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Oncologia clínica - Aula 10 - Tabagismo

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1 
Beatriz Machado de Almeida 
Oncologia – Tabagismo – Aula 10 
Introdução 
Tabagismo é um problema de saúde pública mundial! 
Independentemente de você se tornar oncologista ou 
não, o combate ao tabagismo faz parte da 
obrigação do médico como promoção à saúde. 
Está havendo uma queda significativa da incidência 
e da prevalência do tabagismo, pois os indivíduos já 
não fumam como antigamente. 
Ao fazer a anamnese, principalmente quando são 
pacientes com 60-70 anos, na grande maioria das 
vezes, os tabagistas começaram com uma idade muito 
precoce (12 anos). Às vezes começaram com o uso de 
fumo de rolo, já que muitas famílias tinham fábricas 
desse fumo, e não com o cigarro propriamente dito. 
Muito pacientes, ao receberem diagnóstico de 
câncer, já conseguem parar de fumar. Na grande 
maioria das vezes, pela presença da própria doença, a 
tendência é parar de fumar, porém muitos ainda 
permanecem fumando. Então, o médico tem o 
trabalho de conscientização. 
Hoje em dia, existem diversas formas de cigarros, 
como por exemplo, o cigarro eletrônico, que é muito 
utilizado pela população mais jovem (> 18 anos). 
É importante saber que existe tratamento disponível 
na rede pública. 
• O tabagismo é uma doença (dependência de 
nicotina) que tem relação com aproximadamente 
50 enfermidades, dentre elas vários tipos de 
câncer, doenças do aparelho respiratório e 
doenças cardiovasculares; não é somente o 
câncer que está relacionado ao tabagismo. Tem 
que lembrar que o tabagismo afeta 
negativamente a função cardíaca e a respiratória 
e que, além disso, o paciente pode vir a 
desenvolver um câncer. 
• Estima-se que, no Brasil, a cada ano, cerca de 
157 mil pessoas morram precocemente devido 
às doenças causadas pelo tabagismo. Os 
fumantes adoecem com uma frequência duas 
vezes maior que os não fumantes; pneumonia, 
por exemplo, não tem a mesma repercussão em 
pacientes tabagistas e não tabagistas, sendo que 
estes últimos, muitas vezes podem passar ilesos. 
Os tabagistas tem problemas maiores, mais 
sintomas, bactérias mais agressivas 
(normalmente; o pulmão é uma área propícia e 
hospitaleira), maior chance de complicações, 
menor desempenho físico por conta dos 
problemas respiratórios e menor resistência. 
• De acordo com a Revisão da Classificação 
Estatística Internacional de Doença e Problemas 
Relacionados à Saúde (CID-10), o tabagismo 
integra o grupo de transtornos mentais e 
comportamentais em razão do uso de 
substância psicoativa (nicotina). Ele também é 
considerado a maior causa evitável isolada de 
adoecimento e mortes precoces em todo o 
mundo. 
Formas de exposição ao tabaco e nicotina 
• Cigarros clássico: vários modelos, tipos, sabores; 
• Charuto e cachimbo: não tem nicotina, mas tem 
outras substâncias tóxicas e prejudiciais. 
• Cigarros eletrônicos ou vaporizadores; 
• Tabaco que não produz fumaça (tabaco de 
mascar e rapé): uso muito comum no interior. 
Exposição tópica porque o indivíduo masca o 
tabaco. 
• Exposição oral inadvertida ao tabaco: às vezes 
a pessoa está fumando do seu lado. Criança, 
principalmente, são as que mais sofrem por conta 
dos pais tabagistas. 
• Exposição cutânea ao tabaco; 
• Exposição passiva à fumaça de tabaco: é aquela 
pessoa que mora com um fumante. É praticamente 
a mesma coisa que exposição oral inadvertida ao 
tabaco. 
Cigarros eletrônicos 
• São dispositivos com uma bateria e um cartucho 
contendo um pulverizador que aquece uma 
solução de propilenoglicol, glicerol e geralmente, 
mas nem sempre, nicotina; aqui, o problema maior 
não é nem a nicotina (também presente no cigarro 
normal), mas sim as substâncias tóxicas e 
Tabagismo 
 
2 
Beatriz Machado de Almeida 
Oncologia – Tabagismo – Aula 10 
cancerígenas, que chegam a ser do mesmo valor 
ou até pior que a nicotina. 
• Não há combustão ao usar cigarros eletrônicos, 
o aerossol emitido pelo dispositivo é mais do 
que vapor d`água; não é bem uma fumaça. 
• Além de frequentemente conter nicotina, o 
aerossol do cigarro eletrônico tem partículas 
ultrafinas, que podem ser inaladas e chegar ao 
pulmão; aromatizante como diacetil, um produto 
químico ligado a doença pulmonar grave; 
compostos orgânicos voláteis, substâncias 
químicas que causam câncer; e metais pesados 
(por exemplo níquel, estanho e chumbo,), embora 
todos em níveis mais baixos do que a fumaça do 
cigarro convencional. 
Às vezes, o paciente acha que sair do cigarro 
convencional e ir para o cigarro eletrônico é uma 
etapa de desmame do tabagismo. Porém, essa 
estratégia não traz nenhum tipo de benefício na 
tentativa de cessação do tabagismo. 
• Cigarros eletrônicos são outra forma de 
fornecimento de nicotina. 
• A nicotina inalada de alguns dispositivos de 
cigarro eletrônico é fornecida para o cérebro 
tão rapidamente quanto a nicotina dos cigarros 
convencionais, os pacientes podem manter uma 
dependência semelhante com os cigarros 
eletrônicos, embora com exposição menos 
prejudicial do que a dos cigarros convencionais; 
• O uso duplo (uso continuado de cigarros 
convencionais e cigarros eletrônicos) também é 
comum e os benefícios para a saúde dos cigarros 
eletrônicos no contexto do uso duplo não estão 
comprovados. 
• Em comparação, as terapias de reposição de 
nicotina aprovadas pela FDA demonstraram 
eficácia para ajudar os fumantes a conseguir 
parar com vários benefícios adicionais: 
❖ Efeitos colaterais pequenos e leves; 
❖ Baixa probabilidade de induzir dependência; 
❖ Nenhum potencial de uso indevido entre os 
jovens ou evidências de que os jovens passarão 
para o uso de produtos de tabaco convencional. 
 
 
Fisiopatologia 
• Nicotina é um fármaco altamente viciante 
encontrada no tabaco, sendo um dos principais 
componentes da fumaça do cigarro; 
• A compulsão por cigarro pode começar depois 
de dias da primeira utilização; normalmente, não 
é apenas uma tragada. Tem que ter uma exposição 
maior para que se possa ter uma tendência a 
ter uma compulsão por nicotina. 
• A nicotina estimula os receptores colinérgicos 
de nicotina no cérebro, liberando dopamina e 
outros neurotransmissores, o que ativa o 
sistema de recompensa do cérebro durante 
atividades prazerosas, de forma semelhante à 
da maioria das outras drogas viciantes. Lembrar 
que a dopamina é a substância do prazer, sendo 
liberada a partir do momento em que a nicotina 
estimula os receptores colinérgicos. 
TABAGISMO ENTRE ADULTOS 
Tabagismo na população acima de 18 anos no 
Brasil entre 1989 e 2019 
 
Em 1989, era mais ou menos uma média de 34,8% da 
população de tabagisma; destes, 43,3% eram homens 
e 27,0% eram mulheres. Em 2003, houve uma nova 
pesquisa (Pesquisa Mundial de Saúde), na qual foi 
vista que a quantidade de tabagistas caiu de 34,8% 
para 22,4%; destes, 27,1% eram homens e 18,4% 
eram mulheres. Em 2008, uma Pesquisa Especial de 
Tabgismo mostrou uma queda ainda mais significativa, 
chegando a 18,5%; destes, 22,9% eram homens e 
13,9% eram mulheres. Em 2013, 14,7% da população 
era tabagista; destes, 18,9% eram homens e 11,0% 
eram mulheres. Em 2019, a Pesquisa Nacional de 
Saúde mostrou que 12,6% da população acima de 18 
anos é tabagista; destes, 15,9% eram homens e 9,6% 
eram mulheres. Teve um período entre 2003 e 2008 
em que as mulheres começaram a se aproximar mais 
dos homens em relação a quantidade de fumantes, 
chegando a acreditar que ultrapassariam. Nesta 
 
3 
Beatriz Machado de Almeida 
Oncologia – Tabagismo – Aula 10 
época, teve um aumento significativo de câncer 
pulmão, que agora está mais em queda. 
 
Gráfico: mostra a queda da prevalência. Avalia de 
acordo com o período e com as medidas de saúde 
pública. Em azul representa a prevalência de homens 
e, em vermelho, de mulher. 
Não tem como fazer um combate a algo se não 
tiver medidas públicas pra isso. Essas medidas 
incluem desde a assistência básica até a assistênciade alta complexidade. Em 1989 começou o primeiro 
imposto específico do cigarro, aumentando o preço 
do produto, o que levou a uma certa diminuição do uso. 
Imagens de advertência, restrição de publicidade, 
leis sobre o ambiente e aumento do preço do 
cigarro foram medidas adotadas em 1996. Logo 
depois, teve uma lei proibindo a venda para jovens 
abaixo de 18 anos. 
Até hoje, é obrigatório que as imagens de pessoas 
com câncer, traqueostomia, emagrecidos e com 
diversas outras alterações, apareçam nos maços de 
cigarro. São medidas de advertência chocantes, mas 
são necessárias pra lidar com o vício. 
Antigamente, era muito fácil ter propaganda de 
cigarro na televisão. Mostrava uma mulher linda, 
magra (lembrar que a cessação do tabagismo faz a 
pessoa engordar), arrumada e com um cigarro na mão. 
Às vezes, colocava um homem atleta, correndo, com a 
finalidade de estabelecer o uso do cigarro como uma 
forma de sucesso. Hoje, essas publicidades foram 
proibidas. 
Entre 2007 e 2009, foram criadas as Leis Municipais 
sobre ambientes livres, que foram as que mais 
trouxeram impacto. Isso porque, a partir do momento 
em que você não pode fumar em um ambiente fechado 
(exemplo: bar e restaurante), você vai se controlar 
um pouco mais, diminuindo a quantidade de cigarros 
usados. 
Doenças relacionadas ao tabagismo 
NEOPLASIAS 
• Leucemia mieloide aguda; 
• Câncer de bexiga; 
• Câncer de pâncreas; 
• Câncer de fígado; 
• Câncer de colo de útero; 
• Câncer de esôfago; 
• Câncer nos rins; 
• Câncer de laringe; 
• Câncer de pulmão; 
• Câncer na cavidade oral; 
• Câncer de faringe; 
• Câncer de estômago. 
Resumo: todos de cabeça e pescoço e basicamente 
quase todos do trato gastrointestinal. 
DOENÇA DO APARELHO RESPIRATÓRIO 
• DPOC; 
• Enfisema pulmonar; 
• Bronquite crônica; 
• Asma; 
• Infecções respiratórias. 
O tabagismo entra como um critério maior no 
paciente vítima de COVID. Quanto maior a carga 
tabágica, mais sequelas respiratórias. 
DOENÇAS CARDIOVASCULARES 
• Angina; 
• Infarto agudo do miocárdio; 
• Hipertensão arterial; 
• Aneurismas; 
• Acidente Vascular Cerebral; 
• Tromboses: existem as tromboses e as 
tromboangeítes obliterantes secundárias ao 
cigarro (o próprio cigarro faz pequenos trombos 
nos pequenos vasos e, dentre esses, os vasos das 
 
4 
Beatriz Machado de Almeida 
Oncologia – Tabagismo – Aula 10 
extremidades; se o paciente for diabético, pior 
ainda). Normalmente, essas pequenas tromboses 
começam a causar isquemia no local, sendo na 
maioria das vezes, tromboses arteriais; o 
paciente faz isquemia (dedo preto) que precisa de 
amputação. 
Pacientes grandes tabagistas tem que ter as 
extremidades bem avaliadas. Além dos dedos 
amarelos (por conta do tabagismo), podem ter 
amputação causada por tromboangeítes obliterantes 
decorrentes do tabagismo. 
Fármacos utilizados para cessação 
A questão comportamental é de extrema 
importância, mas o doente tem que querer parar. É 
muito mais difícil parar de fumar do que parar de 
beber. Isso porque, a nicotina tem um poder viciante 
muito maior do que o álcool. Tem pacientes que 
conseguem parar sozinhos, mas caso não seja 
possível, o objetivo do médico é tentar utilizar algum 
medicamento que possam ajudar. 
• Brupropriona: aumenta a liberação cerebral de 
noradrenalina e dopamina; então, teoricamente, 
o paciente não vai buscar o prazer no cigarro, 
porque o próprio medicamento por si só já vai dar 
o prazer. 
• Vareniclina: hoje, é a monoterapia mais eficaz 
utilizada isoladamente; atua no receptor de 
nicotina-acetilcolina (a subunidade a-4 b-2), 
onde atua como agonista parcial, bloqueando os 
efeitos da nicotina; 
❖ O efeito da vareniclina é atenuar os sintomas da 
abstinência de nicotina e diminuir os efeitos 
prazerosos do tabagismo se o paciente recair; 
❖ A vareniclina é a monoterapia mais eficaz 
disponível para a cessação do tabagismo. 
Tirar o cigarro, muitos conseguem. O grande 
problema é a abstinência levando à recaídas. Quando 
o paciente recebe a vareniclina, ela vai fazer o papel 
da nicotina, dando o prazer necessário. 
• Combinações de diferentes produtos de 
reposição de nicotina são mais eficazes do que 
cada produto isoladamente e são comparáveis 
em termos de eficácia à vareniclina; 
• A combinação do adesivo de nicotina a um 
fármaco de ação mais curta de reposição de 
nicotina (por exemplo pastilha, goma, spray 
nasal ou inalador) é mais eficaz do que a 
monoterapia (ex. adesivo transdérmico puro); 
• Quando utilizado em associação, o adesivo de 
nicotina ajuda a manter concentrações contínuas 
e o uso de chiclete, pastilha, inalador ou spray 
nasal possibilita o paciente elevar as 
concentrações de nicotina em resposta aos 
desejos imediatos. Ex. o adesivo tem uma 
liberação lenta de nicotina e às vezes o paciente 
sente o desejo de fumar; neste caso, ele faz uso 
da goma, que é como se fosse uma substituição 
do cigarro, o que diminui à vontade. 
• Administrar a terapia de reposição da nicotina 
na dose de cerca de 1mg por cigarro fumado 
por dia. Os pacientes que utilizam o adesivo de 
nicotina devem continuar a usá-lo, mesmo que 
tenham uma recaída e fumem. 
 
O que é feito normalmente: 
BUPROPRIONA DE LIBERAÇÃO 
PROLONGADA 
• Dosagem: 150mg pela manhã durante 3 dias 
(começando 1-2 semanas antes de parar de 
fumar), a seguir 150mg duas vezes ao dia; pode-
se manter a dose em 150mg uma vez ao dia se o 
esquema de duas doses diárias não for tolerado. 
Ex. O paciente fala que vai parar de fumar em 
determinado dia ... então ele tem que iniciar o uso 
do medicamento + ou - 15 dias antes da tentativa. 
• Duração: 7-12 semanas inicialmente (pode 
continuar por até 6 meses). 
 
5 
Beatriz Machado de Almeida 
Oncologia – Tabagismo – Aula 10 
• Efeitos adversos: insônia, boca seca, sintomas 
neuropsiquiátricos. 
• Comentários: vendido apenas com prescrição 
médica; contraindicada com antecedentes de 
convulsões, distúrbios alimentaers, uso de 
inibidores de monoamina oxidade nas últimas 2 
semanas. 
CHICLETE DE NICOTINA 
Normalmente utilizado para a fase aguda. 
• Se fumar >30 minutos após acordar, 2 mg; se 
furmar <30minutos após acordar, 4 mg; o esquema 
para a duas dosagens é uma a cada 1-2 h nas 
semanas 1-6; 1 a cada 2-4 horas nas semanas 7-9; 
1 a cada 4-8h nas semanas 10-12. 
• Duração: Até 6 meses; 
• Efeitos adversos: Gosto amargo na boca; 
dispepsia; 
• Comentários: Apenas venda livre em farmácia. 
Recomenda-se mastigação lenta (para melhor 
absorção da nicotina) e manter a goma entre as 
bochechas para maximizar os níveis séricos e 
minimizar a irritação gástrica e esofágica; pode 
ser difícil usar uma quantidade suficiente de 
chiclete para lidar adequadamente com 
abstinência; disponível em diferentes sabores; 
não utilizar em pacientes que tem distúrbio de 
ATM. 
PASTILHA DE NICOTINA 
• Dosagem: igual ao chiclete de nicotina; 
• Duração: igual ao chiclete de nicotina; 
• Efeitos adversos: náuseas, insônia, aftas orais; 
• Comentários: Somente de venda livre; disponível 
em diferentes sabores e em uma miniversão; a 
necessidade de doses frequentes pode 
comprometer a adesão. 
INALAÇÃO DA NICOTINA 
• Dosagem: 6-16 cartuchos/dia nas semanas 6-12; 
depois reduzir gradativamente nas próximas 6-12 
semanas; 
• Duração: 3-6 meses; 
• Efeitos adversos: irritação local da boca e da 
garganta; 
• Comentários: Apenas com prescrição médica. 
 
 
SPRAY NASAL DE NICOTINA 
• Dosagem: 8-40 doses/dia (1 dose = 1 borrifada 
em cada narina); 
• Duração: 14 semanas; 
• Efeitos adversos: Irritação nasal e faríngea; 
• Comentários: Apenas com prescrição médica; 
atinge pico de níveis sanguíneos mais cedo (em 
10 minutos) do que outros produtos de reposição 
de nicotina; 
Os que são inalatórios (spray e inalador) tem que ser 
com prescrição médica. 
ADESIVO DE NICOTINA 
Esse é o que vai fazer, na verdade, o pacienteparar 
de fumar. Os outros são pras recorrências. É como 
se fosse morfina, sendo a goma de mascar e as 
pastilhas a forma de escape. Em relação ao adesivo, 
é importante lembrar de limpar a área e aplicar 
direitinho. Sempre quando for trocar, colocar em 
áreas diferentes. Muito importante!!! 
• Dosagem: 21mg/dia por 6 semanas, a seguir 
14mg/dia por 2 semanas, a seguir 7mg/dia por 2 
semanas; se fumar >10cigarros/dia, iniciar com a 
dose de 21mg; se fumar <10cigarros/dia, iniciar 
com dose de 14 mg; 
• Duração: 10 semanas; 
• Efeitos adversos: Reação cutânea local, insônia 
e sonhos vívidos; 
• Comentários: Fármacos de venda livre e com 
prescição; reações cutâneas locais menos 
prováveis se o local do adesivo for alternado; 
pode ser removido à noite se os sonhos vívidos 
causarem incômodo. 
Na grande maioria das vezes, é possível controlar 
bem com o uso do adesivo. Às vezes, é necessário 
combinar com a bupropriona. 
VARENICLINA 
Muito utilizada pelos profissionais da pneumonologia, 
mas a professora nunca usou. 
• Dosagem: 0,5mg VO, uma vez/dia durante 3 dias, 
depois 0,5 mg bid por 4 dias, depois 1mg bid; 
• Duração:12-24 semanas; 
• Efeitos adversos: Mais comumente náuseas e 
distúrbios do sono; sintomas neuropsiquiátricos; 
• Comentários: Apenas com prescição médica. 
 
6 
Beatriz Machado de Almeida 
Oncologia – Tabagismo – Aula 10 
Quanto mais elevada a duração do tratamento, 
maior a probabilidade de abstinência a longo prazo 
entre pacientes que pararam de fumar após uso de 
vareniclina. 
Segurança dos fármacos 
• As contraindicações à bupropriona incluem 
antecedente de convulsões, distúrbios 
alimentares e uso de inibidores de monoamina 
oxidase (IMAO) nas últimas 2 semanas; 
• Eventos adversos neuropsiquiátricos graves 
relatados com bupropiona de liberação 
prolongada ou vareniclina: 
❖ Alterações do comportamento; 
❖ Hostilidade; 
❖ Agitação; 
❖ Humor deprimido; 
❖ Pensamentos suicidas, tentativa de suicídio e 
suicídio consumado; 
É importante falar dos efeitos tanto para o paciente 
quando para a família. Estes podem acontecer tanto 
por efeito das drogas quanto por abstinência, mas 
na grande maioria das vezes, é por efeito do 
medicamento. 
Alguns pacientes que tomam vareniclina referem 
aumento dos efeitos do álcool. Instruir os pacientes 
a reduzir a quantidade de álcool que consomem até 
saberem se a vareniclina exerce alguma influência. 
• A reposição de nicotina deve ser utilizada com 
cautela em fumante com certos riscos 
cardiovasculares (aqueles com 2 semanas após 
infarto do miocárdio com arritmias graves ou 
angina grave), embora a maior parte dos dados 
sugira que esta utilização é segura; 
• Os adesivos de nicotina são contraindicados 
para fumantes com sensibilidade tópica grave; 
• Por causa da preocupação com a segurança, a 
inadequação dos dados de eficácia, ou ambas, não 
se deve utilizar os fármacos para cessação nos 
seguintes casos. 
❖ Gestantes fumantes; 
❖ Fumantes leves (<10 cigarros/dia); 
❖ Adolescentes (<18 anos), possivelmente com 
exceção daqueles que fumam muito; 
❖ Usuários de tabaco sem fumaça. 
 
Sinais e sintomas de abstinência 
A abstinência é a grande ¨pedra no sapato¨, porque 
na grande maioria das vezes, a falha na tentativa de 
parar de fumar ocorre por conta da síndrome de 
abstinência. 
• Desejo forte por nicotina nos cigarros; 
• Ansiedade; 
• Humor deprimido; 
• Incapacidade de concentração; 
• Irritação, inquietação; 
• Insônia, fome: não é o cigarro que leva o paciente 
a emagrecer ... é a abstinência (ansiedade) que 
leva o paciente a engordar. 
• Cefaleia; 
• Distúrbios do trato gastrointestinal; 
• Esses sintomas são piores nos primeiros 3 dias 
(quando a maioria dos fumantes que tentam parar, 
recai) e costumam diminuir em 2 a 4 semanas 
na maioria dos fumantes, mas alguns sintomas 
podem persistir por meses. 
• Ganho de peso é comum: os ex fumantes ganham, 
em média, 4 a 5kg, e isso é outra razão de 
recaída. Podem ocorrer temporariamente: tosse, 
cefaleia e constipação após a cessação do 
tabagismo. 
Medidas de saúde pública para 
incentivo à cessação do tabagismo 
• Desde 2002, o Ministério da Saúde juntamente 
com as secretárias estaduais e municipais de 
Saúde vem organizando uma rede de unidades de 
saúde do SUS para oferecer tratamento do 
tabagismo para os fumantes que desejam parar 
de fumar; 
• O tratamento é realizado por profissionais de 
saúde e composto de uma avaliação individual, 
passando depois por consultas individuais ou 
sessões de grupo de apoio, nas quais o paciente 
fumante entende o papel do cigarro na sua vida, 
recebe orientações de como deixar de fumar, 
como resistir à vontade de fumar, e 
principalmente como viver sem cigarro. 
 
 
7 
Beatriz Machado de Almeida 
Oncologia – Tabagismo – Aula 10 
Estratégias do programa nacional de 
controle do tabagismo 
• Rede de tratamento à pessoa tabagista (Rede 
de Tratamento do Tabagismo no SUS); 
• Promoção de ambiente livre de fumaça (Lei 
Antifumo nº 12.546/2011); 
• Realização de campanhas educativas: Dia 
mundial sem tabaco. Dia nacional de combate 
ao fumo (29 de agosto); 
• Ações de promoção da saúde e a prevenção do 
tabagismo com adolescentes e jovens (Programa 
Saber Saúde). 
 
Não existe nada relacionado a triagem de CA de 
pulmão, como outubro rosa e novembro azul, por 
exemplo, mas os pacientes são orientados, 
principalmente os tabagistas. O objetivo não é fazer 
radiografia de tórax ou tomografia computadorizada, 
mas sim conscientizar a população tabagista a tentar 
parar de fumar, orientando uma consulta médica para 
melhor avaliação e orientações. 
Medidas públicas para cessação do 
tabagismo 
• O tratamento ofertado às pessoas tabagistas 
ocorre no âmbito municipal, preferencialmente 
na atenção básica dos municípios; 
• Prevê uma avaliação clínica com abordagem 
cognitivo-comportamental (mínima ou intensiva), 
individual ou em grupo. Trata-se de um modelo 
de intervenção centrado na mudança de 
crenças e comportamentos que levam um 
indivíduo a lidar com uma determinada situação 
com vistas a parada do fumo e também a 
manutenção da abstinência. 
Então, são medidas que normalmente orientam o 
paciente a tudo isso. Orientação relacionada a como 
parar de fumar e a como lidar com a abstinência, 
para continuar com a cessação do tabagismo. 
Medicamentos disponíveis na saúde pública 
• Portaria n.761/2010, atualizada pela Portaria n.10 
a 16 de abril de 2020, pode ser inserido o apoio 
medicamentoso, através de: 
❖ Terapia de reposição nicotínica – Adesivo (7 mg, 
14 mg e 21 mg). Goma (2mg) e Pastilha de nicotina 
(2mg); utilizados nas crises; momento de escape; 
❖ Antidepressivo (Cloridrato de Bupropriona – 
Apresentação: comprimido de 150mg). 
Orientações baseadas em evidências 
• Perguntar em cada consulta se o paciente usa 
tabaco e registrar a resposta; 
• Aconselhar todos os fumantes a parar de fumar 
em uma linguagem clara, forte, personalizada e 
imparcial; 
• Avaliar a disposição do fumante de parar nos 
próximos 30 dias, destacando os benefícios da 
cessação para os fumantes que não pretendem 
parar de fumar nos próximos 30 dias; 
• Auxiliar os que desejam tentar parar de fumar 
com orientação breves e tratamento 
medicamentoso; 
• Agendar o acompanhamento, de preferência pós 
a primeira semana da data fixada para a 
interrupção do tabagismo e então mais tarde para 
prevenir recorrências. 
Evolução 
• Para os fumantes dispostos a parar, os médicos 
devem trabalhar com o paciente de modo a 
determinar uma data para a cessação, de 
preferência em 2 semanas (já utiliza a 
bupropriona – ação mais lenta), e enfatizar que a 
abstinência total é melhor do que a redução; 
• As experiências pregressas de cessação de 
tabagismo podem ser revisadas para identificar o 
que ajudou e o que não ajudou e os 
desencadeantes do tabagismo, ou desafiosna 
cessação, devem receber planejamento prévio. 
• Por exemplo, o uso de álcool está associado a 
recaída, assim, a restrição ou abstinência de 
álcool devem ser discutidas. Adicionalmente, a 
cessação é mais difícil quando outros fumam 
em casa, deve-se incentivar os cônjuges e outras 
 
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Beatriz Machado de Almeida 
Oncologia – Tabagismo – Aula 10 
pessoas fumantes na residência a fumar fora de 
casa ou parar completamente; 
• Os médicos devem reforçar sua disponibilidade e 
assistência para apoiar a tentativa de parar de 
fumar.

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