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Fique por dentro! cursomeds.com.br CÉLULAS PROCARIONTES Laís Amábile Andrade • As células procariontes não apresentam envoltório nuclear nem o elaborado sistema de membranas encontrado no citoplasma das células eucariontes, tampouco citoesqueleto As células procariontes, provavelmente por não disporem do sistema de membranas internas, tão desenvolvido nas células eucariontes, são de menor tamanho. Mesmo com sua simplicidade estrutural, do ponto de vista bioquímico e metabólico, as bactérias são seres complexos e diversificados, o que permite sua adaptação em habitats variados. Assim, elas são encontradas em todos os locais da Terra e no interior ou na superfície do corpo dos seres pluricelulares. Embora algumas bactérias causem doenças, a maioria é inofensiva e muitas são benéficas O microscópio eletrônico mostra que a estrutura das bactérias é relativamente simples. O DNA é um filamento circular, de cadeia dupla, localizado em uma região da célula denominada nucleoide. Cada célula bacteriana geralmente tem diversas cópias desse cromossomo, que é muito mais simples do que o das células eucariontes. No citosol existem polirribossomos, além de grânulos de depósito. Por fora da membrana plasmática, encontra-se a parede, que é rígida, confere forma à célula e está presente em todas as bactérias, exceto nos micoplasmas. Mais externamente à parede, existe, em todas as bactérias, um material viscoso que, muito frequentemente, se condensa para formar a cápsula bacteriana. A membrana plasmática das bactérias tem a mesma estrutura trilaminar da membrana plasmática das células eucariontes. Nela, situam-se moléculas receptoras, as proteínas relacionadas com o transporte transmembrana e as moléculas da cadeia respiratória análoga à cadeia respiratória existente na membrana interna das mitocôndrias das células eucariontes. • Todas as bactérias são constituídas por células procariontes Todas as bactérias são células procariontes. Os vários tipos de bactéria apresentam grande diversidade metabólica, o que lhes permite viver nas condições ambientais mais variadas. Quanto à forma, podem ser esféricas, nos cocos; alongadas, nos bacilos; e helicoidais, nos Fique por dentro! cursomeds.com.br espirilos. Aos pares, os cocos formam diplococos; em grupos irregulares, os estafilococos; e, quando dispostos em fileira, são chamados de estreptococos. • Após multiplicação do genoma, as células procariontes se dividem por fissão binária (não há mitose) As bactérias se multiplicam por fissão, um processo decorrente da formação de septos que se dirigem da superfície para o interior da célula, dividindo-a em duas células-filhas. A fissão é precedida pela síntese e multipliçacão dos cromossomos bacterianos; cada célula-filha recebe, pelo menos, uma cópia do cromossomo da célula-mãe. A síntese do DNA bacteriano se processa de modo semiconservador, como também acontece nas células eucariontes. À medida que o DNA do cromossomo original separa suas duas cadeias, cada uma delas serve como molde, isto é, como fonte de informação sobre a sequência de bases para formação das novas cadeias de DNA. Os dois cromossomos resultantes têm, cada um, uma cadeia antiga e uma cadeia nova de DNA. A reprodução das bactérias é, em geral, um processo rápido. Em condições ideais de cultura, pode ocorrer uma divisão celular a cada 20 min. Portanto, uma única bactéria é capaz de dar origem a oito bactérias em apenas uma hora. • Muitas bactérias contêm moléculas circulares de DNA extracromossômico, as quais apresentam informação genética útil à bactéria, porém, não essencial à vida da célula. Esses minicromossomos, denominados plasmídios, são muito utilizados em biotecnologia para transferir genes entre bactérias e entre organismos diferentes. Os plasmídios se multiplicam independentemente dos cromossomos principais. Esses elementos contêm genes para a própria replicação e genes que influenciam favoravelmente a bactéria. Eles geralmente ocorrem em cópias múltiplas, o que aumenta muito a eficiência dos genes neles contidos. Um plasmídio capaz de se integrar no cromossomo da bactéria recebe o nome de epissomo. • Pelas características de suas paredes, as bactérias podem ser gram-positivas ou gram- negativas, conforme se corem ou não pelo corante de Gram As paredes são de dois tipos básicos, facilmente identificáveis por coloração, o que permite a divisão das bactérias em dois grandes grupos: as bactérias gram-positivas e as gram- negativas. As bactérias que, após aplicação da técnica de Gram, aparecem coradas em roxo são Fique por dentro! cursomeds.com.br chamadas gram-positivas; as que não retêm a cor roxa são as gram-negativas. Para facilitar sua visualização ao microscópio, as últimas são geralmente coradas em vermelho com safranina ou fucsina, que não altera a cor roxa das gram-positivas. A parede das células gram-positivas é simples, sendo formada apenas por uma espessa camada de peptidoglicanos (sinônimos: mureína, mucopeptídio) situada entre a membrana plasmática e a cápsula, que fica mais externamente. As peptidoglicanas são compostos típicos das paredes bacterianas, constituídos por cadeias de aminoácidos ligadas a uma cadeia de hidratos de carbono. São responsáveis pela rigidez e pela resistência da parede das bactérias. A parede das células gram-positivas geralmente contém moléculas de ácidos teicoicos. Esses ácidos são polímeros constituídos de vários tipos de moléculas como glicerol, hidratos de carbono e aminoácidos. A parede das bactérias gram-negativas é muito complexa, sendo formada pelas seguintes camadas, de dentro para fora: (1) uma camada de peptidoglicanas, mais delgada do que a das bactérias gram-positivas; (2) uma camada de lipoproteínas; (3) a membrana externa, de estrutura trilaminar, como as das demais membranas celulares; e (4) a camada de lipopolissacarídios (LPS). Fique por dentro! cursomeds.com.br • Os diversos grupos de bactérias apresentam grande diversidade metabólica e podem ser encontradas nos habitats mais variados A capacidade de utilizar numerosos nutrientes como fonte de carbono e de energia e a resistência a temperaturas muito diversas explicam a distribuição universal das bactérias, que são encontradas nos ambientes mais variados, como nos diferentes tipos de solo, na água salgada dos mares, na água doce dos rios e lagos, bem como no intestino e sobre a pele dos animais. Praticamente, não existem nichos ecológicos desprovidos de bactérias. Elas têm sido encontradas nas águas geladas dos polos e nas fontes naturais de água quente. De acordo com seu metabolismo, as bactérias podem ser fototróficas, quando utilizam a energia da luz solar para sintetizar moléculas orgânicas, a partir de moléculas simples, e quimiotróficas, quando se nutrem de compostos químicos complexos já formados. Estas últimas podem utilizar compostos inorgânicos, quando são chamadas químiolitotróficas, ou, então, exigir compostos orgânicos, sendo denominadas de quimiorganotróficas. Algumas bactérias, diante de condições adversas do ambiente, originam esporos, que são extremamente resistentes às variações de temperatura e ao dessecamento. Determinadas bactérias fotossintéticas (utilizam a luz do sol como fonte de energia) que vivem em meio aquático apresentam vesículas cilíndricas que contêm gás, as quais controlam a flutuação do microrganismo. Essas vesículas alongadas são limitadas por membranas proteicas e, portanto, diferentes das membranas em geral, em que predominam lipídios. Por meio do controle de sua flutuação, essas bactérias procuram, no meio líquido, a profundidade mais conveniente no que se refere à concentração de nutrientes, concentração de oxigênio e intensidade luminosa. Basicamente, os esporos são células cujo citoplasma contém pouquíssima água; por isso, praticamente não têm atividade metabólica, estão circundados por espesso envoltório e não se reproduzem.A formação do esporo é morfologicamente complexa e pode ser subdividida para fins didáticos em várias fases): o Fase 1: A célula bacteriana replica seu cromossomo, formando duas cópias completas, porém contínuas. A bactéria fica com um cromossomo único, muito grande, em razão da não separação do filamento novo de DNA o Fase 2: O segundo estágio da diferenciação do esporo começa com a invaginação da membrana plasmática, que separa o cromossomo antigo e o novo, cada um em um compartimento, porém de tamanhos desiguais. Cada compartimento é delimitado pela membrana plasmática que cresceu para dentro da bactéria, e o compartimento menor dará origem ao esporo. o Fase 3: Nesta fase, o esporo já está completamente formado e isolado dentro da bactéria Fique por dentro! cursomeds.com.br o Fase 4: Em seguida, forma-se uma camada cortical espessa, composta de peptidoglicanas, e surge a parede do esporo, formada também por peptidoglicanas. Contudo, essas moléculas de peptidoglicanas apresentam muitas ligações cruzadas umas com as outras, o que lhes confere grande resistência. Nessa fase, o esporo apresenta, de dentro para fora: o cromossomo e os componentes do citoplasma muito desidratados, a membrana celular, a camada cortical e a parede. Há síntese de dipicolinato de sódio, composto incorporado ao esporo e que parece ter papel importante na resistência do esporo às agressões do ambiente o Fase 5: Este estágio começa com a formação de um envoltório em torno do esporo. O envoltório é de natureza proteica e particularmente rico em cisteína, um aminoácido contendo enxofre o Fase 6: Finalmente, o esporo já com o envoltório completo é liberado pela lise da bactéria original (ruptura da membrana e da parede). A formação dos esporos é desencadeada pelas condições adversas do ambiente, como falta de nutrientes, altas ou baixas temperaturas e dessecação. Essas condições, conforme a bactéria, são estímulos para os genes bacterianos que codificam as proteínas responsáveis pela formação do esporo. O retorno do esporo à forma celular vegetativa, ou germinação do esporo, geralmente é ativado pela presença de nutrientes e de condições adequadas à proliferação da bactéria. O processo de germinação começa com a degradação das camadas protetoras do esporo, seguida da síntese das macromoléculas essenciais ao crescimento e à proliferação da célula, como proteínas, ácidos nucleicos, lipídios e outras. • A transferência de material genético (DNA) entre células procariontes pode ser feita por transformação, conjugação e transdução Chama-se transformação a passagem de fragmentos de DNA de uma bactéria para outra, por meio do meio de cultivo no laboratório ou, raramente, do meio natural onde elas vivem. Na natureza, a transformação depende da ruptura de bactérias e liberação de seu DNA. A conjugação é a passagem direta de informação genética (DNA) de uma bactéria para outra por dentro de túneis formados entre duas bactérias. Finalmente, na transdução, a informação Fique por dentro! cursomeds.com.br genética é transferida de uma célula para outra por meio de vírus (bacteriófagos). Os bacteriófagos que se formam em uma célula podem, acidentalmente, conter DNA da bactéria. Quando infecta outra bactéria, o bacteriófago transfere para o seu novo hospedeiro o fragmento de DNA trazido da primeira bactéria e que pode ser destruído ou incorporado ao DNA da segunda bactéria Esse é um desenho das várias modalidades de transferência de DNA (informação genética) entre bactérias: o A o processo de transformação, no qual fragmentos de DNA, liberados no meio extracelular, por bactérias que morrem e se rompem ou então colocados experimentalmente no meio de cultivo, entram na bactéria e são incorporados ao seu genoma. o B um plasmídio passa por meio de uma ponte, instalando-se em outra bactéria. É o processo de conjugação. Neste processo, a fímbria sexual da célula doadora se fixa à superfície da célula receptora e estimula a formação de uma ponte entre as duas bactérias. A ponte se forma em local próximo à fímbria, mas a fímbria não se transforma em ponte de passagem de DNA; porém, serve como elemento de fixação entre as duas bactérias. A bactéria receptora forma uma fímbria própria e se transforma em doadora. A presença da fímbria sexual caracteriza a bactéria doadora. o C um bacteriófago, depois de incorporar DNA bacteriano ao seu próprio DNA, transfere informação genética do nucleoide de uma bactéria para o nucleoide de uma segunda bactéria. Esse processo de transferência de DNA chama-se transdução por fago. • Os flagelos das células procariontes se movimentam por rotação, graças a um fluxo de prótons Fique por dentro! cursomeds.com.br A superfície bacteriana pode apresentar prolongamentos de dois tipos: os flagelos e as fímbrias. Os flagelos servem para a locomoção, são maiores do que as fímbrias e constituídos de monômeros da proteína flagelina. Os movimentos flagelares das bactérias utilizam a energia fornecida por um fluxo de prótons. As fímbrias comuns são curtas, finas e rígidas. As fímbrias sexuais são maiores e servem para manter juntas a célula doadora e a receptora, durante a transferência unidirecional de DNA de plasmídios, no processo de conjugação. O DNA passa de uma bactéria para outra por pontes entre a bactéria doadora e a receptora, não passando por dentro da fímbria sexual, cujo papel é apenas fixar temporariamente as duas bactérias. O mecanismo pelo qual uma modificação no ambiente causa uma resposta no comportamento da bactéria é uma transdução sensorial. Esse mecanismo é responsável pela quimiotaxia (movimento na direção de determinadas moléculas, ou em sentido contrário, afastando-se delas) e também por outras respostas como a aerotaxia, que é o movimento na direção de concentrações ótimas de oxigênio, e a fototaxia (movimento das bactérias fotossintéticas na direção da luz). • Os micoplasmas são as bactérias mais simples Os micoplasmas são bactérias muito pequenas, geralmente com 0,2 a 2 µ,m de tamanho, podendo apresentar-se com dimensão ainda menor. São as menores células conhecidas, e os menores micoplasmas (125 a 150 nm) são do tamanho dos maiores vírus. Seu limite externo é a própria membrana plasmática, pois os micoplasmas, ao contrário das outras bactérias, não possuem parede e, por isso, são pleomórficos (têm forma variável). A estrutura dos micoplasmas é semelhante à das outras bactérias, exceto pela ausência de parede. Seu citoplasma apresenta grande quantidade de ribossomos, alguns vacúolos e grânulos. O teor de DNA de um micoplasma é aproximadamente 1 O vezes menor do que o da maioria das bactérias. Ao contrário das demais bactérias, alguns micoplasmas apresentam esteróis em suas membranas, mas não são capazes de sintetizar essas moléculas, retirando-as dos organismos que atacam, ou do soro sanguíneo animal que deve ser adicionado aos meios de cultura. Os esteróis conferem maior estabilidade à membrana dos micoplasmas, protegendo essas bactérias sem paredes contra as modificações na osmolaridade do meio. • As cianobactérias são fotossintéticas, e algumas produzem NH3 (amônia), podendo sobreviver à custa apenas de luz, N2, C02 e H20. As cianobactérias são bactérias fotossintéticas (aproveitam a energia da luz solar para sintetizar moléculas orgânicas) que contêm ficoeritrina e ficocianina, além de clorofila. Graças à presença desses três pigmentos, as cianobactérias são muito eficientes na absorção da energia dos diversos comprimentos de onda da radiação solar. A energia dos comprimentos de onda absorvida pela ficocianina (pigmento azul) e pela ficoeritrina (pigmento vermelho) é transferida para a clorofila, na qual se completa a fotossíntese. Os pigmentos azul e vermelho estão contidos em grânulos separados, e a clorofila está ligada a membranas paralelas à membrana plasmática. Referências bibliográficas:1. DE ROBERTS, E. M. F.; HIB, Jose. Bases da biologia celular e molecular. Tradução por Célia Guadalupe Tardeli de Jesus Andrade; Sérgio Ferreira de Oliveira; Telma Maria Tenório Zorn. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. 2. JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014
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