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TABAGISMO-200727-184007-1596833577

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SUMÁRIO
1. Introdução e epidemiologia .................................... 3
2. Os malefícios do cigarro .......................................... 4
3. Rastreio do tabagista ............................................... 9
4. Estágios de motivação para cessação 
do tabagismo ..................................................................10
5. Grau de dependência .............................................13
6. Tratamento .................................................................16
7. Fármacos não nicotínicos .....................................20
Referências bibliográficas ........................................23
3TABAGISMO
1. INTRODUÇÃO E 
EPIDEMIOLOGIA
O tabagismo é um dos mais impor-
tantes problemas de saúde pública. 
Apesar dos 40 anos passados desde 
o primeiro documento governamental 
sobre os prejuízos do fumo à saúde, o 
mesmo persiste como uma das prin-
cipais causas preveníveis de morte 
no mundo.
SAIBA MAIS! 
O tabaco é uma erva que o ser humano tem utilizado por processo inalatório há mais de 300 
anos. A planta ganhou o nome de Nicotiana após Jean Nicot, um embaixador francês em Por-
tugal, que em 1560 exaltou em público a virtude do tabaco como agente curativo. A espécie 
Nicotiana tabacum é hoje a principal fonte do tabaco fumado e a única espécie cultivada no 
Estados Unidos.
A Organização Mundial de Saúde 
(OMS) afirma que o tabagismo deve 
ser considerado uma pandemia, já que, 
atualmente, morrem, no mundo, cin-
co milhões de pessoas, por ano, em 
consequência das doenças provo-
cadas pelo tabaco, o que correspon-
de a aproximadamente seis mortes 
a cada segundo. Do total de mortes 
ocorridas, quatro milhões são no sexo 
masculino e um milhão no sexo femi-
nino. No ano de 2025, ocorrerão 10 
milhões de mortes decorrentes do uso 
do tabaco, se não houver mudança 
nas prevalências atuais de tabagismo.
Nos últimos anos, o Brasil aprovou di-
versas regulamentações que tratam 
desde consumo de tabaco em espa-
ços públicos, formas de propaganda, 
aumentos de impostos e regulamen-
tação do uso de aditivos, até políticas 
de substituição da agricultura do ta-
baco por outros produtos agrícolas. 
Deve-se, em grande parte, a essas 
ações de impacto populacional a 
queda da prevalência do tabagis-
mo na população brasileira obser-
vada nas últimas décadas (31,7% 
da população adulta em 1989 para 
14,7% em 2013). Segundo dados do 
Vigitel, esse número permanece em 
queda e, em 2018, o percentual total 
de fumantes com 18 anos ou mais no 
Brasil foi de 9,3%, sendo 12,1 % en-
tre homens e 6,9% entre mulheres.
As pesquisas realizadas no Brasil por 
diferentes instituições de referência 
no assunto na última década indi-
cam que o uso de tabaco ocupa o 
segundo lugar no ranking de dro-
gas mais experimentadas no país. 
A idade média de experimentação de 
tabaco entre os jovens brasileiros é 
de 16 anos de idade, tanto para me-
ninos quanto para meninas.
Os estudos indicam que a experi-
mentação de tabaco é maior entre 
4TABAGISMO
estudantes da rede pública de ensino 
e, geralmente, as frequências de uso 
de tabaco nos últimos 30 dias tam-
bém são maiores em instituições de 
ensino públicas. Quando comparados 
às pesquisas anteriores, os resultados 
indicam melhora nos indicadores de 
experimentação, percentual de usu-
ários de tabaco nos últimos 30 dias, 
incluindo aumento da idade média da 
experimentação. 
O tabagismo passivo é a exposição 
à fumaça exalada pelos fumantes e 
por produtos de tabaco durante a 
sua queima. A exposição à fumaça 
ambiental do tabaco está correlacio-
nada ao desenvolvimento de doenças 
e agravos à saúde, mesmo de quem 
não fuma. Segundo a OMS, não há 
níveis seguros para essa exposição, 
incluindo a exposição às emissões 
advindas dos cigarros eletrônicos 
(dispositivos eletrônico conhecidos 
como e-cig, vaper).
Apesar das diversas consequên-
cias negativas à saúde trazidas pelo 
tabagismo, dados recentes mostram 
que dos tabagistas que tentam pa-
rar de fumar, representando cerca de 
metade do total de tabagistas, ape-
nas uma minoria recebe aconselha-
mento de um profissional de saúde 
sobre como parar e uma parte menor 
ainda recebe um acompanhamento 
adequado para este fim.
SE LIGA! A Organização Mundial de 
Saúde estima que cerca de 80% dos fu-
mantes do mundo estão concentrados 
em países em desenvolvimento e, cerca 
de 50% destes morrerão precocemente 
devido a condições associadas ao taba-
gismo, abreviando, em média, 15 anos 
de vida. Dentre estes usuários, observa-
-se a alta prevalência de tabagistas en-
tre os homens negros, de baixa renda e 
moradores da zona rural.
2. OS MALEFÍCIOS DO 
CIGARRO
A folha do tabaco contém complexa 
mistura de componentes químicos, 
como pode ser visto a seguir:
Componentes químicos
Isopropenos
Hidrocarbonetos
Ésteres
Minerais inorgânicos Ácidos graxos
Fenóis
FLUXOGRAMA – COMPOSIÇÃO DA FOLHA DO TABACO
5TABAGISMO
A fumaça do cigarro é uma mistu-
ra heterogênea de gases, vapores e 
partículas líquidas. Quando inalada, 
a fumaça é um aerossol concentra-
do com milhões ou bilhões de partí-
culas por centímetro cúbico. Para fins 
de estudos da composição química e 
propriedades biológicas, a fumaça é 
separada em fase particulada e fase 
gasosa. 
A fase gasosa é composta por mo-
nóxido de carbono, nicotina, amônia, 
cetonas, formaldeído, acetaldeído, 
acroleína, entre outras substâncias. 
Algumas produzem irritação nos 
olhos, nariz, garganta e levam à pa-
ralisia dos movimentos dos cílios dos 
brônquios. 
A fase particulada contém nicotina e 
alcatrão, sendo este último composto 
de mais de 40 substâncias compro-
vadamente cancerígenas, formado a 
partir da combustão dos derivados 
do tabaco. Entre essas substâncias 
estão o arsênio, níquel, benzopire-
no, cádmio, resíduos de agrotóxicos, 
substâncias radioativas, como o Po-
lônio 210, acetona, naftalina e até 
fósforo P4/P6, substâncias usadas 
em veneno para matar rato. De for-
ma geral, o cigarro possui mais de 
7.000 substâncias na sua compo-
sição e mais de 72 componentes 
carcinogênicos. 
Dentre os vários componentes do ci-
garro, encontramos a nicotina como 
o princípio ativo do tabaco e, apesar 
de não ser carcinogênica, ela é al-
tamente viciante. Essa substância é 
psicoativa, isto é, produz a sensação 
de prazer, o que pode induzir ao abu-
so e à dependência. A dependência à 
nicotina é incluída na Classificação 
Internacional de Doenças da Orga-
nização Mundial de Saúde - (CID). 
Ao ser inalada, a nicotina produz al-
terações no Sistema Nervoso Central 
devido à liberação de inúmeros me-
diadores, cada um com uma atividade 
cerebral específica, como a dopamina, 
serotonina, betaendorfinas, acetilcoli-
na, noradrenalina, vasopressina, glu-
tamato e GABA, modificando assim 
o estado emocional e comportamen-
tal dos indivíduos, da mesma forma 
como ocorre com a cocaína, heroína 
e álcool. 
Depois que a nicotina atinge o cére-
bro, libera várias substâncias (neuro-
transmissores) que são responsáveis 
por estimular a sensação de prazer 
explicando-se assim as boas sensa-
ções que o fumante tem ao fumar. 
Com a inalação contínua da nicotina, 
o cérebro se adapta e passa a preci-
sar de doses cada vez maiores para 
manter o mesmo nível de satisfação 
que tinha no início. Esse efeito é cha-
mado de tolerância à droga. Com o 
passar do tempo, o fumante passa 
a ter necessidade de consumir cada 
vez mais cigarros. 
Como a maioria das drogas de po-
der aditivo, a nicotina produz, de 
6TABAGISMO
modo significativo, também sensa-
ções desagradáveis. Produz aversão, 
é um potente agente ansiogênico e 
ocasiona efeitos desagradáveis como 
náuseas, tosse e tontura quando em 
suas primeiras experiências.
SAIBA MAIS! O cérebro dependente da nicotina: 
O cérebro dependente de nicotina tem sua neurobiologia modificada pelo uso contínuo da 
substância, funcionando de modo diferente de um cérebro não-dependente.
Foi proposto, em 1987, que as drogas de dependência funcionariam aumentando a neuro-
transmissão nas sinapses dopaminérgicasno sistema mesolímbico, especialmente no nu-
cleus accumbens. Assim, a capacidade de determinar liberação de dopamina no nucleus 
accumbens conferiria às drogas de adição propriedades de recompensa, passo inicial do sur-
gimento de adição. Mais recentemente, viu-se que os fenômenos envolvidos na adição são 
mais complexos e envolvem outros neurotransmissores.
A nicotina exerce seus efeitos no cérebro através de receptores colinérgicos (amplamente 
distribuídos no sistema nervoso central), já que apresenta estrutura molecular semelhante à 
da acetilcolina. A administração continuada de nicotina altera a estrutura do SNC, aumentan-
do a densidade de receptores nicotínicos entre 100 e 300%, modificando a fisiologia do SNC. 
Isso pode ser comprovado pela detecção de alterações no EEG, no metabolismo cerebral e 
pela mensuração de diferentes níveis séricos de neurormônios. Esses efeitos, diferentes em 
fumantes e não fumantes, também são verificados em fumantes antes e após o ato de fumar.
A área ventral tegumentar (AVT) tem sido relacionada aos efeitos de recompensa de várias 
drogas de adição, como cocaína, álcool, opiáceos e nicotina, servindo de centro integrador 
dos efeitos psicoativos dessas substâncias.
Dopamina Prazer, diminuição do apetite, adição
NICOTINA
Norepinefrina
Acetilcolina
Vasopressina
Serotonina
Betaendorfina
Glutamato
GABA
Alerta, diminuição do apetite
Alerta, melhora da cognição
Melhora da memória
Modula o humor, diminui o apetite, alívio da síndrome de abstinência
Redução da ansiedade e tensão
Melhora da memória
Redução da ansiedade e tensão
FLUXOGRAMA – NEUROTRANSMISSORES LIBERADOS NO SNC POR AÇÃO DA NICOTINA
7TABAGISMO
Relação do tabagismo com as 
doenças não transmissíveis
O tabagismo é o mais importante fa-
tor de risco isolado para cerca de 50 
doenças, muitas delas graves e fatais, 
como o câncer, doenças cardiovascula-
res, enfisema e outras. O tabaco fuma-
do em qualquer uma de suas formas 
causa até 90% de todos os cânceres 
de pulmão e é um fator de risco signi-
ficativo para acidentes cerebrovascula-
res e ataques cardíacos mortais. 
Os produtos de tabaco que não pro-
duzem fumaça também causam de-
pendência e são responsáveis pelo 
desenvolvimento de câncer de ca-
beça e pescoço, esôfago e pâncreas, 
assim como muitas patologias buco-
-dentais. Além destes, o tabagismo 
pode levar ao câncer de bexiga, fí-
gado, colo de útero, laringe, cavidade 
bucal e estômago, além da leucemia 
mieloide aguda. 
SAIBA MAIS! 
As doenças cardiovasculares e o câncer, que têm o tabagismo como importante fator de risco, 
são atualmente a primeira e segunda causas de óbitos por doença no Brasil.
O fumo acelera o processo de enve-
lhecimento dos vasos arteriais, de-
terminando o aparecimento da ate-
rosclerose precoce. A fumaça dos 
produtos do tabaco tem alto conteú-
do de monóxido de carbono e este, ao 
chegar aos alvéolos, desloca a reação 
natural do oxigênio com a hemoglo-
bina, saturando esse pigmento com 
esse gás venenoso, que tem 210 ve-
zes mais afinidade de ligação com a 
hemoglobina que o oxigênio. Esta li-
gação resulta em prejuízo da hema-
tose. O monóxido de carbono e sua 
ligação com a hemoglobina forma um 
composto altamente estável, a carbo-
xiemoglobina, que pode ser medida 
no sangue de fumantes. Essa quan-
tidade é dependente de quanto o 
indivíduo fuma. 
Fumantes de 15 cigarros por dia têm, 
em média, 9% da massa total da he-
moglobina sob a forma de carboxie-
moglobina, aumentando rapidamente 
para 20% caso o consumo seja de 25 
cigarros ao dia, ou seja, o acréscimo é 
muito maior do que se esperaria numa 
relação diretamente proporcional. Os 
fumantes têm níveis de carboxie-
moglobina duas a 15 vezes maiores 
que os não-fumantes, o que reduz a 
quantidade total de oxigênio que 
vai chegar à célula. Assim, onde não 
existe oxigênio suficiente para suprir 
o metabolismo aeróbico ocorre o me-
tabolismo anaeróbio, com produção 
excessiva de oxidantes. O maior me-
tabolismo anaeróbio dos indivíduos 
tabagistas leva progressivamente a 
8TABAGISMO
lesões difusas das paredes do vaso, 
tornando-as mais rígidas.
Além desse mecanismo de hipóxia te-
cidual que afeta todas as camadas dos 
vasos, a nicotina, potente vasocons-
tritor, age diminuindo ainda mais o 
aporte de oxigênio para a periferia. 
Os fumantes acumulam, também, ra-
dicais livres de oxigênio que são dele-
térios para as paredes dos vasos. 
As reações inflamatórias liberam uma 
série de mediadores que interagem 
entre si, perpetuando o mecanismo 
formador das lesões. Nas diversas 
metanálises em que foram analisados 
os vários fatores de risco para a ocor-
rência de lesões vasculares, o tabagis-
mo foi o mais importante. Fumar pode 
aumentar agudamente a pressão 
arterial em aproximadamente 5 a 
10mmHg acima do seu valor basal. 
A ação vasoconstritiva arteriolar da ni-
cotina, quando absorvida em grandes 
quantidades, resulta em aumento da 
resistência vascular sistêmica e eleva 
a pressão arterial, podendo predis-
por a acidentes vasculares cerebrais 
agudos, angina do peito, infarto do 
miocárdio e morte súbita.
Figura 1. Efeitos da nicotina no corpo. Fonte: https://bit.ly/2Cly2eY
9TABAGISMO
Além destas, a impotência sexual 
masculina e os distúrbios da repro-
dução humana são grandes proble-
mas relacionados ao tabagismo. A 
impotência sexual masculina pode 
ocorrer por diminuição da irrigação 
sanguínea, motivada pelos mesmos 
mecanismos vasculares operantes no 
tabagismo. 
Na mulher fumante o índice de ferti-
lidade é significantemente inferior 
ao da que não fuma. Existem evi-
dências de que a mulher fumante 
chega à menopausa alguns anos 
antes que as não-fumantes, prova-
velmente, devido aos efeitos na des-
regulação hormonal provocada pelos 
produtos do tabaco.
SE LIGA! Comparados aos não fuman-
tes, estima-se que o tabagismo aumen-
ta o risco de:
• Desenvolver doença coronariana em 
2 a 4 vezes;
• Desenvolver acidente vascular ence-
fálico em 2 a 4 vezes;
• Desenvolver câncer de pulmão em 
23 vezes;
• Morrer de doenças pulmonares obs-
trutivas crônicas (como bronqui-
te crônica e enfisema) em 12 a 13 
vezes.
3. RASTREIO DO 
TABAGISTA
O primeiro passo para a Avalia-
ção da Pessoa Tabagista é o reco-
nhecimento do tabagista e esse 
reconhecimento pode acontecer du-
rante qualquer atendimento na Uni-
dade Básica de Saúde. Para isso, é 
essencial que o profissional de saúde 
dialogue com o paciente acerca do 
tabagismo, iniciando com o questio-
namento: “você fuma?”. Se o paciente 
informar para o profissional de saúde 
que é fumante, este deve interrogar 
ao paciente se há desejo de cessação 
do tabagismo: “você deseja parar de 
fumar?”. 
Para aqueles que não desejarem ces-
sar o uso do tabaco, é essencial que 
o profissional de saúde oriente eles 
em relação aos malefícios do tabagis-
mo, dos tipos de tratamento disponí-
veis para a cessação do tabagismo e 
da disponibilidade de tratamento na 
Unidade Básica e dos fluxos que os 
usuários devem seguir para iniciá-lo. 
Uma abordagem com foco na redu-
ção de danos pode ser utilizada, 
desde que encarada não como uma 
meta final, mas como uma possível 
estratégia para a cessação definitiva. 
Deve lembrar-se de que a redução de 
cigarros fumados não reduz o risco 
de doenças relacionadas ao tabaco.
Estimular que o tabagista não faça 
uso do cigarro em ambientes fecha-
dos, especialmente na presença de 
pessoas não fumantes, é uma boa 
forma de conscientizá-lo acerca dos 
riscos que o tabagismo representa 
para ele e para as demais pessoas. 
Além disso, faz-se necessário reali-
zar um acompanhamento periódico 
10TABAGISMO
destes usuários, visando monitorar a 
questão do tabagismo, reavaliando 
o grau de motivação para cessação 
(que pode se alterar ao longo do tem-
po) e sempre ofertando a possibilida-
de de tratamento. 
Para os usuários que desejarem ces-
sar o uso do tabaco, antes de se iniciar 
o tratamento, é essencial esclarecê-
-los quanto aos tipos de tratamen-
to que estão disponíveis, avaliando 
tambémsuas possibilidades singu-
lares de participação nas atividades 
oferecidas pela equipe de saúde. 
Mesmo o usuário que deseja cessar 
o tabagismo pode ser necessário es-
tratégias de motivação, sendo in-
dispensável uma avaliação individual 
para se identificar o nível de depen-
dência, o grau de motivação e a his-
tória pregressa da pessoa, situando o 
tabagismo na integralidade do sujeito.
O paciente que informar ser ex-fu-
mante deve ser parabenizado e o 
trabalho de “Prevenção de Recaída” 
deve ser instalado para esse paciente. 
Ofereça tratamento 
adequado
Parabenize e realize 
a “Prevenção de 
Recaída”
Motive para a cessação
Parabenize por nunca 
ter fumado
VOCÊ FUMA?
Deseja parar agora? Ex-fumante
SIM
Nunca fumei
NÃO
SIM NÃO
FLUXOGRAMA – RASTREIO DO TABAGISTA
4. ESTÁGIOS DE 
MOTIVAÇÃO PARA 
CESSAÇÃO DO 
TABAGISMO
A motivação do fumante é um fator 
essencial de se trabalhar no proces-
so de cessação do uso do tabaco e, 
contraditoriamente, um dos principais 
obstáculos para a equipe de saúde. 
Devido a isso, foi desenvolvido um 
modelo de avaliação do grau de 
motivação para a mudança, descre-
vendo etapas que podem ser identifi-
cadas no discurso da pessoa quando 
indagada acerca de sua vontade de 
mudança de hábito e de seus planos 
para buscar tratamento. 
11TABAGISMO
A aplicação deste método no contex-
to da cessação do tabagismo é sim-
ples, baseando-se em informações 
que podem ser coletadas por qual-
quer profissional da equipe de saúde 
no acolhimento ao usuário. Cabe ao 
profissional identificar quais os ele-
mentos que mais surgem na fala da 
pessoa e aplicá-los a um dos seis es-
tágios, descritas a seguir e esquema-
tizadas na Roda de Prochaska.
• Pré-contemplação – Não con-
sidera a possibilidade de mudar, 
nem se preocupa com a questão. 
“Eu não quero parar de fumar”. 
Nesse estágio, o profissional de 
saúde deve aumentar a percepção 
do usuários sobre os riscos e pro-
blemas do comportamento atual. 
• Contemplação – Admite o pro-
blema, é ambivalente e considera 
adotar mudanças eventualmente. 
“Eu quero parar de fumar, mas não 
sei quando”. 
Aqui, o profissional deve evocar as 
razões para a mudança, os riscos 
de não mudar e fortalecer a autos-
suficiência do usuário para a mu-
dança do comportamento atual.
• Preparação – Inicia algumas mu-
danças, planeja, cria condições para 
mudar, revisa tentativas passadas. 
“Eu tenho tentado parar de fumar 
de um tempo para cá” ou “Eu tenho 
uma data e um esquema para co-
meçar nos próximos 30 dias”. 
O papel do profissional nesse es-
tágio é ajudar o usuário a deter-
minar a melhor linha de ação a ser 
seguida na busca da mudança.
• Ação – Implementa mudanças 
ambientais e comportamentais, 
investe tempo e energia na exe-
cução da mudança. “Eu tenho feito 
uso descontínuo do cigarro de um 
mês para cá, ficando sem fumar 
pelo menos um dia inteiro durante 
este período”.
O profissional começará então a 
traçar planos para ajudar o usuário 
a dar passos rumo à mudança.
• Manutenção – Processo de conti-
nuidade do trabalho iniciado com 
ação, para manter os ganhos e 
prevenir a recaída. “Eu parei de 
fumar”. 
Quando o usuário já se encontra 
nessa fase, o profissional deve aju-
dá-lo a identificar e a utilizar estra-
tégias de prevenção da recaída.
• Recaída – Falha na manutenção 
e retomada do hábito ou compor-
tamento anterior – retorno a qual-
quer dos estágios anteriores. “Eu 
voltei a fumar regularmente”.
O profissional deve ajudar o usu-
ário a renovar os processos de 
contemplação, preparação e ação, 
sem que este fique imobilizado ou 
desmoralizado devido à recaída.
12TABAGISMO
SE LIGA! A recaída do usuário consiste no retor-
no ao padrão de tabagismo anterior ou até piorado. 
Quando o usuário, durante a manutenção da cessa-
ção, acaba por fumar 1 ou 2 cigarros em situações 
sociais, principalmente quando relacionadas à bebi-
da, chamamos de “lapso”.
FLUXOGRAMA – ESTÁGIOS MOTIVACIONAIS - RODA DE PROCHASKA
PRÉ-CONTEMPLAÇÃO
CONTEMPLAÇÃO
PREPARAÇÃOAÇÃO
MANUTENÇÃO
RECAÍDA
SAIBA MAIS! 
Síndrome de abstinência: muitas vezes, quando o fumante deixa de fumar, podem surgir sin-
tomas desagradáveis, tais como irritabilidade, inquietação, ansiedade, insônia, agressividade, 
cefaleia, tontura, dificuldade em se concentrar, impaciência, sudorese fria e desejo intenso por 
cigarros - a chamada «fissura». Estes sintomas caracterizam a «síndrome de abstinência» e 
se iniciam algumas horas após parar de fumar, tendo sua intensidade aumentada nos quatro 
primeiros dias, e desaparecem em torno de uma a duas semanas. A «fissura» em geral não 
dura mais que cinco minutos para aparecer e tende a permanecer por mais tempo que os 
demais sintomas. Porém, ela vai reduzindo gradativamente a sua intensidade e aumentando 
o espaço entre um episódio e o outro.
A síndrome de abstinência torna-se uma grande barreira para que o fumante consiga alcan-
çar seu objetivo de parar de fumar e permanecer abstêmio. Dessa forma, o médico deve ter 
conhecimento de seus sintomas para poder apoiá-lo durante esse processo.
13TABAGISMO
Tal graduação tem implicações clínicas 
diretas, pois o sucesso terapêutico de-
pende da superação do desequilíbrio 
entre a motivação do fumante em 
cessar com o tabagismo e o grau de 
sua dependência. Assim, fumantes de 
consumo intenso apresentam menor 
motivação, pois têm menor confiança 
na sua habilidade em superar os sinto-
mas de abstinência. Contudo, fuman-
tes leves podem ter baixa motivação 
por acreditarem que poderão parar de 
fumar em qualquer momento no futuro.
5. GRAU DE DEPENDÊNCIA
Considerando que o estado de de-
pendência é dinâmico e que as pes-
soas não podem ser classificadas 
simplesmente em dependentes ou 
não-dependentes, pois é muito sutil a 
divisão entre uso abusivo de droga e o 
estado de dependência, é importante 
ter instrumentos para se mensurar a 
intensidade deste estado. O Teste de 
Fagerström é um importante teste 
aplicado para graduar a dependência. 
1. Quanto tempo após acordar 
você fuma o seu primeiro cigarro?
 Dentro de 5 minutos = 3
 Entre 6-30 minutos = 2
 Entre 31-60 minutos = 1
 Após 60 minutos = 0
2. Você acha difícil não fumar em 
locais proibidos como igrejas, bi-
bliotecas, cinemas, ônibus, etc?
 Sim = 1
 Não = 0
3. Qual cigarro do dia traz mais 
satisfação?
 O primeiro da manhã = 1
 Outros = 0
4. Quantos cigarros você fuma por 
dia?
 Menos de 10 = 0
 De 11 a 20 = 1
 De 21 a 30 = 2
 Mais de 31 = 3
5. Você fuma mais frequentemente 
pela manhã?
 Sim = 1
 Não = 0
6. Você fuma mesmo doente, 
quando precisa ficar de cama a 
maior parte do tempo?
 Sim = 1
 Não = 0
Pontuação:
0-2 pontos: muito baixo 3-4 pontos: baixo 5 pontos: médio 6-7 pontos: elevado 
8-10 pontos: muito elevado
Tabela 1. Teste de Fagerström
Principais obstáculos para a 
cessação do tabagismo
• Ambivalência: É comum que o 
usuário apresente ambivalên-
cia durante o processo de cessa-
ção, trazendo em seus relatos ou 
atitudes o entendimento de que 
“precisam” parar de fumar, mas ao 
mesmo tempo de que “gostam de 
fumar”, questionando “como en-
frentar suas dificuldades na vida 
sem o cigarro”. Muitas vezes, essa 
ambivalência é percebida pelo pro-
fissional como falta de motivação. 
No entanto, é importante que o 
14TABAGISMO
profissional compreenda e esclare-
ça-o que é natural que se sinta di-
vidido entre parar e continuar, pois 
ele associou, ao longo dos anos 
como tabagista, o ato de fumar a 
muitos espaços e momentos de 
sua vida. O usuário deve ser esti-
mulado a desenvolver atividades 
alternativas, de modo a substituir 
o lugar que o cigarro ocupa em 
sua vida e, assim, ir desvinculan-
do em sua rotina as associações 
estabelecidas. Portanto, a ambi-
valência não deve ser interpretada 
como falta de motivação, mas sim 
um aspecto esperado durante o 
tratamento do tabagismo, como 
com qualquer outra droga. Esta 
ambivalência precisa ser exposta, 
acolhida e explicada como um sen-
timento esperado e comum para 
pessoas que estão passandopor 
este processo, debatendo estraté-
gias para trabalha-la e usá-la a seu 
favor: “o que você quer mais?”
• Ganho de peso: O ganho de peso 
é um importante obstáculo para a 
cessação tabágica. Estima-se que 
ocorra uma redução da taxa me-
tabólica basal de 4% a 16% ao se 
deixar de fumar. A preocupação 
com o ganho de peso ao deixar de 
fumar torna-se uma importante 
barreira para que alguns fumantes 
tomem essa decisão, principalmen-
te entre as mulheres. Em um estu-
do, 50% das mulheres e 26% dos 
homens tabagistas afirmam que 
o medo de engordar após a ces-
sação do tabagismo desencoraja 
que tomem a decisão de parar de 
fumar. Após a cessação, o ganho 
de peso pode ser um importante 
fator para a recaída. O profissio-
nal de saúde não deve negar, tam-
pouco minimizar, a possibilidade de 
ganho de peso com a cessação do 
tabagismo para a pessoa motivada 
a parar de fumar. Deve-se reforçar 
que parar de fumar é sempre bené-
fico, mesmo com o risco de ganho 
de peso. É uma boa oportunidade 
para se recomendar uma dieta ba-
lanceada rica em frutas, verduras, 
legumes, com baixo teor de gor-
dura e elevado consumo de água. 
Entretanto, é prudente não indicar 
uma dieta rigorosa logo no primei-
ro momento de mudança do hábito. 
Por fim, deve estimular o usuário a 
praticar atividades físicas regulares, 
de acordo com sua condição clínica.
• Síndrome da abstinência: Como 
já dito anteriormente, a síndrome 
de abstinência da nicotina é uma 
das mais importantes barreiras 
para a cessação do tabagismo. Os 
principais sinais e sintomas dessa 
síndrome são irritabilidade, cefa-
leia, tristeza, ansiedade, agressivi-
dade, dificuldade de concentração, 
distúrbio do sono, fissura. O profis-
sional de saúde, durante o acom-
panhamento do tabagista, deve 
estar atento a esses sintomas e 
avaliar a necessidade de uso de 
15TABAGISMO
medicamentos para seu alívio, lem-
brando que a orientação da pessoa 
neste momento, em geral, é a inter-
venção de maior impacto, principal-
mente em relação à questão de que 
a síndrome de abstinência cessa 
em alguns dias. Além disso, outros 
recursos podem ser usados, base-
ados principalmente em técnicas 
comportamentais para manejo do 
estresse, distração e substituição.
• Consumo de álcool: A depen-
dência da nicotina está relaciona-
da ao consumo aumentado de ál-
cool. Fumantes são 
mais propensos a 
consumir bebidas 
alcoólicas e os con-
sumidores do álcool 
mais propensos a 
fumar, essa relação, 
portanto, pode ser 
considerada bidi-
recional e dose de-
pendente. No caso 
de tabagistas, que 
também apresen-
tam uso nocivo do 
álcool, é importante, 
já na abordagem ini-
cial, averiguar o de-
sejo do usuário em 
cessar o consumo 
de ambas as subs-
tâncias, pesando os 
riscos à saúde e os 
danos mais imedia-
tos a sua vida e de 
sua família, realizando um planeja-
mento adequado. Não há consen-
so quanto à melhor estratégia a se 
usar: propor a interrupção do taba-
gismo e do alcoolismo ao mesmo 
momento; ou se em momentos di-
ferentes. Recomenda-se, portanto, 
que o profissional de saúde avalie 
cada caso individualmente, pe-
sando os riscos e os benefícios da 
abordagem para cessação simultâ-
nea. O mesmo ocorre com pessoas 
que, além do tabaco, são depen-
dentes de outras drogas.
Figura 2. Benefícios ao organismo com a cessação do 
tabagismo. Fonte: https://bit.ly/38KzjrZ
16TABAGISMO
6. TRATAMENTO
Não farmacológico
O tratamento da dependência à ni-
cotina tem como eixo central a abor-
dagem cognitivo-comportamental, 
que combina intervenções cognitivas 
e treinamento de habilidades com-
portamentais, visando a cessação 
e a prevenção de recaídas, poden-
do acrescentar a utilização de apoio 
medicamentoso.
Os fumantes frequentemente sofrem 
de ansiedade e o tabaco acaba sen-
do usado por estes como um meio 
(muitas vezes, o único) de minimizar 
o problema. Fumar gera sensação de 
tranquilidade na situação vivenciada, 
muitas vezes proporcionando ao fu-
mante o adiamento de um enfrenta-
mento real da situação. Os recursos 
pessoais para lidar com situações de 
estresse são muitas vezes subesti-
mados e/ou ignorados. Com a redu-
ção do efeito da nicotina, a ansiedade 
progressivamente retorna, o que leva 
o fumante ao próximo cigarro, perpe-
tuando o ciclo.
A abordagem cognitivo-comporta-
mental tem como objetivo a detec-
ção de situações de risco que levam 
o indivíduo a fumar, desenvolvendo 
estratégias de enfrentamento des-
sas situações. O fumante vive situa-
ções rotineiras sem buscar o cigarro, 
aprendendo a resistir à vontade de 
fumar. Ele é estimulado a tornar-se 
um agente de mudança de seu pró-
prio comportamento.
Farmacológico
Quando essa abordagem é insufi-
ciente e principalmente nos casos de 
elevado grau de dependência, pode-
mos associar medicamentos com-
provadamente eficazes. Estes são 
classificados em dois grupos gerais, 
conforme o mecanismo de ação e a 
eficácia. Destacam-se os nicotínicos 
(terapia de reposição nicotínica – TRN 
– que pode ser feita utilizando ade-
sivo, goma de mascar, spray nasal, 
inalação e pastilhas) e os não nicotí-
nicos (Bupropiona, Vareniclina, Nor-
triptilina, Clonidina). 
Para a maioria dos pacientes, sugeri-
mos a Vareniclina ou uma combina-
ção de dois produtos de reposição de 
nicotina (um adesivo mais uma forma 
de ação curta, como a sub-lingual ou 
a pastilha) como terapia farmacoló-
gica de primeira linha. A TRN combi-
nada consiste em usar o adesivo de 
nicotina (uma forma de TRN de ação 
prolongada) e uma TRN de ação cur-
ta da escolha do paciente, geralmen-
te goma de nicotina ou pastilha de ni-
cotina. No entanto, o uso de TRN de 
tipo único é uma alternativa razo-
ável com base no custo, nos perfis 
de efeitos colaterais e na preferên-
cia do paciente.
A Bupropiona parece ser um pouco 
menos eficaz que a combinação TRN 
17TABAGISMO
ou Vareniclina, mas é uma alternati-
va razoável de primeira linha se o pa-
ciente tiver tido sucesso a curto prazo 
com a Bupropiona em uma tentativa 
anterior de abandono, se o custo for 
um problema, se o paciente tiver de-
pressão isso também se beneficiaria 
do tratamento ou se o paciente de-
seja evitar temporariamente o ganho 
de peso pós-cessação. No entanto, 
a Bupropiona é contraindicada em 
pacientes com distúrbio convulsivo 
ou predisposição a convulsões.
O uso de medicamentos está indica-
do para facilitar a abordagem cogni-
tivo-comportamental, sempre com 
avaliação clínica rigorosa, seguindo 
os seguintes critérios:
Fumantes de 10 ou mais cigarros por dia
Fumantes com escore no teste de Fagerström a partir de 5
Consumo menor, porém com sintomas da abstinência expressivos
Insucesso com metodologia comportamental
Fumar o primeiro cigarro antes de 30 minutos ao acordar
Desde que não haja contraindicação clínica na escolha do medicamento, deve-se levar em conta o desejo 
do paciente em usá-lo, o que poderá aumentar a adesão ao tratamento
FLUXOGRAMA – CRITÉRIOS PARA USO DE MEDICAMENTOS
Terapia de Reposição de Nicotina 
(TRN)
O objetivo da TRN é oferecer a nicoti-
na sem o uso de tabaco e assim aliviar 
os sintomas de abstinência, quebran-
do o comportamento de consumo de 
cigarros relacionado à dependência 
física. A TRN é dividida em agen-
tes de ação rápida que são a goma 
e a pastilha e agente de ação longa 
como o adesivo.
As taxas de sucesso na cessação do 
tabagismo melhoram significativa-
mente com o uso da terapia de re-
posição de nicotina (TRN), dobrando 
aproximadamente a probabilidade de 
parar de fumar em comparação com 
o placebo.
18TABAGISMO
A terapia de reposição de nicotina 
deve ser usada com cautela em pa-
cientes com arritmias graves subja-
centes, naqueles com angina de peito 
grave ou com piora e naqueles com 
um infarto do miocárdio recente (< 2 
semanas). Isso ocorre porque a nico-
tina pode causar efeitos cardiovascu-
lares adversos, aumentando a carga 
de trabalho do miocárdio através do 
aumento da frequência cardíaca e 
pressão arterial. A nicotina também 
pode contrair artérias coronárias, le-
vando a isquemiacardíaca. No en-
tanto, os riscos de TRN em pacientes 
com doença cardiovascular são pe-
quenos em relação aos riscos de con-
tinuar fumando. 
A FDA classificou a nicotina como 
uma “categoria de gravidez D”, o que 
significa que há evidências de risco 
para o feto humano. Consequente-
mente, nenhuma das formulações de 
TRN recebeu aprovação da FDA para 
uso na gravidez. Embora a TRN possa 
representar um risco para o feto em 
desenvolvimento, é indiscutivelmente 
menor do que os riscos de continuar 
fumando.
No entanto, como se supõe que a 
TRN pode causar danos fetais quan-
do administrada durante a gravidez, 
a TRN deve ser reservada para mu-
lheres que não conseguem parar de 
usar métodos não farmacológicos. Se 
a TRN for utilizada, é prudente pres-
crever doses na extremidade baixa 
do intervalo de doses para efeito e 
considerar o uso de formulações que 
produzam exposição intermitente ao 
invés de contínua da droga, por exem-
plo, goma, spray nasal ou inalador.
SE LIGA! O efeito da droga na terapia 
de reposição nicotínica é rápido, por isso 
o paciente deve interromper o tabagis-
mo já no primeiro dia de tratamento.
Adesivo transdérmico de nicotina
O adesivo de nicotina fornece a en-
trega mais contínua de nicotina en-
tre todos os produtos de TRN e é 
o mais simples de usar. O adesivo 
possui um padrão de ação lenta de li-
beração de nicotina, que produz um 
alívio relativamente constante da reti-
rada do cigarro por 24 horas. 
O adesivo transdérmico de nicotina é 
encontrado nas apresentações de 21 
mg, 14 mg e 7 mg, e sua posologia 
varia de acordo com o grau de depen-
dência física à nicotina, avaliada por 
meio do escore obtido no Questio-
nário de Fagerström ou simplesmen-
te pelo número de cigarros fumados 
por dia. O adesivo deve ser fixado na 
pele, trocado a cada 24 horas, fazen-
do um rodízio do local da aplicação a 
cada 24 horas. 
Deve-se evitar colocá-lo no seio (em 
mulheres), em regiões de pelos ou em 
áreas expostas ao sol. Não há, porém, 
restrição quanto ao uso na água. A 
posologia recomendada é decres-
cente, uma vez que os sintomas de 
19TABAGISMO
abstinência são controlados com o 
passar do tempo. A duração do trata-
mento com os adesivos é, em média, 
de 12 semanas. 
O metabolismo da droga é hepáti-
co e sua eliminação é renal, por isso, 
deve-se ficar atento aos pacientes 
com grave insuficiência desses dois 
órgãos. 
SE LIGA! Para o paciente que fuma mais 
de 10 cigarros por dia deve-se iniciar o 
tratamento com a dose mais alta de ni-
cotina (21 mg/dia) por seis semanas, se-
guida de 14 mg/dia por duas semanas 
e terminar com 7 mg/dia por mais duas 
semanas. Caso o paciente consuma 10 
cigarros ou menos por dia ou possua um 
peso inferior a 45 kg, deve-se começar 
com o adesivo de nicotina de dose mé-
dia (14 mg/dia) por seis semanas, segui-
do por 7 mg/dia por duas semanas.
A duração mais longa do tratamento 
com o adesivo de nicotina pode levar 
a melhores taxas de cessação do ta-
bagismo. Geralmente, a TRN é usa-
da até que o paciente sinta que ele 
se estabilizou como não fumante. O 
adesivo pode ser continuado por mais 
tempo, mesmo indefinidamente, se 
necessário, pois a TRN é mais segu-
ra do que continuar fumando. A TRN 
é frequentemente usada por um 
período mais longo em pacientes 
com doença psiquiátrica ou outros 
transtornos relacionados ao uso de 
substâncias.
Goma de nicotina
A goma de nicotina é um TRN de ação 
curta comumente usada. A goma de 
mascar libera nicotina para ser absor-
vida pela mucosa oral, resultando em 
níveis máximos de nicotina no san-
gue 20 minutos após o início da mas-
tigação e, devido a isso, é ideal para 
períodos de fissura. A goma de nicoti-
na está disponível em vários sabores 
que a maioria dos usuários considera 
preferíveis ao sabor original.
A dosagem é determinada pelo nú-
mero de cigarros fumados diariamen-
te, da seguinte forma:
• Fumantes que fumam 25 ou mais 
cigarros por dia, recomenda-se 
uma dose de 4 mg;
• Fumantes que fumam menos de 
25 cigarros por dia, recomenda-se 
uma dose de 2 mg;
O paciente deve mastigar pelo menos 
um pedaço de chiclete a cada uma a 
duas horas enquanto estiver acor-
dado e também sempre que houver 
vontade de fumar e usar até 24 pe-
daços de chiclete por dia durante seis 
semanas. Essa quantidade deve ser 
reduzida gradualmente o uso du-
rante uma segunda seis semanas, 
por um período total de três meses.
A irritação gástrica e esofágica pode 
ocorrer se a goma for mastigada mui-
to rapidamente, porque a nicotina é 
liberada mais rapidamente do que 
20TABAGISMO
pode ser absorvida pela mucosa bu-
cal e a nicotina é engolida. A nicotina 
absorvida pelo trato gastrointestinal 
é amplamente metabolizada pelo fí-
gado e, portanto, é relativamente ine-
ficaz para a cessação do tabagismo. 
Dessa forma, os efeitos colaterais 
consistem em náusea, vômito, dor ab-
dominal, constipação, soluços, dor de 
cabeça, salivação em excesso, dor no 
maxilar e irritação na boca ou úlceras.
Bebidas ácidas, como café, bebidas 
carbonatadas, devem ser evitadas 
antes e durante o uso de goma, pois 
as bebidas ácidas diminuem o pH 
oral, o que faz com que a nicotina se 
ionize e reduz a absorção de nicotina.
Embora a escolha da farmacoterapia 
para a população em geral seja tipi-
camente baseada na preferência do 
paciente, a farmacoterapia pode pre-
cisar de adaptação devido a contrain-
dicações ou comorbidades e para pa-
cientes em contextos ou populações 
específicos.
SE LIGA! Doença cardiovascular - Em 
pacientes com doença cardiovascu-
lar estável (DCV), usamos os mesmos 
tratamentos da população em geral. A 
Vareniclina, a TRN e a Bupropiona são 
eficazes nessa população.
7. FÁRMACOS NÃO 
NICOTÍNICOS
Bupropiona
Em 1997, a Bupropiona de liberação 
sustentada foi aprovada como o pri-
meiro medicamento não nicotínico 
para parar de fumar. Pensa-se que 
o mecanismo de ação desse agente, 
originalmente comercializado como 
antidepressivo, seja devido à sua ca-
pacidade de bloquear a recaptação 
neural dos neurotransmissores do-
pamina e norepinefrina, reduzindo os 
desejos de nicotina e os sintomas de 
abstinência. 
SE LIGA! Os pacientes devem iniciar a 
terapia com Bupropiona 1 a 2 semanas 
antes da data de cessação do taba-
gismo, começando com 150 mg uma 
vez ao dia por 2 dias e depois aumen-
tando para 150 mg duas vezes ao dia. 
O medicamento é iniciado antes da data 
de término porque os níveis terapêuti-
cos são atingidos após cerca de 7 dias 
de terapia.
Os efeitos adversos associados à te-
rapia com Bupropiona incluem insô-
nia (30% a 40%) e boca seca (11%), 
além de náuseas, vômitos, diarreia e 
dor abdominal, sendo que estes efei-
tos geralmente diminuem com o uso 
continuado. Tomar a segunda dose 
no início da noite, mas não antes de 8 
horas após a primeira dose, pode mi-
nimizar a insônia. 
21TABAGISMO
O aumento da pressão arterial tam-
bém pode ocorrer com o uso desse 
medicamento. A Bupropiona é con-
traindicada em pacientes com his-
tórico de convulsões ou fatores co-
nhecidos por aumentar o risco de 
convulsões, incluindo um diagnóstico 
atual ou anterior de bulimia ou ano-
rexia nervosa, tumores do sistema 
nervoso central, diagnóstico de epi-
lepsia, convulsão febril na infância, 
alterações no eletroencefalograma 
e uso concomitante de medicamen-
tos conhecidos por diminuir o limiar 
convulsivo. 
Vareniclina
A Vareniclina reduz os sintomas de 
abstinência ao bloquear a ligação da 
nicotina ao receptor que medeia os 
efeitos reforçadores da nicotina que 
levam à sua dependência. Por meio 
dessa ação, a Vareniclina reduz os 
aspectos gratificantes do tabagismo. 
Apesar das preocupações anteriores 
com a possível ocorrência de humor 
depressivo e ideação suicida nos pa-
cientes em uso dessa droga, dados 
subsequentes indicam que a Vare-
niclina não causa excesso de efei-
tos colaterais neuropsiquiátricos em 
comparação com a reposição de ni-
cotina ou Bupropiona. Em dezem-
bro de 2016, a Food and Drug Ad-
ministration (FDA) dos EUA removeu 
o aviso em caixasobre os possíveis 
efeitos colaterais neuropsiquiátricos 
necessários em 2009.
TRATAMENTO
Vareniclina + TRN TRN, Vareniclina ou Bupropiona
Combinação de TRN
TRN + Bupropiona
Vareniclina + Bupropiona
Abordagem cognitivo-
comportamental Falha no tratamento Sem tratamento prévio
Não farmacológico Farmacológico
FLUXOGRAMA – TRATAMENTO
22TABAGISMO
FLUXOGRAMA – MAPA RESUMO TABAGISMO
Doenças relacionadas
Disfunção erétil e 
redução da fertilidade
Câncer de pulmão, pâncreas, 
esôfago, bexiga, entre outros
Diabetes
Asma, DPOC, Tuberculose
Tratamento
Veraniclina, Bupropiona, 
Clonidina, Nortriptilina
Goma de mascar, adesivo, 
pastilhas, inalador, spray nasal, 
sub-lingual
Abordagem cognitivo-
comportamental
Não-nicotínico
Nicotínico
Não-farmacológico Farmacológico
Estágios motivacionais
Manutenção
Recaída Pré-contemplação Contemplação
Ação Preparação
Graduação de dependênciaTeste de Fagerström
Epidemiologia
Redução de 15 anos na 
expectativa de vida
Principais usuários são 
homens negros, pobres, de 
zona rural
Principal causa de morte 
evitável no mundo
23TABAGISMO
REFERÊNCIAS 
BIBLIOGRÁFICAS 
Diretrizes para cessação do tabagismo. J. bras. pneumol. vol.30. São Paulo. 2004.
INCA 2020. 
Medications for smoking cessation - Robin L Corelli, Karen Suchanek Hudmon
O cuidado da pessoa tabagista – Caderno de Atenção Básica – Ministério da Saúde
Pneumologia – Guia de Medicina Ambulatorial e Hospitalar da EPM-UNIFESP. 2 ed. (2014)
Pratica Pneumológica. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) Segunda 
edição (2017)
UpToDate 2020: Pharmacotherapy for smoking cessation in adults
24TABAGISMO

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