subir escadas, jardinagem, limpar a casa). (Krause) - A atividade física diminui o risco de DAC por retardar a aterogênese, aumentar a vascularidade do miocárdio, aumentar a fibrinólise e modificar outros fatores de risco como aumentar o HDL, melhorar a tolerância à glicose e sensibilidade da insulina, auxiliar o controle do peso e diminuir a pressão sangüínea. 20 - Chemin atividade física também melhora a hipertrigliceridemia. Para alcançar os benefícios, recomenda-se a execução de 3 a 6 sessões por semana, de exercícios aeróbicos com duração de 40 minutos em média. HDL-colesterol: - Fator de risco independente negativo para a incidência de DAC e mortalidade em homens e mulheres (HDL > 60mg/dl – protetor e HDL< 40mg/dl – fator de risco). - O mecanismo anti-aterogêncio é desconhecido, mas sugere-se que pode alterar positivamente o endotélio, além do seu papel no transporte reverso de colesterol que auxilia a prevenir o acúmulo de lípides na parede arterial. - HDL – estrógeno exógeno, exercício, perda de gordura corporal em excesso e consumo moderado de álcool. - HDL – obesidade, fumo, esteróis adrenérgicos e relacionados (anabólicos, anticoncepcionais com predominância de progesterona), bloqueadores - adrenérgicos, hipertrigliceridemia e fatores genéticos. Adicionalmente, a Krause (2010) coloca a inflamação. Obesidade: - Conforme IMC DAC. - A obesidade afeta as DAC, provavelmente por estar relacionada com outros fatores de risco coexistentes como intolerância a glicose, HAS, dislipidemia, marcadores inflamatórios (IL-6, TNF-alfa e proteína C reativa), apnéia do sono, estado pró-trombótico e disfunção endotelial . - Quanto menor o peso corpóreo, menores os níveis de proteína C reativa e de fibrinogênio. - A obesidade abdominal é mais preditiva de DAC e afeta a tolerância a glicose e os níveis séricos de lipídeos. - Pequenas perdas de peso podem melhorar o LDL, HDL, os TG, a HAS, a tolerância à glicose e os valores de proteína C reativa, mesmo sem atingir-se o peso ideal. - Chemin a obesidade visceral está associada à produção de citocinas e mediadores que reduzem a sensibilidade à insulina, o que gera uma resposta compensatória no pâncreas, havendo hiperinsulinemia. Essa alteração hormonal favorece o aparecimento de hipertensão, dislipidemia caracterizada por aumento de TG, redução de HDL e aparecimento de LDLs pequenas e densas com maior potencial aterogênico. O adipócito também produz o inibidor do ativador do plasminogênio 1 (PAI-1), importante trombolítico que inibe a agregação plaquetária. O excesso de tecido adiposo promove redução da produção de adiponectina que é um mediador que melhora a sensibilidade insulínica. Fatores psicossociais: - Personalidade tipo A (urgência de tempo, impaciente e compulsivo), estresse, depressão e nível educacional (inferior a 2° grau), estão associadas ao aumento do risco de doença cardiovascular. Triglicerídeos (TG): - Níveis aumentados é fator de risco para DAC. - As lipoproteínas ricas em TG – remanescentes de quilomícrons, VLDL e IDL- são capazes de ultrapassar a barreira endotelial e fornecer material lipídico (TG e colesterol esterificado) para macrófagos e células musculares lisas que se encontram na íntima arterial. - É comum o aumento de TG na Síndrome Metabólica. - Em função de seus papéis, normalmente TG e HDL estão inversamente relacionados, ou seja, quando os TG o HDL . - TG - dieta (vegetariana, baixo teor de gordura, carboidrato refinado) estrógenos, obesidade, DM não tratado, nefropatia crônica e hepatopatia. - TG – perder peso em pacientes com sobrepeso, dieta com baixo teor de gordura saturada e colesterol, baixa ingestão de carboidratos refinados, aumentar a atividade física, cessar o fumo, tratar o DM, se presente e diminuir o consumo de álcool. Lipoproteína (a): - Lipoproteína não envolvida no transporte de lipídeos. - Tem semelhança estrutural com o plasminogênio, uma pró-enzima envolvida na quebra de fibrina, porém não tem sua ação, estimulando assim, a fibrinogênese. - Não é recomendada dosagem para triagem de rotina. - Os seus níveis diminuem com estrógeno, esteróis e niacina. Estresse Oxidativo: - Quanto maior a oxidação do LDL, maior a aterogênese. - Substâncias que diminuem a oxidação do LDL incluem vitamina C, E, beta caroteno, selênio, flavonóides, magnésio e gordura monoinsaturada. Álcool: - O consumo de 01 dose de álcool ao dia por mulheres ou 02 doses de álcool por dia por homens diminui o rico
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