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Apostila Criminal Desafio Nota Maxima

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INQUÉRITO POLICIAL
CONCEITO E FINALIDADE
É o procedimento administrativo preliminar de caráter informativo e presidido pela autoridade policial que tem por objetivo apurar a autoria, materialidade e circunstâncias que a infração penal foi praticada e por finalidade contribuir na formação da opinião delitiva do titular da ação penal.
Ou seja, o inquérito policial é o procedimento administrativo de caráter investigatório que coleta elementos para subsidiar a propositura da ação penal, conforme artigos 4° a 23, do Código de Processo Penal.
ARQUIVAMENTO – INQUÉRITO POLICIAL
O inquérito policial encerra com o relatório da autoridade policial.
O seu arquivamento é feito por ato do juiz, a requerimento do MP o que o caracteriza como ato complexo.
O juiz pode discordar do pedido, devendo nesse caso invocar o art. 28 do CPP, remetendo os autos ao Procurador Geral, o qual poderá:
 - Oferecer denúncia.
- Designar outro membro do MP para denunciar.
- Requisitar diligências.
- Insistir no arquivamento, situação em que o juiz estará obrigado a arquivar.
AÇÃO PENAL
Ação penal é o instrumento em que se confere o poder de movimentar a prestação da tutela jurisdicional do Estado a fim de satisfazer uma pretensão punitiva.
São condições para exercício da ação penal: legitimidade para agir, possibilidade jurídica do pedido e interesse de agir.
A ação penal se divide em: ação Penal Pública e Ação Penal Privada.
 
COMPETÊNCIA (ARTS. 69 À 91 DO CPP)
 
COMPETÊNCIA "RATIONE MATERIAE"
 
-  Justiça Comum
a) Estadual: é residual, ou seja, julga o que não for expressamente conferido para as demais justiças.
b) Federal: – Arts. 108 e 109 da CF.
-  Justiça Especial:
a) Justiça Eleitoral - Art. 121 da CF.
b) Justiça Militar: Artigos 9º e 10 do Código Penal Militar.
 
COMPETÊNCIA "RATIONE LOCI"  
Por esse critério se verifica qual o juízo territorialmente competente.
 
I – TEORIAS TERRITORIAIS
a) teoria do resultado: por ela a competência será definida pelo local da consumação do crime. Artigo 70, “caput”, do CPP.
b) teoria da ação: por ela a competência territorial será definida pelo local dos últimos atos executórios.
c) teoria da ubiquidade: (teoria hibrida, teoria mista) “tanto faz” o local da ação ou do resultado.
Obs. É aplicada aos crimes à distância.
 
II – DOMICÍLIO DO RÉU (art. 69, II, 72 e 73, CPP)
 
III – PREVENÇÃO
Juiz prevento é aquele que, sendo competente, primeiro pratica um ato do processo ou que durante o inquérito adota medidas cautelares inerentes ao futuro processo (Artigo 83 do Código de Processo Penal).
 
COMPETÊNCIA "RATIONE PERSONAE"
Nesse caso, trata-se da competência em razão do cargo ou função do acusado, conforme se extrai dos artigos 84 à 87 do CPP.
Obs. Vide súmula 704 - STF.
 
CONEXÃO E CONTINÊNCIA (arts. 76 à 82, CPP)
São causas de alteração da competência, em virtude da relação existente entre duas condutas, que fazem com que estas sejam reunidas em um só processo perante um só juízo, chamado de juízo prevalente.
 
Conexão: É a interligação entre duas ou mais infrações e que por isso devem ser julgadas no mesmo processo.
 
Classificação:
- Conexão intersubjetiva
É aquela onde dois ou mais crimes são praticados por duas ou mais pessoas.
- Conexão lógica, teleológica ou finalista
Nela um crime é praticado para levar vantagem, para criar impunidade ou ocultar outro delito.
- Conexão instrumental 
Nela a prova da existência de um crime é fundamental para demonstrar que o outro delito ocorreu.
 
Continência: É o instituto que nos permite reunir em um processo único dois ou mais criminosos que praticaram um só delito ou dois ou mais delitos que se originam de uma só conduta.
 
Modalidades:
- Continência por cumulação subjetiva: nela teremos um só crime praticado por duas ou mais pessoas.
- Continência por cumulação objetiva: nela teremos uma só conduta que resulta na pratica de duas ou mais infrações.
 
Resumo
O estudo acima apurou, o contexto que envolve o Inquérito Policial, a Ação Penal, e a competência em matéria processual penal.
 
PROVAS (arts. 155 à 157 do CPP)
Prova é todo elemento pelo qual se procura mostrar que um fato existe e é verdadeiro. No processo, busca o convencimento do julgador.
 
Elemento de prova: são todos os fatos ou circunstâncias que servem para a convicção do juiz. Ex. depoimento testemunhal ou resultado pericial.
 
Meio de prova: são os istrumentos ou atividades pelos quais os elementos de prova são inseridos no processo. Ex. por meio da testemunha ou da ato de perícia.
 
Meio de investigação da prova: é procedimento que tem o objetivo de angariar as provas materiais. Ex. interceptação telefônica.
 
Objeto de prova: são os fatos principais ou secundários que reclamem uma apreciação judicial e exijam uma comprovação.
 
PRINCÍPIOS
Contraditório: em que se possibilita a parte contrária conhecer e contradizer a prova trazida a juízo;
Imediatidade do juiz: a prova deve ser colhida perante o juiz e, como regra, esse juiz irá julgar (identidade física do juiz);
Concentração: em regra as provas devem ser produzidas em uma única audiência (concentração dos atos);
Comunhão das provas: uma vez produzida, a prova pertence ao processo, e pode ser utilizada por qualquer parte.
 
TEORIA GERAL DA PROVA: PROVA ILÍCITA
Teoria da proporcionalidade/razoabilidade/sacrifício
Havendo aparente conflito entre bens jurídicos relevantes, deverá o intérprete dar prevalência ao de maior importância mesmo que para tanto o outro bem seja sacrificado. Logo, entre a formalidade na produção da prova e o “status libertatis” do réu, este último deve prevalecer e a prova ilícita pode ser utilizada para absolvição. (posição majoritária).
Teoria da exclusão da ilicitude da prova
Informa que a prova, aparentemente ilícita, deve ser reputada como válida, quando a conduta do agente na sua captação está amparada pelo direito (excludentes de ilicitude, art. 23 do CP).
Teoria dos frutos da árvore envenenada
Por essa teoria expressamente contemplada no Artigo 157 do CPP, por força da Lei 11.690/08 as provas que decorrem de uma ilícita também estarão contaminadas por desdobramento lógico.
Teoria da contaminação expurgada/ teoria da conexão atenuada
O juiz pode valorar uma prova decorrente de outra ilícita desde que o nexo entre elas seja atenue o que exige adequada motivação.
 
O SISTEMA PROCESSUAL PENAL: se divide em duas espécies: processo penal de conhecimento e processo penal de execução. Quanto ao processo penal de conhecimento este se divide em (art. 394, do CPP):
Rito Comum:
-Ordinário: crimes cuja pena máxima cominada for igual ou superior a 4 anos de pena privativa de liberdade.
 -Sumário: crimes cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade.
-Sumaríssimo: crime de menor potencial ofensivo, na forma da lei (disciplinado na Lei 9.099/95).
 Rito Especial Previsto no Código de Processo Penal:
-Dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos (arts. 513 à 518, do CPP);
-Dos crimes contra a honra (arts. 519 à 523, do CPP);
-Dos crimes contra a propriedade imaterial (arts. 524 à 530, I, do CPP e Lei 9.279/96);
-Crimes de competência do Júri (arts. 406 à 497, do CPP);
Rito Especial de Leis esparsas
 -Crimes da Lei de Drogas (Lei n° 11.343/06);
A Lei n 11.343/06, traz em seu texto, mais precisamente entre os artigos 54 à 59 procedimento próprio para os delitos de tráfico de entorpecentes e outros previstos nos artigos 33, § 1º e 2º, 34, 35, 36, 37 e 39 da referida Lei.
-Crimes da Lei Maria da Penha (Lei n° 11.340/03);
Após a entrada em vigor da Lei Maria da Pena, diversas batalhas foram travadas nos tribunais. Dentre essas batalhas a situação quanto ao rito processual a ser adotado já que em muitas situações os delitos confrontavam com a Lei 9.099/95.
- Crimes Militares (Código de Processo Penal Militar).
O procedimento referente aos delitos contidos no Código Penal Militar, seguem aqueles previstos no Código de Processo Penal Militar.
Situação Problema
Tício, após uma discussão com sua prima, apertou seu braço, a empurrou e lhe deu um tapa
no rosto. Ela foi até a delegacia. Tício então responderá processo por seus atos, tendo sido denunciado por lesões corporais leves com fulcro na Lei Maria da Penha.
 Questão
Diante da situação acima descrita, qual procedimento deverá valer-se o processo: procedimento da Lei 9.099/1995, por se tratar de crime de menor potencial ofensivo (art. 61), ou procedimento ordinário, tendo em vista o artigo 129 do Código Penal?
 Resumo
Foram abordados na presente aula os procedimentos processuais penais. Assim, observou-se a existência de duas espécies de processo dentro do sistema processual penal: o processo de conhecimento e o processo de execução. Por fim, verificou-se que o processo de conhecimento divide-se em: procedimento comum ordinário, sumário e sumaríssimo; e procedimento especial, este último com previsão junto ao Código de Processo Penal como também em leis esparsas.
AÇÃO PENAL
Conceito: É o procedimento judicial iniciado pelo titular da ação quando há indícios de autoria e de materialidade a fim de que o juiz declare procedente a pretensão punitiva estatal e condene o autor da infração penal. (CREBIAN, GONÇALVES, p. 71. 2014).
A ação penal é o Estado utilizando-se do seu poder de punir (jus puniendi), onde pode ocorrer quando o Ministério Público propõe ou a própria vítima que se manifesta para que possa ser proposta.
Características:
1. a) Direito autônomo: é aquele que não se confunde com o direito material.
2. b) Direito abstrato: é aquele que independe do resultado final do processo.
3. c) Direito subjetivo: o titular pode exigir do Estado-Juiz a prestação jurisdicional.
4. d) Direito público: a atividade a qual se busca provocar é a de natureza pública.
Espécies:
Pública.
Privada.
“Ação penal pública é aquela em que a iniciativa de seu desencadeamento é exclusiva do Ministério Público (órgão público), nos termos do art. 129, I, da Constituição Federal. Em razão disso, havendo indícios de autoria e materialidade colhidos durante as investigações, mostra-se obrigatório o oferecimento da denúncia (peça inicial neste tipo de ação)”. (CREBIAN, GONÇALVES, p. 71. 2014).
Assim sendo a pública dividida em duas, incondicionada e condicionada.
Incondicionada: “quando Ministério Público age, de ofício, sem a requisição ou a representação de quem quer que seja.” (NUCCI, p. 132. 2012).
Condicionada: “quando o Ministério Público somente está autorizado agir, em caso de haver representação da vítima ou requisição do Ministro da Justiça.”
Art. 24.  Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.  
§ 2o  Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. 
Art. 27.  Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
 “(...) Início da ação penal pública ou privada: dá-se pelo oferecimento da denúncia ou da queixa, independentemente do recebimento feito pelo juiz. Essa afirmativa decorre de vários aspectos, dentre os quais a própria redação do art. 24, ao dispor que a ação será promovida (promover: originar, dar impulso, dar causa a, gerar) por denúncia.” (NUCCI, p. 134. 2012.).
Das condições da ação
Possibilidade jurídica do pedido: exige-se que a providência requerida pelo demandante seja admitida pelo direito objetivo. Assim, pedido possível é aquele, em tese, com respaldo legal.
Interesse de agir: materializa-se no trinômio necessidade, adequação e utilidade. Deve haver necessidade para bater as portas do judiciário no intuito de solver a demanda, através do meio adequado, e este provimento deve ter o condão de trazer algo de relevo, útil ao autor.
Legitimação para agir: é a pertinência subjetiva da ação. Assim a ação só pode ser proposta pela pessoa que seja o titular do interesse. (TÁVORA, ALENCAR, 2012).
Resumo:
Acima foi apresentado uma pequena introdução ao conteúdo da matéria de Ação Penal, que é comumente tratada em concursos, assim foi abordado um breve conceito, suas características, tipos de ações penais e as condições da ação, sendo ainda disponibilizada vídeo complementar e um artigo sobre o tema.
Dos princípios aplicados a ação penal
Os princípios são instrumentos que balizam as decisões dos julgadores dentro de um determinado parâmetro.
Princípio do obrigatoriedade: No princípio da obrigatoriedade tem como finalidade a irrecusável propositura da ação penal pelo Ministério Público, ou seja, havendo indícios deverá este órgão promover a ação penal.
Princípio da indisponibilidade: oferecida a ação penal pelo membro do Ministério Público está se torna indisponível, ou seja, o MP não pode dela desistir mais conforme o artigo 42 e 576 CPP.
Princípio da oficialidade: Os órgão encarregados para cuidarem da ação penal são oficiais, ou seja, públicos sendo dever do Estado o controle da criminalidade.
Princípio da autoritariedade: São autoridades públicas encarregadas da persecução penal, ou seja, (Policia e Ministério Público).
Princípio da oficiosidade: É o chamado agir de ofício, sem que exista a provocação, pois sabendo de algum tipo de violação na esfera criminal, salvo na hipótese de ação penal pública condicionada deverão as autoridades agirem de ofício para tentar solucionar a situação.
Princípio da indivisibilidade: Aqui trata-se de que a ação deverá abranger todos os envolvidos na realização da infração, não podendo o Ministério público escolher um ou outro.
"Art. 48.  A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade."
Princípio da intranscendência: tal princípio trata que a pena da infração cometida só pode ser aplicada para o indivíduo que que a violou não podendo passar para seus herdeiro.
Princípio da suficiência da ação penal: trata da necessidade que o juiz tem de suspender o processo quando exista alguma pendência no juiz cível sobre a capacidade, casado, vivo ou morto).
AÇÃO PENAL PÚBLICA 
Trata de ação cuja a titularidade é exclusiva do Ministério Público de acordo com o artigo 129, I da CF.
Na ação penal pública além dos princípios que já foram expostos acima, pode-se falar em mais três específicos: obrigatoriedade; indisponibilidade e oficialidade.
Ela se subdivide em duas conforme já foi relatado acima, sendo a incondicionada e condicionada.
A incondicionada é aquela que o exercício do direito de ação do Ministério Público não depende de qualquer condição específica. 
Já na condicionada o Ministério Público só pode proceder com a ação penal desde que haja a representação do ofendido ou seus representantes legais ou a requisição do Ministro da Justiça.
Esse tipo de condição vem sempre exposto no Código Penal embaixo de cada artigo com os seguintes dizeres "somente se procede mediante representação" ou "somente se procede mediante requisição do Ministro da Justiça".
Dessa forma o direito de representação assim será exercido, nos termos dispostos no art. 39, do Código Penal.
Situação Problema:
Pedro em desavença com seu cunhado João o ameaçou de morte na frente de seus parentes, assim João foi a Delegacia de Polícia registrar um boletim de ocorrência com os fatos narrados.
Questão
Dessa forma você como Delegado deverá dizer qual o crime aplicado?  Qual o tipo de ação penal cabível de forma fundamentada?
Resumo:
No estudo acima foi passado quais o princípios aplicados a ação penal, explicando cada um e demonstrando sua importância, também foi abordado sobre a ação penal pública que é de legitimidade exclusiva do Ministério Público, necessitando apenas de condição no caso de condicionada
que é a representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça.
AÇÃO PENAL PRIVADA
"(...) é a de iniciativa do ofendido ou, quando este for menor ou incapaz, de seu representante legal. O direito de punir continua sendo estatal, mas a iniciativa da ação penal é transferida para o ofendido ou seu representante legal, uma vez que os delitos dessa natureza atinge a intimidade da vítima que pode preferir ou não levar a questão a juízo." (CREBIAN, GONÇALVES, p. 115. 2014).
Diferentemente da ação penal pública, na privada se aplica os princípios da oportunidade, disponibilidade e da indivisibilidade.
Ela pode ser de quatro espécies: exclusiva, personalíssima, subsidiária da pública e secundária.
Exclusiva: É aquela que pode ser proposta pelo ofendido ou por seus representantes legais (art. 31 do CPP).
Personalíssima: É aquela cuja a titularidade é única e exclusiva ao ofendido não podendo nem sequer ser seus representantes legais, tal ação ocorre no crime elencado no artigo 236, parágrafo único do CP.
Subsidiária da pública: É ação proposta pelo ofendido quando o Ministério Público cuja a titularidade tinha e não a o fez, assim abrindo o direito do ofendido ingressar com a ação penal privada subsidiária da pública.
Secundária: é quando se tem a titularidade ou uma modalidade de ação e no meio surge outra secundaria com uma nova espécie.
Procedimento do Tribunal do Júri
 
O Tribunal do Júri surgiu na Magna Carta inglesa de 1215 e espalhou-se pelo mundo a partir da Revolução Francesa de 1789. No Brasil, esteve presente em todas as constituições, exceto na de 1937.
Na CF/88, foi previsto no art. 5º, inciso XXXVIII. Por essa privilegiada localização, constitui cláusula pétrea, não podendo ser extinto nem por emenda constitucional.
São princípios que o informam: a) a plenitude de defesa, abrangente da defesa técnica e da autodefesa; b) o sigilo das votações, devendo a votação ser interrompida quando 4 dos 7 votos do Conselho de Sentença forem atingidos em um dado sentido; c) a soberania dos veredictos, de modo que se a instância superior (TJ ou TRF) cassar a decisão, novo júri deverá ocorrer; e d) a competência mínima para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.
Além dos crimes dolosos contra a vida, possui competência para julgar os crimes conexos a eles, salvo os militares e os eleitorais.
Compõe-se por 1 juiz presidente e 25 jurados sorteados, dos quais 7 formarão o Conselho de Sentença.
O procedimento especial do júri é escalonado ou bifásico.
Na primeira fase, chamada sumário de culpa ou iudicium accusationis, a denúncia (ou queixa subsidiária) é oferecida perante o juiz sumariante, que ao final proferirá uma das decisões seguintes: impronúncia, se não se convencer da materialidade delitiva ou da existência de indícios suficientes de autoria ou participação; absolvição sumária, se considerar provada a inexistência do fato ou que o acusado não foi autor ou partícipe, ou ainda que o fato é atípico ou que está demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão de crime; desclassificação, se, discordando da acusação, entender que não houve a prática de crime doloso contra a vida, caso em que remeterá os autos ao juízo competente; e pronúncia, se estiver convencido da materialidade do crime e da presença de indícios suficientes de autoria ou participação.
Contra decisões de impronúncia e absolvição sumária cabe apelação, ao passo que as de desclassificação e pronúncia desafiam recurso em sentido estrito.
Apenas a decisão de pronúncia inaugura a segunda fase, chamada de iudicium causae, submetendo o réu a julgamento pelo Conselho de Sentença.
Inicia-se a preparação para julgamento em plenário com a remessa dos autos ao juiz, que intimará a acusação e a defesa para, em 5 dias, apresentar rol de testemunhas, juntar documentos e requerer diligências.
Em seguida, o juiz saneará o feito e elaborará um relatório destinado aos jurados resumindo de forma imparcial suas principais peças. Eles o receberão com cópia da decisão de pronúncia.
Formado o Conselho de Sentença, os jurados prestam compromisso e inicia-se a instrução plenária. A ordem dos atos processuais em plenário é a seguinte: oitiva do ofendido, quando possível; oitiva das testemunhas de acusação e defesa; acareação, reconhecimento de pessoas e coisas e oitiva de peritos; e, por fim, interrogatório do réu. 
Logo após, iniciam-se os debates. Cada parte tem 1h30min para sustentar teses. Réplica e tréplica, se houver, devem respeitar o limite de 1 hora. Havendo mais de um acusado, o prazo regular de 1h30min será acrescido de 1 hora, ao passo que o prazo da réplica e tréplica será dobrado.
Encerrados os debates, passa-se à quesitação, momento em que os jurados decidirão a sorte do réu, respondendo sim ou não aos quesitos.
Ao juiz cabe proferir sentença ao final, dispensados relatório e fundamentação. Todavia, nas sentenças condenatórias, a dosimetria da pena deve ser fundamentada, assim como eventual decretação de prisão preventiva. Por fim, a sentença deve ser lida em plenário, de onde as partes sairão intimadas, iniciando-se a contagem do prazo recursal.
Dela cabe apelação apenas quando: a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; b) for contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; c) houver erro ou injustiça na aplicação da pena ou medida de segurança; e d) for manifestamente contrária à prova dos autos. ]
Competência do Tribunal do Júri
 A competência do Tribunal do Júri para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida é mínima, podendo ser ampliada por lei, mas nunca suprimida.
Os crimes contra a vida são os seguintes: homicídio; infanticídio; auxílio, induzimento ou instigação ao suicídio; e aborto. Inserem-se na competência do Tribunal do Júri quando dolosos, quer tentados ou consumados.
O Tribunal do Júri também é competente para julgar os crimes conexos aos dolosos contra a vida, exceto os militares e eleitorais.
Nos termos da Súmula Vinculante 45 do STF, “a competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual”.
Assim, um Secretário Estadual que tiver foro no Tribunal de Justiça de seu Estado por força da Constituição Estadual será julgado pelo Tribunal do Júri se cometer um homicídio doloso. A Constituição Estadual não excepciona a CF/88 em matéria de competência, mas a última pode conter as suas próprias exceções.
Dessa forma, um senador que praticar homicídio doloso será julgado pelo STF e não pelo Tribunal do Júri, por força do seu art. 102, I, “b”, que excepciona seu art. 5º, XXXVIII.
Estudemos agora alguns crimes que culminam com a morte da vítima, mas não são julgadas pelo Tribunal do Júri.
Abrindo o rol, os crimes contra o patrimônio qualificados pelo resultado morte: roubo qualificado pela morte (latrocínio), extorsão qualificada pela morte e extorsão mediante sequestro qualificada pela morte. No tocante ao latrocínio, a Súmula 603 do STF assim dispõe: “a competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri”.
Vejamos a seguir os casos em que a competência é da Justiça Militar, também chamada de castrense, e não do Tribunal do Júri.
O homicídio praticado por militar da ativa contra militar da ativa encontra adequação típica no art. 205 do CPM e não no art. 121 do CP, devendo então ser processado e julgado na Justiça Militar da União ou na Justiça Militar Estadual, a depender do caso.
Julga-se ainda na Justiça Militar da União o homicídio doloso praticado por civil contra militar das Forças Armadas em serviço em lugar sujeito à administração militar. Todavia, se o civil matar militar estadual (bombeiro ou policial militar), a competência será do Tribunal do Júri, já que o art. 125, § 4º, da CF/88 dispõe implicitamente que a Justiça Militar Estadual não julga civis.
Esgotando as exceções da Justiça castrense, tem-se que o homicídio doloso praticado por militar das Forças Armadas contra civil será julgado pela Justiça Militar da União se praticado no contexto dos incisos
I a III do § 2º do art. 9º do Código Penal Militar. Trata-se de inovação introduzida pela Lei 13.491/17. A regra geral, todavia, é que os crimes dolosos contra a vida praticados por militares das Forças Armadas contra civis se submetem ao Tribunal do Júri.
Prosseguindo na casuística negativa da competência do Tribunal do Júri, cumpre tratar do genocídio, tipificado na Lei 2.889/56. Tutela-se a existência de grupo nacional, étnico, racial ou religioso, sendo competente para o julgamento o juiz singular. Ocorre que ele pode ser praticado de várias formas, sendo que as previstas no art. 1º, “a” e “d”, contemplam homicídio e, também, em tese, o aborto. Nesses casos, há concurso formal entre o crime doloso contra a vida e o genocídio, devendo ambos ser julgados pelo Tribunal do Júri.
O crime do art. 29 da Lei 7.170/83, por sua vez, consistente em matar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do STF, configura crime contra a segurança nacional e não contra a vida. Crime político que é, submete-se a julgamento por juiz singular federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/88.
Por fim, os atos infracionais equiparados a crimes dolosos contra a vida não são julgados pelo Tribunal do Júri: tecnicamente não são crimes, razão pela qual não são alcançados pelo art. 5º, XXXVIII, da CF/88.
Nulidades no rito do Tribunal do Júri
 
Nulidade é a sanção processual de ineficácia aplicável a atos praticados em desconformidade com o modelo legal. No procedimento do júri, as formas são muito sensíveis e por isso há que se ter muito cuidado para que os atos sejam praticados de forma hígida.
Nas nulidades absolutas, o prejuízo é presumido e a arguição pode se dar a qualquer tempo. Já nas relativas, este deve ser demonstrado no momento oportuno, sob pena de preclusão.
As nulidades relativas que não forem arguidas até a decisão de pronúncia serão sanadas.
Na decisão de pronúncia, a fundamentação deve conter linguagem moderada para não influir no convencimento dos jurados. Se o juiz se exceder na motivação, restará configurada a eloquência acusatória, causa de nulidade absoluta.
Estando o acusado preso, sua intimação da pronúncia deve ser pessoal, sob pena de nulidade.
Para haver desaforamento - deslocamento da competência de uma comarca para outra após a preclusão da pronúncia por interesse de ordem pública, dúvida sobre a imparcialidade dos jurados, falta de segurança pessoal do acusado ou porque o julgamento não foi realizado no prazo de 6 meses do trânsito em julgado da decisão de pronúncia por excesso de serviço – a defesa deve ser ouvida previamente, sob pena de nulidade, nos termos da Súmula 712 do STF.
Na fase da preparação do processo, as partes podem arrolar testemunhas, indicando a sua localização, requerendo sua intimação por mandado e declarando expressamente, a depender da importância, que o fazem em caráter de imprescindibilidade. Preenchidos todos esses requisitos, se a testemunha não comparecer, o julgamento deve ser adiado, sob pena de nulidade.
Iniciado o julgamento em plenário, as nulidades devem ser arguidas logo depois de sua ocorrência.
Na formação do Conselho de Sentença, pode ocorrer de não estarem presentes 15 jurados, mínimo necessário para instalar a sessão. Havendo outro plenário na mesma comarca, cogita-se a possibilidade do empréstimo de jurados. Para os tribunais, o expediente configura causa de nulidade absoluta, já que é relevante para as partes conhecer de antemão os jurados convocados para eventuais recusas.
A atuação de jurados impedidos no mesmo Conselho de Sentença é causa de nulidade absoluta. Jurado que funcionou em julgamento anterior do mesmo processo é impedido e não pode participar de julgamento ulterior, nos termos da Súmula 206 do STF. Também o jurado que julgou réu não pode atuar no julgamento de corréu acusado do mesmo crime. Jurado que manifestou prévia disposição para condenar ou absolver o acusado é igualmente impedido de julgá-lo.
O princípio constitucional do sigilo das votações deve ser respeitado, sob pena de nulidade absoluta. A incomunicabilidade dos jurados entre si e com terceiros deve ser assegurada, de modo que eles se abstenham de manifestar suas opiniões sobre o processo. Isso não impede que eles peçam aos oradores, por meio do juiz, que indiquem a folha dos autos onde se encontra a peça lida ou citada ou que esclareçam fatos alegados nos debates. Ademais, se o jurado contar a alguém como votou após o julgamento, não haverá nulidade.
Durante os debates, as partes também não podem invocar a decisão de pronúncia como argumento de autoridade, e tampouco as decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou a determinação do uso de algemas. Caso contrário, haverá nulidade absoluta.
O mesmo advogado pode atuar na defesa técnica de dois ou mais réus no júri, desde que as teses não sejam colidentes. Se forem, o julgamento deve ser anulado por violação ao princípio constitucional da plenitude da defesa.
No tocante à quesitação, a Súmula 156 do STF dispõe que “é absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório”. Ainda sobre o tema, o juiz é obrigado a quesitar a tese pessoal apresentada do réu, também em homenagem à plenitude da defesa.
Por fim, importante ressaltar que as nulidades relativas e absolutas posteriores à pronúncia desafiam apelação.

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