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A Filosofia Política do Liberalismo e a Tradição Iluminista O Liberalismo Político - O liberalismo, no início da Modernidade, é o correlato, na política do individualismo e do subjetivismo na teoria do conhecimento. A concepção da existência de direitos naturais ao homem corresponde do ponto de vista epistemológico à concepção de ideias inatas e de faculdades da mente que tornam possível o conhecimento. A valorização da livre iniciativa e da liberdade individual no campo da política e da economia equivale no campo do conhecimento à valorização da experiência individual, tanto intelectual (racionalismo) quanto sensível (empirismo). O problema central do liberalismo e da discussão política desse período parece ser assim a necessidade de conciliar as liberdades e os direitos individuais, concebidos como inerentes à própria natureza humana, com as exigências da vida em comunidade e, portanto, com o respeito ao direito do outro, imprescindível para o equilíbrio da vida social, bem como com a determinação de interesses e rumos comuns essenciais à vida social. Será examinado agora, pensadores mais representativos desse período como Hobbes, Locke e Rousseau, na expectativa de se conseguir distinguir os diferentes sentidos do liberalismo e por sua vez, analisar o desenvolvimento dessas ideias políticas. Hobbes O filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679) tem uma concepção da natureza humana que pode ser considerada negativa ou pessimista. Não propriamente no sentido do tema da miseria hominis que encontramos no pensamento medieval e mesmo na tradição humanista, mas pode se considerar o homem como naturalmente agressivo e belicoso. Hobbes analisa a natureza humana em uma perspectiva mecanicista: o homem é como uma máquina que age sozinha, na linha da concepção mecanicista de mundo típica da física da época, cujo problema central consistia em entender a natureza dos corpos e seus movimentos. O homem é movido por suas paixões que o impelem a agir; a vontade e a deliberação resultam apenas da soma dessas paixões em um sentido mais complexo, sendo que a liberdade nada mais é do que “a ausência de impedimento” para a ação. Locke John Locke (1632-1704), ao contrário de Hobbes, pode ser visto como um otimista em relação à natureza humana e ao convívio entre os indivíduos. Segundo a concepção de Locke, a sociedade resulta de uma reunião de indivíduos visando garantir suas vidas, sua liberdade e sua propriedade, ou seja, aquilo que pertence a cada um. É em nome dos direitos naturais do homem que o contrato social entre os indivíduos que cria a sociedade é realizado, e o governo deve portanto comprometer-se com a preservação desses direitos. Rosseau Jean-Jacques Rousseau (1712-78), nascido em Genebra, foi um dos mais importantes pensadores franceses do século XVIII no campo da política, da moral e da educação, influenciando os ideiais do Iluminismo e da Revolução Francesa (1789). O ponto de partida da sua filosofia é uma concepção de natureza humana representada pela famosa ideia segundo a qual “O homem nasce bom, a sociedade o corrompe”, ao qual acrescenta a ideia de que “o homem nasce libre e por toda parte se encontra acorrentado”. Porém não é toda e qualquer sociedade que Rousseau condena, mas sim, aquela que acorrenta e aprisiona o homem, chegando a adotar como modelo de sociedade justa e virtuosa a Roma republicana do período anterior aos césares. Segundo a teoria do contrato social, a soberania política pertence ao conjunto dos membros da sociedade. O fundamento dessa soberania é a vontade geral, que não resulta apenas na soma da vontade de cada um. A vontade particular e individual de cada um diz respeito a seus interesses específicos, porém, enquanto cidadão e membro de uma comunidade, o indivíduo deve possuir também uma bontade que se caracteriza pela defesa do interesse coletivo, do bem comum. É papel da educação e da formação dessa vontade geral, transformando assim o indivíduo em cidadão, em membro de uma comunidade.