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3 FASES E CICLOS DE CARREIRA Podemos afirmar que os ciclos de carreira são marcados pela progressão ao longo das fases que os compõem. Dessa maneira, tem-se a fase inicial, que é o momento da busca por uma carreira; as fases intermediárias, de construção e desenvolvimento da vida profissional e a fase final, isto é, o término da carreira. Schein (1996), relata 10 fases de carreira, com início na infância e término na aposentadoria, não relacionando essas fases com a idade do indivíduo. As fases propostas por ele são citadas em ordem crescente, conforme segue: fase 1 – crescimento, fantasia e exploração; fase 2 – educação, treinamento; fase 3 – ingresso no mundo profissional; fase 4 – treinamento básico, socialização; fase 5 – admissão como membro; fase 6 – estabilização no emprego, permanência como membro; fase 7 – crise no meio da carreira, reavaliação; fase 8 – avanço, recomeço ou estabilização; fase 9 – desligamento; fase 10 – aposentadoria. Quanto aos ciclos da carreira, embora possam ser atrelados à faixa etária do indivíduo, o que deve ser considerado quando da sua análise são os estágios e não as categorias de idade que são apresentadas, isto porque nem todas as pessoas têm o mesmo empenho e experiência com uma carreira, uns começam a trabalhar mais cedo, outros iniciam suas atividades profissionais na maturidade. Além disso, deve-se considerar que se uma pessoa muda drasticamente sua carreira para assumir outra linha de trabalho aos 40 anos de idade, ela terá os mesmos anseios de uma pessoa que começa a trabalhar aos 25 porque ambas estarão no estágio da consolidação da carreira. (DE CENZO e ROBBINS, 2001) Outras questões que remetem ao fato de que não devemos nos basear nas categorias de idade referem-se ao social. O aumento da longevidade é uma delas; devido ao avanço da medicina e à melhoria da qualidade de vida, as pessoas têm vivido por mais tempo o que faz com que haja um deslocamento, em termos de Curso: Administração e Gestão de Recursos Humanos EAD Disciplina: Gestão de Carreiras e Desenvolvimento Docentes Responsáveis: Profa Ms Roberta Moreira de Souza Texto 2 idade, do ápice da carreira. Da mesma maneira, a aposentadoria tem ocorrido mais tarde e as pessoas estão cada vez mais empenhadas em ser úteis e usufruir a vida. Os pesquisadores tratam de forma diferenciada a questão do ciclo de carreira, conforme se pode analisar. Para facilitar dividiremos em apenas cinco ciclos como propõem Luizari (2006) em sua dissertação de Mestrado: Primeiro ciclo – da exploração à entrada na organização Esse ciclo é marcado por uma fase em que o indivíduo se prepara, por meio da formação e desenvolve habilidades que poderão ser utilizadas quando ele ingressar no mundo do trabalho. Nesse período, o indivíduo começa a questionar alternativas de trabalho ao mesmo tempo em que pondera sobre as reais possibilidades de para fazer uma escolha profissional. A exploração é importante porque nela se desenvolvem expectativas acerca da construção de uma carreira e, por intermédio dela os indivíduos podem ter a oportunidade de experimentar o trabalho por meio de estratégias como os estágios oferecidos na época da graduação, que podem dar indício e determinar a aptidão para o trabalho. Para Schein (1996), esse ciclo é importante principalmente pela capacidade de adaptação que o indivíduo desenvolve para adequar a realidade do mundo do trabalho às suas fantasias, que, na maioria das vezes são campos bastante distintos. Segundo ciclo – do estabelecimento e consolidação em uma carreira O segundo ciclo da carreira, do estabelecimento e consolidação em uma carreira – é quando se dá o início da vida profissional em que ocorre o primeiro contato com o ambiente de trabalho e as primeiras experiências ocupacionais, estendendo-se até o meio da carreira, quando o indivíduo começa a desenvolver ambições de crescimento em longo prazo. Nessa fase, chamada de ciclo da consolidação da carreira, o indivíduo se depara com dois problemas: encontrar um “nicho” e “fazer sua marca”. O primeiro problema, que trata do “nicho de carreira”, implica encontrar uma atividade com a qual o sujeito tenha identificação. Muitas pessoas demoram a se consolidar em uma carreira, mudam de ocupação várias vezes sem conseguir definir o que gostam ou o que pretendem desenvolver. O segundo problema, se refere à marca, trata da consolidação, propriamente dita, da carreira. Ao ingressar em uma ocupação o indivíduo sofre um desgaste por cometer erros e ter que aprender com eles, para assim poder assumir maiores responsabilidades e ter maior produtividade. Superando esses desafios ele conquista seu espaço, consolida a sua carreira, faz a sua “marca” e passa a ser responsável pelos seus próprios erros. Nesse ciclo, além da adaptação à organização e ajuste às exigências do trabalho, o indivíduo começa a desenvolver suas habilidades específicas, levando em consideração sua aptidão e restrições impostas pela organização, o que o levará a avaliar sua decisão quanto à continuidade na ocupação ou mesmo analisar a escolha entre o desenvolvimento de uma carreira técnico-especializada ou gerencial. Terceiro ciclo – do crescimento em uma ocupação Esse ciclo, caracterizado pelo crescimento em uma ocupação é marcado pelo grande espaço que o trabalho e a carreira ocupam na vida do indivíduo, podendo ocorrer conflitos entre os interesses profissionais e pessoais do trabalhador. No que diz respeito ao desenvolvimento profissional, nessa fase a carreira do sujeito pode sofrer uma progressão, estagnação ou deterioração. Se a carreira estiver direcionada à progressão, essa é a fase em que os funcionários alcançam seus primeiros objetivos e almejam crescer cada vez mais, mostrando um alto desempenho na execução de suas atividades, podendo obter ascensão aos cargos mais altos de uma hierarquia organizacional. No entanto, para algumas pessoas, essa é a fase da estagnação na qual o funcionário pode não apresenta ambição e agressividade para galgar posições de níveis mais altos. Essas pessoas não devem ser descartadas, geralmente elas são bastante produtivas, tecnicamente competentes, eficientes e confiáveis, porém satisfazem-se em contribuir com o volume de trabalho e energia para cumprir uma determinada tarefa, mantendo-se num platô. A deterioração da carreira ocorre quando o funcionário perde o interesse pelo trabalho, o que pode provocar a queda de seu nível de produtividade, resultando em rebaixamento, repreensão ou mesmo demissão. A mudança de carreira ou perspectiva de trabalho pode ajudar essas pessoas a se revigorarem profissionalmente. Quarto ciclo – da permanência e subsistência numa sociedade produtiva O quarto ciclo é marcado pela permanência e subsistência numa sociedade produtiva e também pela estabilização do indivíduo no trabalho na medida em que as pessoas buscam segurança e sustentação do emprego. Além do aspecto individual, sendo o sujeito um trabalhador, o papel representado na sociedade também ganha ênfase nesse ciclo, uma vez que a pessoa coloca atenção na responsabilidade social relacionada a seu trabalho. No geral os profissionais estão no auge de suas carreiras e, com experiência e energia, se preocupam em formar sucessores e introduzir jovens no atribulado mercado de trabalho. Nessa fase da carreira também é comum ocorrer crises. Schein (1996), relata não ser sabido se se trata de crise ou mesmo de uma auto reavaliação. O fato é que nessa fase é comum aos profissionais se questionarem a respeito de suas opções iniciais, de suas conquistas, resultados e de seu futuro. Quinto ciclo – do declínio, aposentadoria e saída da organização O quinto ciclo é marcado pelo declínio, aposentadoria e saída do indivíduo da organização. Inevitavelmente haverá um período na vida de uma pessoa em queseu ritmo de trabalho e produtividade tenderá a cair, até mesmo em razão de sua idade e do cansaço de uma extensa vida de dedicação à profissão. Schein (1996), cita que algumas pessoas já começam a pensar na sua aposentadoria e se preparam para isso, outras negam essa fase com veemência. Por este motivo, a autoimagem profissional nessa fase varia muito de pessoa para pessoa. De Cenzo e Robbins (2001), relatam que os indivíduos que tiveram um alto desempenho profissional são valorizados pela sua experiência, podendo-se tornar mentores de iniciantes; os que estagnaram continuarão esperando pela aposentadoria e os que se deterioraram temerão mais por seus empregos. 4 PLANEJAMENTO DE CARREIRA Podemos definir o planejamento de carreira como um um programa que traça quais poderão ser as possibilidades individuais de um funcionário dentro da empresa. Ao mesmo tempo que preza pelo desenvolvimento dos colaboradores, também pensa na sustentabilidade a médio e longo prazo da empresa. 4.1 Insumos para o planejamento da carreira: o autoconhecimento, mercado de trabalho e o plano de ação 4.1.1 Autoconhecimento De acordo com Chanlat (1996), o comportamento do ser humano jamais poderá reduzir-se ao que se vê exteriormente, logo, há uma imensidade de particularidades em cada indivíduo, as quais formam o seu caráter e jeito de ser, e implicam diretamente nos seus pensamentos e ações. Com vista nisso, as pessoas procuram ter uma visão mais clara e certa do futuro, mas é importante que elas primeiramente olhem para si mesmas, entendam a sua vida, a sua história, os sonhos que as motivam, suas próprias habilidades, capacidades e fatores limitantes na situação que se encontram, para então caminhar em direção ao desenvolvimento constante. O desejo da maioria das pessoas é obter êxito nas atividades, quer sejam profissionais, pessoais ou sociais. Assim, o sucesso pode ocorrer no âmbito universal e individual, sendo que este último é o que faz sentido ao ser humano, e alcançá-lo é um fator indispensável. Conhecer-se é um dos caminhos para uma vida mais realizada, visto que a partir disso o indivíduo se autogoverna e consegue traçar metas que condizem com seus anseios. Podemos afirmar que, quando uma pessoa consegue identificar o que a satisfaz e estimula, cria um planejamento de carreira e um padrão interior de avaliação, que lhe permitirá identificar as oportunidades e as ameaças que realmente lhe ajudarão a administrar a complexidade do mundo corporativo. Outro fator a ser considerado é a personalidade de cada indivíduo que pode interferir diretamente no seu dia a dia e na execução de suas atividades na empresa, pois as pessoas possuem diferentes traços de personalidades e por isso cada uma adapta-se melhor a um determinado ambiente. Dessa forma, o autoconhecimento conduz ao autodesenvolvimento do indivíduo e, consequentemente, à identificação de suas próprias motivações e as da empresa. Quando isso ocorre, não só a pessoa é beneficiada, mas também a empresa em que a mesma atua, visto que as suas expectativas estão sendo atendidas. A busca pelo autoconhecimento não é tarefa fácil, pois é um processo contínuo, que necessita de atitude e predisposição. As ferramentas que podem ser utilizadas para que o indivíduo compreenda a si mesmo são diversas, mas todas elas partem da vontade de conhecer-se (VERGARA, 2013). Diante disso, Rosa (2011) sugere algumas medidas práticas para que as pessoas aumentem o seu autoconhecimento, como por exemplo: dar-se um interstício de tempo para refletir e investigar os seus sentimentos, ações e hábitos; procurar ajuda de terapeutas para identificar pontos fortes e fracos e as maneiras de tratá-las; procurar opiniões de pessoas de confiança (amigos, familiares, colegas); realizar testes psicológicos ou vocacionais aplicados por profissionais habilitados; realizar leitura de livros e artigos com temas de seu interesse 4.1.2 Mercado de Trabalho O profissional tem se solidificado cada vez mais como uma importante parte da estrutura organizacional, compreendida como capital humano ou capital intangível. Seu conhecimento e sua experiência auxiliam na criação de novos produtos ou serviços, na solução de problemas e na tomada de decisões com eficácia. A tendência de atuação dos profissionais é de ampliar e interligar os seus conhecimentos e habilidades; assumir cargos de responsabilidade, conforme os resultados forem sendo alcançados; ter maior integração e conhecimento sobre a realidade da empresa e ter atitude para gerar diferencial no mercado de trabalho. Por sua vez, cabe às empresas a incumbência de criar ambientes propícios e oferecer suporte para o desenvolvimento e crescimento de seus colaboradores. Contudo, para que isso ocorra, é necessária uma interação entre empresa e funcionário. Nesse sentido, as empresas devem responsabilizar-se pela escolha de um plano de carreira a ser implementado, a fim de que seus colaboradores cresçam, assim como a empresa. Mas, a decisão da trajetória de carreira é feita pelo funcionário. O principal ponto para uma boa administração de carreiras baseia-se em fornecer apoio e incentivo aos funcionários, para que possam aprimorar continuadamente seus conhecimentos e habilidades. Por outro lado, é necessário que os colaboradores conheçam suas características, a fim de que a negociação com a empresa seja alinhada às necessidades e expectativas de ambos. 4.1.3 Plano de Ação De acordo com Oliveira (2013), o planejamento estratégico formalizado é importante, pois dá sustentação para que as pessoas estabeleçam os seus caminhos profissionais, a fim de acompanhar a evolução e competitividade do mercado de trabalho. A grande maioria dos autores aponta o autoconhecimento, a análise do mercado, a definição dos objetivos e das estratégias, como etapas importantes a serem consideradas pelos profissionais que desejam planejar a sua carreira de forma estruturada. Além de estruturar o planejamento de carreira, é importante que os profissionais identifiquem quais são as principais competências que as organizações buscam. Atividade de reflexão Observe a Imagem abaixo, identifique em que fase da carreira você se encontra e descreva as fases que já foram passadas por você. Referências CHANLAT, J.F. Quais carreiras e para qual sociedade? RAE – Revista de administração de empresas. São Paulo: nov/dez 1995. DE CENZO, D.A., ROBBINS, S.P. Administração de recursos humanos. Tradução de Alfredo Barcellos Pinheiro de Lemos. 6ª. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2001. DUTRA, J.S. Administração de carreiras: uma proposta para repensar a gestão de pessoas. São Paulo: Atlas, 1996. LUIZARI, Denise Cristina Miquelotte. Estudo dos ciclos de vida e de carreira, inclinação profissional e crenças pessoais. Dissertação de Mestrado. Universidade de Taubaté, São Paulo, 2006. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Plano de carreira: foco no indivíduo: como elaborar e aplicar para ser um profissional de sucesso. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. ROSA, José Antônio. Carreira: planejamento e gestão. São Paulo: Cengage Learning, 2011. SCHEIN, E.H. Identidade profissional: como ajustar suas inclinações a suas opções de trabalho. Tradução de Margarida D. Black. São Paulo: Nobel, 1996. VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de pessoas. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
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